tag:blogger.com,1999:blog-63821671597964567282024-03-13T12:49:13.089-07:00Blog da Vera PessotaVera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.comBlogger7616125tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-90248155592162813672020-06-21T07:44:00.002-07:002020-06-21T07:44:46.883-07:00Como os bandeirantes, cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a ´heróis paulistas' <div class="story-body__introduction">
<img alt="Retrato de Domingos Jorge Velho" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="334" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/115F6/production/_112985117_b6718a23-3548-4654-972f-404c1f648341.jpg" width="400" /> </div>
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Eles eram rudes, geralmente iletrados, passavam longos períodos embrenhados em matas e campos desconhecidos, comiam mal e perseguiam índios. Figuras típicas do Brasil colonial, diretamente responsáveis pelas incursões "do homem branco" pelos confins então desconhecidos do Brasil, os bandeirantes acabaram elevados ao panteão dos heróis — sobretudo dos paulistas —, em um movimento iniciado no fim do século 19, incorporado aos discursos das comemorações do primeiro centenário da Independência, em 1922, reforçado na Revolução Constitucionalista de 1932 e consolidado nas celebrações do Quarto Centenário de São Paulo, em 1954. </div>
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Documentos do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo atestam que o primeiro logradouro público a ser batizado com o termo foi a rua dos Bandeirantes, no bairro do Bom Retiro, em maio de 1891. De lá para cá, o povo paulista ganhou a avenida dos Bandeirantes, a rodovia dos Bandeirantes, o canal de TV Bandeirantes e até a sede oficial do governo do estado se chama Palácio dos Bandeirantes. </div>
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Monumentos e estátuas são inúmeros. Do Monumento às Bandeiras, obra de Victor Brecheret (1894-1955) concluída em 1953, à estátua do Borba Gato, polêmico trabalho de Júlio Guerra (1912-2001), inaugurada em 1957, não faltam homenagens aos bandeirantes pelas ruas e espaços públicos da cidade. </div>
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Na esteira dos movimentos que pedem a retirada de monumentos racistas ao redor do mundo — alguns indo às vias de fato —, o Brasil vive, sobretudo nas redes sociais, fenômeno semelhante. E o alvo tupiniquim são os bandeirantes. </div>
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"É importante que a gente derrube, reescreva, renomeie. Mas que fique registrada a historicidade disso", opina à BBC News Brasil o historiador Marcelo Cheche Galves, professor da Universidade Estadual do Maranhão (UEM) e membro do instituto Proprietas, que fomenta discussões sobre o bem comum. </div>
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Não basta derrubar, não basta renomear. É preciso registrar o momento histórico em que isso ocorreu, por que isso ocorreu. Afinal, se trata de disputas por memória. E nos momentos em que essas questões emergem, memórias em disputa podem provocar renomeações e derrubadas. Isso é positivo."</div>
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Segundo o historiador Paulo César Garcez Marins, professor do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), quem primeiro elegeu os bandeirantes, também chamados de sertanistas, como heróis foram os membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), na década de 1890, em conjunto com genealogistas de então. </div>
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"Os sertanistas, vistos como bárbaros por grande parte dos membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro, e por artistas cariocas, foram progressivamente enaltecidos nos círculos literários e intelectuais paulistas como líderes do processo de construção territorial do Brasil", contextualiza ele.</div>
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"Romances, artigos em jornais e na revista do IHGSP, livros de história, monumentos escultóricos públicos e pinturas históricas foram os maiores responsáveis pela disseminação de uma visão positiva dos bandeirantes, que enalteciam como heróicos os feitos de 'desbravamento' — a retirada do bravio dos sertões — por meio da destruição das missões jesuíticas espanholas, de quilombos, como o de Palmares, e de populações indígenas sertanejas das capitanias do Norte, atual Nordeste."</div>
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"A figura do bandeirante como aquele herói que ampliava as fronteiras da então colônia, ou daquele que descobre as riquezas minerais, começou a ser construída a partir da ascensão econômica de São Paulo, especialmente a partir dos fim do século 19 e início do século 20", explica o historiador Luís Soares de Camargo, diretor do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo. </div>
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"O contexto histórico é fácil de ser entendido: São Paulo despontava como a grande potência econômica, mas faltava-lhe uma base historiográfica que desse uma base a esse novo papel do povo paulista. Faltava um 'herói' para dar mais consistência a uma tese de que desde o passado São Paulo já estava à frente das demais capitanias. Assim, alguns historiadores deram início a esse processo de glorificação do passado paulista e a figura que mais se adequava era a dos sertanistas. Forte, corajoso, guerreiro."</div>
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Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o historiador Paulo Henrique Martinez também atribui a consolidação do mito do bandeirante ao poderio econômico experimentado por São Paulo a partir do início do século 20. </div>
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"Houve a consagração e associação deste espírito aventureiro [dos bandeirantes] com os empreendimentos econômicos no estado de São Paulo, impulsionados pelo café e que alcançaram o mercado imobiliário, ferrovias e navegação, bancos e indústria", comenta ele à BBC News Brasil.</div>
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Os "que vão ao sertão"</h2>
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Uma pesquisa nas atas da Câmara de São Paulo comprova que o termo bandeirante não existia antes do fim do século 19. "A documentação oficial não se referia a eles nem como bandeirantes nem como sertanistas", pontua Camargo. "O mais próximo que vi é 'homens que vão ao sertão'."</div>
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Em 16 de maio de 1583, por exemplo, a Câmara registrou a reclamação de Jerônimo Leitão, capitão de São Vicente, indignado com as pessoas que iam "ao </div>
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Em 16 de maio de 1583, por exemplo, a Câmara registrou a reclamação de Jerônimo Leitão, capitão de São Vicente, indignado com as pessoas que iam "ao sertão" sem sua licença, causando "prejuízo" para a capitania. Ele contava estar "informado de muita devassidão" nessas empreitadas mata adentro.</div>
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Camargo aponta o historiador e monge beneditino Gaspar Teixeira de Azevedo (1715-1800), mais conhecido como Frei Gaspar da Madre de Deus, como o primeiro a chamar, em livro, de bandeiras as incursões pelo sertão — o faz em "Memórias Para a História da Capitania de São Vicente", publicado originalmente em 1797. "Mas ele ainda não empregava o termo bandeirantes. Chamava-os apenas de paulistas", atesta Camargo. </div>
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Em 1870, o historiador, militar e diplomata Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) publicou "História Geral do Brasil". Na obra ele também usa o termo bandeiras — mas não menciona nem bandeirantes nem sertanistas.</div>
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<img alt="palácio dos bandeirantes" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="274" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/79B6/production/_112985113_6400cdc9-d6b5-4c36-874f-435621300b74.jpg" width="400" /><br />
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Segundo as pesquisas do historiador Camargo, a primeira menção do termo bandeirante pela imprensa ocorreu em 11 de abril de 1837. Uma nota publicada pelo jornal "Pharol do Império", do Rio de Janeiro, narrando que um "bandeirante", Sebastião Fernandes Tourinho, chefiou em 1573 uma expedição que "subiu pelo Rio Doce, e atravessando imensos sertões desceu pelo Jequitinhonha para a província da Bahia conduzindo escravos, algumas amostras de esmeraldas ou safiras". </div>
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Em 1867 o escritor e jornalista português José da Silva Mendes Leal (1820-1886) publicou o romance <i>Os Bandeirantes</i> em cuja primeira página o leitor já é apresentado a "um viageiro de trajo modesto e boa presença". </div>
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Na tese de doutorado "Entre Batismos e Degolas: (Des)caminhos Bandeirantes em São Paulo", defendida na USP, a socióloga e antropóloga Thaís Chang Waldman afirma que o primeiro registro da palavra bandeirante em um dicionário de língua portuguesa data de 1871. Trata-se do dicionário publicado pelo frei Domingos Vieira, diz Waldman, no qual "bandeirante é definido como 'o afiliado da bandeira, ou companhia de exploração das matas virgens". </div>
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A pesquisadora ainda cita o dicionário Houaiss, edição de 2009, em que "o bandeirante é registrado como substantivo masculino que denomina um 'indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (expedição)'". </div>
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Vale ressaltar que a palavra bandeirante, portanto, passa a ser utilizada quando o ciclo das bandeiras já estava encerrado — conforme assinala o historiador e sociólogo Ricardo Luiz de Souza no artigo "A Mitologia Bandeirante: Construção e Sentidos".</div>
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Martinez lembra que o "termo bandeirante se refere aos integrantes das bandeiras, expedições de portugueses e colonos ao interior do continente sul-americano que resultavam em múltiplos ganhos: conhecimento geográfico, escravização de indígenas, estabelecimento de povoações e pontos de apoio a futuras expedições, localização de minas de ouro e prata, terras para agricultura, entre outros".</div>
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Taunay: o 'formulador' do mito</h2>
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Mas para compreender totalmente a instauração do mito do bandeirante como herói paulista é preciso voltar a um intelectual da primeira metade do século 20: o historiador, biógrafo, romancista, tradutor e professor Afonso d'Escragnolle Taunay (1876-1958). </div>
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"A construção desse imaginário histórico teve nele o seu principal formulador e divulgador, em várias obras históricas e no Museu Paulista [o Museu do Ipiranga]", ressalta Martinez.</div>
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"Taunay escreveu muito para jornais e depois refundia os textos em livros sem citar nenhuma fonte de documentação e das publicações anteriores", contextualiza o historiador. "Mas esse mito foi sendo construído ao longo de décadas e as caracterizações sofrem variações de autor para autor."</div>
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Entre 1924 e 1950, Taunay publicou "História Geral das Bandeiras Paulistas", obra em 11 tomos. Como diretor do Museu do Ipiranga — cargo ocupado de 1917 e 1953 —, o historiador também contribuiu para a consolidação desse imaginário. "Ele encomendou toda a representação iconográfica e a estatutária do bandeirismo que decora os salões do museu", diz Martinez. "O ano chave aqui foi 1922, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil." Taunay trabalhou, segundo o historiador, para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente".</div>
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Camargo vê Taunay como o primeiro a "tratar o bandeirante como herói". </div>
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"É preciso lembrar que sua tarefa foi facilitada pelo acesso que ele teve aos documentos do Arquivo Histórico Municipal. Autor positivista, que somente dá crédito a partir de provas documentais, ele teve nesses documentos a prova necessária para suas análises", afirma.</div>
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A própria imagem do bandeirante, com suas características físicas e vestuário, acabou sendo criada nesse momento. </div>
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"Não existem retratos de bandeirantes realizados no momento em que esses homens viveram. Por isso, nada sabemos sobre suas fisionomias e pouco sobre como andavam vestidos pelos sertões", pontua o historiador Marins. </div>
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Como exemplo, ele cita o retrato de Domingos Jorge Velho (1641-1705), obra executada em 1903 por Benedito Calixto (1853-1927). "Foi a primeira representação visual de um bandeirante a entrar na coleção do Museu Paulista. Nessa tela, já aparecem muitas das características que acabaram por se tornar uma convenção de como representá-los: traços europeus e pele branca, chapéus de aba larga, botas de cano alto, bacamarte e a pose altiva inspirada diretamente nos retratos de reis, a partir do modelo de Hyacinthe Rigaud para o célebre retrato de Luís 14, hoje no Louvre", contextualiza ele.</div>
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Segundo o historiador, as obras encomendadas por Taunay acabaram "reforçando as características visuais [dos bandeirantes] e trazendo outras, como o uso do gibão acolchoado em losangos, cobrindo o tronco". </div>
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"Essas características iconográficas estabelecidas no Museu Paulista foram muito utilizadas em dois momentos chave da história paulista: a Revolução de 1932 e o Quarto Centenário de São Paulo", prossegue Marins. "Foi assim que apareceram em cartazes, cédulas, selos, porcelanas, anúncios comerciais, murais e em monumentos públicos, como o Monumento às Bandeiras, inaugurado em 1953, e no Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, inaugurado em 1955, ambos no Ibirapuera (principal parque da cidade de São Paulo)."</div>
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Aos poucos, o paulista passa a se identificar — e a ser identificado — como bandeirante, como o sucessor do bandeirante. </div>
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Em sua tese, a antropóloga Waldman se debruçou sobre a transformação da acepção da palavra. A resposta estava em jornais antigos. "Notei que na década de 1920 o termo paulista já era amplamente evocado como bandeirante nas mais diferentes colunas jornalísticas, seja em discussões sobre 'a moda bandeirante', 'o esporte bandeirante', 'a lavoura bandeirante', 'a jurisprudência bandeirante', 'o meio social bandeirante', 'a terra bandeirante', entre tantas outras referências que remetem a São Paulo de então e aos seus habitantes", escreve ela. </div>
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"Mas afinal, quem é esse personagem que se insere em frentes, espaços e ramos tão diversos? Desbravador do Brasil, assassino, herói, genocida e mártir?", afirma a antropóloga. "(Des)portador do sertão, caçador de índios, destruidor de quilombos e soldado pacificador do gentil inimigo? Ou capitão do mato, sertanista e pioneiro no garimpo do ouro e das pedras preciosas? Inimigo dos espanhóis e dos jesuítas, defensor dos interesses da Coroa portuguesa e ao mesmo tempo insubmisso vassalo do rei de Portugal? E ainda aristocrata, bruto, milionário, despojado e self-made man? Mameluco, português, indígena? Caipira, monçoneiro, tropeiro, cafeicultor? Quatrocentão, modernista, imigrante, migrante, negro e mulher paulista?"</div>
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No artigo "Bandeirantismo e Identidade Nacional", publicado em Terra Brasilis, revista da Rede Brasileira de História da Geografia e de Geografia Histórica, a geógrafa Silvia Lopes Raimundo afirma que o "discurso regionalista, centrado na figura do bandeirante", se tornou ponte entre o local e o nacional em São Paulo. </div>
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"Na historiografia paulista produzida nesse período as ideias de conquista e civilização aparecem relacionadas com qualidades que as elites desejavam ver no Brasil da época, tais como progresso, modernidade, riqueza e integração territorial", escreve ela. "Nesse momento o estudo do movimento das bandeiras também foi utilizado para destacar a singularidade do habitante de São Paulo e seu papel na conquista e, posteriormente, na ocupação do território."</div>
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Taunay não foi o único a definir o bandeirante. Outra obra de referência nesse quesito é "Vida e Morte do Bandeirante", publicada em 1929 pelo jurista e escritor José de Alcântara Machado de Oliveira (1875-1941). Outro autor que também contribui para esse imaginário foi o caricaturista, pintor, cronista, escritor e ilustrador Belmonte, como era conhecido Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947) — é dele o livro "No Tempo dos Bandeirantes". "Suas representações dos bandeirantes serviram como inspiração para outros artistas também representarem essa figura do herói", comenta Camargo. "Acredito até que Júlio Guerra, autor do monumento 'Borba Gato', se inspirou em Belmonte para fazer sua estátua."</div>
"A construção de uma mitologia implica na invenção de tradições, e a mitologia bandeirante foi utilizada neste sentido pelas elites paulistas; para enobrecer suas origens", escreve Souza.<br />
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Momentos-chave</h2>
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Durante o movimento conhecido como Revolução de 1932, quando tropas paulistas estavam guerreando contra o restante do país, a ideia do bandeirante servia como argumento a diferenciar os de São Paulo dos brasileiros de outros Estados. </div>
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No livro "Confederação ou Separação" publicado em 1933, o historiador e sociólogo Alfredo Ellis Júnior (1896-1974) partiu do caráter do bandeirante para defender que os paulistas eram "diferentes" dos demais. "Eles [os bandeirantes] eram apelidados de 'portugueses', de 'vicentinos' ou de 'paulistas'. Jamais foram brasileiros", escreveu. </div>
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A relação com os bandeirantes estava presente até nos nomes dos batalhões. Muitos deles homenageavam figuras históricas do tipo, como Fernão Dias, Paes Leme Raposo Tavares e Anhanguera. "A revolução usou algumas imagens dos bandeirantes como os grandes heróis paulistas para conquistar corações e mentes durante o período", afirma o pesquisador e colecionador Ricardo Della Rosa, autor do livro "Revolução de 1932: A História da Guerra Paulista em Imagens, Objetos e Documentos". "Isso foi feito de forma intensiva, por meio da propaganda de guerra."</div>
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Essa ligação persistiu no pós-revolução. Maior exemplo é o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, mais conhecido como Obelisco do Ibirapuera, monumento feito por Galileo Emendabili (1898-1974) entre 1947 e 1970. "É o maior ícone de todos. Carrega essa simbologia", comenta Della Rosa. "As faces externas do Obelisco trazem associações de imagens do passado bandeirante paulista com o soldado de 32."</div>
<img alt="Retrato do historiador Afonso Taunay, feito pelo artista Henrique Manzo" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="400" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/EEE6/production/_112985116_2bd278c9-c6a9-4ddb-87d6-8f294125581f.jpg" width="330" /><br />
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Essas mensagens viveram um auge nos anos 1950, sobretudo por conta das comemorações pelos 400 anos da fundação de São Paulo. "Em vários momentos a figura [do bandeirante] foi exaltada, mas o grande ápice foi mesmo em 1954 por conta das comemorações do Quarto Centenário. Naquela época, a figura gigante do bandeirante passou a ilustrar anúncios e outras publicações que exaltavam a cidade e seu povo. Nos jornais da época era comum essa utilização", afirma Camargo.</div>
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Pesquisador da história de São Paulo, Della Rosa afirma que esse movimento de revisão do heroísmo bandeirante começou a ser visto no fim dos anos 1960. </div>
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"Observamos uma degradação da imagem do bandeirante, que deixava de ser herói e passava a ser retratado como um escravizador e matador de índios", pontua. </div>
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Em sua opinião, tal revisionismo é cheio de riscos — e ele não concorda com a ideia de retirar monumentos ou renomear espaços públicos, por exemplo. "Hoje em dia vejo uma espécie de revisionismo histórico que me preocupa bastante, é o que coloca o bandeirante como se ele descesse ali, entrasse no sertão, com um exército de homens brancos… É preciso lembrar que os índios já eram bélicos. O europeu é outro ser bélico. Quando este chegou, acabou se associando a alguns índios e, se não fossem essas associações, não teriam existido as bandeiras. Colocar tudo na conta do bandeirante é um desconhecimento histórico."</div>
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BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-49850406198814575052020-05-02T14:58:00.001-07:002020-05-02T14:58:18.040-07:00Coronavírus: há alguma evidência que o sars-cov-2 tenha sido criado em laboratório? <img alt="Testes de coronavírus" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/6A88/production/_111827272_hi060961146.jpg" width="400" /><br />
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<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
Em abril, vieram à luz trocas de mensagens de 2018 entre diplomatas do Departamento de Estado americano citando sua preocupação quanto à biossegurança de um laboratório viral em Wuhan, na China. A cidade foi o primeiro epicentro da pandemia do novo coronavírus. </div>
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Ao mesmo tempo, um comunicado emitido nesta quinta-feira (30/4) pelo Escritório da Direção de Inteligência Nacional dos EUA (que supervisiona os órgãos de inteligência do país) afirmava que "a comunidade de inteligência concorda com o consenso científico de que o vírus da covid-19 não foi feito pelo homem ou geneticamente modificado".</div>
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De qualquer modo, oficiais de inteligência seguem investigando se a pandemia se originou mesmo da transmissão de animais para humanos ou se surgiu em algum laboratório, mesmo que por acidente.</div>
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O que diz a troca de mensagens do Departamento de Estado?</h2>
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Em reportagem de 14 de abril do Washington Post, trocas de mensagens diplomáticas de 2018 mostravam que cientistas diplomáticos haviam sido enviados diversas vezes para visitas a uma organização de pesquisas na China.</div>
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Esses cientistas mandaram dois alertas a Washington sobre esse laboratório. Segundo a reportagem, os cientistas estavam preocupados quanto à segurança e ao gerenciamento de falhas no Instituto de Virologia em Wuhan (WIV) e pediam ajuda.</div>
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A reportagem diz também que esses enviados se preocupavam com a possibilidade de a pesquisa do laboratório chinês sobre coronavírus em morcegos poder gerar uma pandemia semelhante à da Sars. O jornal afirma que as trocas de mensagens deram combustível, dentro do governo dos EUA, a discussões quanto a se o WIV ou outro laboratório em Wuhan poderia ser a fonte originária do vírus causador da pandemia atual.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, a emissora Fox News, considerada próxima ao presidente Donald Trump, fez uma reportagem afirmando ter ouvido de fontes que "há crescente confiança de que a pandemia provavelmente surgiu em um laboratório de Wuhan, embora não como uma arma biológica, mas como parte do esforço chinês para demonstrar que seus esforços para identificar e combater vírus são iguais ou maiores do que as habilidades dos EUA".</div>
<div style="text-align: justify;">
A pandemia veio à tona no final do ano passado, quando casos iniciais foram relacionados a um mercado de comida e animais de Wuhan. Mas, apesar da ampla especulação, ainda não há uma evidência concreta de que o Sars-CoV-2 (que causa covid-19) tenha sido acidentalmente liberado desde um laboratório.</div>
<div style="text-align: justify;">
E na última quinta-feira, o Escritório da Direção de Inteligência Nacional dos EUA descartou por enquanto teorias conspiratórias sobre a origem do vírus, embora diga que ainda está analisando se o surto atual "começou pelo contato com animais infectados ou foi resultado de algum acidente em um laboratório de Wuhan".</div>
<div style="text-align: justify;">
O jornal <i>The New York Times</i> publicou nesta semana que membros do governo Trump têm pressionado agentes de inteligência para que eles apoiem, mesmo sem provas, a teoria de que o vírus teria vindo do laboratório em Wuhan. Analistas de inteligência ouvidos pelo jornal demonstraram preocupação de que essa pressão distorça as análises feitas pelas agências. </div>
<div style="text-align: justify;">
Trump tem aumentado seu esforço em culpar a China pela pandemia: ao ser perguntado a respeito de se havia visto algo que o fizesse pensar que o WIV era a fonte original da pandemia, ele respondeu: "Sim, eu vi". Ele disse ter visto "evidências convincentes disso", mas não detalhou e não apresentou provas. </div>
A China rejeitou essas acusações e criticou a resposta dos EUA à crise.<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Que tipo de segurança esses laboratórios têm?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Laboratórios que estudam vírus e bactérias seguem um sistema conhecido como padrão BSL - sigla em inglês para nível de biossegurança.</div>
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São quatro níveis, que dependem do tipo de agentes biológicos que estão sendo estudados e das medidas preventivas necessárias para isolá-los.</div>
<div style="text-align: justify;">
O nível de biossegurança 1 (BSL-1) é o mais baixo, usado por laboratórios estudando agentes biológicos bem conhecidos e que não ameaçam a vida humana.</div>
<div style="text-align: justify;">
As medidas de contenção aumentam até o BSL-4, o mais alto, reservado para laboratórios que lidam com patógenos perigosos e para os quais há poucas vacinas e tratamentos: ebola, vírus de Marburg (que causa febre hemorrágica) e - no caso de dois institutos nos EUA e na Rússia - varíola.</div>
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Os padrões BSL são aplicados internacionalmente, mas com algumas variantes de nomenclatura.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Os russos, por exemplo, classificam seus laboratórios de alta contenção como 1 e os de baixa contenção como 4, ou seja, o exato oposto do padrão. Mas as exigências de práticas e infraestrutura em si são similares", diz Filippa Lentzos, especialista de biossegurança no King's College London.</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, embora haja um <a class="story-body__link-external" href="https://www.who.int/csr/resources/publications/biosafety/Biosafety7.pdf">manual</a> da Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito, esses padrões não são exigidos formalmente por nenhum tratado internacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Eles foram desenvolvidos para serem do melhor interesse de que se trabalhe de modo seguro, para que funcionários de laboratórios não infectem a si mesmos ou suas comunidades, e para que o ambiente evite acidentes", prossegue Lentzos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela acrescenta que "Se você quer fazer projetos com parceiros internacionais, é exigido que o laboratório opere sob determinados padrões. O mesmo vale se você tem produtos ou serviços (de biossegurança) que quer vender no mercado."</div>
<div style="text-align: justify;">
O WIV, por sinal, recebeu financiamento dos EUA, além de assistência de institutos de pesquisa americanos. Os documentos diplomáticos divulgados recomendavam que essa assistência aumentasse.</div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
Que tipos de falhas os documentos diplomáticos apontavam?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Os documentos publicados pelo Washington Post não deixam isso claro. Mas, de modo geral, há múltiplas formas em que medidas de segurança podem ser desrespeitadas em laboratórios que lidam com agentes biológicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Lentzos, isso inclui "quem tem acesso ao laboratório, o treinamento e re-treinamento de cientistas e técnicos, os procedimentos de registros, o inventário de patógenos, práticas de notificação de acidentes e procedimentos de emergência".</div>
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<img alt="Mercado de Wuhan" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/09A8/production/_111827420_hi059295836.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Mas quão incomuns são as preocupações expressadas nos documentos diplomáticos?</div>
<div style="text-align: justify;">
Acidentes acontecem. Em 2014, frascos esquecidos de varíola foram encontrados em uma caixa de papelão em um centro de pesquisas perto de Washington. Em 2015, militares americanos acidentalmente enviaram amostras vivas de antrax (em vez de esporos mortos) para até nove laboratórios ao redor do país e para uma base militar na Coreia do Sul.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há variações de padrões de segurança pelos diversos laboratórios da parte inferior da escala BSL, e muitas brechas de pequena dimensão sequer chegam ao noticiário.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já no nível BSL-4 o número de laboratórios operantes é são relativamente pequeno. A Wikipedia lista mais de 50 ao redor do mundo, incluindo o de Wuhan; mas não há uma listagem oficial.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esses laboratórios têm de ser construídos sob regras bem específicas, por lidarem com os mais perigosos patógenos conhecidos da ciência. Como resultado, eles costumam ter práticas de segurança rígidas. Então qualquer preocupação com a segurança nesses locais provavelmente chamaria a atenção.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Já não havia informações prévias de vazamento de vírus de laboratório?</h2>
Sim, e houve especulação - em geral não baseada em dados - assim que o coronavírus veio à tona.<br />
<div style="text-align: justify;">
Uma teoria difundida na internet em janeiro sugeria que o vírus tivesse sido projetado como uma arma biológica. Essa alegação foi repetidamente desmentida por cientistas, que notaram que os estudos mostram que o coronavírus provavelmente se originou de animais - provavelmente morcegos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vírus também podem ser projetados para fins de pesquisa científica. Por exemplo, estudos podem melhorar a habilidade de um patógeno causar doenças com o objetivo de investigar como vírus fazem mutação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas um <a class="story-body__link-external" href="https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9">estudo americano</a> sobre o genoma do novo coronavírus, publicado em março, não encontrou nenhum sinal de que ele tivesse sido projetado. "Ao comparar os dados disponíveis da sequência genômica das cepas conhecidas do coronavírus, podemos dizer com segurança que o Sars-CoV-2 se originou de processos naturais", disse na época o coautor Kristian Andersen, do Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vírus podem ser feitos para mutação em laboratório sem a manipulação direta de seus genes. Em experimentos, vírus ou bactérias são passados de um animal de laboratório para outro com o objetivo de estudar como os patógenos se adaptam a seus hospedeiros. No entanto, novamente, não há evidência de que isso tenha ocorrido no caso do novo coronavírus.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há, também, a alegação de que pode ter havido a soltura acidental de um vírus natural de dentro de um laboratório. Isso ganhou força ante a proximidade do mercado de Wuhan )apontado como origem do surto) com ao menos dois institutos de pesquisa de doenças infecciosas. </div>
<br />
<img alt="morcego" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="282" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/A5E8/production/_111827424_thumbnail_c0172947-chinese_horseshoe_bat20-1.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Essas pesquisas são consideradas legítimas e publicadas em jornais científicos internacionais. Dada a experiência chinesa com a epidemia da Sars, nos anos 2000, isso não chega ser surpreendente.</div>
<div style="text-align: justify;">
A crença principal até agora é de que o Sars-CoV-2 se espalhou a partir do Mercado de Huanan, em Wuhan, onde diversas espécies de mamíferos vivos eram mantidos e vendidos. A ideia é de que um vírus de morcego tenha sido transmitido a humanos por meio de um animal intermediário.</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, alguns pesquisadores expressaram dúvidas quanto a essa explicação ainda em janeiro, quando um <a class="story-body__link-external" href="https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30183-5/fulltext">artigo publicado no Lancet</a> mostrou que, embora a maioria dos pacientes iniciais de covid-19 tenha tido algum contato com o mercado, muitos outros não tinham qualquer ligação com o local. É possível que essa ligação ocorra de uma forma que ainda não foi decifrada pela ciência.</div>
<div style="text-align: justify;">
A médica Lentzos diz que identificar a origem do vírus é "muito difícil" e acrescenta que "tem havido discussões silenciosas, de bastidores (...) na comunidade de especialistas em biossegurança, questionando a (teoria) da origem do mercado de Wuhan que veio muito fortemente da China".</div>
<div style="text-align: justify;">
Por enquanto, porém, não há nenhuma evidência de que o WIV seja a fonte da Sars-CoV-2.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 16 de abril, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, tratou do assunto em uma entrevista coletiva, dizendo que especialistas da OMS "disseram múltiplas vezes que não há evidência de que o novo coronavírus tenha sido criado em laboratório".</div>
<div style="text-align: justify;">
A China foi duramente acusada de pouca transparência no início da pandemia - acusação que rejeita. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pence, disse que Pequim "precisa pôr a limpo" sobre o que sabe a respeito do novo coronavírus.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em meio à disputa de narrativas, o meticuloso trabalho científico de traçar as origens do novo coronavírus devem continuar.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
<figure class="media-landscape no-caption body-width"><span class="image-and-copyright-container"><img alt="Línea" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="2" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1683C/production/_104602229_line976.jpg" width="464" /></span></figure>Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-56171164316335476302020-05-02T14:37:00.000-07:002020-05-02T14:37:06.165-07:00Como o maior buraco na camada de ozônio no Polo Norte finalmente se fechou<img alt="Mapa meteorológico sobre o ártico mostrando o buraco na camada de ozônio antes de se fechar" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/17C0C/production/_112029279_ozonepix1.png" width="400" /><br />
<br />
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
O maior buraco na camada de ozônio já detectado sobre o Pólo Norte se fechou, quase um mês após sua descoberta.</div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No final de março, os cientistas do Serviço de Monitoramento de Atmosfera Copernicus (CAMS) detectaram o que chamavam de uma grande lacuna "sem precedentes" na atmosfera, pairando sobre a região do Ártico.</div>
<div style="text-align: justify;">
O buraco logo se tornou o maior que eles já haviam monitorado no hemisfério Norte.</div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Era do tamanho da Groenlândia, abrangendo a superfície da calota polar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, em 23 de abril, houve boas notícias: "O buraco sem precedentes na camada de ozônio do hemisfério norte em 2020 chegou ao fim", tuitou a CAMS.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Por que o ozônio é importante</h2>
<div style="text-align: justify;">
A camada de ozônio fornece à Terra proteção essencial contra os raios nocivos do sol. A maior parte do ozônio da Terra é armazenada nos altos níveis da atmosfera — na estratosfera — a uma altitude entre 10 e 40 km acima da Terra. </div>
<div style="text-align: justify;">
A camada de ozônio é um dos escudos mais eficazes contra a radiação ultravioleta, que podem fazer mal à vida. Uma lacuna nesse escudo pode afetar a taxa de derretimento do gelo, pressionar mais o sistema imunológico dos organismos vivos e aumentar o risco de desenvolver câncer de pele e catarata para humanos.</div>
<div class="teads-inread" style="margin: 24px auto; position: relative; text-align: justify;">
<div class="teads-ui-components-hpl">
Embora tenha havido pequenas lacunas na camada de ozônio sobre o Ártico antes, esta foi a "primeira vez que se viu um verdadeiro buraco na camada de ozônio no Ártico", de acordo com o CAMS.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Como o buraco apareceu e desapareceu?</h2>
<div class="teads-ui-components-hpl">
A organização disse que o buraco de rápido crescimento foi resultado de condições climáticas incomuns no Ártico.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl">
Quando ventos fortes prenderam o ar gelado sobre as calotas geladas por várias semanas seguidas, esse ar criou o que os cientistas chamaram de "vórtice polar" — uma força poderosa que gira sobre si mesma e gera impacto suficiente para abrir um buraco no ozônio da estratosfera.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl">
Embora a lacuna esteja agora fechada, os cientistas dizem que ela poderá se abrir novamente se as condições meteorológicas permitirem.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl">
"Esse buraco no ozônio do Ártico não tem nada a ver com bloqueios relacionados ao coronavírus, mas foi causado por um vórtice polar incomumente forte e duradouro", disse o CAMS em um tuíte.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl">
"Esse buraco no ozônio foi basicamente um sintoma do maior problema de depleção do ozônio e foi fechado por causa dos ciclos anuais locais, e não pela cura a longo prazo. Mas há esperança: a camada de ozônio também está se recuperando, mas lentamente", acrescentou.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Buraco na camada de ozônio sobre a Antártica ainda está aberto</h2>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
Um buraco sobre o Polo Norte é um evento raro, mas há um buraco muito maior reabrindo anualmente na Antártica pelos últimos 35 anos.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
Embora seu tamanho varie de ano para ano, não há sinal de que ele vá, em um futuro próximo, se fechar de vez. </div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
Houve uma recuperação lenta desde que o uso de CFCs - clorofluorcarbonos - foi proibido em 1996.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
Estes são produtos químicos usados na fabricação de aerossóis, espumas, solventes e refrigerantes e geram uma grande degradação nessa camada de proteção. </div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o buraco na camada de ozônio na Antártica encolhe entre 1% e 3% por década desde 2000.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
Até agora, o menor tamanho do buraco registrado na camada de ozônio da Antártica foi no ano passado (2019), mas a OMM prevê que ele não "se cure" completamente até pelo menos 2050.</div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
<img alt="Ilustração da Terra vista do espaço" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/9594/production/_112029283_ozonepix2-getty501576389.jpg" width="400" /></div>
<div class="teads-ui-components-hpl" style="text-align: justify;">
</div>
"Esse buraco no ozônio foi basicamente um sintoma do maior problema de depressão do ozônio e foi fechado por causa dos ciclos anuais locais, e não pela cura a longo prazo. Mas há esperança: a camada de ozônio também está se recuperando, mas lentamente", acrescentou.<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Buraco na camada de ozônio sobre a Antártica ainda está aberto</h2>
Um buraco sobre o Polo Norte é um evento raro, mas há um buraco muito maior reabrindo anualmente na Antártica pelos últimos 35 anos.<br />
Embora seu tamanho varie de ano para ano, não há sinal de que ele vá, em um futuro próximo, se fechar de vez. <br />
Houve uma recuperação lenta desde que o uso de CFCs - clorofluorcarbonos - foi proibido em 1996.<br />
Estes são produtos químicos usados na fabricação de aerossóis, espumas, solventes e refrigerantes e geram uma grande degradação nessa camada de proteção. <br />
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o buraco na camada de ozônio na Antártica encolhe entre 1% e 3% por década desde 2000.<br />
Até agora, o menor tamanho do buraco registrado na camada de ozônio da Antártica foi no ano passado (2019), mas a OMM prevê que ele não "se cure" completamente até pelo menos 2050.<br />
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-43658574091500238192020-04-05T16:28:00.000-07:002020-04-05T16:28:02.959-07:00Coronavirus: governo brasileiro vai monitorar celulares para conter pandemia <div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
O governo brasileiro vai passar a ter acesso a dados das operadoras de celulares para identificar aglomerações de pessoas em todo o país. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A medida, adotada em outros países, é defendida como uma forma de conter o avanço do novo coronavírus. Especialistas, no entanto, alertam que esse tipo de vigilância não pode levar à violação do direito à privacidade assegurado na legislação. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nos moldes atuais, o sistema em desenvolvimento no Brasil não permite ao governo federal ter acesso à identidade e ao número de telefone das pessoas que transitam pelas ruas com esses aparelhos, como tem ocorrido na China, na Coreia do Sul e em Israel, por exemplo. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo o SindiTelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal), os dados relativos a quase 220 milhões de aparelhos celulares serão repassados com um dia de atraso de modo aglomerado, estatístico e anonimizado, a partir da coleta de informações por quase cem mil antenas. O sistema deve ficar pronto em até duas semanas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O modelo chinês de uso de dados de telefones celulares no combate à pandemia é considerado até agora um dos mais eficientes do ponto de vista sanitário, e um dos mais controversos acerca do direito à privacidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
O governo chinês adotou uma série de ferramentas, com base em GPS, antenas de celular, aplicativos e QR Code, entre outros, para identificar a localização de alguém infectado dias antes da confirmação do diagnóstico, contatar e por vezes isolar quem estava no mesmo vagão de metrô, e não no veículo inteiro, por exemplo. </div>
<div style="text-align: justify;">
A medida serve também para proibir pessoas de entrarem em prédios ou transportes públicos ou identificar se alguém em quarentena desrespeitou a medida de isolamento imposta.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
'Precisamos dar agilidade'</h2>
<div style="text-align: justify;">
O ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta, defendeu que as operadoras de telefonia disponibilizem os dados pessoais individualizados para as autoridades de saúde localizarem pessoas infectadas, mas o setor de telefonia móvel e a Advocacia-Geral da União afirmam que a legislação brasileira veda isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Eu peço aqui para as telefônicas que disponibilizem isso. Se houver necessidade de nós regulamentarmos que, em caso de epidemia, como estamos vivendo, isso passa a ser público, porque não tem outro jeito de localizar tão rápido. Se eu for pedir onde a senhora mora, qual o número da sua casa, do seu CEP. Pelo número do telefone, eu caio no endereço onde ele está registrado. Podemos ter erro para cá, para lá? Podemos, mas já teríamos o dado do nome da pessoa, do CPF. Precisamos dar agilidade para esse profissional", disse Mandetta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em entrevista à BBC News Brasil, o presidente-executivo do SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, afirma que o compartilhamento dos dados com esse nível de detalhe seria ilegal. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Do ponto de vista da legislação (vigente no Brasil), a solução com dados anonimizados e agregados é o máximo que podemos fazer. Mas a maneira que isso avança depende de cada país. Nós só nos limitamos a esses dados estatísticos."</div>
<br />
<img alt="tela de celular com mensagens enviadas pelo governo da coreia do sul" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/179B4/production/_111129669_screenshot_alert-2.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A iniciativa brasileira, cujos moldes partiram do setor privado, se inspira em estratégias menos invasivas à esfera privada adotadas por países como a Espanha, que utiliza o distanciamento social como principal medida contra a pandemia que infectou ao menos 1 milhão de pessoas e matou 50 mil ao redor do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Ferrari, do SindiTelebrasil, o sistema brasileiro permitirá às autoridades federais identificar pontos de aglomeração, em transportes públicos, estabelecimentos e espaços públicos, como ocorreu durante a Olímpiada de 2016, e associar esses dados a modelos matemáticos que tentam entender e prever o espalhamento do vírus. </div>
<div style="text-align: justify;">
Até o momento, o Brasil confirmou 7.910 casos da doença e 299 mortes em mais de 400 municípios. Seis em cada 10 diagnósticos confirmados estão na região Sudeste.</div>
<div style="text-align: justify;">
O governo federal ainda não definiu a governança desses dados e quem estará à frente dela, como o Ministério da Defesa ou o Ministério de Ciência e Tecnologia, por exemplo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo a agência, já há inclusive "debate em curso para a sobreposição de indicadores de renda e faixa etária a essas camadas (de localização, deslocamentos e concentrações de usuários), por exemplo". </div>
<br />
<img alt="NSO screenshot" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/3D1A/production/_111524651_whatsubject.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A própria Anatel levanta a hipótese de uso indevido desses dados que só podem ser compartilhados por força de decisão ou autorização judicial. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Ferramentas iniciadas com um determinado propósito podem rapidamente evoluir para formas de rastreamento, em última instância, pessoa a pessoa com a produção de elementos que venham a ser inclusive objeto de debate no Judiciário."</div>
<div style="text-align: justify;">
Vale lembrar que a norma e a autoridade que poderiam tratar desse tema, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), só entrarão em vigor em dezembro de 2020.</div>
<div style="text-align: justify;">
No Brasil, dados anônimos não são considerados dados pessoais e, portanto, não têm obstáculos legais ao seu compartilhamento. </div>
<div style="text-align: justify;">
A legislação brasileira também diferencia a comunicação de dados (horário das chamadas, por exemplo) e o teor da comunicação (como mensagens e telefonemas), estes com sigilo assegurado na Constituição. </div>
<div style="text-align: justify;">
O problema reside nos dados pessoais individualizados, que atualmente só têm o sigilo quebrado por meio de pedido à Justiça por parte de polícias e Ministérios Públicos durante investigações.</div>
<div style="text-align: justify;">
O eventual uso de dados de celulares faz parte de uma lei sancionada em fevereiro pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Um dos artigos do texto, que trata da estratégia do país para conter a pandemia, prevê o compartilhamento entre órgãos e entidades públicas de "dados essenciais à identificação de pessoas infectadas ou com suspeita de infecção de coronavírus".</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
O que será compartilhado?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Mas que tipo de dados seriam compartilhados? Anônimos ou identificados, como defende o ministro da Saúde? </div>
<div style="text-align: justify;">
Em parecer, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirma que a legislação permite a "viabilidade de compartilhamento dos dados na forma anônima e agregada", com a devida cautela de minimizar a quantidade de dados coletados e compartilhados.</div>
<div style="text-align: justify;">
E a localização geográfica dos celulares? Para a AGU, cabe à Justiça decidir sobre isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Entende-se, assim, que seria necessária análise jurídica mais aprofundada acerca da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - STF quanto à inclusão, na cláusula de reserva de jurisdição prevista no artigo 5, inciso XII, da Constituição Federal, de dados de geolocalização, obtidos a partir de dispositivos móveis de comunicação, que permitam a identificação individualizada do usuário."</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Bruna Martins, analista de Políticas Públicas e advocacy da organização Coding Rights, "a utilização de dados de qualquer cidadão brasileiro contra a covid-19 requer transparência sobre quais informações são coletadas e processadas a fim de que seja possível saber se o uso desses dados é realmente necessário e proporcional aos fins".</div>
<div style="text-align: justify;">
Para ela, é importante que a sociedade saiba quais dados serão compartilhados exatamente para que se evite legitimar "mais vigilância privada e estatal, algo já inaceitável, motivada pela urgência da crise de saúde pública".</div>
<br />
<img alt="pessoas na coreia com equipamentos de proteção" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/8F54/production/_111129663_stigma-mainpic-2.jpg" width="400" /><br />
<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Interesse coletivo x individual</h2>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo do avanço da pandemia, tem ganhado força o debate em torno de medidas que utilizam dados pessoais e sistemas de vigilância para combater o vírus. Até onde o interesse coletivo pode avançar sobre o individual?</div>
<div style="text-align: justify;">
Para parte dos especialistas e das autoridades, o debate sobre o direito à privacidade nesse momento não é apenas irrelevante como também pode ser fatal. O lado oposto aponta o risco da instalação de um Estado de vigilância permanente em nome de um bem comum e em detrimento do direito à privacidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
O economista italiano Luigi Zingales, professor da Universidade de Chicago, afirmou à BBC News Brasil que o uso disseminado de celulares por todos os estratos sociais resolve uma dificuldade histórica de rastrear as pessoas e evitar que um vírus se alastre a ponto de sobrecarregar o sistema de saúde por faltar leito para todo mundo. Mas a estratégia só seria efetiva no início de um surto, por ser impossível monitorar metade da sociedade, por exemplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Coreia do Sul, por exemplo, se tornou um dos países mais eficientes em achatar a curva de contágio, ou seja, evitar que muitas pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo ao identificar rapidamente quem contraiu o vírus e as pessoas com quem ela teve contato. </div>
<div style="text-align: justify;">
Para isso, o país asiático usa imagens de câmeras de vigilância, dados de geolocalização individualizados e até compras de cartão para identificar o trajeto das pessoas infectadas e quebrar a cadeia de contágio. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mila Romanoff, chefe de governança e dados de um órgão da Organização das Nações Unidas, afirmou ao jornal americano The New York Times que o desafio é saber: "Quantos dados bastam?"</div>
<div style="text-align: justify;">
Em Israel, o governo aprovou medidas de emergência que autorizam suas agências de segurança a rastrear os dados de telefones celulares de pessoas com suspeita de coronavírus.</div>
<br />
<img alt="TraceTogether" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/16BE7/production/_111395139_61bc99fd-ae78-419d-8693-a41dadc1ddea.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em resposta, a Associação dos Direitos Civis de Israel disse que a mudança "abre um precedente perigoso", já que tais poderes são geralmente reservados para operações de combate ao terrorismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma vez que um indivíduo seja identificado como um possível caso de coronavírus, o Ministério da Saúde poderá rastrear se a pessoa está cumprindo ou não as regras de quarentena. E também pode enviar uma mensagem de texto para pessoas que podem ter entrado em contato com elas antes que os sintomas surgissem.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Israel é uma democracia e devemos manter o equilíbrio entre os direitos civis e as necessidades públicas. Essas ferramentas nos ajudarão a localizar os doentes e impedir que o vírus se espalhe", afirmou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em Cingapura, o governo divulga na internet informações sobre a conexão entre os casos diagnosticados (quem infectou quem) e dados sobre pessoas infectadas que podem levar à identificação delas por outras. </div>
<div style="text-align: justify;">
A exemplo, "o caso 227 é um caso importado envolvendo um cidadão cingapurense de 53 anos que esteve na França entre 7 e 12 de março" e "trabalha na Igreja Evangélica do Farol". Na Coreia do Sul, esse tipo de medida levou à acusações de adultério contra alguns dos infectados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na Rússia, o aplicativo criado pelo governo para combater a pandemia demanda acesso no celular a telefonemas, arquivos, câmera e dados de rede. </div>
<div style="text-align: justify;">
Em Taiwan, a polícia abordou um homem infectado menos de uma hora depois que ele deixou sua casa, desrespeitando o isolamento imposto. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Nós entendemos o impulso de usar tecnologia para prevenir a disseminação do vírus, e encorajamos esforços de boa fé para preservar a saúde pública. Mas precisamos permanecer atentos para garantir que aqueles que estão no poder ajam em nome do interesse público", afirmou a organização não governamental Surveillance Technology Oversight Project (Stop). </div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-50357383208198097392020-04-05T16:04:00.001-07:002020-04-05T16:04:31.680-07:00Escolas fechadas, hospitais lotados, eventos cancelados: o Brasil da meningite de 1974<div class="story-body__introduction">
Aulas suspensas e eventos esportivos transferidos, algumas das consequências da atual pandemia do novo coronavírus, já marcaram a história recente do Brasil, por conta de outra doença: a meningite.</div>
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</div>
<div class="bbccom_advert">
<img alt="Ditadura militar" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/782A/production/_104026703_f1bbd447-4e08-4f69-bdc3-0aa7c4a24594.jpg" width="400" /></div>
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</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1974, durante o período da ditadura militar, o Brasil enfrentava a pior epidemia contra a meningite de sua história. O país já tivera dois surtos da doença - um em 1923 e outro em 1945 -, mas, nenhum deles tão grave ou letal. </div>
<div style="text-align: justify;">
Isso porque o Brasil foi vítima não de um, mas de dois subtipos de meningite meningocócica: do tipo C, que teve início em abril de 1971, e do tipo A, em maio de 1974. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Para evitar o contágio, o governo tomou medidas drásticas: decretou a suspensão das aulas e suspendeu eventos esportivos. Os Jogos Pan-Americanos de 1975, que estavam marcados para acontecer em São Paulo, tiveram que ser transferidos para a Cidade do México. Hospitais, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ficaram superlotados.</div>
<div style="text-align: justify;">
A que viria a ser a maior epidemia de meningite da história do Brasil teve início em 1971, no distrito de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. Logo, a população mais carente começou a se queixar de sintomas clássicos, como dor de cabeça, febre alta e rigidez na nuca. Nos bairros mais pobres, muitos morreram sem diagnóstico ou tratamento. </div>
<div style="text-align: justify;">
Em novembro daquele ano, o que parecia ser um surto restrito a uma determinada localidade logo se alastrou e, aos poucos, ganhou proporções epidêmicas. Dali, não parou mais.</div>
<br />
<img alt="Placa com cultura de bactérias" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/99EE/production/_105860493_gettyimages-155136466.jpg" width="400" /><br />
<div style="text-align: justify;">
Em setembro de 1974, a epidemia atingiu seu ápice. A proporção era de 200 casos por 100 mil habitantes. Algo semelhante só se via no "Cinturão Africano da Meningite", área que hoje compreende 26 países e se estende do Senegal até a Etiópia. </div>
<div style="text-align: justify;">
Das regiões mais carentes, a epidemia migrou para os bairros mais nobres. Até julho daquele ano, um único hospital em São Paulo atendia pacientes com meningite. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas tinha 300 leitos disponíveis, mas chegou a internar 1,2 mil pacientes.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Não houve quarentena porque o período de incubação da meningite é muito curto", explica a epidemiologista Rita Barradas Barata, doutora em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo (USP) e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. Na época, Rita trabalhava como aluna do internato em medicina no Emílio Ribas. "O atendimento foi além de sua capacidade máxima. Trabalhávamos muitas horas por dia", recorda.</div>
<div style="text-align: justify;">
De agosto em diante, outras 26 unidades passaram a fazer parte de uma rede de atendimento a pacientes com sintomas de meningite. "Depois de um ou dois dias recebendo tratamento injetável, os casos mais leves eram transferidos para outras unidades, onde recebiam a medicação oral. Já os pacientes mais graves permaneciam no Emílio Ribas", complementa a médica.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Atentados, passeatas e epidemias eram assuntos vetados na imprensa</h2>
Até então, uma pequena parcela da população, quase nula, sabia da existência da epidemia. O governo procurou escondê-la ao máximo, segundo explica quem acompanhou o caso de perto.<br />
<br />
<img alt="Policial na ditadura" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/511A/production/_104026702_996fe054-742a-430e-bd32-89f92a02a6e8.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
"Assim que surgiu, foi tratada como uma questão de segurança nacional, e os meios de comunicação proibidos de falar sobre a doença", afirma a jornalista Catarina Schneider, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e autora da tese A Construção Discursiva dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo sobre a Epidemia de Meningite na Ditadura Militar Brasileira (1971-1975). "Essa tentativa de silenciamento impediu que ações rápidas e adequadas fossem tomadas".</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante os anos da ditadura, alguns temas foram proibidos de serem divulgados - através de notícias, entrevistas ou comentários - em jornais e revistas, rádios e TVs. A epidemia de meningite que castigou o Brasil na primeira metade da década de 1970 foi um deles. </div>
<div style="text-align: justify;">
Sob o pretexto de não causar pânico na população, a censura proibiu toda e qualquer reportagem que julgasse "alarmista" ou "tendenciosa", sobre a moléstia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1971, quando foram registrados os primeiros casos, o epidemiologista José Cássio de Moraes, doutor em Saúde Pública pela USP e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, integrava uma comissão de médicos de diferentes áreas, como epidemiologistas, infectologistas e sanitaristas. Juntos, detectaram um surto da doença e procuraram alertar as autoridades. Não conseguiram. Em tempos de 'milagre econômico', o governo se recusou a admitir a existência de uma epidemia. "Os militares proibiram a divulgação de dados. Pensavam que conseguiriam deter a epidemia por decreto. Se eu não divulgo, é como se não existisse. Não sabiam que o vírus era analfabeto e não sabia ler Diário Oficial", ironiza o médico. </div>
Dali por diante, médicos de instituições públicas foram proibidos de conceder entrevistas à imprensa. O jeito era dar declarações em "off" para jornalistas de confiança, como Demócrito Moura, do Jornal da Tarde. Mesmo assim, as poucas matérias publicadas, alertando a população dos riscos da meningite, eram desmentidas pelas autoridades. <br />
<div style="text-align: justify;">
"Ao governo não interessava a divulgação de notícias negativas. Negar a existência da epidemia foi um erro porque facilitou sua propagação e atrasou a adoção de medidas necessárias ao seu combate. Numa situação dessas, quanto mais rapidamente essas medidas forem adotadas, menores serão as perdas de vidas e os danos à economia", afirma o historiador Carlos Fidelis Ponte, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).</div>
<br />
<img alt="Vacina" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/10D1A/production/_97009886_vacinafiocruz.jpg" width="400" /><br />
<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Medo</h2>
<div style="text-align: justify;">
Em 1974, quando a verdade veio à tona, pelo menos sete Estados totalizavam 67 mil casos - 40 mil deles só em São Paulo. A população, quando soube da epidemia, entrou em pânico. Com medo da propagação da doença, as pessoas evitavam passar na frente do Emílio Ribas. De dentro de carros e ônibus, fechavam suas janelas. Na falta de remédios e de vacinas, recorriam a panaceias milagrosas, como a cânfora. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Naquela época, não havia rede social, mas já existiam 'fake news'. A boataria atrapalhou bastante", recorda José Cássio. </div>
<div style="text-align: justify;">
O governo suspendeu as aulas e mandou os estudantes de volta para casa. Quando era registrado algum caso nas dependências das escolas, as autoridades sanitárias passavam formol nas mesas e carteiras. Em algumas cidades, as escolas públicas foram transformadas em hospitais de campanha para atender os doentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nos hospitais, a epidemia sobrecarregou especialistas em doenças infecciosas. Médicos de outras áreas, para evitar a contaminação, usavam capacetes, óculos e botas. Outros, ao contrário, atendiam pacientes sem qualquer tipo de proteção. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um terceiro grupo preferiu mudar para o interior, com suas famílias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das primeiras medidas foi prescrever sulfa. Na esperança de deter o avanço da epidemia, a população passou a tomar o antibiótico por conta própria. "O estoque acabou rapidamente e a bactéria ficou resistente", recorda José Cássio. </div>
<div style="text-align: justify;">
Todos os dias, a comissão médica da qual o médico fazia parte procurava atualizar os números e divulgá-los no quadro de avisos do Palácio da Saúde, onde funcionava a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Os setoristas da área até tinham acesso às informações, mas não podiam divulgá-las.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os números de casos e de óbitos são contraditórios. O estudo A Doença Meningocócica em São Paulo no Século XX: Características Epidemiológicas, de autoria de José Cássio de Moraes e Rita Barradas Barata, calcula que, no período epidêmico, que durou de 1971 a 1976, foram registrados 19,9 mil casos da doença e 1,6 mil óbitos. Já a edição de 30 de dezembro de 1974 do jornal O Globo divulgou que, só naquele ano, a epidemia deixou um saldo de 111 mortos no Rio Grande do Sul, 304 no Rio de Janeiro e 2,5 mil em São Paulo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ministério censurado</div>
<div style="text-align: justify;">
Em março de 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a Presidência no lugar do general Médici. Para ministro da Saúde, ele nomeou o médico sanitarista Paulo de Almeida Machado. </div>
<br />
<img alt="Ernesto Geisel" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/DD76/production/_111449665_ernestogeisel.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Naquele ano, a jornalista Eliane Cantanhêde, então na revista Veja, conseguiu uma exclusiva com o ministro, em Brasília. Pela primeira vez, uma autoridade admitia publicamente que o Brasil vivia uma epidemia. Mais que isso. Ele alertou sobre os riscos da meningite e ensinou medidas de higiene à população. </div>
<div style="text-align: justify;">
De volta à redação, Cantanhêde começou a bater a matéria e a enviá-la, via telex, para a sede da Veja, em São Paulo. Dali a pouco, ficou sabendo que a entrevista tinha sido censurada. Motivo? "Não havia vacina para todo mundo", explica Eliane. "As pessoas não sabiam o que era meningite. Muitas delas morriam e, por falta de informação, não sabiam do quê".</div>
<div style="text-align: justify;">
No dia 26 de julho de 1974, o jornalista Clóvis Rossi também teve um de seus textos censurados. No espaço reservado ao artigo A Epidemia do Silêncio, a direção da Folha de S. Paulo se viu obrigada a publicar um trecho do poema Os Lusíadas, de Luís de Camões. "Desde que, há dois anos, começaram a aumentar em ritmo alarmante os casos de meningite em São Paulo, as autoridades cuidaram de ocultar fatos, negar informações e reduzir os números a proporções incompatíveis com a realidade", alertou Rossi no artigo censurado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Naquele mesmo ano, o governo brasileiro assinou um acordo com o Instituto Pasteur Mérieux e importou em torno de 80 milhões de doses da vacina contra meningite. "O laboratório francês precisou construir uma nova fábrica porque a que existia não comportava uma produção tão grande", relata o historiador Carlos Fidelis. "Foi a partir dessa emergência que se criou, na Fiocruz, a fábrica de fármacos, a Farmanguinhos, e a de vacinas, a Bio-Manguinhos".</div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
Vacinação</h2>
<div style="text-align: justify;">
Em 1975, o Brasil deu início à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica (Camem). Foi quando, para estimular a ida em massa da população aos postos de saúde, o governo passou a divulgar os números da doença. </div>
<div style="text-align: justify;">
"A letalidade da meningite é de 10%, mas, no auge da epidemia, caiu para 2%", afirma Rita Barradas Barata. "O diagnóstico era feito de maneira precoce e o tratamento com antibiótico reduzia o risco de morte". </div>
<div style="text-align: justify;">
Em apenas quatro dias, foram aplicadas 9 milhões de doses na região metropolitana de São Paulo. Logo, estenderam a campanha para outros municípios e estados. A imunização não era feita com seringa e agulha e, sim, com uma "pistola" injetora de vacina. "Conseguimos uma cobertura vacinal de quase 90% da população", orgulha-se José Cássio.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além de superlotar hospitais e de fechar escolas, a epidemia de meningite teria causado outros "estragos". Um deles é a transferência dos Jogos Pan-Americanos de 1975, da cidade de São Paulo para a do México. Bem, pelo menos essa é a versão oficial. A extraoficial é contada pelo advogado Alberto Murray Neto. "Em 1975, o número de casos já tinha reduzido e o que se dizia é que a epidemia estava controlada. Em tese, a meningite não seria um impeditivo para os Jogos", revela Alberto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Seu avô, Sylvio de Magalhães Padilha, era o então presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e vice do Comitê Olímpico Internacional (COI). Durante reunião em Brasília, foi avisado pelo ministro da Educação, Ney Braga, que não teria recursos do governo federal para os Jogos. Em suma: o Pan deveria ser cancelado, a três meses de sua realização. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Meu avô cancelou os Jogos, sem esconder que a questão crucial era o corte de verbas", relata Alberto. Os Jogos Pan-Americanos de 1975 deixaram para a cidade o velódromo, a raia olímpica e o Centro de Práticas Esportivas da USP (CEPEUSP)".</div>
BBCVera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-83851085554599878102020-04-05T15:37:00.000-07:002020-04-05T15:37:37.553-07:00É possível pegar o coronavírus mais de uma vez? <img alt="Tudo indica que não é possível se reinfectar, mas precisamos de mais estudos para responder essa questão com 100% de certeza." class="loaded" data-src="{"default":{"load":"default","w":"27","h":"18","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB128lbb.img?h=180&w=270&m=6&q=60&o=f&l=f"}}" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB128lbb.img?h=180&w=270&m=6&q=60&o=f&l=f" style="height: 18rem; width: 27rem;" /><br />
<br />
<span><div style="text-align: justify;">
No finalzinho de fevereiro, <a data-id="78" data-m="{"i":78,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":3}" href="https://veja.abril.com.br/mundo/japonesa-testa-positivo-pela-2a-vez-para-coronavirus/" target="_blank">uma notícia vinda do Japão causou temor:</a> autoridades do país nipônico anunciaram que uma guia turística tinha se recuperado totalmente da <a data-id="79" data-m="{"i":79,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":4}" href="https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/coronavirus" target="_blank"><strong>Covid-19</strong></a> e, dias depois, os sintomas retornaram. Exames mostraram que ela voltou a testar positivo para o coronavírus (Sars-CoV-2). Um episódio parecido aconteceu na Coreia do Sul.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span>Na China, onde a pandemia iniciou, os relatos são mais fortes: ao menos 100 indivíduos que se curaram da doença voltaram a apresentar resultados positivos para a presença </span><span>dessa ameaça microscópica. <strong>Será que o corpo não cria imunidade contra esse vírus, o que favoreceria uma reinfecção?</strong></span></div>
<br />
<span><div style="text-align: justify;">
A verdade é que o mundo está aprendendo dia após dia com o coronavírus. Compreender como os pacientes se comportam até a alta é uma das questões-chave dessa história, pois isso tem o potencial de modificar as políticas públicas adotadas até o momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span>De acordo com a evidência científica atual, a probabilidade de uma reinfecção é remota. Quem aposta nisso é o médico <a data-id="81" data-m="{"i":81,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":6}" href="https://veja.abril.com.br/mundo/anthony-fauci-o-medico-a-frente-da-luta-contra-a-covid-19-nos-eua/" target="_blank">Anthony Fauci</a>, líder da força-tarefa contra o coronavírus dos Estados Unidos e um dos maiores especialistas do mundo em doenças infecciosas. </span></div>
<div data-bcid="56603651bbe5bf10d057f868" data-id="77" data-m="{"i":77,"p":75,"n":"aol-article-inlineOutstreamAd","t":"AolInlineOutstreamAd","o":2}" style="text-align: justify;">
<div class="vdb_player " id="590760c31de5a10537b6f1b3" style="max-height: 1px; opacity: 0; overflow: hidden; visibility: hidden; width: 100%;" vdb_params="m.markettype=A9&m.locale=pt_br&m.cpid=B6FHHXQEG&m.externalid=HEABRPT20&m.pgcc=br&rid=964e62756bd245c590358a3e7edafd88">
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</div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a data-id="82" data-m="{"i":82,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":7}" href="https://www.youtube.com/watch?v=8A3jiM2FNR8" target="_blank"><span>Numa entrevista para o programa </span></a><em><span>The Daily Show, </span></em><span>do canal da televisão americana </span><em><span>Comedy Central</span></em><span>, ele afirmou: “Se esse vírus age". </span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
como qualquer outro que conhecemos, uma vez que você é infectado e se recupera, cria uma imunidade que protege de futuras infecções por esse mesmo agente”. </div>
<h3>
<strong>Como explicar então esses casos na Ásia?</strong></h3>
<br />
<span><div style="text-align: justify;">
O coronavírus é uma família com vários integrantes. Alguns deles infectam humanos, como é o caso Sars-CoV-2, responsável pela pandemia atual. Outros preferem morcegos, bois ou galinhas. E a experiência mostra que essa turma têm a capacidade, sim, de atazanar o mesmo ser vivo mais de uma vez. “<strong>Reinfecções não são eventos tão raros entre os coronavírus</strong>”, observa o virologista Paulo Eduardo Brandão, da <a data-id="83" data-m="{"i":83,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":8}" href="http://portal.fmvz.usp.br/" target="_blank">Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo</a>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span>Por outro lado, segundo as pesquisas disponíveis, tudo leva a crer que esse risco de um bate e volta com o Sars-CoV-2 é bem baixo. Basta levar em conta que <a data-id="84" data-m="{"i":84,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":9}" href="https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6" target="_blank">já são mais de 1 milhão de casos no mundo todo</a> e ao redor de 100 relatos não confirmados de reinfecção em três países. “As análises também indicam que o novo coronavírus não possui uma alta taxa de mutações, o que certamente é importante”, acrescenta o imunologista Eduardo Finger, diretor do Laboratório de Pesquisa Experimental do <a data-id="85" data-m="{"i":85,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":10}" href="https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/" target="_blank">Hospital Alemão Oswaldo Cruz</a>, na capital paulista.</span></div>
<span><div style="text-align: justify;">
<span>Para entender direitinho porque a taxa de mutação dos vírus é relevante quando pensamos na criação de uma resposta imune sustentada, vamos usar como exemplo dois vilões muito comuns: o influenza e o <a data-id="86" data-m="{"i":86,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":11}" href="https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/sarampo" target="_blank">sarampo</a>. </span></div>
<br />
<span><div style="text-align: justify;">
Comecemos com o influenza, <a data-id="87" data-m="{"i":87,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":12}" href="https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/gripe" target="_blank">o causador da gripe</a>: sabe-se que ele se modifica o tempo todo. Isso significa que nosso sistema de defesa perde a capacidade de reconhecê-lo com certa velocidade. <a data-id="88" data-m="{"i":88,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":13}" href="https://saude.abril.com.br/blog/cientistas-explicam/virus-da-gripe-por-que-todo-ano-temos-uma-luta-e-uma-vacina-diferente/" target="_blank">Essa, aliás, é a razão de tomarmos a vacina contra a gripe todos os anos:</a> os subtipos de influenza em circulação na nova temporada de frio costumam ser diferentes daqueles que pintaram no ano anterior. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span>A mesma coisa não acontece com o sarampo. Por ser um vírus mais estável, basta ter contato com ele uma vez <a data-id="89" data-m="{"i":89,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":14}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/adulto-deve-tomar-a-vacina-do-sarampo/" target="_blank">(ou, de preferência, vacinar-se)</a> para que o corpo o detecte e o ataque toda vez que o encontrar. Na maioria das vezes, <a data-id="90" data-m="{"i":90,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":15}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/todo-bebe-de-6-meses-a-1-ano-agora-deve-tomar-a-vacina-do-sarampo/" target="_blank">duas doses do imunizante durante a infância</a> são suficientes para oferecer proteção pelo resto da vida. </span></div>
<h3>
<strong>Outra possibilidade: uma interpretação inadequada dos exames</strong></h3>
<div style="text-align: justify;">
<span>Talvez o que esteja sendo visto como reinfecção, na verdade, seja uma conclusão precipitada dos <a data-id="91" data-m="{"i":91,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":16}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/teste-de-coronavirus-quem-deve-fazer-e-como-e-o-exame/" target="_blank">testes de diagnóstico da Covid-19</a>. </span></div>
<span><div style="text-align: justify;">
Um dos métodos mais utilizados hoje no mundo se chama PCR (sigla em inglês para reação em cadeia da polimerase). Essa técnica rastreia a presença de pequenos trechos do código genético do vírus em amostras de um paciente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span>“Sabemos que pessoas que receberam alta após o tratamento para a Covid-19 continuam excretando pedaços do coronavírus, o que daria um resultado positivo num teste desses. <strong>Isso, por sua vez, poderia ser entendido como reinfecção quando, na verdade, trata-se de uma infecção primária que não se resolveu totalmente</strong>”, explica Brandão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span><div style="text-align: justify;">
Que fique claro: o PCR é um dos melhores métodos de detecção. Ele é inclusive recomendado pela <a data-id="92" data-m="{"i":92,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":17}" href="https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/" target="_blank">Organização Mundial da Saúde</a> e pelo Centro de controle e prevenção de doenças dos Estados Unidos. O problema estaria na interpretação de seus resultados num contexto com milhares de pacientes em atendimento. </div>
<h3>
<strong>Reinfecção ou ainda em recuperação do coronavírus?</strong></h3>
<div style="text-align: justify;">
<span>Uma terceira explicação para esses relatos nos três países orientais seria o fato de o paciente ainda não estar 100% recomposto da Covid-19 e receber alta antes da hora. Ora, após invadir as células superficiais da boca, dos olhos ou do nariz, o bendito Sars-CoV-2 pode descer pelo sistema respiratório até alcançar os pulmões.</span></div>
<span><div style="text-align: justify;">
<span>Acontece que o teste de diagnóstico dessa infecção é feito com o auxílio de uma haste flexível com algodão na ponta. Essa ferramenta é introduzida pelo nariz até alcançar o comecinho da garganta. A ideia é esfregar o cotonete ali para retirar um pouco da mucosa, que será analisada no laboratório para ver se há coronavírus ou não no pedaço.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span><div style="text-align: justify;">
Algumas pessoas que estão se recuperando podem passar por esse exame e não apresentar vírus nessa região das vias aéreas superiores. Mas o agente infeccioso pode estar escondido mais pra baixo, lá nos pulmões. Com o resultado negativo, o sujeito é liberado da internação e, sem os cuidados com a saúde, <a data-id="94" data-m="{"i":94,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":19}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-sintomas-pouco-conhecidos/" target="_blank">volta a apresentar os sintomas</a>, uma vez que a carga viral sobe de novo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span>Seguindo essa linha de raciocínio, não estaríamos diante de um quadro de reinfecção, mas, sim, de uma doença que não foi <a data-id="95" data-m="{"i":95,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":20}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/tratamento-do-novo-coronavirus/" target="_blank">devidamente tratada e curada</a>. </span></div>
<h3>
<strong>Experiência com primatas</strong></h3>
<br />
<span><div style="text-align: justify;">
<a data-id="96" data-m="{"i":96,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":21}" href="https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.03.13.990226v1.full" target="_blank">Um estudo realizado por um convênio de cientistas chineses</a> acrescentou informações relevantes a essa história. Na experiência, quatro macacos rhesus foram infectados com o novo coronavírus e, após alguns dias, se recuperaram bem. Na sequência, eles tiveram contato novamente com o Sars-CoV-2: nenhum experimentou uma segunda infecção. Nem mesmo quando o vírus foi colocado diretamente no organismo desses primatas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span>Apesar de interessante, o trabalho merece ressalvas. “Nós somos próximos de macacos, mas não somos macacos. Há uma série de doenças infecciosas em que o sistema imune deles age de uma maneira diferente do nosso”, pondera Finger. A exposição a um vírus no laboratório também não é a mesma coisa do contato natural, no dia a dia. </span></div>
</span></span><div style="text-align: justify;">
<span>Se, por um lado, não dá pra levar as conclusões do trabalho a ferro e fogo, por outro ele aponta para uma luz no fim do túnel. “O experimento sinaliza que <a data-id="97" data-m="{"i":97,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":22}" href="https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-quanto-tempo-vacina/" target="_blank">uma futura vacina</a> poderá ser efetiva quando estiver disponível”, analisa Brandão. </span></div>
<h3>
<strong>O que se tira de lição dessa história?</strong></h3>
<div style="text-align: justify;">
<span>Em primeiro lugar, vale reforçar que cientistas, médicos e autoridades em saúde pública estão aprendendo em tempo real a combater o coronavírus e seus estragos. Portanto, é natural que as recomendações se modifiquem conforme o conhecimento avança e novas peças desse intrincado quebra-cabeça são descobertas. </span></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span>Caso o risco de reinfecção em larga escala seja verdadeiro e isso fique comprovado por estudos maiores e mais criteriosos (o que não aconteceu até agora), as políticas públicas colocadas em prática atualmente passarão por mudanças. “Esse cenário demandaria um número ainda maior de recursos diagnósticos e exigiria mais do sistema de saúde”, especula Brandão.</span></div>
<a data-id="93" data-m="{"i":93,"p":75,"n":"partnerLink","y":24,"o":18}" href="https://www.cdc.gov/" target="_blank"></a></span><div style="text-align: justify;">
<span>Por ora, as evidências indicam que a Covid-19 é mesmo uma doença que só se pega uma vez. O corpo parece que desenvolve, sim, uma memória imunológica para debelá-la caso o coronavírus tente uma segunda invasão. Em meio a um cenário tão desolador, eis ao menos uma boa notícia.</span></div>
</span><br /></span><br /></span> </span></span>Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-4252785568591981552020-03-26T13:01:00.000-07:002020-03-26T13:01:12.657-07:00Uma mulher latina, estudante de enfermagem, inventou o álcool gel <div style="text-align: justify;">
Os mesmos motivos que o levaram a ser <a data-id="137" data-m="{"i":137,"p":68,"n":"partnerLink","y":24,"o":6}" href="https://www.hypeness.com.br/tag/invencao/" rel="noopener" target="_blank">inventado</a> fazem atualmente, durante a pandemia de <a data-id="138" data-m="{"i":138,"p":68,"n":"partnerLink","y":24,"o":7}" href="https://www.hypeness.com.br/tag/coronavirus/" rel="noopener" target="_blank">coronavírus</a>, do <a data-id="139" data-m="{"i":139,"p":68,"n":"partnerLink","y":24,"o":8}" href="https://www.hypeness.com.br/tag/alcool-gel/" rel="noopener" target="_blank">álcool gel</a> um dos produtos mais procurados em todo o planeta: a mobilidade e a facilidade de desinfetar as mãos. Vale lembrar que o bom e velho sabão, lavando intensamente as mãos por ao menos 20 segundos, é mais eficaz para impedir a disseminação do vírus do que o álcool gel, mas para quem precisa sair de casa, trata-se de uma solução eficaz e importante quando se está sem acesso a uma pia. Poucos sabem, porém, que a invenção do álcool gel foi feita por uma mulher e de origem latina: a enfermeira Lupe Hernandez, então estudante de enfermagem em Bakersfield, nos EUA, em 1966.</div>
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<img alt="" class="loaded" data-src="{"default":{"load":"default","w":"36","h":"40","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FWrD.img?h=400&w=356&m=6&q=60&o=f&l=f&x=298&y=372"}}" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FWrD.img?h=400&w=356&m=6&q=60&o=f&l=f&x=298&y=372" /><br />
<br />
<span style="font-size: large;">A enfermeira Lupe Hernandez</span><br />
<div style="text-align: justify;">
A preocupação de Hernandez era justamente sobre a disponibilidade de água e sabão para os profissionais de saúde, para todo o processo, antes e depois, de seus contatos com pacientes. Foi diante desse quadro que ela concluiu que uma versão em gel do álcool, que fosse portátil e eficaz, poderia ser uma solução para tal dilema – e que ainda poderia se tornar um sucesso comercial, como se tornou. O álcool mata germes e bactérias e evapora, facilitando a vida de quem os usa, em especial dos profissionais de saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Era impossível, 54 anos atrás, que Hernandez pudesse prever o próprio coronavírus, mas é evidente que ela previu a utilidade de sua invenção: em 2015 o mercado de álcool gel valia 250 milhões de dólares somente nos EUA – e hoje o valor deve ter bem mais do que dobrado. Curiosamente, pouco se sabe hoje sobre Lupe Hernandez, se ela lucrou em proporção ao sucesso de sua invenção, ou mesmo se ela continua viva – mas o fato é que sua invenção pode ajudar a manter muita gente com vida atualmente.</div>
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<img alt="" class="loaded" data-src="{"default":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FQXz.img?h=416&w=799&m=6&q=60&u=t&o=f&l=f","size3column":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FQXz.img?h=416&w=624&m=6&q=60&u=t&o=f&l=f","size2column":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FQXz.img?h=416&w=624&m=6&q=60&u=t&o=f&l=f"}" height="284" role="presentation" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB11FQXz.img?h=416&w=624&m=6&q=60&u=t&o=f&l=f" title="Lupe_Hernandez_04 - Kauê Vieira" width="320" /><br />
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Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-26860467821896367702020-03-25T12:11:00.001-07:002020-03-25T12:11:10.291-07:00Por que o coronavírus é mais perigoso para os idosos<div style="text-align: justify;">
<img alt="Um idoso protegido com máscara em Valência, na Espanha." class="block width_full" height="225" src="https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/ulhT5C5R2-m2CwcUnELR_QbFRdE=/768x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/W6RGJHU45VDDPE4UBG55ZOTRII.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
A <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/noticias/coronavirus/a/" target="_blank">pandemia de coronavírus</a> que se expande rapidamente afeta com gravidade os idosos. Dados obtidos a partir <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-23/china-encara-a-fatura-economica-por-vencer-o-virus.html" target="_blank">do surto inicial na China</a> e mais tarde <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-23/italia-detectou-ha-um-mes-o-primeiro-contagio-local-da-covid-19-agora-vive-a-pior-crise-desde-1945.html" target="_blank">na Itália</a> mostram que os infectados com menos de 60 anos têm um risco baixo, embora não seja nulo, de morrer de Covid-19. Curiosamente, as crianças pequenas não parecem estar em maior risco de <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020-03-23/ao-vivo-ultimas-noticias-sobre-o-coronavirus-no-brasil-e-no-mundo.html" target="_blank">complicações graves da doença causada por esse novo coronavírus</a>, em contraste com o que ocorre com outros vírus, como a gripe sazonal.</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, as estatísticas <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020-03-23/saudade-dos-abracos-e-sem-visitas-da-familia-a-rotina-dos-idosos-sob-blindagem-nas-casas-de-repouso.html" target="_blank">se tornam mais desalentadoras à medida que os pacientes envelhecem</a>. Enquanto pacientes entre 60-70 anos têm uma probabilidade de 0,4% de morrer, aqueles com idades entre 70 e 80 anos têm 1,3% e os com mais de 80 anos, de 3,6%. Embora isso não pareça uma probabilidade muito alta de morte, no atual surto que a Itália está enfrentando, 83% dos que sucumbiram à infecção pela Covid-19 tinham mais de 60 anos de idade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, o novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, é um patógeno muito sério para quem tem mais de 60 anos de idade. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-19/jovem-saudavel-e-na-uti-o-risco-por-coronavirus-existe.html" target="_blank">Enquanto continua a se espalhar</a>, esse grupo mais velho continuará correndo o risco de ficar gravemente doente e morrer.</div>
<div style="text-align: justify;">
O que faz com que <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-15/diario-de-como-um-virus-parou-um-pais.html" target="_blank">um vírus como este representem maior risco</a> para os idosos? Acredita-se que seja devido a alterações sofridas pelo sistema imunológico humano à medida que envelhece.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h3 class="font_secondary color_gray_ultra_dark" style="text-align: justify;">
As ferramentas do corpo para combater infecções</h3>
<div style="text-align: justify;">
Na vida cotidiana, o corpo experimenta um bombardeio constante de bactérias, fungos e vírus que nos tornam doentes, os patógenos. Um corpo humano é um lugar maravilhoso <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-15/geometria-de-uma-pandemia-do-coronavirus.html" target="_blank">para esses organismos crescerem e prosperarem</a>, pois lhes proporciona um ambiente agradável, quente e rico em nutrientes.</div>
<div style="text-align: justify;">
É aí que o sistema imunológico entra em ação. É o sistema de <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/verne/2020-03-14/siga-as-regras-nao-por-voce-mas-pelos-mais-frageis.html" target="_blank">defesa do corpo contra esse tipo de invasor</a>. Antes mesmo de nascer, o corpo começa a produzir dois tipos especializados de células sanguíneas, linfócitos B e linfócitos T, capazes de reconhecer os patógenos e ajudar tipos especializados de células sanguíneas, linfócitos B e linfócitos T, capazes de reconhecer os patógenos e ajudar a bloquear seu crescimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante uma infecção, os linfócitos B podem se multiplicar e produzir anticorpos que aderem aos patógenos e <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-12/objetivo-numero-1-aplainar-a-curva-do-coronavirus.html" target="_blank">bloqueiam sua capacidade de se espalhar pelo corpo</a>. A função dos linfócitos T é reconhecer as células infectadas e matá-las. Juntos, eles formam o que os cientistas chamam de sistema imunológico “adaptativo”.</div>
<div style="text-align: justify;">
É possível que <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020-02-27/quando-procurar-ajuda-medica-por-sintomas-do-coronavirus.html" target="_blank">o seu médico tenha pedido alguns exames</a> para verificar os níveis dos seus glóbulos brancos. Servem para medir se você tem mais linfócitos B e T do que o habitual, provavelmente porque eles estão lutando contra uma infecção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Pessoas muito jovens não têm muitos linfócitos B ou T. Para o corpo delas pode ser <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/verne/2020-02-26/primeiro-caso-no-brasil-mascaras-sintomas-e-outras-duvidas-sobre-o-coronavirus.html" target="_blank">um desafio controlar a infecção</a> porque ele simplesmente não está acostumado com tal tarefa. À medida que amadurece, o sistema imunológico adaptativo aprende a reconhecer os patógenos e a lidar com essas invasões constantes, nos permitindo combater a infecção de maneira rápida e eficaz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Embora os glóbulos brancos <a href="https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-23/cuba-envia-brigadas-medicas-contra-o-coronavirus-a-italia-e-america-latina.html" target="_blank">sejam poderosos protetores para os seres humanos</a>, não são suficientes. Por sorte, nosso sistema imunológico possui outra camada, denominada resposta imunológica “inata”. Todas as células têm seu próprio sistema imunológico em miniatura que lhes permite responder diretamente aos patógenos com mais rapidez do que a necessária para mobilizar a resposta adaptativa.</div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta imune inata está pronta para se lançar sobre tipos de moléculas que são comumente encontradas em bactérias e vírus, mas não nas células humanas. Quando uma célula detecta essas moléculas invasoras, desencadeia a produção de interferon, uma proteína antiviral. O interferon provoca a morte da célula infectada, limitando a infecção.</div>
<div style="text-align: justify;">
Outras células imunológicas inatas, chamadas monócitos, agem como uma espécie de porteiro celular, livrando-se de todas as células infectadas que encontram e enviando sinais à resposta imune adaptativa para que se ponha em marcha. O sistema imunológico inato e o adaptativo podem funcionar em conjunto como uma máquina bem lubrificada para detectar e eliminar patógenos.</div>
<h3 class="font_secondary color_gray_ultra_dark" style="text-align: justify;">
Os sistemas imunológicos mais velhos são mais fracos</h3>
<div style="text-align: justify;">
Quando um patógeno invade o corpo, a diferença entre a doença e a saúde se torna uma corrida entre a velocidade em que tal patógeno é capaz de se expandir em seu interior e a rapidez com a qual a resposta imunológica é capaz de reagir sem causar muitos danos colaterais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-14/o-que-idosos-pais-maes-e-gestantes-devem-saber-sobre-o-coronavirus.html" target="_blank">À medida que envelhecemos</a>, as respostas do sistema imunológico inato e do adaptativo mudam, alterando esse equilíbrio. Os monócitos dos indivíduos mais velhos produzem menos interferon em resposta à infecção viral. É mais difícil para eles matar as células infectadas e transmitir sinais à resposta imune adaptativa para que se ponha em marcha.</div>
<div style="text-align: justify;">
A inflamação crônica de baixo grau que comumente ocorre durante o envelhecimento <a href="https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-14/pandemia-de-coronavirus-o-que-voce-precisa-saber-para-se-proteger.html" target="_blank">também prejudica a capacidade da resposta imune adaptativa</a> e inata de reagir contra os patógenos. É um pouco semelhante a se acostumar, com o passar do tempo, a ruídos irritantes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com o envelhecimento, a redução da “capacidade de atenção" da resposta imune inata e da adaptativa torna mais difícil que o corpo responda à infecção viral, dando vantagem ao vírus. Os vírus podem tirar proveito do atraso do sistema imunológico em responder e, assim, se apoderar rapidamente do corpo, <a href="https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-11/na-espanha-o-tempo-para-agir-com-sucesso-esta-acabando.html?rel=mas" target="_blank">causando uma doença grave e a morte</a>.</div>
<h3 class="font_secondary color_gray_ultra_dark" style="text-align: justify;">
O distanciamento social é vital para as pessoas vulneráveis</h3>
<div style="text-align: justify;">
Dada a dificuldade que os idosos têm para controlar a infecção viral, a melhor opção é, desde o início, evitar ser infectados. E é aí que<a href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-23/quando-o-coronavirus-obrigou-boris-johnson-a-deixar-de-ser-boris-johnson.html" target="_blank"> </a><a href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-23/quando-o-coronavirus-obrigou-boris-johnson-a-deixar-de-ser-boris-johnson.html" target="_blank">a ideia de distanciamento social</a> adquire importância, em especial no que diz respeito à Covid-19.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Covid-19 <a href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020/03/12/ciencia/1584026924_318538.html" target="_blank">é causada por um vírus respiratório</a> que contagia principalmente pela tosse, que pode espalhar pequenas gotas de saliva que contêm vírus. As gotículas mais pesadas caem rapidamente no chão. Gotas muito pequenas secam. Gotas de tamanho intermediário são as mais preocupantes, porque conseguem flutuar no ar mais de um metro antes de secarem. Essas gotas podem ser inaladas e entrar nos pulmões.</div>
<div style="text-align: justify;">
Manter uma distância de pelo menos um metro e meio de outras pessoas <a href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-12/guia-para-viver-com-um-infectado-pelo-coronavirus.html" target="_blank">ajuda a reduzir significativamente o risco de ser infectado</a> por essas gotículas de aerossóis. Mas ainda existe a possibilidade de o vírus contaminar as superfícies em que a pessoa infectada tocou ou na qual tossiu. Consequentemente, a melhor maneira de proteger idosos vulneráveis e as pessoas imunocomprometidas é ficar longe delas até que o risco desapareça.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b>Brian Geiss</b></i><i> é professor associado de microbiologia, imunologia e patologia na Universidade Estadual do Colorado e recebe financiamento do </i>National Institutes of Health.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Este artigo foi publicado originalmente em inglês na The Conversation.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>El País</em></div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-72203598977909315852020-03-25T11:50:00.000-07:002020-03-25T11:50:13.937-07:00Metade das praias de areia do planeta está ameaçada pela mudança climática<div style="text-align: justify;">
<img alt="Erosão provocada pelo temporal Emma em 2018 na praia de Camposoto (Cádiz)." class="block width_full" height="300" src="https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/oqrhmP2os5eMXU9-7Mm-DdikNuo=/768x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/FM6N3FNXIVC2TGWYMP5VMECTZ4.JPG" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O que quer que os humanos façam com suas <a href="https://brasil.elpais.com/tag/emision_gases" target="_blank">emissões de gases</a>, a maioria das <a href="https://brasil.elpais.com/tag/playas" target="_blank">praias de areia</a> do planeta encolherá. Em apenas 30 anos, o mar arrebatará em média até 100 metros da areia por causa das <a href="https://brasil.elpais.com/tag/cambio_climatico" target="_blank">mudanças climáticas</a>, segundo um estudo. E no pior dos cenários climáticos, a cifra poderia mais que dobrar até o final do século. Entre os países que perderão mais praias estão o México, o Chile e a Argentina a partir da evolução da linha da costa dos últimos 35 anos, medida por satélites, um grupo de pesquisadores modelou o impacto que as mudanças climáticas terão nas praias de areia até 2050 e 2100. Atualmente, e deixando de lado as regiões antártica e ártica, 31% da costa é formada por faixa de areia. Estudos anteriores estimaram quantas estão se retraindo, pela erosão ou por ações humanas, e quantas estão se expandindo, por contribuição natural ou ação humana. Agora, este estudo, <a href="https://www.nature.com/articles/s41558-020-0697-0.epdf?referrer_access_token=cXJ3R3NepthbI7zA7xbQg9RgN0jAjWel9jnR3ZoTv0OE0K99CPbhGX_o1ifte7iWPHbkgaG-uW3xsI5tbeMLjPHLKr6MbY1bE70JKAsUzsJeXLOqxipOep9z2LSLs7eEl0J3XGcA2XGa5gha0ltRmMTMQdeFIccjYDLD3cDQhbCBW--XalDdDL3IBUyMMvR2O6EPzTls67VWIxH8i9Dk7rGYNl33Fupen5ozA4vnSL_QeoSN9T3tnp_WxtAFnR0HkMTeLS1hPl16r6lzhQUBKFaquuN377onl2ZBPE4LQ6dxpf-aRtwf1gxaos2P6s-kqGk44mU0vBTBFA5gJrfZPg%3D%3D&tracking_referrer=elpais.com" target="_blank">publicado na <i>Nature Climate Change</i></a>, adiciona à equação os impactos derivados do <a href="https://brasil.elpais.com/tag/calentamiento_global" target="_blank">aquecimento global</a>, especialmente os de eventos climáticos extremos (tempestades, inundações ...) e da elevação do nível do mar.</div>
<div style="text-align: justify;">
As praias encolherão sim ou sim. Mas, dependendo do futuro escolhido pelos seres humanos, um cenário de baixas emissões ou outro no qual nada é feito contra as mudanças climáticas, elas diminuirão menos ou mais. Neste último caso, para 2050 os resultados do trabalho mostram que a faixa de areia se reduzirá em média 99,2 metros. Mas a largura que o mar poderia abocanhar poderia se aproximar de 250 metros até o final do século. No entanto, se os objetivos dos <a href="https://brasil.elpais.com/tag/acuerdo_paris_2015" target="_blank">Acordos de Paris</a> sobre redução de emissões fossem cumpridos, as perdas poderiam ser mitigadas em até 40%.</div>
<div style="text-align: justify;">
Embora a perda de litoral arenoso seja generalizada, há grandes diferenças geográficas. As praias perderão mais de 150 metros em regiões como o leste da América do Norte, as praias da <a href="https://brasil.elpais.com/tag/amazonia" target="_blank">Amazônia </a>e o sudeste do continente americano. O recuo será superior a 300 metros nas Pequenas Antilhas ou no sul da Ásia. Por países, haverá nações como Gâmbia, Paquistão e El Salvador que perderão mais de 80% de suas praias. Mas, em termos absolutos, serão as costas arenosas do Canadá e da Austrália que sofrerão mais. Nos dois casos, o mar avançará às custas da areia em mais de 15.000 quilômetros de litoral. Também aparecem nas áreas mais ameaçadas milhares de quilômetros de praias na Argentina (até 4.400 quilômetros), México (5.100) e Chile (até 7.000).</div>
<div style="text-align: justify;">
“Até agora, as principais causas do recuo das praias eram os reservatórios e as barragens, que bloqueiam o sedimento e não o deixam chegar às praias”, explica o pesquisador da Universidade de Cádiz e coautor do estudo Theocharis Plomaritis. Mas isso está sendo alterado pelas mudanças climáticas, que surgem como o principal inimigo da faixa de areia no futuro imediato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos efeitos do aquecimento global é o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos. Como ficou demonstrado em janeiro passado com a tempestade Gloria, a erosão costeira pode ser enorme. Os autores do estudo incorporaram a seu modelo os dados de cerca de 100 milhões de tempestades marinhas para calcular o potencial de erosão destes fenômenos. “Seu impacto geralmente é temporário, a praia se recupera se lhe damos tempo”, diz Plomaritis. Mas, no futuro, um segundo efeito das mudanças climáticas “bloqueará a recuperação natural”, acrescenta ele. Trata-se da <a href="https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/24/internacional/1569334103_514886.html" target="_blank">elevação do nível do mar</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
O degelo das regiões polares está elevando as águas a uma taxa de cerca de três milímetros por ano. Além disso, o aumento das temperaturas faz com que a água do mar se expanda e ocupe mais espaço às custas das praias. Os cientistas e engenheiros que estudam a erosão costeira estão bem cientes de uma lei natural, a chamada regra de Bruun. Na sua versão mais simples, estipula que, dependendo da inclinação da praia, esta recua entre 50 e 100 vezes o que o nível do mar subir.</div>
<div style="text-align: justify;">
“O aumento médio mundial do nível do mar é responsável por pelo menos 73% das mudanças", responde por email o pesquisador do Centro Comum de Pesquisa (JRC) da Comissão Europeia e principal autor do estudo, Michalis Vousdoukas. Embora existam algumas áreas em que o estudo espera a recuperação de praias de modo natural, o pequeno avanço da praia, como o que ocorre em grande parte do litoral da China, está sendo, é e será obra humana.</div>
<div style="text-align: justify;">
El País</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-75130704290537450422020-03-25T11:02:00.001-07:002020-03-25T11:02:33.280-07:00O coronavírus de hoje e o mundo de amanhã, segundo o filósofo Byung-Chul Han<div style="text-align: justify;">
<img alt="Um oficial de polícia vigia diante de um cartaz dia 23 de janeiro em Pequim." class="block width_full" height="263" src="https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/v6nrDqKaxkpQKAubeFdYW2PQyrM=/1500x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/MWGUSJDQQ5FYJFQYJZD4ZSM5W4.jpg" width="400" /><br />
<br />
O <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/noticias/coronavirus/a/" target="_blank">coronavírus </a>está colocando nosso sistema à prova. Ao que parece a Ásia controla melhor a epidemia do que a Europa. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020/03/12/ciencia/1584026924_318538.html?rel=friso-portada" target="_blank">Em Hong Kong, Taiwan e Singapura há poucos infectados</a>. Em Taiwan foram registrados 108 casos e 193 em Hong Kong. Na Alemanha, pelo contrário, após um período muito mais breve já existem 19.000 casos confirmados, e na Espanha 19.980 (dados de 20 de março). A Coreia do Sul já superou a pior fase, da mesma forma que o Japão. Até a China, o país de origem da pandemia, já está com ela bem controlada. Mas Taiwan e a Coreia não decretaram a proibição de sair de casa e as lojas e restaurantes não fecharam. Enquanto isso começou um êxodo de asiáticos que saem da Europa. Chineses e coreanos querem regressar aos seus países, porque lá se sentem mais seguros. Os preços dos voos multiplicaram. Já quase não é possível conseguir passagens aéreas para a China e a Coreia.</div>
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<a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-21/equipe-de-contencao-do-coronavirus-na-china-da-bronca-na-italia-ainda-ha-festas-nos-hoteis.html" target="_blank">A Europa está fracassando</a>. Os números de infectados aumentam exponencialmente. Parece que a Europa não pode controlar a pandemia. Na Itália morrem diariamente centenas de pessoas. Retiram os respiradores dos pacientes idosos para ajudar os jovens. Mas também vale observar ações inúteis. Os fechamentos de fronteiras são evidentemente uma expressão desesperada de soberania. Nós nos sentimos de volta à época da soberania. O soberano é quem decide sobre o estado de exceção. É o soberano que fecha fronteiras. Mas isso é uma vã tentativa de soberania que não serve para nada. Seria muito mais útil cooperar intensamente dentro da Eurozona do que fechar fronteiras alucinadamente. Ao mesmo tempo a Europa também decretou a proibição da entrada a estrangeiros: um ato totalmente absurdo levando em consideração o fato de que a Europa é justamente o local ao qual ninguém quer ir. No máximo, seria mais sensato decretar a proibição de saídas de europeus, para proteger o mundo da Europa. Depois de tudo, a Europa é nesse momento o epicentro da pandemia.</div>
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As vantagens da Ásia</h3>
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Em comparação com a Europa, quais vantagens o sistema da Ásia oferece que são eficientes para combater a pandemia? Estados asiáticos como o Japão, Coreia, Taiwan e Singapura <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-18/retorno-a-idade-media.html" target="_blank">têm uma mentalidade autoritária</a>, que vem de sua tradição cultural (confucionismo). As pessoas são menos relutantes e mais obedientes do que na Europa. Também confiam mais no Estado. E não somente na China, como também na Europa e no Japão a vida cotidiana está organizada muito mais rigidamente do que na Europa. Principalmente para enfrentar o vírus os asiáticos apostam fortemente na vigilância digital. Suspeitam que o<a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/tag/macrodatos" target="_blank"> <i>big data</i></a> pode ter um enorme potencial para se defender da pandemia. Poderíamos dizer que na Ásia as epidemias não são combatidas somente pelos virologistas e epidemiologistas, e sim principalmente pelos especialistas em informática e macrodados. Uma mudança de paradigma da qual a Europa ainda não se inteirou. Os apologistas da vigilância digital proclamariam que o big data salva vidas humanas.</div>
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A consciência crítica diante da vigilância digital é praticamente inexistente na Ásia. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/13/internacional/1568390496_167835.html" target="_blank">Já quase não se fala de proteção de dados</a>, incluindo Estados liberais como o Japão e a Coreia. Ninguém se irrita pelo frenesi das autoridades em recopilar dados. Enquanto isso a China introduziu um sistema de crédito social inimaginável aos europeus, que permitem uma valorização e avaliação exaustiva das pessoas. Cada um deve ser avaliado em consequência de sua conduta social. Na China não há nenhum momento da vida cotidiana que não esteja submetido à observação. Cada clique, cada compra, cada contato, cada atividade nas redes sociais são controlados. Quem atravessa no sinal vermelho, quem tem contato com críticos do regime e quem coloca comentários críticos nas redes sociais perde pontos. A vida, então, pode chegar a se tornar muito perigosa. Pelo contrário, quem compra pela Internet alimentos saudáveis e lê jornais que apoiam o regime ganha pontos. Quem tem pontuação suficiente obtém um visto de viagem e créditos baratos. Pelo contrário, quem cai abaixo de um determinado número de pontos pode perder seu trabalho. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/10/politica/1541853964_264737.html" target="_blank">Na China essa vigilância social é possível porque ocorre uma irrestrita troca de dados</a> entre os fornecedores da Internet e de telefonia celular e as autoridades. Praticamente não existe a proteção de dados. No vocabulário dos chineses não há o termo “esfera privada”.</div>
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Na China existem 200 milhões de câmeras de vigilância, muitas delas com uma técnica muito eficiente de reconhecimento facial. Captam até mesmo as pintas no rosto. Não é possível escapar da câmera de vigilância. Essas câmeras dotadas de inteligência artificial podem observar e avaliar qualquer um nos espaços públicos, nas lojas, nas ruas, nas estações e nos aeroportos.</div>
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Toda a infraestrutura para a vigilância digital se mostrou agora ser extremamente eficaz para conter a epidemia. Quando alguém sai da estação de Pequim é captado automaticamente por uma câmera que mede sua temperatura corporal. Se a temperatura é preocupante todas as pessoas que estavam sentadas no mesmo vagão recebem uma notificação em seus celulares. Não é por acaso que o sistema sabe quem estava sentado em qual local no trem. As redes sociais contam que estão usando até drones para controlar as quarentenas. Se alguém rompe clandestinamente a quarentena um drone se dirige voando em sua direção e ordena que regresse à sua casa. Talvez até lhe dê uma multa e a deixe cair voando, quem sabe. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/06/cultura/1507305334_572081.html" target="_blank">Uma situação que para os europeus seria distópica</a>, mas que, pelo visto, não tem resistência na China.</div>
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Na China e em outros Estados asiáticos como a Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura, Taiwan e Japão não existe uma consciência crítica diante da vigilância digital e o<i> big data</i>. A digitalização os embriaga diretamente. Isso obedece também a um motivo cultural. Na Ásia impera o coletivismo. Não há um individualismo acentuado. O individualismo não é a mesma coisa que o egoísmo, que evidentemente também está muito propagado na Ásia.</div>
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Ao que parece o <i>big data </i>é mais eficaz para combater o vírus do que os absurdos fechamentos de fronteiras que estão sendo feitos nesses momentos na Europa. Graças à proteção de dados, entretanto, não é possível na Europa um combate digital do vírus comparável ao asiático. Os fornecedores chineses de telefonia celular e de Internet compartilham os dados sensíveis de seus clientes com os serviços de segurança e com os ministérios de saúde. O Estado sabe, portanto, onde estou, com quem me encontro, o que faço, o que procuro, em que penso, o que como, o que compro, aonde me dirijo. É possível que no futuro o Estado controle também a temperatura corporal, o peso, o nível de açúcar no sangue etc. Uma <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-09/a-necropolitica-das-epidemias.html" target="_blank">biopolítica digital que acompanha a psicopolítica digital</a> que controla ativamente as pessoas.</div>
<blockquote class="quote quote_block | font_secondary border border_1 border_solid border_gray_dark border-box">
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É possível que no futuro o Estado controle também a temperatura corporal, o peso, o nível de açúcar no sangue</div>
</blockquote>
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Em Wuhan se formaram milhares de equipes de pesquisa digitais que procuram possíveis infectados baseando-se somente em dados técnicos. Tendo como base, unicamente, análises de macrodados averiguam os que são potenciais infectados, os que precisam continuar sendo observados e eventualmente isolados em quarentena. O futuro também está na digitalização no que se refere à pandemia. Pela epidemia talvez devêssemos redefinir até mesmo a soberania. É soberano quem dispõe de dados. Quando a Europa proclama o estado de alarme e fecha fronteiras continua aferrada a velhos modelos de soberania.</div>
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Não somente na China, como também em outros países asiáticos a vigilância digital é profundamente utilizada para conter a epidemia. Em Taiwan o Estado envia simultaneamente a todos um SMS para localizar as pessoas que tiveram contato com infectados e para informar sobre os lugares e edifícios em que existiram pessoas contaminadas. Já em uma fase muito inicial, Taiwan utilizou uma conexão de diversos dados para localizar possíveis infectados em função das viagens que fizeram. Na Coreia quem se aproxima de um edifício em que um infectado esteve <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-15/coreia-do-sul-contra-o-coronavirus-tecnologia.html" target="_blank">recebe através do “Corona-app” um sinal de alarme</a>. Todos os lugares em que infectados estiveram estão registrados no aplicativo. Não são levadas muito em consideração a proteção de dados e a esfera privada. Em todos os edifícios da Coreia foram instaladas câmeras de vigilância em cada andar, em cada escritório e em cada loja. É praticamente impossível se mover em espaços públicos sem ser filmado por uma câmera de vídeo. Com os dados do telefone celular e do material filmado por vídeo é possível criar o perfil de movimento completo de um infectado. São publicados os movimentos de todos os infectados. Casos amorosos secretos podem ser revelados. Nos escritórios do Ministério da Saúde coreano existem pessoas chamadas “tracker” que dia e noite não fazem outra coisa a não ser olhar o material filmado por vídeo para completar o perfil do movimento dos infectados e localizar as pessoas que tiveram contato com eles.</div>
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<img alt="Chineses, todos de máscara, fazem fila no ponto de ônibus em Pequim, em 20 de março." class="block width_full" height="265" src="https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/1mCgpN9CFnzWYTXaD5s5uX3Sqx4=/1500x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/U3MIAT4KDNDT3AIWV5GQ2DIL6E.jpg" width="400" /></div>
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Uma diferença chamativa entre a Ásia e a Europa são principalmente as máscaras protetoras. Na Coreia quase não existe quem ande por aí sem máscaras respiratórias especiais capazes de filtrar o ar de vírus. Não são as habituais máscaras cirúrgicas, <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-05/oms-alerta-que-a-falta-de-equipamentos-de-protecao-poe-profissionais-da-saude-em-risco.html" target="_blank">e sim máscaras protetoras especiais com filtros</a>, que também são utilizadas pelos médicos que tratam os infectados. Durante as últimas semanas, o tema prioritário na Coreia era o fornecimento de máscaras à população. Diante das farmácias enormes filas se formaram. Os políticos eram avaliados em função da rapidez com que eram fornecidas a toda a população. Foram construídas a toda pressa novas máquinas para sua fabricação. Por enquanto parece que o fornecimento funciona bem. Há até mesmo um aplicativo que informa em qual farmácia próxima ainda se pode conseguir máscaras. Acho que as máscaras protetoras fornecidas na Ásia a toda a população contribuíram decisivamente para conter a epidemia.</div>
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Os coreanos usam máscaras protetoras antivírus até mesmo nos locais de trabalho. Até os políticos fazem suas aparições públicas somente com máscaras protetoras. O presidente coreano também a usa para dar o exemplo, incluindo em suas entrevistas coletivas. Na Coreia quem não a usa é repreendido. Na Europa, pelo contrário, frequentemente se diz que não servem para muita coisa, o que é um absurdo. Por que então os médicos usam as máscaras protetoras? Mas é preciso trocar de máscara frequentemente, porque quando umedecem perdem sua função filtradora. Os coreanos, entretanto, já desenvolveram uma “máscara ao coronavírus” feita de nanofiltros que podem ser lavados. O que se diz é que podem proteger as pessoas do vírus durante um mês. Na verdade, é uma solução muito boa enquanto não existem vacinas e medicamentos.</div>
<blockquote class="quote quote_block | font_secondary border border_1 border_solid border_gray_dark border-box">
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Está surgindo uma sociedade de duas classes. Quem tem carro próprio se expõe a menos riscos</div>
</blockquote>
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Na Europa, pelo contrário, até mesmo os médicos precisam viajar à Rússia para consegui-las. Macron mandou confiscar máscaras para distribui-las entre os funcionários da área de saúde. Mas o que acabaram recebendo foram máscaras normais sem filtro com a indicação de que bastariam para proteger do coronavírus, o que é uma mentira. A Europa está fracassando. De que adianta fechar lojas e restaurantes <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2020-03-21/com-15-mortos-por-coronavirus-governo-de-sao-paulo-decreta-quarentena-a-partir-de-terca-feira.html" target="_blank">se as pessoas continuam se aglomerando no metrô e no ônibus durante as horas de pico</a>? Como guardar a distância necessária assim? Até nos supermercados é quase impossível. Em uma situação como essa, as máscaras protetoras realmente salvariam vidas humanas. Está surgindo uma sociedade de duas classes. Quem tem carro próprio se expõe a menos riscos. As máscaras normais também seriam de muita utilidade se os infectados as usassem, porque dessa maneira não propagariam o vírus.</div>
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Nos países europeus quase ninguém usa máscara. Há alguns que as usam, mas são asiáticos. Meus conterrâneos residentes na Europa se queixam de que são olhados com estranheza quando as usam. Por trás disso há uma diferença cultural. Na Europa impera um individualismo que traz atrelado o costume de andar com o rosto descoberto. Os únicos que estão mascarados são os criminosos. Mas agora, vendo imagens da Coreia, me acostumei tanto a ver pessoas mascaradas que o rosto descoberto de meus concidadãos europeus me parece quase obsceno. Eu também gostaria de usar máscara protetora, mas aqui já não existem.</div>
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No passado, a fabricação de máscara, da mesma forma que tantos outros produtos, foi externalizada à China. Por isso agora não se conseguem máscaras na Europa. Os Estados asiáticos estão tentando prover toda a população com máscaras protetoras. Na China, quando também começaram a escassear, fábricas chegaram a ser reequipadas para produzir máscaras. Na Europa nem mesmo os funcionários da área de saúde as conseguem. Enquanto as pessoas continuarem se aglomerando nos ônibus e metrôs para ir ao trabalho sem máscaras protetoras, a proibição de sair de casa logicamente não adiantará muito. Como é possível guardar a distância necessária nos ônibus e no metrô nos horários de pico? E uma lição que deveríamos tirar da pandemia deveria ser a conveniência de voltar a trazer à Europa a produção de determinados produtos, como máscaras protetoras, remédios e produtos farmacêuticos.</div>
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<img alt="O presidente da Coreia do Su, terceiro na imagem, em 25 de fevereiro." class="block width_full" height="203" src="https://imagens.brasil.elpais.com/resizer/4Ymr1Xovv8VgXR3UDIHbOyjaqwQ=/1500x0/arc-anglerfish-eu-central-1-prod-prisa.s3.amazonaws.com/public/MBSKEBK2PVCLXLWUSVVPMMLI6I.jpg" width="320" /></div>
<div class="article_image | margin_top" style="text-align: justify;">
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Apesar de todo o risco, que não deve ser minimizado, o pânico desatado pela pandemia de coronavírus é desproporcional. Nem mesmo a “gripe espanhola”, que foi muito mais letal, teve efeitos tão devastadores sobre a economia. A que isso se deve na realidade? <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-02-16/mais-contagioso-e-o-medo.html" target="_blank">Por que o mundo reage com um pânico tão desmesurado a um vírus</a>? Emmanuel Macron fala até de guerra e do inimigo invisível que precisamos derrotar. Estamos diante de um retorno do inimigo? <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html" target="_blank">A gripe espanhola se desencadeou em plena Primeira Guerra Mundial</a>. Naquele momento todo o mundo estava cercado de inimigos. Ninguém teria associado a epidemia com uma guerra e um inimigo. Mas hoje vivemos em uma sociedade totalmente diferente.</div>
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Na verdade, vivemos durante muito tempo sem inimigos. A Guerra Fria terminou há muito tempo. Ultimamente até o terrorismo islâmico parecia ter se deslocado a áreas distantes. Há exatamente dez anos afirmei em meu ensaio <i>Sociedade do Cansaço</i> a tese de que vivemos em uma época em que o paradigma imunológico perdeu sua vigência, baseada na negatividade do inimigo. Como nos tempos da Guerra Fria, a sociedade organizada imunologicamente se caracteriza por viver cercada de fronteiras e de cercas, que impedem a circulação acelerada de mercadorias e de capital. A globalização suprime todos esses limites imunitários para dar caminho livre ao capital. Até mesmo a promiscuidade e a permissividade generalizadas, que hoje se propagam por todos os âmbitos vitais, eliminam a negatividade do desconhecido e do inimigo. Os perigos não espreitam hoje da negatividade do inimigo, e sim do excesso de positividade, que se expressa como excesso de rendimento, excesso de produção e excesso de comunicação. A negatividade do inimigo não tem lugar em nossa sociedade ilimitadamente permissiva. A repressão aos cuidados de outros abre espaço à depressão, a exploração por <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/07/cultura/1517989873_086219.html" target="_blank">outros abre espaço à autoexploração voluntária e à auto-otimização</a>. Na sociedade do rendimento se guerreia sobretudo contra si mesmo.</div>
<h3 class="font_secondary color_gray_ultra_dark">
Limites imunológicos e fechamento de fronteiras</h3>
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Pois bem, em meio a essa sociedade tão enfraquecida imunologicamente pelo capitalismo global o vírus irrompe de supetão. Em pânico, voltamos a erguer limites imunológicos e fechar fronteiras. O inimigo voltou. Já não guerreamos contra nós mesmos. E sim contra o inimigo invisível que vem de fora. O pânico desmedido causado pelo vírus é uma reação imunitária social, e até global, ao novo inimigo. A reação imunitária é tão violenta porque vivemos durante muito tempo em uma sociedade sem inimigos, em uma sociedade da positividade, e agora o vírus é visto como um terror permanente.</div>
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Mas há outro motivo para o tremendo pânico. Novamente tem a ver com a digitalização. A digitalização elimina a realidade, <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/internacional/2020-03-10/o-virus-que-bloqueia-o-mundo.html" target="_blank">a realidade é experimentada graças à resistência que oferece</a>, e que também pode ser dolorosa. A digitalização, toda a cultura do “like”, suprime a negatividade da resistência. E na época pós-fática das <i>fake news</i> e dos <i>deepfakes </i>surge uma apatia à realidade. Dessa forma, aqui é um vírus real e não um vírus de computador, e que causa uma comoção. A realidade, a resistência, volta a se fazer notar no formato de um vírus inimigo. A violenta e exagerada reação de pânico ao vírus se explica em função dessa comoção pela realidade.</div>
<blockquote class="quote quote_block | font_secondary border border_1 border_solid border_gray_dark border-box">
<div style="text-align: justify;">
Espero que após a comoção causada por esse vírus não chegue à Europa um regime policial digital como o chinês.</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
A reação de pânico dos mercados financeiros à epidemia é, além disso, a expressão daquele pânico que já é inerente a eles. As convulsões extremas na economia mundial fazem com que essa seja muito vulnerável. Apesar da curva constantemente crescente do índice das Bolsas, a arriscada política monetária dos bancos emissores gerou nos últimos anos <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-13/panico-pelo-coronavirus-afunda-bolsas-pelo-mundo-em-queda-livre.html" target="_blank">um pânico reprimido que estava aguardando a explosão</a>. Provavelmente o vírus não é mais do que a gota que transbordou o copo. O que se reflete no pânico do mercado financeiro não é tanto o medo ao vírus quanto o medo a si mesmo. O crash poderia ter ocorrido também sem o vírus. Talvez o vírus seja somente o prelúdio de um crash muito maior.</div>
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Žižek afirma que o vírus deu um golpe mortal no capitalismo, e evoca um comunismo obscuro. Acredita até mesmo que o vírus poderia derrubar o regime chinês.<a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/14/cultura/1544788158_128530.html" target="_blank"> Žižek se engana</a>. Nada disso acontecerá. A China poderá agora vender seu Estado policial digital como um modelo de sucesso contra a pandemia. A China exibirá a superioridade de seu sistema ainda mais orgulhosamente. E após a pandemia, o capitalismo continuará com ainda mais pujança. E os turistas continuarão pisoteando o planeta. O vírus não pode substituir a razão. É possível que chegue até ao Ocidente o Estado policial digital ao estilo chinês. Com já disse <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/08/cultura/1510165556_897934.html" target="_blank">Naomi Klein</a>, a comoção é um momento propício que permite estabelecer um novo sistema de Governo. Também a instauração do neoliberalismo veio precedida frequentemente de crises que causaram comoções. É o que aconteceu na Coreia e na Grécia. Espero que após a comoção causada por esse vírus não chegue à Europa um regime policial digital como o chinês. Se isso ocorrer, como teme Giorgio Agamben, o estado de exceção passaria a ser a situação normal. O vírus, então, teria conseguido o que nem mesmo o terrorismo islâmico conseguiu totalmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
O vírus não vencerá o capitalismo. A revolução viral não chegará a ocorrer. Nenhum vírus é capaz de fazer a revolução. O vírus nos isola e individualiza. Não gera nenhum sentimento coletivo forte. De alguma maneira, cada um se preocupa somente por sua própria sobrevivência. A solidariedade que consiste em guardar distâncias mútuas não é uma solidariedade que permite sonhar com uma sociedade diferente, mais pacífica, mais justa. <a data-link-track-dtm="" href="https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-03-17/a-crise-que-definira-nossa-geracao.html" target="_blank">Não podemos deixar a revolução nas mãos do vírus</a>. Precisamos acreditar que após o vírus virá uma revolução humana. Somos NÓS, PESSOAS dotadas de RAZÃO, que precisamos repensar e restringir radicalmente o capitalismo destrutivo, e nossa ilimitada e destrutiva mobilidade, para nos salvar, para salvar o clima e nosso belo planeta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Byung-Chul Han é um filósofo e ensaísta sul-coreano que dá aulas na Universidade de Artes de Berlim. Autor, entre outras obras, de </i><a data-link-track-dtm="" href="https://www.amazon.com.br/Sociedade-do-cansa%C3%A7o-Byung-Chul-Han/dp/8532649963" target="_blank"><i>‘Sociedade do Cansaço’</i></a><i>, publicou há um ano ‘Loa a la tierra’, na editora Herder.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<em>El País</em></div>
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</div>
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</section>Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-87678087932522692322020-02-18T16:30:00.000-08:002020-02-18T16:30:16.293-08:00Amazônia: O que ameaça a floresta em cada um dos seus 9 países?<div class="news-vj-component-p--bold" style="text-align: justify;">
<img alt="Ilustração Amazônia" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/E97D/production/_110937795_f5df1e3d-b61f-4ebf-b0ea-1f1dcde49d16.png" width="400" /></div>
<div class="news-vj-component-p--bold" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="news-vj-component-p--bold" style="text-align: justify;">
Em agosto de 2019, o aumento dos focos de <a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-49402577"><strong>incêndio no Brasil</strong></a> e na <a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49489354"><strong>Bolívia</strong></a> chamou a atenção do mundo novamente para a pressão sobre a Floresta Amazônica.</div>
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Segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o fogo estava <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49443561"><strong>diretamente ligado</strong></a> ao desmatamento.</div>
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Nos dois países, a grilagem de terras e a expansão da fronteira agropecuária são apontadas por especialistas como as principais causas do aumento da destruição da floresta, algo que os governos negam.</div>
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Juntamente com a mineração, a retirada de madeira e a exploração econômica descontrolada, essas atividades estão por trás das taxas de desmatamento crescentes em todos os nove países amazônicos (contando com a Guiana Francesa, território ultramarino da França).</div>
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</div>
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<img alt="Mapa de localização do bioma amazônico" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/mapa-paises-amazonicos-pt-nc.png?v=1.0.88" height="304" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/mapa-paises-amazonicos-pt-nc.png?v=1.0.88" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Gráfico do território que a Amazônia ocupa e de quanto pertence a cada país" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/porcentajes-paises-pt-nc.png?v=1.0.88" height="367" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/porcentajes-paises-pt-nc.png?v=1.0.88" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui se encontra a principal questão que opõe governos, ambientalistas, empresas e indígenas: os planos de desenvolver atividades econômicas na região se chocam, muitas vezes, com a preservação do ecossistema e de seus <a class="expander-button" data-child="expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" href="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/portuguese/app/pym-iframe.html?v=1.0.88&initialWidth=976&childId=responsive-embed-vjamericas-304-countries-amazon-rainforest-app&parentUrl=https%3A%2F%2Fwww.bbc.com%2Fportuguese%2Fbrasil-51377232#expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1-content" id="expander-button--80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1"><strong>povos nativos</strong></a>.</div>
<aside aria-labelledby="expander-button--expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" class="expandable" role="complementary"></aside><aside aria-labelledby="expander-button--expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" class="expandable" role="complementary"> </aside><aside aria-labelledby="expander-button--expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" class="expandable" role="complementary"><div id="expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1-content" tabindex="-1">
Na Amazônia vivem cerca de 8% da população da América do Sul, entre cidades, comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. Há pelo menos 100 tribos com as quais se tem pouco ou nenhum contato.</div>
</aside><aside aria-labelledby="expander-button--expander-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" class="expandable" role="complementary"><span class="offscreen skip-link" id="end-of-80c18d80-5249-11ea-a867-d324d13327e1" tabindex="-1">Final de "povos nativos"</span> </aside><div style="text-align: justify;">
“Não podemos vilanizar as atividades econômicas na floresta. Se tivermos clareza do que queremos fazer com essa região, podemos buscar empreendimentos que façam sentido ali, com a melhor tecnologia possível, que gerem cadeias produtivas envolvendo a população e ajudando na conservação”, diz à BBC News Brasil Natalia Hernández, especialista da Fundação Gaia Amazonas e da <a class="expander-button" data-child="expander-80c18d81-5249-11ea-a867-d324d13327e1" href="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/portuguese/app/pym-iframe.html?v=1.0.88&initialWidth=976&childId=responsive-embed-vjamericas-304-countries-amazon-rainforest-app&parentUrl=https%3A%2F%2Fwww.bbc.com%2Fportuguese%2Fbrasil-51377232#expander-80c18d81-5249-11ea-a867-d324d13327e1-content" id="expander-button--80c18d81-5249-11ea-a867-d324d13327e1"><strong>Raisg</strong></a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
“Mas o que temos hoje são discursos contraditórios dos governos e obras que contribuem com o desmatamento, mas não resolvem os problemas reais das pessoas que vivem na Amazônia.”</div>
<div style="text-align: justify;">
Os processos de desmatamento que acontecem nesses países, independentemente das políticas de cada governo, afetam o ecossistema de toda a região, inclusive dos países que não têm Amazônia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Isso acontece por causa do papel essencial que a floresta desempenha: distribuir a umidade que vem do Oceano Atlântico por toda a América do Sul, regular o clima da região e capturar grandes quantidades de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Gráfico sobre como a Amazônia distribui a chuva na América do Sul" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/rios-voladores-pt-nc.png?v=1.0.88" height="400" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/rios-voladores-pt-nc.png?v=1.0.88" width="362" /></div>
“Essa espécie de quadrilátero formado entre o centro-sul do Brasil e a bacia do Rio da Prata seria desértica se não fosse a Amazônia”, diz à BBC News Brasil o climatologista Antonio Donato Nobre, pesquisador do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).<br />
“É assim que funcionam outros locais do mundo que ficam nestas latitudes. As pessoas não fazem ideia do que significaria perder esse magnífico sistema hidrológico.”<br />
<div style="text-align: justify;">
Se essas taxas de desmatamento e <a class="expander-button" data-child="expander-80c18d82-5249-11ea-a867-d324d13327e1" href="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/portuguese/app/pym-iframe.html?v=1.0.88&initialWidth=976&childId=responsive-embed-vjamericas-304-countries-amazon-rainforest-app&parentUrl=https%3A%2F%2Fwww.bbc.com%2Fportuguese%2Fbrasil-51377232#expander-80c18d82-5249-11ea-a867-d324d13327e1-content" id="expander-button--80c18d82-5249-11ea-a867-d324d13327e1"><strong>degradação</strong></a> da floresta não forem revertidas, dizem os cientistas, as consequências da mudança climática podem ser aceleradas em todo o planeta. Que atividades provocam esse desmatamento? Quanto da floresta original foi perdida em cada país? E o que os governos estão fazendo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/bolivia_locator-nc.png" width="320" /></div>
<div class="country-name">
<span style="font-size: large;"><strong>Bolívia</strong></span></div>
<div class="country-area">
<span style="font-size: large;">Área de Amazônia: 48.004.900 hectares</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Os incêndios na <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c1gdqgkp773t"><strong>Bolívia</strong></a>, que começaram em maio de 2019, destruíram quase 2 milhões de hectares de Floresta Amazônica (o equivalente a 17 vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro), segundo a ONG de monitoramento Fundación Amigos de la Naturaleza. </div>
<div style="text-align: justify;">
E quase a metade disso aconteceu em áreas protegidas, conhecidas pelo alto índice de biodiversidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
O governo do então presidente <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/czp850qrwpqt"><strong>Evo Morales</strong></a> autorizou, por decreto, o corte de árvores e as queimadas para atividades agrícolas na região amazônica, o que provocou protestos de grupos indígenas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Morales também foi acusado por ambientalistas de estimular o desmatamento com uma política de venda de terras a fazendeiros e distribuição a camponeses.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-bolivia js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária na Bolívia 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-bolivia" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch" data-notationtext="Aumento após a medida aprovada em 2015 pelo governo que permite aos pequenos produtores quadruplicar a área que podem desmatar" data-notationtitle="2016">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-bolivia-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-bolivia-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária na Bolívia 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-bolivia-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-bolivia-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária na Bolívia 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-bolivia-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <br />
<div style="text-align: justify;">
A expansão acelerada da fronteira agropecuária ocorre principalmente para o plantio de soja e pecuária, atividades cada vez mais importantes na economia do país, com a expectativa de abertura do mercado chinês a estes produtos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em agosto de 2019, Morales celebrou, em Santa Cruz, a exportação do primeiro lote de carne bovina à China. A região também foi a mais afetada pelos incêndios no mesmo período, e já havia sido a responsável por quase metade da produção de soja da Bolívia em 2018.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Em resposta às críticas que recebeu durante a crise dos incêndios, Morales interrompeu a venda de terras a fazendeiros em Chiquitanía, decretando o que chamou de “pausa ecológica”.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Ministério de Meio Ambiente e Água da Bolívia foi questionado sobre a atual estratégia para controlar os incêndios e reduzir o desmatamento no país, mas não respondeu até a publicação dessa reportagem.</div>
A Bolívia já perdeu cerca de 8% da sua Floresta Amazônica original.<br />
<br />
<img alt="" class="content__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/bolivia/bolivia_2008.jpg?v=1.0.88
" height="225" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/bolivia/bolivia_2008.jpg?v=1.0.88" width="400" /><br />
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/brasil_locator-nc.png" width="320" /><br />
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Brasil</span></strong></div>
<div class="country-name">
</div>
<div class="country-area" style="text-align: justify;">
Área de Amazônia: 421.335.900 hectares</div>
<div style="text-align: justify;">
O <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil"><strong>Brasil</strong></a>, que abriga a maior parte da Floresta Amazônica, ganhou elogios internacionais por causa da queda drástica no desmatamento entre 2004 e 2012. Em quase 10 anos, a redução acumulada chegou a 80%. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, desde então, a perda de floresta voltou a crescer.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-brazil js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária no Brasil 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-brazil" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch" data-notationtext="O desmatamento volta a crescer devido a mudanças nas políticas de conservação e cortes no orçamento de órgãos ambientais, dizem especialistas" data-notationtitle="2014-2018" style="text-align: justify;">
</div>
<div align="justify" class="news-vj-image__container area-chart-brazil-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-brasil-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária no Brasil 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-brasil-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-brasil-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<div style="text-align: justify;">
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária no Brasil 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-brasil-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> </div>
<div style="text-align: justify;">
Em novembro de 2019, o governo apresentou dados que confirmavam as previsões dos especialistas: entre agosto de 2018 e julho de 2019, o desmatamento na região amazônica aumentou quase 30% em relação ao ano anterior. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quase 9,8 mil km<sup><span style="font-size: small;">2</span></sup> (980 mil hectares) foram perdidos, a maior área desmatada desde 2008. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, esses números não incluem o mês de agosto de 2019, em que o crescimento do número de alertas de incêndio na região levou o tema para o topo da lista de polêmicas do governo de <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/cg7267qv6q0t"><strong>Jair Bolsonaro</strong></a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em agosto, o Inpe registrou 30.901 focos de incêndio no bioma amazônico, um número acima da média histórica para o período entre 1998 e 2018. </div>
<h2>
Fogo, desmatamento e gado</h2>
<div style="text-align: justify;">
Inicialmente, o presidente chegou a dizer que os dados do Inpe eram “mentirosos” e acusou o então diretor Ricardo Galvão de estar “a serviço de alguma ONG”. Galvão respondeu às críticas dizendo que os comentários do presidente eram "impróprios" e foi exonerado do cargo dias depois.</div>
<div style="text-align: justify;">
A reação do presidente provovou reações negativas <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50022818"><strong>dentro</strong></a> e <a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49450135"><strong>fora</strong></a> do país.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de o governo ter afirmado que o número maior de queimadas era consequência da estação seca, uma <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49443561"><strong>nota técnica</strong></a> do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da Universidade Federal do Acre afirmou que a alta nos incêndios está diretamente relacionada ao desmatamento.</div>
<br />
<img alt="Incêndio em Porto Velho em 17 de setembro de 2019" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/brasil-photo-1.jpg?v=1.0.88" height="213" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/brasil-photo-1.jpg?v=1.0.88" width="320" /><br />
<br />
O pior mês de incêndios na Amazônia brasileira desde 2010. <br />
<div style="text-align: justify;">
“Os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento. Estes municípios são responsáveis por 37% dos focos de calor em 2019 e por 43% do desmatamento registrado até o mês de julho”, diz a nota.</div>
<div style="text-align: justify;">
A prática das queimadas funciona como uma espécie de consolidação do desmatamento de uma área para atividades econômicas, segundo Erika Berenguer, especialista em florestas tropicais da Universidade de Oxford, no Reino Unido.</div>
<div style="text-align: justify;">
“A floresta derrubada fica um tempo secando no chão, geralmente por meses, para perder umidade suficiente. Depois colocam fogo nela, para tirar a vegetação e plantar capim. Cerca de 70% da área já desmatada da Amazônia brasileira é usada para pastagem de gado”, afirma.</div>
<h2 class="no-show">
De acordo com a a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 80% da perda de floresta na Amazônia brasileira está direta ou indiretamente ligada à pecuária.</h2>
<div style="text-align: justify;">
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec). </div>
<div style="text-align: justify;">
A pecuária é responsável por mais de 7% do PIB do país, e a carne corresponde a cerca de 4,6% das exportações brasileiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
De fato, no último ano, os locais com as maiores taxas de desmatamento estão próximos às cidades onde ficam alguns dos maiores rebanhos do Brasil. </div>
<div style="text-align: justify;">
Atualmente, cerca de 40% do gado no país está nos Estados amazônicos. </div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, essa não é a história completa.</div>
<br />
<img alt="Gado em Paragominas, no Pará" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/brasil-photo-2.jpg?v=1.0.88" height="213" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/brasil-photo-2.jpg?v=1.0.88" width="320" /><br />
<br />
<blockquote>
O primeiro uso que se dá às terras desmatadas no Brasil é a pecuária. Mas o objetivo não é necessariamente ganhar dinheiro com essa atividade. É ganhar dinheiro com a venda das terras.” <cite>Marcelo Stabile, Ipam</cite></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
A Amazônia brasileira tem cerca de 60 milhões de hectares que são considerados áreas públicas, ou seja, não têm uso legal definido pelo governo. Não são áreas de conservação, nem reservas extrativistas, nem territórios indígenas, por exemplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
“As pessoas grilam essas terras, desmatam e colocam algumas cabeças de gado, que é a maneira mais barata de ocupá-las”, disse o engenheiro agrônomo Marcelo Stabile, pesquisador do Ipam, à BBC News Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
O próximo passo, segundo Stabile, é conseguir ilegalmente um título de propriedade da terra e vendê-la. Em seguida, os grileiros buscam outro trecho de floresta e, assim, sucessivamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
“Muitas vezes essas terras são vendidas a grandes pecuaristas, que podem ser pessoas de boa ou de má fé”, explica.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esse processo <a href="http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/rios-voadores-9-sao-presos-mas-chefe-do-esquema-de-desmatamento-e-grilagem-esta-foragido"><strong>é frequente no Brasil</strong></a> se repete, de maneira muito semelhante, em outros países amazônicos como Colômbia, Equador e Peru.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os novos dados de desmatamento mostram que a proporção de áreas grandes (com mais de 500 hectares) desmatadas entre 2018 e 2019 foi a maior em dez anos. Isso, segundo os especialistas, indica que grandes produtores também podem estar diretamente envolvidos na grilagem de terras. </div>
<div style="text-align: justify;">
“Obviamente, o tamanho da área desmatada indica o poder de quem está desmatando. Não é uma tarefa barata derrubar 500 ou mil campos de futebol na Amazônia. É preciso ter máquinas, contratar gente”, diz o pesquisador do Ipam.</div>
<br />
<img alt="Gráfico de cabeças de gado na região amazônica brasileira" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/estados-ganaderos-pt-nc.png?v=1.0.88" height="400" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/estados-ganaderos-pt-nc.png?v=1.0.88" width="384" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Pesquisadores estimam que para derrubar e limpar apenas um hectare de floresta são necessários cerca de R$ 1,2 mil.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, de acordo com Stabile e outros pesquisadores, o Brasil poderia duplicar ou até triplicar seus rebanhos sem desmatar nem um hectare a mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
“O que está acontecendo ali é especulação de terra, esse é o grande motor do desmatamento. Se o governo desse um destino a essas terras públicas, a grilagem deixaria de ser lucrativa”, afirma.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em janeiro de 2020, o presidente Bolsonaro assinou uma Medida Provisória que abre caminho para que parte das áreas públicas desmatadas ilegalmente até dezembro de 2018 passe para os desmatadores. Críticos dizem que a decisão estimula a destruição da floresta, mas o governo diz querer desburocratizar a concessão de títulos a agricultores “que ocupam terras da União de forma mansa”.</div>
<h2>
Acusações de estímulo ao desmatamento</h2>
<div style="text-align: justify;">
Ambientalistas e <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48805675"><strong>pesquisadores</strong></a> afirmam que as declarações e políticas de Bolsonaro têm <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51071810"><strong>estimulado a grilagem</strong></a> e o desmatamento, algo que o presidente brasileiro nega.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde que assumiu, Bolsonaro afirmou que acabaria com o que chamou de “indústria de multas ambientais” e afirmou que o país tem áreas de conservação e territórios indígenas demais. O governo também quer abrir territórios indígenas à <a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51375057"><strong>mineração</strong></a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo dados do Inpe compilados pelo Instituto Socioambiental, entre agosto de 2018 e julho de 2019 o desmatamento dentro de terras indígenas foi o maior desde que a taxa começou a ser medida, em 2008. </div>
<div style="text-align: justify;">
Entre janeiro e setembro de 2019, os ataques e invasões a terras indígenas no Brasil subiram mais de 40% em relação ao ano anterior, segundo dados do Conselho Indigenista Missioneiro (Cimi). Os ataques são atribuídos a grileiros, garimpeiros e pessoas envolvidas com a extração ilegal de madeira.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Ministério do Meio Ambiente foi questionado sobre a atual estratégia para reduzir o desmatamento, mas não respondeu até a publicação dessa reportagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
No final de janeiro, por meio de uma rede do social, Bolsonaro anunciou a criação de um Conselho da Amazônia e de uma Força Nacional Ambiental, para atua na “proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da Amazônia”, mas não deu detalhes de como estes órgãos funcionaríam.</div>
O Brasil já perdeu aproximadamente 18% da sua Amazônia original.<br />
<br />
<img alt="" class="content__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/brasil/brasil_2004.jpg?v=1.0.88
" height="180" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/brasil/brasil_2004.jpg?v=1.0.88" width="320" /><br />
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/colombia_locator-nc.png" width="320" /><br />
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Colômbia</span></strong></div>
<div class="country-area">
Área de Amazônia: 48.529.100 hectares</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2017, o desmatamento na Amazônia <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c340q4kg6j5t"><strong>colombiana</strong></a> foi um dos maiores entre os países amazônicos e o mais alto na história do país, com perda de 144 mil hectares de floresta — o dobro do ano anterior.</div>
<div style="text-align: justify;">
O pico é uma consequência do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016, que deixou um vácuo de ocupação nas áreas de floresta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Junto com o desarmamento, o acordo com o ex-presidente Juan Manuel Santos significou o abandono das áreas ocupadas pelas Farc no território nacional — boa parte delas dentro da Amazônia.</div>
<h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária na Colômbia 2001-2018</h3>
<div class="area-chart-container area-chart-container-colombia" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch" data-notationtext="Aumento do desmatamento e da grilagem de terras após a retirada das Farc por causa do acordo de paz" data-notationtitle="2015-2018">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-colombia-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-colombia-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária na Colômbia 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-colombia-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-colombia-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<div style="text-align: justify;">
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária na Colômbia 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-colombia-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</noscript> Líderes comunitários disseram à imprensa local que as Farc funcionavam como uma espécie de autoridade ambiental, impondo regras aos camponeses sobre quando era permitido desmatar ou queimar para agricultura e criação de gado.</div>
<div style="text-align: justify;">
“Antes, os agentes do governo não se aproximavam da região amazônica por causa da presença das Farc que, para sua proteção, tinham interesse em manter a floresta de pé. Por isso, eles impunham limites rígidos”, disse o colombiano Rodrigo Botero, diretor da Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável, à BBC News Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, segundo Botero, há na Colômbia uma corrida pela grilagem de terras amazônicas que envolve grandes empresários, políticos, narcotraficantes e outros grupos paramilitares como o Exército de Liberação Nacional (ELN).</div>
<div style="text-align: justify;">
“Na ponta do desmatamento estão pequenos agricultores, mas as terras são compradas por grupos com poder econômico, seja de traficantes ou empresários. Há um mercado de terra, e o governo não tem capacidade de frear isso”, afirma Botero.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Militares colombianos patrulham o rio Guayabero, pero da região de La Macarena, em 2010" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/colombia-photo.jpg?v=1.0.88" height="225" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/colombia-photo.jpg?v=1.0.88" width="400" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em resposta ao problema, o governo colombiano criou, em 2018, o Conselho Nacional de Luta contra o Desmatamento. Segundo o Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o grupo tem a função de identificar núcleos de desmatamento e suas causas, além de recomendar as ações necessárias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma resolução de 2018 também passou a considerar que a proteção da água, da biodiversidade e do meio ambiente passam a ser prioridades na estratégia de segurança nacional do país, disse o Ministério, por e-mail, à BBC News Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, por lei, a administração poderá intervir em parques nacionais amazônicos que sejam afetados por atividades ilegais.</div>
<blockquote class="blockquote-container">
<div style="text-align: justify;">
As áreas a priorizar contêm importantes reservas de recursos naturais que devem ser protegidos. Aí ocorrem atividades ilícitas que os destroem, fundamentalmente relacionadas ao narcotráfico, à extração ilegal de minerais e ao aproveitamento ilegal da flora e da fauna.” <cite>Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia</cite></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre as ações do governo colombiano também estão operações militares contra a grilagem em parques nacionais e programas para gerar incentivos financeiros à conservação.</div>
</blockquote>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
<img alt="" class="content__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/colombia/colombia_2011.jpg?v=1.0.88
" height="225" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/colombia/colombia_2011.jpg?v=1.0.88" width="400" /></div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
Em 2018, o desmatamento teve uma queda de apenas 4% em relação ao ano anterior. Segundo o próprio governo, quase metade da derrubada de florestas foi causada pela grilagem.</div>
<div class="blockquote-container">
A região amazônica colombiana perdeu, até 2018, cerca de 11,7% de sua floresta original. Deste total, 14% foi desmatado nos últimos oito anos.</div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/ecuador_locator-nc.png" width="320" /></div>
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Equador</span></strong></div>
<div class="country-area" style="text-align: justify;">
Área de Amazônia: 10.345.700 hectares</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
No norte do <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/cvjp2jwx2zxt"><strong>Equador</strong></a>, o cultivo de dendê é a principal ameaça às áreas de floresta, segundo especialistas.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
O azeite de dendê, um importante produto na economia do país, é usado na produção de alimentos industrializados como chocolates e biscoitos, em maquiagens, em cosméticos e em combustíveis em todo o mundo.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
O Equador é o segundo maior produtor de dendê na América Latina e o sexto no mundo. A produção na Amazônia equatoriana representa aproximadamente 13% do total.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
A expansão das fronteiras dos cultivos de dendê e de cacau nos últimos 10 anos é apontada como o principal motor do desmatamento pela Global Forest Watch e pelo Projeto de Monitoramento da Amazônia Andina (Maap).</div>
<h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária no Equador 2001-2018</h3>
<div class="area-chart-container area-chart-container-ecuador" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch">
<div class="news-vj-image__container area-chart-ecuador-image" style="display: none;">
<picture><img alt="Perda de floresta primária no Equador 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-ecuador-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-ecuador-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript>&amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária no Equador 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-ecuador-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;</noscript> </div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
Isso é especialmente preocupante porque, apesar de ocupar somente cerca de 2% do bioma amazônico, é no Equador que estão as regiões com maior diversidade da floresta. Em um só hectare no Parque Nacional Yasuní, foram identificadas 670 espécies de árvores — mais do que em toda a América do Norte.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
E, segundo um estudo do Instituto Nacional de Biodiversidade do país, cerca de 40% a 60% das espécies de árvores da Amazônia equatoriana ainda são desconhecidas.</div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
<img alt="Araras e papagaios na Floresta Amazônica no Equador" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/ecuador-photo.jpg?v=1.0.88" height="266" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/ecuador-photo.jpg?v=1.0.88" width="400" /></div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<h2 class="blockquote-container">
Grandes projetos de mineração</h2>
<div class="blockquote-container">
Mirador, uma mina de cobre, ouro e prata a céu aberto que já está sendo instalada em duas províncias amazônicas, será o maior projeto de mineração industrial no país, mas não o único.</div>
<div class="blockquote-container">
O governo afirma que a mineração industrial na região, administrada por uma empresa chinesa, será feita de maneira responsável e que os lucros com a atividade permitirão investir na infraestrutura local.</div>
<div class="blockquote-container">
<ul class="formatted-link" type="square">
<li>Mas pesquisadores e ambientalistas dizem que a atividade pode causar problemas graves à floresta e aos povos nativos.</li>
</ul>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
“As minas estão em áreas onde podemos ter consequências muito ruins. Além do desmatamento, não sabemos exatamente onde vão colocar as barragens de rejeitos, nem como isso será monitorado”, disse a equatoriana Carmen Josse, diretora científica da Fundação EcoCiencia, à BBC News Brasil.</div>
<blockquote class="blockquote-container">
<div style="text-align: justify;">
São áreas de topografia acidentada e muito biodiversas, com nascentes de rios. Não queremos um acidente como em Brumadinho, no Brasil.” <cite>Carmen Josse, Fundação EcoCiencia</cite></div>
</blockquote>
O governo do Equador foi questionado a respeito de sua estratégia para evitar que a mineração em grande escala contribua com o desmatamento na região, mas não respondeu até a publicação dessa reportagem.<br />
Até hoje, o Equador perdeu cerca de 10% de sua Amazônia.<br />
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/guayanafrancesa_locator-nc.png" width="320" /><br />
<br />
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Guiana Francesa</span></strong></div>
<div class="country-name" style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-size: large;"></span></strong> </div>
<div class="country-area" style="text-align: justify;">
Área de Amazônia: 8.063.000 hectares</div>
<div style="text-align: justify;">
A Floresta Amazônica cobre cerca de 95% da <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/cz74k7145qrt"><strong>Guiana Francesa</strong></a>, um território ultramarino da França.</div>
<div style="text-align: justify;">
E cerca de 75% dessa cobertura é de floresta primária, aquela com pouca ou nenhuma intervenção humana, segundo dados da Global Forest Watch referentes a 2016, os mais recentes disponíveis.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Entre os territórios amazônicos, é um dos que tem o maior percentual da floresta em zonas protegidas por lei — mais de 50% — e o menor índice de desmatamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, representantes de povos nativos e ambientalistas têm expressado preocupação com o avanço da mineração legal e ilegal sobre a área preservada.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-french-guiana js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária na Guiana Francesa 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-french-guiana" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-french-guiana-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guayanafrancesa-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária na Guiana Francesa 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guayanafrancesa-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guayanafrancesa-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária na Guiana Francesa 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guayanafrancesa-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <br />
<div style="text-align: justify;">
No início de 2019, o presidente francês Emanuel Macron suspendeu um megaprojeto de mineração de ouro dentro do parque nacional Parc Amazonien de Guyane.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele mesmo havia apoiado o projeto no início de seu governo, mas decidiu suspendê-lo após campanhas contrárias nacionais e internacionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
O garimpo ilegal, porém, é considerado a principal ameaça à unidade. Forças de segurança detectaram um aumento no número de garimpos ilegais na área desde 2017.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com uma população de menos de 300 mil pessoas, a Guiana Francesa tem entre 8 mil e 10 mil garimpeiros ilegais. O aumento no preço do ouro desde a crise de 2008 também provocou uma corrida pelo metal nas florestas do país.</div>
<br />
<img alt="Operação da Legião Estrangeira contra o garimpo ilegal na Guiana Francesa" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/guayanafrancesa-photo.jpg?v=1.0.88" height="225" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/guayanafrancesa-photo.jpg?v=1.0.88" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
“Na maioria das vezes, os garimpeiros são rapazes pobres do Brasil procurando dinheiro fácil. Eles vivem na floresta por meses e meses”, disse à BBC News o capitão Vianney, líder de operações da Legião Estrangeira contra o garimpo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Ministério da França de Além-Mar, responsável pelos territórios ultramarinos franceses, foi questionado sobre a estratégia para combater o desmatamento na Guiana, mas não respondeu até a publicação dessa reportagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Guiana Francesa já perdeu cerca de 3% de sua floresta original.</div>
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/guyana_locator-nc.png" width="320" /><br />
<div class="country-name">
<span style="font-size: large;">Guiana</span></div>
<div class="country-name">
</div>
<div class="country-area">
Área de Amazônia: 21.115.600 hectares</div>
O bioma amazônico corresponde a cerca de 95% da <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c06gq6kvqx8t"><strong>Guiana</strong></a>, o que faz com que o país tente encontrar maneiras de explorar economicamente a floresta e, ao mesmo tempo, vender-se como um “Estado verde”, que a preserva.<br />
A taxa anual de desmatamento da Guiana é uma das mais baixas da região: 0,051% em 2018, segundo o governo.<br />
<br />
<div aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-guyana js-only">
<header><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária na Guiana 2001-2018</h3>
</header><div class="area-chart-container area-chart-container-guyana" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch">
</div>
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-guyana-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guyana-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária na Guiana 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guyana-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guyana-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária na Guiana 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-guyana-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <br />
<div style="text-align: justify;">
Parte do sucesso se deve a estratégias como a criação de uma comissão de manejo que decide quais são as árvores que podem ou não ser cortadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo administrada pelo governo, a derrubada legal de madeira é considerada um fator que facilita o desmatamento de maneira mais abrangente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo ambientalistas, concessões feitas a grandes madeireiras internacionais também contribuem para o garimpo ilegal, já que as empresas abrem estradas que dão acesso a áreas mais remotas da floresta.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Comissão Florestal da Guiana disse à BBC News Brasil que, desde 2015, nenhuma nova área de floresta foi aberta para a extração de madeira.</div>
<blockquote class="blockquote-container">
<div style="text-align: justify;">
Na verdade, algumas áreas foram expropriadas das empresas que tinham licença para explorá-las e passaram a ser dedicadas à conservação.” <cite>Governo da Guiana</cite></div>
</blockquote>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
O garimpo ilegal, principalmente de ouro, é responsável por cerca de 85% da perda de florestas, segundo Comissão Florestal da Guiana. O ouro é o principal produto de exportação do país.</div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
<img alt="Vista aérea da Floresta Amazônica na Guiana" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/guyana-photo.jpg?v=1.0.88" height="266" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/guyana-photo.jpg?v=1.0.88" width="400" /></div>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
O governo diz ter uma “estratégia de desenvolvimento de um Estado verde”, que prevê investimentos no ecoturismo, um teto para emissões de CO<sub><span style="font-size: small;">2</span></sub> e o aumento da conservação da floresta.</div>
<div class="blockquote-container">
<ul class="formatted-link" type="square">
<li></li>
</ul>
</div>
Tudo isso será financiado por acordos internacionais para a preservação da Amazônia e pela descoberta de enormes reservas marinhas de petróleo.<br />
Até agora, a Guiana perdeu 1% de sua Amazônia original.<br />
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/peru_locator-nc.png" width="320" /><br />
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Peru</span></strong></div>
<div class="country-name">
</div>
<div class="country-area">
Área de Amazônia: 78.899.500 hectares</div>
<div style="text-align: justify;">
A agricultura em pequena escala tem sido, tradicionalmente, a principal causa do desmatamento no <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/cxnyknqwgw0t"><strong>Peru</strong></a>, que até hoje perdeu cerca de 8% de sua floresta original — cerca de um terço desta área foi desmatada desde 2001. Mas, nos últimos anos, os cultivo de dendê, de cacau e de coca estão ganhando terreno.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em um <a href="https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/aae540/meta"><strong>estudo</strong></a> de 2018, pesquisadores mostraram que apesar de corresponder a apenas 4% dos cultivos na região amazônica, o dendê foi responsável por 11% do desmatamento entre 2007 e 2013. O azeite de dendê é usado mundialmente em alimentos, cosméticos e combustível.</div>
<div style="text-align: justify;">
“Depois que algumas empresas produtoras de azeite foram punidas por desmatamento, começaram a comprar as terras de pequenos agricultores que já abriram a floresta”, disse a engenheira geógrafa Sandra Ríos, do instituto de pesquisa IBC Perú, à BBC News Brasil.</div>
<blockquote class="blockquote-container">
<div style="text-align: justify;">
O Estado está demorando muito para construir os mecanismos para monitorar, controlar e punir o desmatamento nesta e em outras atividades.” <cite>Sandra Ríos, IBC Peru</cite></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
O Ministério do Meio Ambiente peruano foi questionado sobre qual é sua estratégia para reduzir o desmatamento, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.</div>
<nav class="country-anchor-navigation-container-peru country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><header><strong></strong></header></nav><nav class="country-anchor-navigation-container-peru country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><header><strong> </strong><img alt="Vista aérea do enclave de La Pampa, no Peru" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/peru-photo.jpeg?v=1.0.88" height="265" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/peru-photo.jpeg?v=1.0.88" width="400" /><strong> </strong></header></nav><nav class="country-anchor-navigation-container-peru country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><header><strong></strong></header></nav><nav class="country-anchor-navigation-container-peru country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><header><div style="text-align: justify;">
O garimpo ilegal de ouro também é uma ameaça cada vez maior à Amazônia peruana. </div>
<div style="text-align: justify;">
O Peru é o maior exportador de ouro da América Latina e o sexto no mundo. No entanto, especialistas afirmam que mais de 25% da produção anual do país pode ter origem ilegal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde 2006, os governos assistem a uma nova corrida pelo ouro na Reserva Natural Tambopata, uma das mais biodiversas da região, impulsionada pelo aumento no preço do metal e pela construção da Rodovia Interoceânica, que liga o Brasil ao Peru.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-peru js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária no Peru 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-peru" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch" data-notationtext="Ponto alto de desmatamento causado pelo garimpo ilegal no enclave de La Pampa" data-notationtitle="2017">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-peru-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-peru-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária no Peru 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-peru-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-peru-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária no Peru 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-peru-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <div style="text-align: justify;">
Além de facilitar o transporte de produtos, a estrada deu acesso a áreas antes pouco acessíveis da floresta. Ali, se formou um núcleo de garimpeiros conhecido como La Pampa, que chegou a ter mais de 5 mil pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em busca de ouro, os garimpeiros removem a vegetação do solo e, para separar o metal de impurezas, usam o mercúrio, que contamina as fontes de água e os animais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2017, a perda de florestas causada pela mineração alcançou seu ponto mais alto desde 1985, segundo um estudo do Centro de Inovação Científica Amazônica (Cincia).</div>
<br />
<img alt="" class="content__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/peru/peru_2007r.jpg?v=1.0.88
" height="225" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/satellite/peru/peru_2007r.jpg?v=1.0.88" width="400" /><br />
<br />
Em março de 2019, o governo declarou estado de emergência por 60 dias, durante uma operação contra o garimpo em La Pampa.<br />
Até hoje, o Peru perdeu cerca de 8% da sua floresta original.<br />
<br />
<img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/surinam_locator-nc.png" width="320" /><br />
<div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Suriname</span></strong></div>
<div class="country-name">
<strong></strong> </div>
<div class="country-area">
Área de Amazônia: 14.652.300 hectares</div>
Com cerca de 94% do território ocupado pela Amazônia, o Suriname era um dos países da região com o melhor desempenho na conservação do bioma.<br />
No entanto, desde 2012, o país registra uma tendência de aumento da perda de cobertura florestal, estimulada principalmente pela mineração de ouro.<br />
<br />
<img alt="Pessoa com um prato de pedras de ouro no Suriname" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/surinam-photo.jpg?v=1.0.88" height="199" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/surinam-photo.jpg?v=1.0.88" width="320" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Entre 2000 e 2014, segundo um <a href="https://www.amazonteam.org/maps/suriname-gold/"><strong>relatório</strong></a> da ONG Amazon Conservation Team (ACT), a extensão do território explorado pela mineração no Suriname — geralmente em pequena escala, seja industrial ou artesanal — cresceu 893%.</div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com a Fundação para o Manejo de Florestas e o Controle da Produção, órgão do governo surinamês, a mineração é responsável por 73% do desmatamento no país.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar do tamanho diminuto, o Suriname ocupa o 10º lugar do mundo em produção de ouro proporcional ao território. Isso sem contar a produção do garimpo ilegal.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-suriname js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária no Suriname 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-suriname" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-suriname-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-suriname-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária no Suriname 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-suriname-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-suriname-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária no Suriname 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-suriname-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <br />
<div style="text-align: justify;">
A maior parte do garimpo ilegal no país acontece em zonas remotas da floresta, longe da fiscalização. De acordo com a ACT, estima-se que até 60% dos garimpeiros no Suriname sejam brasileiros que cruzaram a fronteira irregularmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em alguns dos maiores territórios quilombolas e indígenas do país, o garimpo também se tornou a principal fonte de renda das famílias.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Suriname já perdeu aproximadamente 4% de sua Floresta Amazônica.</div>
<nav class="country-anchor-navigation-container-venezuela country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><header><strong> Qual é a maior ameaça em cada país? </strong><span class="country-anchor-nav-intro">Clique nos diferentes países para saber o que acontece em cada território.</span><strong> </strong></header></nav><nav class="country-anchor-navigation-container-venezuela country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"> </nav><nav class="country-anchor-navigation-container-venezuela country-anchor-navigation-container inactive" tabindex="-1"><ul class="country-anchor-nav">
<li><img class="country-image js" height="320" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/country-maps/venezuela_locator-nc.png" width="320" /><div class="country-name">
</div>
</li>
<li><div class="country-name">
<strong><span style="font-size: large;">Venezuela</span></strong></div>
</li>
<li><div class="country-name">
</div>
<div class="country-area" style="text-align: justify;">
Área de Amazônia: 47.021.900 hectares</div>
<div style="text-align: justify;">
Não há dados oficiais disponíveis sobre o desmatamento atual na <a href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c6vzyvr66w4t"><strong>Venezuela</strong></a>, mas o monitoramento de organizações científicas locais e internacionais aponta que seu ritmo aumentou nos últimos anos, especialmente após a criação do Arco Mineiro do Orinoco, que fez explodir o garimpo nos Estados amazônicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com a queda drástica do preço e da produção de petróleo venezuelano a partir de 2014, o governo de Nicolás Maduro voltou suas atenções para os Estados mais ricos em minerais.</div>
<div style="text-align: justify;">
A Venezuela tem a sexta maior reserva de ouro do mundo, com cerca de 7 mil toneladas.</div>
</li>
</ul>
</nav><img alt="Mina de ouro na Venezuela" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/venezuela-photo.jpg?v=1.0.88" height="266" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/photographs/venezuela-photo.jpg?v=1.0.88" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em 2016, o presidente criou o Arco Mineiro, que permite a concessão de licenças para mineração de metais como ouro, diamante e coltan (uma mistura de columbita e tantalita usada na indústria de smartphones) em uma área de 112 mil km², cerca de 12% do território da Venezuela.</div>
<div style="text-align: justify;">
A área também abarca monumentos naturais, reservas florestais, um parque nacional amazônico e ao menos quatro territórios indígenas reconhecidos.</div>
<div style="text-align: justify;">
“A zona do Orinoco é tradicionalmente mineira, até mesmo comunidades indígenas garimpavam. E havia muitos garimpeiros que vieram do Brasil”, disse o ecologista Carlos Pelaez, da ONG Provita, à BBC News Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
“Mas o decreto, de certa forma, legalizou as formas de garimpo que já existiam ali e não fez diminuir essa atividade, que tem um impacto enorme no meio ambiente e nas populações locais.”</div>
<div style="text-align: justify;">
O plano de Maduro era dar concessões a empresas estrangeiras de mineração, que teriam que formar empresas mistas com as estatais para explorar a zona.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na prática, segundo Pelaez, o que aconteceu foi um aumento exponencial da mineração em pequena escala.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só em 2018, de acordo com o Banco Central da Venezuela, o Estado comprou 9,2 toneladas de ouro no mercado, equivalente à quantidade total que comprou entre 2011 e 2017.</div>
<header aria-hidden="true" class="area-chart area-chart-venezuela js-only"><h3 class="area-chart-heading">
Perda de floresta primária na Venezuela 2001-2018</h3>
</header><div aria-hidden="true" class="area-chart-container area-chart-container-venezuela" data-attribution="Fonte: Global Forest Watch" data-notationtext="A criação do Arco Mineiro do Orinoco faz explodir o garimpo ilegal nos estados amazônicos" data-notationtitle="2016">
</div>
<div class="news-vj-image__container area-chart-venezuela-image" style="display: none;">
<picture><source data-srcset="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-venezuela-pt.png?v=1.0.88 200w" type="image/webp"></source> <img alt="Perda de floresta primária na Venezuela 2001-2018" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-venezuela-pt.png?v=1.0.88" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-venezuela-pt.png?v=1.0.88" /></picture> </div>
<noscript> &amp;lt;img class="news-vj-image__img" alt="Perda de floresta primária na Venezuela 2001-2018" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/deforestation-per-country/deforestacion-por-pais-venezuela-pt.png?v=1.0.88" /&amp;gt; </noscript> <br />
<div style="text-align: justify;">
A atividade tem um efeito devastador na região.</div>
<div style="text-align: justify;">
“O ouro que existe ali é de baixa qualidade, tem muitas impurezas. E a quantidade de ouro que se tira dessa região é muito pequena”, diz Peláez.</div>
<blockquote class="blockquote-container">
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
As pessoas destroem a floresta que está em cima, cavam até onde podem e deixam um areal pobre onde nada cresce. O desmatamento ali é irreversível.” <cite>Carlos Peláez, Provita</cite></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
O garimpo tem produzido toneladas de sedimentos que se acumulam nos principais rios do país, segundo cientistas. E o uso de mercúrio tem contaminado rios e povos indígenas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O país tem o maior número de garimpos ilegais na região, segundo um <a href="https://saqueada.amazoniasocioambiental.org/"><strong>levantamento</strong></a> do Raisg. São 1.899 pontos, concentrados no Arco Mineiro do Orinoco.</div>
</blockquote>
<div class="blockquote-container">
</div>
<div class="blockquote-container">
<img alt="Gráfico da mineração ilegal na Amazônia" class="news-vj-image__img js-only" data-src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/zonas-mineras-pt-nc.png?v=1.0.88" height="400" src="https://news.files.bbci.co.uk/include/vjamericas/304-countries-amazon-rainforest/assets/app-project-assets/img/infographics/zonas-mineras-pt-nc.png?v=1.0.88" width="374" /></div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
Em meio à crise política no país, a Assembleia Nacional tentou revogar a lei que criava o Arco Mineiro do Orinoco e chegou a considerá-lo “ecocídio”, ou crime contra o meio ambiente.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
A BBC News Brasil questionou três ministérios venezuelanos sobre a atual estratégia para reduzir o desmatamento na região, mas nenhum deles respondeu até a publicação dessa reportagem.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
A Venezuela já perdeu cerca de 4% da sua floresta original.</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="blockquote-container" style="text-align: justify;">
</div>
</header></nav>Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-8298355923066500672020-02-11T16:30:00.001-08:002020-02-11T16:30:32.739-08:00Por que a cidade de São Paulo não consegue evitar as enchentes frequentes?<img alt="Bombeiros usam bote para resgatar pessoas ilhadas em enchente" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/4CCD/production/_110816691_hi059868799.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
A Grande São Paulo viveu um dia de caos nesta segunda-feira (10/02). Mais uma vez, a estrutura da cidade não suportou o grande volume de chuvas que atingiu a região. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Houve centenas de pontos de alagamento, ruas e avenidas intransitáveis, pessoas ilhadas em carros e ônibus. Linhas de trens ficaram paradas, houve deslizamentos e o transbordamento dos dois principais rios que cortam a capital paulista, o Pinheiros e o Tietê.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Corpo de Bombeiros atendeu a mais de 5 mil chamados desde a noite de domingo, entre eles 182 desabamentos ou desmoronamentos, 1018 pontos de inundação e 206 árvores caídas na Grande São Paulo. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
As enchentes em São Paulo, assim como outras grandes cidades brasileiras, são históricas e recorrentes. Em 2016, por exemplo, 25 pessoas morreram depois de uma noite de chuvas fortes — parte delas em deslizamentos. Em março de 2019, ao menos 12 mortes foram registradas também em decorrência das chuvas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Em bairros periféricos como Jardim Pantanal e Vila Itaim, no extremo leste da capital, que chegam a ficar meses alagados — constantemente, os moradores perdem móveis e eletrodomésticos para a água que invade suas casas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas seria a chuva forte a principal culpada pelas enchentes? Ou a cidade foi planejada e construída de uma maneira que deixa mais difícil suportar as precipitações? A BBC News Brasil ouviu urbanistas para entender onde a cidade errou e o que poderia ser feito para minimizar o problema. </div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
Erros de planejamento</h2>
<div style="text-align: justify;">
Para Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os grandes municípios brasileiros não foram planejados para "respeitar os ciclos hidrológicos da natureza": a evaporação da águas e, depois, as precipitações que atingem as cidades.</div>
<div style="text-align: justify;">
"O normal seria a água se infiltrar no solo, para depois desembocar nos córregos e rios, que então correm para o mar. E, assim, o ciclo recomeçaria", explica.</div>
<br />
<img alt="Homem andando em rua lagada após temporal em São Paulo" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/9AED/production/_110816693_hi059868790.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
"Quando a chuva chega no espaço urbano, a água cai sobre no solo impermeável e não consegue se infiltrar. Nossos canais e rios estão canalizados. Essas águas, em grande quantidade e velocidade, escorrem para as sarjetas e galerias, que não conseguem suportá-las."</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, diz, cidades como São Paulo tiveram um crescimento desordenado, com ocupações precárias construídas em encostas e várzeas de pequenos rios e córregos, o que desequilibra o curso normal das águas que correm para grandes rios como o Tietê. </div>
<div style="text-align: justify;">
"A periferia se expandiu, impermeabilizando o solo de áreas verdes. O ideal seria criar processos de macrodrenagem que pudesse interferir nessa lógica, com a criação de praças e parques lineares ao lado desses pequenos córregos e rios, de modo a fazer com que a água se infiltre mais facilmente", explica o urbanista.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os chamados piscinões, grandes espaços para represamento da água da chuva, são sempre citados como obras públicas que podem diminuir as enchentes — só a cidade de São Paulo tem 32 deles. Para Kazuo, os piscinões hoje "são parte do problema" e não a solução. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Não adianta você construir uma área de cimento, cercá-la com grades e esperar que a água vá parar ali. Hoje, os piscinões acumulam lixo, têm manutenção reduzida e acabam transbordando", diz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para ele, as mudanças climáticas também têm um papel importante nesse processo. "Com as mudanças climáticas, a temperatura dos espaços urbanos tem ficado maior. A tendência é que tenhamos grande quantidades de chuva intensas em um período mais curto de tempo. E as cidades não se prepararam para isso", diz.</div>
<div style="text-align: justify;">
O urbanista cita medidas de microdrenagem como possíveis soluções para mitigar esses efeitos, como recuperar sarjetas, galerias e bocas de lobo, além de arborização e desassoreamento de rios e córregos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Já a arquiteta urbanista e diretora do Movimento Defenda São Paulo, Lucila Lacreta, diz que os principais pontos são conter o avanço imobiliário que não leva em conta várzeas e o lençol freático da cidade.</div>
<br />
<img alt="Homem nadando em área alagada em São Paulo" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/15A55/production/_110816688_afp.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
"Hoje, construímos grandes edifícios com subsolos de até cinco pavimentos sem levar em conta a geologia onde está localizado. O crescimento hoje ignora tudo isso e trata a cidade como se fosse um tabuleiro de terra plano e uniforme", afirmou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda nessa linha, a urbanista acrescenta que o Plano Diretor de São Paulo, que prevê qual tipo de construção é permitido em cada ponto da cidade, também desconsidera a geologia.</div>
<div style="text-align: justify;">
"A ideia do plano diretor foi colocar grandes construções no eixo de transporte, mas esse eixo fica nas margens de grandes rios, muitos canalizados, como nas (avenidas) Radial Leste e Francisco Morato. Justamente nos terrenos mais frágeis da cidade é onde foi proposta a construção de prédios mais altos e profundos", afirmou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na visão da arquiteta e urbanista, a cidade precisa barrar construções em áreas frágeis e criar projetos de desimpermeabilização para facilitar a drenagem da água.</div>
<div style="text-align: justify;">
Precisamos fazer calçadas e asfalto que absorvam água pluvial. Também precisamos incentivar que as pessoas aumentem as áreas de drenagem em suas casas, além de criar uma política de longo prazo, com investimento, para criar canais drenantes. Precisamos observar o uso do solo e impedir que façam prédios num lugar onde o lençol freatico é próximo da superfície", afirmou Lacreta.</div>
<div style="text-align: justify;">
A arquiteta diz, porém, que essa questão será dificilmente resolvida porque os interesses econômicos costumam se sobrepor às questões ambientais.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Nos anos 1970, Figueiredo Ferraz (prefeito de São Paulo de 1971 a 1973) disse que a capital precisava parar. Ninguém deu bola e o interesse do mercado imobiliário prevaleceu acima de tudo. Hoje precisamos repensar. Planejar a cidade para quem: mercado imobiliário ou para pessoas?"</div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
'Chuva histórica'</h2>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura de São Paulo, nos últimos dez dias choveu 179,9 milímetros, equivalente a 83% da média esperada para o mês. A medição foi feita às 7h. Em apenas três horas de chuva, foram registrados cerca de 60 milímetros.</div>
<br />
<img alt="Marginal Pinheiros alagada" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/130F0/production/_110846087_chuva.jpg" width="400" /><br />
<br />
Para dar uma ideia da dimensão, 60 milímetros de chuva é o mesmo que jogar 60 litros de água numa área de 1 metro quadrado. O bairro da Lapa, na zona oeste da capital, registrou 98,3 milímetros de chuva.<br />
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital paulista registrou o maior volume de chuvas em 24 horas num mês de fevereiro dos últimos 37 anos.<br />
<div style="text-align: justify;">
Das 7h às 13h choveu 88,7mm em São Paulo, o que equivale a 41% da média para o mês. A previsão é que a chuva continue na capital paulista e a frente fria que provocou as chuvas se afaste em direção ao litoral do Estado do Rio de Janeiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
No início da tarde desta segunda, o Corpo de Bombeiros tinham recebido o registro de 857 pontos de enchente, 151 desabamentos ou desmoronamentos e 134 quedas de árvore.</div>
<div style="text-align: justify;">
A gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que aumentou em 54,1% o número de piscinões da cidade — de 24 para 32 unidades. No total, os novos equipamentos representam investimento de R$ 107,8 milhões. A prefeitura também afirma que tem realizado obras de drenagem e canalização de córregos em todas as regiões do municípios.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Outras medidas contra enchentes</h2>
<div style="text-align: justify;">
Na capital, o rio Tietê possui 53 bombas sob responsabilidade do Daae (Departamento de Águas e Energia Elétrica), do governo do Estado, que passam por manutenção semanal. Em 2019, o desassoreamento foi feito ao longo de 44 quilômetros do rio e retirou mais de 400 mil toneladas de sedimentos como areia e argila em 2019, com investimento de R$ 49 milhões. </div>
<div style="text-align: justify;">
Para 2020, está previsto investimento de mais R$ 20 milhões para ações, especialmente no Alto Tietê.</div>
<div style="text-align: justify;">
O nível do rio Pinheiros é o maior nos últimos 15 anos, de acordo com a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). Em 2019, as equipes da Emae registraram recorde de retirada de sedimentos do leito do Pinheiros, com carga equivalente à de 28 mil caminhões basculantes. Também houve a retirada de 9 mil toneladas de lixo das águas.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-65619215029719645322020-02-11T16:17:00.001-08:002020-02-11T16:17:22.744-08:00Coronavírus: o que pode estar por trás da baixa incidência em crianças? <div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
<img alt="Gêmeos usam máscaras em mercado de rua em Pequim" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/11F1B/production/_110799437_gettyimages-1197704908.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
A notícia sobre o diagnóstico do novo coronavírus em um recém-nascido no dia 5 de fevereiro, 30 horas após o nascimento, correu o mundo. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O bebê é o paciente mais jovem infectado no surto que já matou mais de mil pessoas e infectou cerca de 40 mil (99% na China, embora casos tenham sido detectados em mais de 30 países e territórios).</div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos mais recentes estudos do surto foi publicado no <a class="story-body__link-external" href="https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2760782">Journal of the American Medical Association</a> e analisa pacientes do hospital Jinyintan, na cidade de Wuhan, epicentro do surto.</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo os dados analisados pelos pesquisadores, metade de todas as pessoas infectadas pelo vírus eram adultos com idade entre 40 e 59 anos. Somente 10% dos pacientes têm menos de 39 anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Casos entre crianças têm sido raros", afirma o estudo. Mas por quê? A resposta não é simples e passa por pelo menos três teorias: as crianças teriam um sistema imunológico mais forte, levando a menos complicações e, consequentemente, menos diagnósticos oficiais; o início do surto coincidiu com o período de férias expondo as crianças a menor risco de contágio e há também a possibilidade de o coronavírus ser mais um do rol de vírus com sintomas mais brandos em crianças, como o da catapora, o que também gera menor detecção formal pelo sistema de saúde.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
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<img alt="Coronavirus em visão microscópica" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/D4E3/production/_110799445_gettyimages-151036461.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Baixa incidência entre crianças</h2>
<div style="text-align: justify;">
Nathalie MacDermott, professora da University College de Londres, destaca a possibilidade de a resposta estar no sistema imunológico de crianças.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Crianças com mais de cinco anos e adolescentes tendem a ter sistemas imunológicos bastante preparados para lutar contra vírus", diz. "Eles podem ser infectados, mas ter uma doença mais branda ou não desenvolver sintomas." </div>
<div style="text-align: justify;">
Ian Jones, professor de virologia da Universidade de Reading, acrescenta que as crianças parecem estar escapando dos sintomas mais graves da infecção, sem determinar a razão.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a consequência é a não detecção pelo sistema de saúde dos casos. Ao não desenvolver sintomas como febre e tosse, não há necessidade de consultas médicas, hospitalizações e mais casos reportados.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Pneumonia (uma das consequências do coronavírus) tende a afetar aqueles com imunidade enfraquecida porque eles já estão têm saúde debilitada ou se aproximando do fim de suas vidas", explicou Jones, da Universidade de Reading.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Isso acontece com o vírus influenza e outras infecções respiratórias." Adultos com doenças pré-existentes já pressionam seus sistemas imunológicos — a exemplo de diabetes e doenças cardíacas — tendem a ser mais vulneráveis a esse tipo de surto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Christl Donnelly, especialista em epidemiologia estatística da Universidade de Oxford e do Imperial College de Londres, concorda, citando dados do surto de Sars em Hong Kong.</div>
<div style="text-align: justify;">
"A conclusão de nossos colegas foi que, em crianças pequenas, houve um percurso clínico menos agressivo da doença — então elas foram menos afetadas." </div>
<div style="text-align: justify;">
Há precedentes para essa baixa incidência em crianças — foi observada em surtos recentes de outros tipos de coronavírus, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que começou na China em 2002 e matou quase 800 pessoas (cerca de 10% dos mais de 8.000 casos).</div>
<div style="text-align: justify;">
Em 2007, especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão público dos Estados Unidos, identificaram 135 casos pediátricos da Sars, mas descobriram que "não houve mortes de crianças ou adolescentes". </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Crianças em escola da província de Jiangsu antes da pausa de fim de ano" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/3177/production/_110836621_gettyimages-1192349392.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
As celebrações de fim de ano protegem as crianças?</h2>
<div style="text-align: justify;">
McDermott, da University College de Londres, também afirma que crianças não ficam tão expostas ao vírus quanto os adultos — o surto começou durante as celebrações de Ano Novo, período em que as escolas estão fechadas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quase todas as províncias chinesas decidiram estender a suspensão das aulas, e parte das escolas continuará fechada ao longo de fevereiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Adultos tendem a agir como cuidadores, e protegem as crianças ou as mandam para fora de casa se alguém ali dentro estiver infectado."</div>
<div style="text-align: justify;">
McDermott estima que o cenário pode mudar se "a doença se espalhar ainda mais e ampliar o risco coletivo de ser infectado".</div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, a rápida disseminação da doença, até agora, não tem sido acompanhada de um aumento do número de casos pediátricos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Homem com máscar" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/16D3B/production/_110799439_gettyimages-1196586153.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
O vírus tem efeitos mais graves em adultos do que em crianças?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Uma outra explicação para a menor detecção em crianças estaria, não no sistema imunológico, mas nas características do vírus. A hipótese neste caso seria de que a doença é mais uma das que têm efeitos mais severos em adultos do que em crianças, como a catapora.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Isso é mais provável do que (a hipótese de) as crianças terem algum tipo de imunidade (ao coronavírus)", disse à BBC Andrew Freedman, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Cardiff. </div>
<div style="text-align: justify;">
Os efeitos mais graves também estão relacionados às chamadas comorbidades, como diabetes e doença cardíaca, que são muito mais comuns em adultos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Russian children travelling back from China" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/135E3/production/_110813397_gettyimages-1197636252.jpg" width="400" /></div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Mas as crianças não são conhecidas como 'espalhadoras' de vírus?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Crianças costumam ser propensas a contrair e espalhar infecções virais, e em geral são classificadas como "super espalhadoras", segundo Jones. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Elas transmitem doenças respiratórias com muita facilidade, como sabe qualquer pessoa com filhos em creches", diz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Poderíamos esperar, portanto, um número elevado de crianças nas listas de infectados — e de mortos — com o novo coronavírus, mas isso simplesmente não está acontecendo, pelo menos até agora.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se não há unanimidade nas teorias, há consenso, no entanto, sobre o que fazer. Como se trata aqui de um novo vírus, não é possível concluir taxativamente que as crianças estão protegidas dos efeitos mais graves da doença, ou seja, é importante seguir as medidas de prevenção das autoridades de saúde como a frequente higiene das mãos.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-1236054628705600592020-02-11T15:47:00.000-08:002020-02-11T15:47:26.856-08:00México: em rifa inusitada, governo sorteia avião presidencial ( mas o ganhador não leva o prêmio) <img alt="Andrés Manuel López Obrador" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/D80F/production/_110811355_mediaitem110811354.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, decidiu acabar com um dos mistérios que mais despertaram a curiosidade dos mexicanos nos últimos meses: como vai se livrar do luxuoso avião utilizado por seu antecessor, Enrique Peña Nieto. </div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Sem encontrar comprador para a aeronave, estacionada há mais de um ano em um hangar na Califórnia, AMLO, como o mandatário é conhecido, discutiu diversas possibilidades para desfazer-se do Boeing 787-8, que custou US$ 218 milhões (R$ 942 milhões) ao ser comprado, em 2012. </div>
<div style="text-align: justify;">
A opção mais insólita entre elas, a ideia de organizar uma rifa, rendeu milhares de piadas e memes nas redes sociais.</div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
Eis que, nesta sexta-feira (7), o presidente mexicano confirmou que haverá rifa — seu ganhador, porém, não poderá levar o prêmio para casa. </div>
<h2 class="story-body__crosshead">
O que será sorteado, então?</h2>
<div style="text-align: justify;">
O sorteio, que acontecerá no dia 15 de setembro, não premiará um sortudo com o avião de fato — em vez disso, o governo distribuirá prêmios que, somados, totalizariam o valor do avião hoje, cerca de US$ 130 milhões (R$ 562 milhões).</div>
<div style="text-align: justify;">
A aeronave — que voltará ao México em abril —, por sua vez, continuará à venda enquanto permanece preservado pela Força Aérea até 2022, período em que também estará disponível para ser alugado. </div>
<div style="text-align: justify;">
"O avião segue à venda. Ao mesmo tempo, porém, resolvemos o problema porque pagamos os prêmios, o dinheiro obtido com a rifa vai para os hospitais e o avião continua com manutenção garantida pelos próximos dois anos, até que seja vendido", disse López Obrador.</div>
<br />
<img alt="Meme do avião presidencial em um prédio" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/14F69/production/_110556858_eohqtzbwsaica_0.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
No total, serão vendidos seis milhões de bilhetes, a um preço de 500 pesos mexicanos (R$ 115). </div>
<div style="text-align: justify;">
Em troca, os participantes concorrerão a 100 prêmios de 20 milhões de pesos mexicanos cada um (R$ 4,6 milhões). </div>
<div style="text-align: justify;">
Se vender todos os bilhetes, o governo arrecadará US$ 160 milhões (R$ 691 milhões). O valor do avião (US$ 130 milhões) será destinado a comprar equipamentos médicos para os hospitais mexicanos, disse López Obrador. </div>
<div style="text-align: justify;">
O restante seria usado para manter a aeronave em um hangar enquanto não é vendida. </div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Quem pagará pelos prêmios?</h2>
<div style="text-align: justify;">
A pergunta é, então, de onde sairá o dinheiro dos prêmios para que a rifa de fato beneficie o governo mexicano. </div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com AMLO, os US$ 106 milhões em prêmios serão aportados pelo Instituto para Devolver ao Povo o que Foi Roubado, uma instituição pública que se dedica a leiloar bens confiscados em operações contra o crime organizado e a corrupção.</div>
<div style="text-align: justify;">
O presidente afirmou que, ainda que o objetivo final seja vender o avião, já há uma empresa interessada em alugá-lo por um ano, o que ajudaria a poupar mais gastos.</div>
<br />
<img alt="Avião presidencial" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/00CA/production/_110820200_e00a7c84-d52f-4917-bdb2-7269ec784b8a.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
AMLO disse também acreditar que os ganhos com a futura venda do avião poderão somar-se aos recursos da rifa para equipar os hospitais do país — que ainda serão insuficientes, segundo seus cálculos.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Para melhorar nossos centros de saúde e hospitais públicos, precisamos de 10 bilhões de pesos (R$ 2,3 bilhões), e só conseguiremos arrecadar com a rifa 2,5 bilhões de pesos (R$ 575 milhões)."</div>
<div style="text-align: justify;">
Desfazer-se do avião presidencial foi uma das principais promessas de campanha de López Obrador, que viaja em voos comerciais como "parte de um plano de austeridade".</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de ser alvo de crítica daqueles que acreditam que o presidente precisa se movimentar com segurança, AMLO afirma que viajar no avião em um país em que mais de metade da população vive na pobreza "é um insulto".</div>
<div style="text-align: justify;">
O avião presidencial foi modificado para incluir detalhes luxuosos, como um quarto, um banheiro com acabamento em mármore, cozinha e amplos assentos de couro, entre outros. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<figure class="media-landscape has-caption full-width"><span class="image-and-copyright-container"></span></figure>Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-3139825334677905482020-02-11T15:19:00.003-08:002020-02-11T15:19:48.568-08:00Apoio do governo, cotas e festivais: como a Coréia do Sul reinventou seu cinema e fez história <div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
<img alt="O diretor Bong Joon Ho ao lado de estatuetas do Oscar" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/3F71/production/_110814261_ab946966-e4f0-4bcb-8493-59da5b32f7fa.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
Quando o diretor Bong Joon-ho subiu pela quarta vez ao palco do <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/ckdxnd620g8t">Oscar</a> no domingo (09/02), para receber o prêmio de melhor filme por <i>Parasita </i>(2019), ele sabia que estava fazendo história. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Um filme falado em outro idioma que não o inglês nunca havia ganho o prêmio principal da cerimônia. Foi a consagração final do longa sul-coreano, que já havia vencido outras três das seis categorias em que concorria — diretor, filme internacional e roteiro original. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a coleção de estatuetas de <i>Parasita</i>, o mais premiado da noite, tem um significado que vai além deste único filme. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O sucesso passa por uma década de ouro distante, um período de baixa durante a ditadura e um renascimento calcado em apoio do governo, fortalecimento da cultura e investimento de grandes grupos privados.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O cinema sul-coreano não havia recebido até então uma única indicação sequer ao Oscar, apesar de se reinventado a partir dos anos 1990, tornando-se um sucesso de bilheteria e crítica e conquistando prêmios nos mais importantes festivais do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Oscar foi a forma de Hollywood, após ter ignorado os filmes da Coreia do Sul por tanto tempo, finalmente reconhecer sua qualidade, diz Marc Raymond, professor do Departamento de Comunicação da Universidade Kawngwoon, em Seul, na Coreia do Sul.</div>
<div style="text-align: justify;">
"<i>Parasita</i> é um filme excelente, feito por uma indústria excelente. Era vergonhoso que nenhum filme sul-coreano tivesse sido ainda indicado ao Oscar. E, de repente, veio uma enxurrada de prêmios. Foi um reconhecimento dos trabalhos feitos há quase duas décadas pelo país", afirma Raymond em entrevista à BBC News Brasil.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Ditadura militar e redemocratização</h2>
A Coreia do Sul começou a produzir seus primeiros filmes no começo do século 20, diz Raymond, e sua indústria atingiu um ponto de excelência nos anos 1950, que podem ser considerados "uma era de ouro" do cinema no país. Apesar de não ter sido reconhecido internacionalmente na época, o movimento daquela década foi bem sucedido nacionalmente.<br />
Em 1961, um golpe militar deu início a um longo período de ditadura, que durou 26 anos e teve impacto bastante negativo sobre a indústria cinematográfica.<br />
"A censura se instalou. Leis dificultavam a criação de estúdios e restringiam a quantidade de filmes independentes e mais criativos que eram financiados e produzidos. Nos anos 1970, a qualidade caiu bastante, e, nos anos 1980, piorou ainda mais. Os filmes não eram populares nem entre os coreanos, que preferiam os estrangeiros", afirma Raymond.<br />
<br />
<img alt="Cena de 'Parasita'" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/8D91/production/_110814263_4c786d22-2637-4785-a352-555e8008430c.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Um movimento amparado na crescente insatisfação popular com o regime militar levou à convocação de eleições diretas e à restauração de direitos civis em 1987, quando teve início a redemocratização da Coreia do Sul.</div>
<div style="text-align: justify;">
Parte dos integrantes desse movimento pró-democracia e de esquerda passaram a ter mais poder na sociedade e um interesse maior pelas artes e pelo cinema, explica Raymond.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Estas pessoas buscaram criar um novo cinema nacional com filmes que tratam das questões sociais e políticas que ocorrem no país. Assim, o cinema sul-coreano cresceu gradualmente e ser tornou mais respeitado até que, no início do século 21, passou a fazer filmes de sucesso que competem domesticamente com Hollywood."</div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
Incentivo público, cotas, investimento privado e festivais</h2>
<div style="text-align: justify;">
Algumas medidas do governo contribuíram para transformar a produção cinematográfica sul-coreana. Uma das principais políticas foi um sistema de cotas para filmes nacionais nos cinemas do país. </div>
<div style="text-align: justify;">
Criado em 1966, ainda durante o regime militar, o programa previa um mínimo de dias de exibição para produções nacionais — a exigência foi progressivamente ampliada até atingir seu pico, de 146 dias, em 1985, dois anos antes do fim da ditadura e mantida neste patamar pelo regime democrático até 2006.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Depois do período militar, também foram criados um conselho cinematográfico, uma academia de cinema e um arquivo do cinema coreano, para uma valorização do cinema por meio do incentivo e financiamento público da produção, distribuição e exibição de filmes do país", diz Josmar Reyes, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e pós-doutorando em cinema sul-coreano na Universidade Sorbonne, em Paris.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Cena de 'Oldboy'" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/DBB1/production/_110814265_6888c711-8389-47bb-93e5-7e8516df24b1.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Isso fez parte de uma política mais ampla do país de promover a chamada "onda coreana", ou <i>hallyu</i>, ao investir em diferentes setores do culturais do país, como música pop, quadrinhos, séries de TV e novelas, além do cinema.</div>
<div style="text-align: justify;">
"É uma política de <i>soft power</i> do governo para fazer com que a cultura coreana seja mais conhecida mundialmente e ampliar assim a influência do país sobre o que acontece no mundo", diz Cecília Mello, professora de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP).</div>
<div style="text-align: justify;">
Reyes também destaca o projeto de reforma educacional promovido pelo governo que, entre outras coisas, incluiu o cinema no currículo escolar. "Os alunos estudam cinema, é um assunto cobrado no vestibular, o acesso dos estudantes aos filmes é facilitado. Isso cria um público para o cinema e as artes em geral", afirma o pesquisador.</div>
<div style="text-align: justify;">
A abertura de escolas e cursos de cinema a partir dos anos 1990 também teve um papel importante nesta reinvenção do cinema sul-coreano, ao promover uma mudança geracional na indústria. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Hoje é mais comum as pessoas saírem dos cursos e já fazerem um filme, em vez de irem galgando postos até se tornarem diretores. Isso rejuvenesceu e revitalizou as produções da Coreia do Sul", diz Mello.</div>
<div style="text-align: justify;">
Com a popularização do cinema e o sucesso de bilheteria de alguns filmes, grandes conglomeradores empresariais, como Samsung e Hyundai, passaram a investir em produções cinematográficas ao perceber que eram negócios lucrativos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também houve um apoio relevante do poder público e da iniciativa privada para a criação de festivais de cinema locais, como o de Busan, um dos mais importantes da Ásia atualmente. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Estes festivais deram uma chance para os novos cineastas se desenvolverem e exibirem seus trabalhos e a elevar o patamar do cinema sul-coreano", diz Raymond.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Uma política de sucesso</h2>
<div style="text-align: justify;">
Desde então, produções como <i>Oldboy</i> (2003), <i>O Hospedeiro </i>(2006), <i>A Criada </i></div>
<div style="text-align: justify;">
(2016) e <i>Em Chamas </i>(2018) se destacaram no mercado internacional, conquistaram prêmios e atraíram atenção para o cinema que é produzido na Coreia do Sul.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Há no cinema sul-coreano uma conciliação entre o cinema mais comercial e aquele dito de autor. O trabalhos de Bong Joon-ho são um grande exemplo disso. Ele e outros cineastas do país conseguem serem apreciados ao mesmo tempo pelo público mais geral e também aquele mais crítico e seletivo", diz Reyes. </div>
<div style="text-align: justify;">
Esta reinvenção foi tão bem sucedida que, em 2006, diante de uma participação de mais de 50% das produções sul-coreanas no total de ingressos vendidos no país — e de uma pressão do governo americano para que houvesse mais espaço para as produções de Hollywood nos cinemas sul-coreanos —, o limite mínimo do sistema de cotas foi reduzido pela metade.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Bong Joon Ho dirige uma cena de parasita" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1208A/production/_110866837_be6719fe-d711-4d52-a1a4-cc8d5108b492.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"Ao menos um filme nacional é lançado por semana. Todos os anos, quando se olha os dez maiores sucessos de bilheteria da Coreia do Sul, ao menos metade são filmes nacionais", diz Raymond.</div>
<div style="text-align: justify;">
Atualmente, afirma o pesquisador, a discussão em torno das cotas no país não se dá mais entre filmes coreanos e estrangeiros, mas entre grandes lançamentos nacionais e filmes independentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
"O objetivo é manter telas livres para produções menores. É uma tentativa da indústria de se regular para garantir que haja diversidade e que novos talentos surjam."</div>
<div style="text-align: justify;">
Raymond diz que o exemplo sul-coreano deixa clara a importância de um país dar o apoio necessário para que sua indústria cinematográfica se fortaleça e consiga conquistar seu espaço globalmente. No entanto, a Coreia do Sul tem algumas características peculiares que tornam difícil replicar esse esforço.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Talvez o mais difícil seja criar um público para o cinema. A Coreia do Sul é um país onde as pessoas não vivem em casas grandes e muitos jovens moram com os pais. Por isso, buscam ir para a rua para fazer alguma coisa, e o cinema se encaixa perfeitamente nisso. Não sei se ainda há sede pela experiência do cinema em outros países como aqui."</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-10171169818555226322020-02-03T13:39:00.000-08:002020-02-03T13:39:07.595-08:00Coronavírus: o que fazer para se proteger?<div class="story-body__introduction">
Com a rápida disseminação do novo coronavírus, que já chegou a 20 países, as pessoas têm cada vez mais se perguntado como se proteger. </div>
<div class="story-body__introduction">
</div>
<div class="story-body__introduction">
<img alt="Menina com as mãos ensaboadas" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/1347C/production/_110727987_gettyimages-1018757540.jpg" width="400" /></div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_slot mpu-ad" id="bbccom_mpu_3">
<div class="bbccom_advert">
</div>
</div>
A BBC News Brasil conversou com infectologistas e colheu as principais recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o Serviço de Saúde britânico (NHS) e do Ministério da Saúde brasileiro nesse sentido.<br />
<div style="text-align: justify;">
A principal — simples, porém bastante eficiente — é lavar as mãos com sabão após usar o banheiro, sempre que chegar em casa ou antes de manipular alimentos. </div>
<div style="text-align: justify;">
O ideal é esfregar as mãos por algo entre 15 e 20 segundos para garantir que os vírus e bactérias serão eliminados — de acordo com Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de virologia, o tempo para se cantar dois "Parabéns a você". </div>
<div style="text-align: justify;">
Essa é uma orientação básica para evitar uma série de doenças e é eficiente especificamente contra o coronavírus porque ele é um vírus envelopado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Isso significa que, além da estrutura que recobre o genoma do vírus, o chamado capsídeo, ele tem um envelope, uma bicamada lipídica onde ficam as proteínas que vão fazer a interação com as membranas das nossas células para nos infectar.</div>
<div style="text-align: justify;">
O envelope pode dar a ideia que esse vírus é mais forte, mas é justamente o contrário. </div>
<div style="text-align: justify;">
"A camada do envelope, por conter gordura, é muito sensível a solventes, sabão, à dessecação (extrema secura), à falta de umidade no ambiente", afirma Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. </div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Manter o ambiente limpo</h2>
<div class="story-body__crosshead">
<img alt="Pessoa limpando a casa" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1829C/production/_110727989_gettyimages-1136855016.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__crosshead">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Se estiver em um ambiente público, por exemplo, ou com grande aglomeração, não toque a boca, o nariz ou olhos sem antes ter antes lavado as mãos ou pelo limpá-las com álcool. O vírus é transmitido por via aérea, mas também pelo contato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda não se sabe quanto tempo o coronavírus sobrevive fora do corpo, mas o vírus da influenza, por exemplo, pode resistir por até 24 horas em superfícies mais porosas, como a madeira, explica a médica Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. </div>
<div style="text-align: justify;">
É por isso que também é importante manter o ambiente limpo, ela diz — higienizar com soluções desinfetantes as superfícies da casa, móveis e o telefone celular, por exemplo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Para limpar o celular, pode-se usar uma solução com mais ou menos metade de água e metade de álcool, além de usar um pano limpo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Medidas como essas valem mais até do que usar máscara, dependendo da situação. A infectologista Rosana Richtmann ressalta que os brasileiros, ao contrário dos asiáticos, não têm uma cultura de usar máscaras de proteção — muitas vezes, nem sabem colocá-las adequadamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
"É capaz de se transformar em uma falsa sensação de segurança", diz ela. </div>
<br />
<img alt="Profissional de saúde faz medição de temperatura em cidadão na China" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/B170/production/_110642454_96f41ae9-cd92-495d-9b3a-dc45ca311079.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Isso porque seria preciso trocar a máscara com uma certa frequência — quando ela ficar úmida, por exemplo —, encaixá-la bem nas orelhas, entre outros cuidados. </div>
<div style="text-align: justify;">
No caso do coronavírus, as máscaras mais tradicionais não funcionam, afirma o médico Fernando Spilki, porque seu tamanho permite que ele atravesse o material. </div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, em ambientes hospitalares os profissionais de saúde têm usado máscaras com filtro de ar ou feitas de materiais com poros menores que a partícula viral.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Proliferação rápida, letalidade menor</h2>
Outra recomendação é, se possível, evitar aglomerações e manter distância de pessoas com sintomas de gripe. <br />
<div style="text-align: justify;">
A responsabilidade é maior ainda para quem está gripado: ao espirar ou tossir, cubra a boca e o nariz e jogue o lenço fora logo em seguida. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como esse é um vírus novo, as pessoas não têm imunidade contra ele, o que faz com que o contágio seja mais rápido. </div>
<div style="text-align: justify;">
O número de novos casos tem crescido rapidamente, acreditam os cientistas, também porque o coronavírus pode ser transmitido antes mesmo de os sintomas aparecerem, durante o período de incubação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de ter uma capacidade de proliferação maior que a de outros vírus da mesma família, como os que provocaram os surtos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) em 2002 ou da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) em 2012, a letalidade desse coronavírus parece ser menor, segundo os dados disponíveis até agora.</div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com as informações mais recentes divulgadas pela Organização Mundial de Saúde, cerca de 2% dos infectados morreram. O índice de letalidade da Sars era de 9,5%, e da Mers, 35%. </div>
<div style="text-align: justify;">
<a class="story-body__link" href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51314179">Parte das pessoas que morreram de coronavírus até agora tinha algum tipo de doença prévia</a> — diabetes, doenças cardíacas ou pulmonares. Muitos eram mais velhos. </div>
<br />
<img alt="Ilustração de vírus no pulmão" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1471C/production/_110604738_virus.jpg" width="400" /><br />
<br />
A médica Rosana Richtmann lembra que o fato de pessoas de mais idade ou com alguma outra doença prévia apresentarem quadros mais graves é relativamente comum entre os chamados vírus respiratórios. <br />
Ainda não se sabe bem, no entanto, como é o ciclo do coronavírus no corpo e como nosso sistema imunológico responde a ele. <br />
Por isso, também é importante manter o sistema imunológico fortalecido.<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Como o corpo reage a 'invasores'</h2>
No caso de outros vírus, a resposta do organismo se dá principalmente em duas frentes: a da imunidade celular e a da imunidade humoral.<br />
A imunidade celular se manifesta, por exemplo, através dos linfócitos, um tipo de leucócito produzido pela nossa medula e que tem, entre outras funções, a de reconhecer as células infectadas e destruí-las. <br />
Nesse processo, não só o vírus é destruído, mas também a célula que ele infecta. No processo, parte dos leucócitos também acaba morrendo. <br />
Os leucócitos são os glóbulos brancos, é o "exército" que tenta expulsar os patógenos — vírus, bactérias e fungos — do nosso corpo. <br />
Eles aparecem, por exemplo, no hemograma: se a concentração no sangue estiver muito maior que os valores de referência, pode ser um indício de infecção. Se estão muito baixos, podem ser indicativo de que nosso sistema imunológico está enfraquecido. <br />
Já imunidade humoral se manifesta através dos nossos anticorpos, as imunoglobulinas, que atuam de forma parecida e podem, por exemplo, impedir que os patógenos entrem nas células.<br />
Pra manter a imunidade, não há muito segredo: dormir a quantidade de horas certas para a sua idade, alimentar-se bem, manter-se hidratado, fazer exercícios físicos regularmente e tentar reduzir o estresse.Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-34491842617765039972020-02-03T13:24:00.004-08:002020-02-03T13:24:49.811-08:00Coronavirus: em imagens a construção de hospital na China em 10 dias<strong>A cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, construiu um hospital em 10 dias para tratar pacientes com suspeita de terem contraído a doença respiratória. </strong><br />
<strong></strong><br />
<img alt="Guindastes e escavadeiras durante a construção do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/BFDE/production/_110681194_gettyimages-1197084012.jpg" width="400" /><br />
<br />
O Hospital Huoshenshan, de 25 mil metros quadrados, um dos dois novos hospitais em construção no país, está previsto para ser inaugurado nesta segunda-feira (03).<br />
Em 24 de janeiro, escavadeiras limpavam o terreno onde a unidade de saúde começaria a ser erguida.<br />
<br />
<img alt="Guindastes e escavadeiras durante a construção do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/126C1/production/_110675457_gettyimages-1195704319.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
As autoridades de saúde chinesas afirmam que 304 pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus — que infectou mais de 14 mil pessoas no país.</div>
<div style="text-align: justify;">
Foram registrados ainda cerca de 100 casos em outros 22 países — no Brasil, há <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51344379">16 casos suspeitos</a>, mas nenhum confirmado.</div>
<br />
<img alt="Guindastes e escavadeiras durante a construção do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/174E1/production/_110675459_gettyimages-1195703718.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
O número de casos registrados em todo o mundo superou o da epidemia da síndrome respiratória aguda grave (Sars), que infectou 8,1 mil pessoas em 2003.</div>
<br />
<img alt="Vista aérea de guindastes e escavadeiras durante a construção do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/DC89/production/_110675465_gettyimages-1195703442.jpg" width="400" /><br />
<br />
O surto de coronavírus começou em <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51216386">Wuhan</a>, cidade com cerca de 11 milhões de habitantes. <br />
O Hospital Huoshenshan vai contar com aproximadamente 1 mil leitos, segundo informou a imprensa estatal.<br />
<br />
<img alt="Operário trabalha no canteiro de obras do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/13126/production/_110681187_gettyimages-1197095502.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A televisão estatal chinesa está transmitindo em tempo real o avanço da construção no canteiro de obras — o que teve um sucesso improvável de audiência.</div>
<div style="text-align: justify;">
De acordo com o jornal Global Times, mais de 40 milhões de pessoas estão assistindo às transmissões ao vivo da obra na China.</div>
<br />
<img alt="Centenas de operários trabalham na construção do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/239E/production/_110681190_gettyimages-1197084309.jpg" width="400" /><br />
<br />
<img alt="Operários da construção civil instalam revestimento à prova de umidade" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/F03A/production/_110689416_coronavirus_hosp_1.jpg" width="400" /><br />
<br />
O Hospital Huoshenshan é inspirado no Hospital Xiaotangshan, construído em 2003, em Pequim, para ajudar a combater a epidemia de Sars.<br />
<br />
<img alt="Estrutura pré-fabricada é içada no canteiro de obras do Hospital Huoshenshan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="266" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/169BA/production/_110720629_gettyimages-1197616512.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
De acordo com Huang, engenheiros de todo o país foram recrutados para concluir a construção a tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
"A China é muito boa em obras de engenharia. Tem histórico de construir arranha-céus com rapidez. É muito difícil para os ocidentais imaginarem isso. E pode ser feito", acrescentou.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Aparelho de tomografia é instalado dentro do hospital" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/46C2/production/_110741181_059658838-1.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Camas hospitalares são instaladas dentro da unidade" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/94E2/production/_110741183_059658839-1.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-73925274772955222212020-02-03T13:06:00.001-08:002020-02-03T13:06:45.701-08:00Falsa sensação de segurança: prós e contras das máscaras contra o coronavírus<img alt="Wuhan" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/17E50/production/_110727879_80816d08-d340-4755-9069-e842254a0916.jpg" width="400" /><br />
<br />
Máscaras faciais estão em alta por causa do surto do coronavírus.<br />
A doença já infectou mais de 17 mil pessoas e causou a morte de cerca de 360, quase todas na China, exceto uma nas Filipinas.<br />
Também foram registrados 150 casos em outros países, mas sem mortes. <br />
Mas as máscaras realmente são eficazes? <br />
<div style="text-align: justify;">
Nem todas. Muitas não oferecem máxima proteção. Não cobrem totalmente os olhos, boca e não têm filtros de ar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas podem reduzir os riscos de contrair o vírus, por causa de um espirro ou de uma tosse. </div>
<div style="text-align: justify;">
Também evitam contato da mão com a boca. </div>
<div style="text-align: justify;">
A OMS diz que usar apenas as máscaras não é o suficiente. A entidade alerta para a eficácia de máscaras de pano.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo especialistas, modelos como o N95 são melhores. Eles vedam melhor e são menos porosos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para aumentar a eficácia das máscaras, é preciso: trocá-las com regularidade (assim que elas fiquem úmidas) e descartá-las em local adequado.</div>
<div style="text-align: justify;">
A OMS diz também que lavar as mãos com frequência e não tocar olhos, nariz e boca é simples e eficaz para frear o contágio. </div>
<div style="text-align: justify;">
Se possível, também evite grandes aglomerações de pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
É importante higienizar objetos e superfícies de uso constante, como celulares e maçanetas.</div>
<div style="text-align: justify;">
O risco das máscaras, segundo infectologistas, é de passar uma falsa sensação de segurança.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-60910365146649182702020-02-03T12:56:00.000-08:002020-02-03T12:56:14.059-08:00Coronavirus: como epidemias chegam ao fim <div style="text-align: justify;">
Um novo <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c340q430z4vt">vírus</a> que já infectou quase 18 mil pessoas em 25 países em 4 continentes é aparentemente menos letal do que aqueles por trás de outros surtos recentes. </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Chineses usam material de proteção" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/145B6/production/_110728338_915947cc-baa4-45c1-a556-05d15ec97b56.jpg" width="400" /></div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Trata-se sem dúvida de uma boa notícia, mas isso representa um desafio maior para o controle do surto atual.</div>
<div style="text-align: justify;">
Isso porque um vírus "eficiente" não é aquele que mata seu hospedeiro rapidamente, mas um capaz de estabelecer uma relação de simbiose com o organismo infectado para continuar a se replicar e a ser transmitido.</div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"Quando um vírus é introduzido em uma espécie, ele costuma causar doenças mais graves no início, mas depois passa por um processo de adaptação e se torna mais brando. Do ponto de vista evolucionário, ele precisa transmitir seus genes adiante. Não adianta matar todos os hospedeiros", diz Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vírus são organismos propensos a sofrer mutações, o que permite que eles saltem de uma espécie para a outra, como teria ocorrido com este coronavírus.</div>
<div style="text-align: justify;">
Esse tipo de micro-organismo é comumente encontrado em morcegos e costuma infectar outros animais antes de chegar às pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas essa característica também permite que se eles se tornem melhor adaptados ao organismo humano e menos agressivos, aumentando as chances de convivermos com eles. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um exemplo é o vírus da herpes: estima-se que cerca de 90% da população mundial tenha ao menos uma de suas variantes. </div>
<div style="text-align: justify;">
Outro caso é o HTLV, um retrovírus, da mesma família do HIV. Mas, diferentemente do vírus causador da Aids, estima-se que entre 10 a 20 milhões de pessoas do mundo sejam portadoras, mas apenas 5% desenvolvam doenças.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um vírus ser ou tornar-se menos agressivo não é necessariamente "uma boa notícia em termos epidêmicos", explica Eduardo Sprinz, chefe do serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, porque ele é mais facilmente transmitido. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Em compensação, ele mata menos", afirma Sprinz.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Letalidade em queda</h2>
<div style="text-align: justify;">
Na última quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a epidemia do novo coronavírus como uma situação de emergência de saúde pública de interesse internacional, ao anunciar que se trata de um "surto sem precedentes".</div>
<div style="text-align: justify;">
Até agora, houve mais de 360 mortes causadas pelo 2019-nCov, como é chamado oficialmente o vírus descoberto em dezembro, quase todas na China — exceto uma nas Filipinas. Mas o registro de casos de transmissão entre pessoas em outros países acendeu um alerta para a OMS.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Não sabemos o tipo de dano que esse vírus pode causar se ele se espalhar em um país com um sistema de saúde mais frágil", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência.</div>
<br />
<br />
<img alt="Ilustração do novo coronavírus" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/A957/production/_110715334_0965e56e-b73d-4701-8764-ef8ef47ae850.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Calcula-se que sua taxa de letalidade seja de cerca de 2%, bem abaixo dos índices de outros coronavírus que causaram os surtos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês), que matou 10% dos quase 8,1 mil infectados entre 2002 e 2003, e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), de 2012, em que 35% dos quase 2,5 mil pacientes morreram.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Spilki, esse surto "parece ter um perfil bastante diferente das de Sars e de Mers em termos de virulência, porque aquelas epidemias provocaram uma alta letalidade. Com a Sars, a letalidade era estimada em 50% no início, mas depois foram descobertos novos casos, e a taxa caiu. O mesmo está acontecendo agora com este coronavírus."</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Como uma epidemia chega ao fim?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Então, como é que um surto provocado por um vírus que "mata menos" e tenta se adaptar para ser mais facilmente transmitido chega ao fim? Há basicamente três formas, segundo especialistas. </div>
<div style="text-align: justify;">
"A epidemia pode dizimar toda uma população, o que significaria um fracasso para um vírus, porque ele morre junto", afirma Sprinz.</div>
<div style="text-align: justify;">
Um surto também pode acabar se as autoridades de saúde tomarem as medidas necessárias para impedir que haja contato entre pacientes infectados e pessoas saudáveis, evitando novos contágios.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Foi o que aconteceu com o vírus da Sars, que foi contido com medidas de bloqueio da transmissão e simplesmente desapareceu", afirma Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e diretor-médico do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro.</div>
<br />
<img alt="Peciente isolado em hospital" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/F796/production/_110728336_19b91ee3-ba52-4b5a-9656-ecdbad5a6d81.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A terceira forma de conter o surto seria com um processo de imunização do hospedeiro. Chebabo diz que isso é uma questão de tempo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto maior a circulação do vírus, mais pessoas adquirem anticorpos contra ele e ficam imunes, fazendo com que o vírus perca força.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Um exemplo foi a pandemia de H1N1. No início, ninguém tinha imunidade, e houve uma disseminação enorme, matando muita gente. Mas esse é um processo lento gradual, que pode levar meses ou menos anos", diz o infectologista.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
A busca por uma vacina</h2>
<div style="text-align: justify;">
Uma forma mais eficiente de gerar essa imunização e conseguir erradicar uma doença em seres humanos é ter uma vacina.</div>
<div style="text-align: justify;">
A dificuldade diante desta epidemia de coronavírus, em comparação com surtos de gripe, causados pela família de vírus influenza, é que já existiam vacinas para vírus influenza e bastava adaptá-las, mas ainda não há uma vacina para os coronavírus.</div>
<div style="text-align: justify;">
O desenvolvimento de uma vacina é um processo longo e demorado e que precisa passar por diferentes fases de estudos com animais e seres humanos para garantir que é segura e eficaz.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Estão dizendo agora que podem ter uma vacina para o coronavírus daqui a um ano, mas isso não é verdade. Esse processo leva de cinco a dez anos. Olhe, por exemplo, para o caso da epidemia de zika de 2005; até hoje não temos uma vacina. A mesma coisa vai acontecer com este vírus", diz Chebabo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Por isso, é esperado ao menos por enquanto que o número total de casos confirmados continue a subir, porque a exposição de pessoas ao vírus progride em escala geométrica.</div>
<div style="text-align: justify;">
O melhor a fazer no momento é ter ações coordenadas de vigilância epidemiológica e dos serviços de saúde para bloquear a disseminação do novo coronavírus, diz Spilki.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Isso é fundamental, porque, com o tempo, surgem tratamentos mais eficazes, eliminando o vírus. No longo prazo, se necessário, podemos recorrer à vacinação, mas infelizmente temos que ser pessimistas quanto a essa possibilidade no momento."</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-48704697228195410802019-12-17T15:41:00.001-08:002019-12-17T15:41:49.120-08:00Por que as zebras têm listras? Os cientistas que tentam respoder a antiga pergunta <div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
<img alt="Em foto tirada desde cima, varias zebras correm em meio a poeira saindo do solo" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="660" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/660/cpsprodpb/10C1A/production/_110143686_p07sgbnr.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
Em fevereiro de 2019, em uma fazenda no Reino Unido, ocorreu um experimento fascinante. Biólogos da Universidade da Califórnia, especializados em evolução, vestiram vários cavalos com casacões listrados como zebras, comparando-os a zebras de verdade. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O objetivo era responder a uma pergunta que há muito tempo intriga leigos e cientistas: por que as zebras têm listras? </div>
<div style="text-align: justify;">
"As pessoas falam sobre listras de zebras há mais de cem anos, mas é apenas uma questão de realmente fazer experimentos e refletir sobre a incógnita para entendê-las melhor", diz Tim Caro, ecologista da Universidade St. Andrews, na Escócia, que estuda as listras das zebras há quase duas décadas. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Na fazenda, de propriedade de Terri Hill, uma apaixonada pela <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.co.uk/portuguese/topics/bce059a1-1a05-4b8d-aac8-381699aaa2f0">conservação</a> de equídeos selvagens, Caro encontrou uma rara oportunidade de observar de perto zebras relativamente mansas. O rebanho dali é formado por animais que vieram de zoológicos de diversos locais no Reino Unido. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como e por que as zebras evoluíram para exibir listras em preto e branco são perguntas que também testam os cientistas há bastante tempo. É possível listar pelo menos 18 hipóteses para isso, desde a função da camuflagem à de identificação, como acontece com a impressão digital nos humanos. </div>
Mas, também por um longo tempo, essas possibilidades foram apresentadas sem serem submetidas a testes rigorosos. <br />
<br />
<img alt="No pasto, um cavalo com casaco estampado com listras simulando as de zebras" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/15A3A/production/_110143688_p07sgbcc.jpg" width="400" /><br />
<br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Preto com listras brancas?</h2>
As zebras, como os cavalos e asnos, fazem parte do gênero Equus. <br />
<div style="text-align: justify;">
As três espécies conhecidas de zebras que vagam pelo leste e sul da África, com seus pelos escuros divididos por fios brancos e não pigmentados, são os únicos equídeos listrados. Os padrões e a intensidade das faixas variam de acordo com a espécie e a localização. </div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto os cientistas ainda debatem as origens e funções exatas das listras, seus esforços recentes se concentram em três possibilidades principais: elas seriam uma ferramenta contra picadas de insetos; ou teriam função de termorregulação; ou ainda a de proteção contra predadores.</div>
<div style="text-align: justify;">
Moscas que picam e sugam sangue são uma ameaça comum aos <a class="story-body__link" href="https://www.bbc.co.uk/portuguese/topics/14745d1f-885d-4b9f-b28a-24540e7beb15">animais</a> da África. As mutucas e tsé-tsé, entre outras, transmitem também doenças como a do sono, a peste equina africana e a influenza equina, potencialmente fatal. </div>
<div style="text-align: justify;">
O pelo fino da zebra não seria uma barreira tão eficaz contra as picadas dos insetos. Mas análises feitas em moscas tsé-tsé, por exemplo, não encontraram vestígios de sangue de zebra.</div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos estudos já mostraram que as moscas tendem a não pousar em superfícies listradas. Evidências consistentes vieram em 2014 com um estudo de Caro e colegas. Eles combinaram dados sobre clima, presença de leões e tamanho de rebanhos de zebras e relacionaram isso a informações sobre as listras de zebras na área. </div>
<br />
<img alt="Diversas zebras em campo aberto" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/25A2/production/_110143690_p07sg9x2.jpg" width="400" /><br />
<br />
As faixas eram mais pronunciadas em ambientes que favorecem a presença de moscas, de acordo com Caro.<br />
<div style="text-align: justify;">
Este ano, a pesquisa realizada pela equipe dele na fazenda de Terri Hill lançou avançou mais um passo. Os biólogos observaram moscas em torno de zebras e cavalos - alguns destes vestindo casacos pretos, outros brancos e listrados. </div>
<div style="text-align: justify;">
As moscas pairavam em zebras e cavalos em quantidades semelhantes, mas muito menos moscas pousavam em zebras - ou em cavalos com casacos listrados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ao tentar pousar nas listras, as moscas não desaceleravam como fariam chegando a uma superfície não listrada. É como se elas hesitassem e desistissem. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Parece que elas não reconheciam essa superfície em preto e branco como um bom ponto de aterrissagem", explica o pesquisador da Universidade St. Andrews. </div>
<div style="text-align: justify;">
Caro diz que sua equipe está trabalhando com "muitos dados ainda não publicados" de vídeos de moscas chegando perto de diferentes padrões de superfícies. </div>
<div style="text-align: justify;">
E, na Universidade de Princeton, EUA, o biólogo Daniel Rubenstein e seus colaboradores estão abordando a questão por meio da "visão da mosca em realidade virtual".</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Refresco</h2>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, outros pesquisadores que estudam zebras, como Alison Cobb, técnica de laboratório aposentada, e o zoólogo Stephen Cobb, de Oxford, no Reino Unido, não estão convencidos pela explicação da blindagem contra parasitas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eles acreditam que as faixas de zebra ajudam principalmente na termorregulação. Enquanto Alison reconhece as descobertas de Caro, ela acha que picadas de insetos "parecem um efeito sem muita importância" para ter impulsionado a evolução das listras de zebra. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Toda zebra deve evitar o aquecimento. Já as moscas aparecerão em certos lugares e em determinadas épocas do ano, mas não são uma ameaça tão definitiva ou frequente quanto o superaquecimento", diz Cobb.</div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia básica dos pesquisadores é a de que as listras pretas absorveriam o calor e aqueceriam as zebras na manhã; já as listras brancas refletem mais a luz e, portanto, poderiam ajudar a refrescar os animais enquanto eles pastam por horas sob o sol escaldante. Essa lógica aparentemente simples é alvo de controvérsia entre cientistas.</div>
<br />
<img alt="Uma zebra em área aberta fotografada de perto" class="responsive-image__img js-image-replace" data-highest-encountered-width="624" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/73C2/production/_110143692_p07sgb1f.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Caro e sua equipe encontraram apenas uma fraca sobreposição espacial entre padrões de faixas das zebras e temperaturas altas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um ano depois, um estudo de modelagem espacial com zebras-das-planícies, liderado por Brenda Larison, da Universidade da Califórnia, encontrou listras mais fortes em áreas mais quentes ou com luz solar mais intensa. </div>
<div style="text-align: justify;">
Até agora, as experiências também não trouxeram mais clareza. Um estudo de 2018 descobriu que a água em barris pintados com listras não esfriava mais que a nos barris sem listras. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas Rubenstein não está convencido - ele acha que esse experimento teve poucas amostras. Segundo ele, um estudo em andamento conduzido por sua equipe com um número maior de garrafas de água mostra que as faixas ajudam no resfriamento. </div>
<div style="text-align: justify;">
Citando informações ainda não publicadas, ele diz que, analisando as temperaturas de diversos animais, descobriu que as zebras são alguns graus mais "frias" que os animais não listrados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas barris e garrafas não conseguem representar todas as partes do mecanismo de resfriamento de uma zebra - o que talvez torne esses estudos muito simples para explicar completamente o objetivo das listras das zebras. </div>
<div style="text-align: justify;">
Como cavalos e humanos, as zebras esfriam suando. A evaporação do suor remove muito calor, mas a evaporação deve ocorrer rapidamente, caso contrário o suor fica preso e faz o animal ficar dentro de uma própria sauna. Por isso, os equídeos têm uma proteína chamada laterina que ajuda a espalhar o suor nas pontas dos pelos, aumentando a exposição ao ar e à evaporação.</div>
<div style="text-align: justify;">
No Journal of Natural History, os Cobbs relataram em junho que, nas horas mais quentes do dia, as listras pretas das zebras estavam consistentemente 12 a 15 ºC acima das listras brancas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eles propõem que a constante diferença de temperatura entre as faixas geraria uma espécie de circulação de ar. Outro mecanismo descrito por eles foi a ereção de pelos pretos, que ajudariam a reter ou liberar o calor e suor. </div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Camuflagem?</h2>
Quanto à última hipótese, a das listras tendo a função de proteção contra predadores, Caro é cético. <br />
<div style="text-align: justify;">
Em sua monografia de 2016, ele listou inúmeras evidências contrariando esta hipótese. Por exemplo, as zebras passam a maior parte do tempo em campos abertos, onde suas listras são evidentes; e pouco tempo na floresta, onde elas poderiam servir como camuflagem. Além disso, a tendência delas é de fugir da ameaça, e não de se esconder. </div>
<div style="text-align: justify;">
E os leões não têm demonstrado muitas dificuldades em comer zebras.</div>
<div style="text-align: justify;">
Rubenstein, no entanto, ainda está testando esta hipótese, segundo ele a "mais difícil" de verificar entre todas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ele observa que estudos anteriores apenas testaram se as listras confundem os seres humanos, mas não os leões. Assim, sua equipe está estudando como os leões atacam objetos listrados e não listrados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, a dúvida sobre por que as zebras têm listras continua, e a resposta permanece inconclusiva. E não sem riscos - Stephen Cobb foi mordido no braço e internado duas vezes no hospital durante seus experimentos.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
<div class="story-body__crosshead">
</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-90639347197502662302019-12-17T14:42:00.002-08:002019-12-17T14:42:55.669-08:00A misteriosa pandemia que deixou milhões de pessoas como estátuas vivas durante décadas <div style="text-align: justify;">
<img alt="Milhões de pessoas ao redor do mundo ficaram 'presas' em seus corpos, congeladas no tempo" class="loaded" data-src="{"default":{"load":"default","w":"80","h":"45","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J51.img?h=450&w=799&m=6&q=60&o=f&l=f&x=407&y=104"},"size3column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J51.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=407&y=104"},"size2column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J51.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=407&y=104"}}" height="225" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J51.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=407&y=104" width="400" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Na década de 1920, uma misteriosa epidemia matou cerca de um milhão de pessoas e deixou quase quatro milhões no que parecia ser um estado catatônico por décadas, incapazes de falar ou de se mover de forma independente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eram como estátuas vivas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os pacientes permaneceram assim por décadas, até que, no fim dos anos 1960, um experimento médico "os despertou".</div>
<div style="text-align: justify;">
Conhecido como "Tempo de Despertar", esse experimento mudou nossa compreensão sobre as condições neurológicas e revolucionou o atendimento a pacientes.</div>
<h3 style="text-align: justify;">
Adormecidos</h3>
<div style="text-align: justify;">
Logo após a Primeira Guerra Mundial, em 1917, e até por volta de 1927, a misteriosa epidemia se espalhou pelo mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sua origem era um mistério, mas se sabia que era uma doença que atacava o cérebro, deixando suas vítimas sem fala e movimentos voluntários.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Na Suíça, uma noiva adormeceu no altar; na França, nem as dores do parto despertaram uma mãe", informava a BBC, em seus primeiros anos de transmissão.</div>
<div style="text-align: justify;">
O conjunto de sintomas já havia sido descrito várias vezes no passado, inclusive por Hipócrates, o grande médico da Grécia Antiga, que batizou o fenômeno de<em> lethargus</em>:</div>
<div style="text-align: justify;">
"Febre, tremor, forte fraqueza física com a preservação da inteligência, que afeta indivíduos com mais de 25 anos, sobretudo quando está frio, e que pode levar à morte por pneumonia terminal."</div>
<br />
<img alt="Constantin von Economo é conhecido sobretudo por ter descoberto a encefalite letárgica" class="loaded" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4Lor.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=457&y=283" data-src="{"default":{"load":"default","w":"80","h":"45","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4Lor.img?h=450&w=799&m=6&q=60&o=f&l=f&x=457&y=283"},"size3column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4Lor.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=457&y=283"},"size2column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4Lor.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f&x=457&y=283"}}" height="225" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
No início do século 1920, quando a neurologia dava os primeiros passos como disciplina científica, a condição foi chamada de encefalite letárgica ou "doença do sono", e quem escreveu o manuscrito mais preciso sobre ela foi o austríaco Constantin von Economo.</div>
<div style="text-align: justify;">
"...desde o Natal, tivemos a oportunidade de observar uma série de casos na clínica psiquiátrica que não atendem aos critérios de nossos diagnósticos habituais. Apesar disso, mostram semelhança na forma como começaram e na sintomatologia, o que nos obriga a agrupá-los em uma única entidade clínica", escreveu o médico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqueles que sobreviveram foram "congelados" no tempo, presos em corpos quase sem vida por anos.</div>
<h3 style="text-align: justify;">
'Tem alguém vivo lá dentro?'</h3>
<div style="text-align: justify;">
Em 1966, Oliver Sacks, um jovem neurologista britânico, chegou ao Hospital Beth Abraham, no Bronx, em Nova York, onde havia dezenas de pacientes com encefalite letárgica.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Eu nunca tinha visto nada assim: tantos pacientes como aqueles imóveis, às vezes pareciam estar congelados em posições inusitadas, e você se perguntava: o que está acontecendo? Tem alguém vivo lá dentro?", disse Sacks à BBC nos anos 1970.</div>
<div style="text-align: justify;">
Saks começou a observar seus novos pacientes e percebeu que havia sinais de consciência... principalmente quando um assistente do hospital tocava piano para os residentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
"O que ele viu é que, quando tocava uma música, algumas pessoas se levantavam e dançavam. Havia algo na música que penetrava e estimulava o sistema motor delas a ponto de entrarem em ação... Era incrível: não conseguia entender como era possível", lembra a médica Concetta Tomaino, diretora e cofundadora do Instituto de Música e Função Neurológica de Nova York.</div>
<h3 style="text-align: justify;">
Uma solução musical</h3>
<div style="text-align: justify;">
Na década de 1970, Tomaino tinha acabado de começar sua carreira em musicoterapia, que na época era uma área de pesquisa nova.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Oliver Sacks me escreveu um bilhete que dizia: 'Toda doença é um problema musical, toda cura, uma solução musical'.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Despertou minha curiosidade e perguntei quem ele era. As pessoas diziam: 'É um louco britânico excêntrico que escreve os atestados médicos mais surpreendentes; você precisa conhecê-lo.'"</div>
<div style="text-align: justify;">
Connie Tomaino e Oliver Sacks iniciaram assim uma parceria de trabalho pioneira nos estudos de musicoterapia e nos efeitos neurológicos da música.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os pacientes pareciam catatônicos, parecia que estavam em estado semivegetativo, mas quando havia música por perto, você via que eles estavam mentalmente presentes: eles conseguiam tocar tambor com ritmo e cantar, mesmo sem ser capaz de falar".</div>
<h3>
Um milagre</h3>
<div style="text-align: justify;">
Antes de Connie Tomaino chegar ao hospital Beth Abraham, Oliver Sacks havia começado a testar um novo medicamento que é usado para tratar pessoas com <a data-id="104" data-m="{"i":104,"p":96,"n":"partnerLink","y":24,"o":8}" href="https://www.bbc.com/portuguese/topics/c2dwqdkxp5pt?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bmicrosoft%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D" target="_blank">doença de Parkinson</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ele pensava que a "doença do sono" poderia ser uma forma extrema de Parkinson. E deu a medicação, levodopa, aos pacientes — os efeitos foram, em alguns casos, imediatos e dramáticos.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Lola havia passado décadas em estado catatônico e seu despertar ocorreu em segundos. Ela pulou da cadeira e começou a falar. Foi uma cena incrível, e eu duvidaria da minha própria memória, se não fosse respaldada por todas as outras pessoas que também se lembram", recordou Sacks.</div>
<div style="text-align: justify;">
Parecia um milagre. Os pacientes de Sacks podiam conversar, caminhar e sentir alegria novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
"O clima no pavilhão do hospital era de carnaval, era de festa. Era um sentimento de euforia: as pessoas se apaixonavam, queriam sair e fazer coisas, explorar o mundo. Havia realmente um sentimento de magia e milagre... e provavelmente uma expectativa um tanto alarmante", afirmou o neurologista.</div>
<div style="text-align: justify;">
Muitos haviam contraído a doença do sono na infância e despertaram como adultos de meia-idade em um mundo completamente diferente.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Quando conseguiram entender quanto tempo havia se passado, ficaram com medo e estupefatos. Alguns ficaram amargurados por terem perdido tanto tempo, mas a maioria queria viver cada segundo que tinha", disse Tomaino à BBC. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Às vezes, isso era um desafio para a equipe do hospital", completou rindo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sacks, por sua vez, "se sentia muito responsável por eles e, às vezes, se perguntava se havia feito a coisa certa, porque quem eram eles agora que estavam acordados?", acrescentou a terapeuta.</div>
<h3>
Fim da magia</h3>
<img alt="A mágica desapareceu depois de algumas semanas" class="loaded" data-src="{"default":{"load":"default","w":"80","h":"45","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J5k.img?h=450&w=799&m=6&q=60&o=f&l=f"},"size3column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J5k.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f"},"size2column":{"load":"default","w":"62","h":"35","src":"//img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J5k.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f"}}" height="225" src="http://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BBY4J5k.img?h=351&w=624&m=6&q=60&o=f&l=f" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A euforia durou pouco. O levodopa começou a perder efeito. E, depois de algumas semanas, em alguns casos, a medicação parou de funcionar, o que levou à piora de saúde dos pacientes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguns mantiveram mais funções que outros, mas nenhum se recuperou completamente novamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Durante aquele breve período de despertar, Sacks encorajou os pacientes a descrever como tinha sido viver imóvel em um limbo; os relatos foram valiosos para se entender mais tarde muitas condições neurológicas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tomanino foi uma das pessoas que leram os diários escritos pelos pacientes.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Eles descreveram como os cuidados eram horríveis quando estavam incapacitados, e isso me ajudou a mudar a maneira como os tratávamos".</div>
<div style="text-align: justify;">
E a música permaneceu sendo uma solução.</div>
<div style="text-align: justify;">
"Lembro de uma paciente, Lola, que adorava cantar e dançar. Mas quando ela piorou, não tinha controle da língua ou das mãos. No entanto, quando tocava tambor, conseguia acompanhar o ritmo com a voz, ela fazia isso tão bem que desfrutava e acabava sempre caindo na gargalhada."</div>
<div style="text-align: justify;">
"Lilian era um pouco mais autista e gostava do aspecto mais intelectual da música. Ela amava Rachmaninoff e, quando escutava, movia os dedos como se estivesse tocando piano.".</div>
<div style="text-align: justify;">
O que Connie Tomaino e Oliver Sacks estavam descobrindo por meio de pesquisas e observações práticas era inovador, mas naquela época alguns cientistas tratavam com ceticismo.</div>
"Na década de 1980, os neurologistas não acreditavam que alguém pudesse se recuperar de uma lesão cerebral, e ainda assim podíamos ver as mudanças diante de nossos olhos", diz.<br />
<div style="text-align: justify;">
Pesquisas subsequentes mostraram que a musicoterapia pode melhorar e até ajudar a reparar lesões cerebrais.</div>
<div style="text-align: justify;">
"A música é tão complexa — tom, ritmo, padrões complexos de sons que ocorrem simultaneamente —, que se você vê o cérebro quando está ouvindo uma melodia, muitas de suas redes são ativadas e compartilhadas por outras formas de funções cognitivas."</div>
<div style="text-align: justify;">
"Essa é a beleza da música: permite que algumas funções da área onde ocorreu a lesão retornem", explica Tomaino.</div>
<div style="text-align: justify;">
Oliver Sacks, falecido em 2015, publicou vários livros, incluindo um chamado <em>Tempo de despertar</em>, que deu origem ao filme homônimo, protagonizado por Robert De Niro e Robin Williams.</div>
<div style="text-align: justify;">
Connie Tomaino se tornou uma referência internacional em musicoterapia.</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-14360048127753053872019-12-11T14:15:00.000-08:002019-12-11T14:25:45.944-08:00O que é a passagem de Drake, complexa zona marítima onde um avião militar chileno desapareceu <div class="story-body__introduction">
É uma região onde a temperatura varia entre 0ºC e -25ºC durante todo o ano.<br />
<br />
<img alt="O avião desaparecido tinha como destino a Base Aérea Presidente Eduardo Frei - Getty Images" class="pinit-img loaded" data-crazyload="loaded" data-crop="{"xs":"450x253","sm":"750x421","md":"600x337","lg":"750x421"}" data-src="https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/29/2019/12/10/o-aviao-desaparecido-tinha-como-destino-a-base-aerea-presidente-eduardo-frei-1575975448741_v2_600x337.jpg" height="337" initiated="true" src="https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/29/2019/12/10/o-aviao-desaparecido-tinha-como-destino-a-base-aerea-presidente-eduardo-frei-1575975448741_v2_600x337.jpg" width="600" /><br />
<br />
A Passagem de Drake, também chamada de Mar de Drake, é a região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do Sul, e também é o epicentro das buscas pelo avião chileno Hércules C-130 que desapareceu na noite da segunda-feira (9/12) com 38 pessoas a bordo.</div>
<div style="text-align: justify;">
"As condições são extremamente difíceis" e "a situação é muito adversa" são alguns dos diagnósticos fornecidos pelas autoridades chilenas desde que o desaparecimento da aeronave foi confirmado. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O diagnóstico foi feito com base nas dificuldades sentidas pelas equipes de busca e salvamento durante a procura pela aeronave.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, um especialista na região considera a Passagem de Drake como uma das regiões marítimas "mais complicadas do mundo", com enormes dificuldades para navegação e ondas com alturas que variam de seis a dez metros.</div>
<div style="text-align: justify;">
"São áreas muito complicadas do sistema. Ali também convergem o Oceano Atlântico e o Pacífico, onde os dois mares estão entrelaçados", disse Nicolás Butorovic, diretor de climatologia da Universidade de Magalhães, ao jornal chileno <i>El Mercurio</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
Magalhães é a Província do sul do Chile onde fica a cidade de Punta Arenas, o local de decolagem do Hércules que perdeu contato às 18:13 de segunda-feira e que aterrissaria na base militar Presidente Eduardo Frei Montalva, na Antártida.</div>
<h2 class="story-body__crosshead" style="text-align: justify;">
A área</h2>
<div style="text-align: justify;">
Os ventos, a baixa visibilidade e as fortes correntes da Passagem de Drake são algumas das características da área marítima de cerca de 800 km, onde o Pacífico e o Atlântico se encontram.</div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, a grande profundidade de suas águas e seu sistema de circulação atmosférica produzem mudanças de tempo repentinas e muito difíceis de prever, deixando aqueles que a atravessam - navegando ou voando - à mercê desses fenômenos.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="" class="img-responsive full" src="http://imagens.ebc.com.br/i0lU4IsHuV3Mb5fxoVRFngG4epc=/375x183/smart/http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/files/thumbnails/image/aviao_desaparecido_no_chile.jpg?itok=9J1jr1oS" title="aviao_desaparecido_no_chile" /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-size: x-small;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">"São mudanças bruscas nas condições de temperatura, visibilidade e principalmente do vento, em um período muito curto. É um desafio para a navegação e tráfego aéreo enfrentar essas latitudes. Tanto pilotos quanto comandantes de aeronaves e navios passam por processos de treinamento especial para operar nessas áreas extremas, com processos de adaptação e treinamento muito rígidos", explicou o vice-almirante da Marinha do Chile e atual senador Kenneth Pugh.</span></div>
<span style="font-size: x-small;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Em uma entrevista ao jornal chileno <i>La Tercera</i>, a autoridade acrescentou que "normalmente nessas latitudes não há cobertura completa e permanente de satélites de comunicações geoestacionárias, por conta das características dessa órbita equatorial".</span></div>
<span style="font-size: x-small;">
<div style="text-align: justify;">
Pugh disse ainda que essas condições marítimas dificultam o uso de radares e reduzem a probabilidade de detecção de aeronaves.</div>
<div style="text-align: justify;">
Diferentes especialistas consultados pela imprensa chilena concordaram que no dia do desaparecimento do Hércules C-130 as ondas podiam atingir até 10 metros de altura com ventos de cerca de 100 km/h.</div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
Essas condições podem significar que a área de buscas tenha de ser ampliada.</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Quem foi Francis Drake</h2>
<div class="story-body__crosshead">
<a data-cthref="/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=2ahUKEwi4qPHaza7mAhXkLLkGHYdxAokQjRx6BAgBEAQ&url=https%3A%2F%2Fescola.britannica.com.br%2Fartigo%2FFrancis-Drake%2F481170&psig=AOvVaw0HeU9RCsBMyDc9EWNkPKDS&ust=1576188456357024" data-ved="2ahUKEwi4qPHaza7mAhXkLLkGHYdxAokQjRx6BAgBEAQ" href="https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=2ahUKEwi4qPHaza7mAhXkLLkGHYdxAokQjRx6BAgBEAQ&url=https%3A%2F%2Fescola.britannica.com.br%2Fartigo%2FFrancis-Drake%2F481170&psig=AOvVaw0HeU9RCsBMyDc9EWNkPKDS&ust=1576188456357024" id="irc_mil" jsaction="mousedown:irc.rl;focus:irc.rl;irc.il;" style="border-image: none; border: 0px currentColor;" target="_blank"><img alt="Resultado de imagem para fotos de francis drake" height="363" id="irc_mi" src="https://cdn.britannica.com/s:575x450/26/8226-004-9C5A5F15.jpg" style="margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;" width="363" /></a></div>
<div class="story-body__crosshead">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Francis Drake foi um navegador e corsário inglês que no final do século 16 que conseguiu atravessar o estreito de Magalhães.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os historiadores apontam que outras expedições cruzaram as águas do que hoje é conhecido como Passagem de Drake décadas antes da jornada inglesa.</div>
<div style="text-align: justify;">
O corsário foi um dos primeiros financiados pela coroa inglesa a atacar as embarcações espanholas que transportavam a riqueza obtida na América para a Europa, algo que ele fez tanto no Peru quanto no Chile.</div>
<div style="text-align: justify;">
Séculos depois, os mais de 800 km da Passagem de Drake são compartilhados pela Argentina e pelo Chile, além de uma parte importante ser considerada águas internacionais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, esses dois países, junto com o Uruguai e o Brasil, também compartilham o trabalho de procurar o avião danificado na segunda-feira. A tarefa, como já alertou o ministro da Defesa chileno Alberto Espina, é bastante difícil.</div>
<div style="text-align: justify;">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-75710616739514570872019-12-11T13:53:00.000-08:002019-12-11T13:53:17.511-08:00Maior parte do desmatamento em Mato Grosso é ilegal e acontece em propriedades privadas <div style="text-align: justify;">
MADRI - A maior parte do <a data-id="68" data-m="{"i":68,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":2}" href="https://tudo-sobre.estadao.com.br/desmatamento" target="_blank"><strong>desmatamento</strong></a> registrado oficialmente no Estado de <a data-id="69" data-m="{"i":69,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":3}" href="https://tudo-sobre.estadao.com.br/mato-grosso-estado" target="_blank"><strong>Mato Grosso</strong></a> neste ano foi ilegal. Dos 1.685 km² de floresta derrubados entre agosto de 2018 e julho deste ano, 85% não tinham autorização para ocorrer. É o que mostra uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV), que cruzou os dados do sistema Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com as autorizações de supressão florestal concedidas pelo Estado. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira, 11, durante a Conferência do Clima da ONU, que ocorre em Madri.</div>
<div style="text-align: justify;">
MT é o único Estado que permite essa avaliação de forma rápida porque tem um sistema transparente de informações sobre as licenças para corte. A comparação dos dados revela ainda que mais da metade de todo o desmatamento (56%) aconteceu em propriedades privadas inseridas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Isso significa que são propriedade com localização, limites e donos conhecidos do poder público.</div>
<div style="text-align: justify;">
Também chama a atenção que, entre as propriedades com CAR, mais da metade da floresta derrubada se concentrou em imóveis rurais grandes (acima de 1.500 hectares), seguidos dos imóveis médios, que possuem entre 400 e 1.500 hectares (28%). E os polígonos de desmatamento foram superiores a 50 hectares em 82% dos casos de desmatamento em imóveis privados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para os pesquisadores do ICV responsáveis pela avaliação, os dados apontam para um sentimento de impunidade no ar. “Esses proprietários de terra que estão desmatando sabem que o Estado tem os dados deles, telefone, CPF. Mais da metade é grande propriedade e 30% são grandes cortes, de mais de 50 hectares. Isso significa que há planejamento por trás, e que eles (os donos) consideram que vale a pena gastar dinheiro com o desmate.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<img alt="Mayke Toscano/Gcom-MT" src="https://www.gazetadigital.com.br/storage/webdisco/2019/08/05/431x285/1add5e2cc491c4725eabb6ef1792c43c.jpg" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Estudos estimam que desmatar um hectare (área equivalente a um campo de futebol) custa cerca de R$ 1.000. Há polígonos de 200 hectares, ou seja, foram necessários R$ 200 mil para desmatar o local. "Estão apostando que vai mudar a lei”, disse ao Estado Alice Thuault, analista de política pública do ICV. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ela lembra que, assim como aconteceu em toda a região, houve uma redução neste ano de 36% dos autos de infração do Ibama por crimes contra a flora no Estado. É um número que vem caindo a partir de 2015, mas teve o maior queda neste ano. </div>
<div style="text-align: justify;">
De todos os <a data-id="70" data-m="{"i":70,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":4}" href="https://tudo-sobre.estadao.com.br/desmatamento" target="_blank"><strong>desmatamento</strong></a> ilegais no Estado, 74% ocorreram em 1.065 imóveis rurais - pouco mais de 1% do total de imóveis cadastrados. “Ou seja, são poucos os imóveis rurais que descumprem a legislação florestal e colocam em risco a legalidade e sustentabilidade da produção agropecuária de Mato Grosso”, aponta o relatório do ICV. É um perfil bastante diferente do observado nos demais Estados da Amazônia, onde a maior parte do desmatamento acontece em áreas públicas. </div>
<div style="text-align: justify;">
O <a data-id="71" data-m="{"i":71,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":5}" href="https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,taxa-de-desmatamento-da-amazonia-sobe-29-5-no-ano-e-chega-perto-de-10-mil-km,70003093599" target="_blank"><strong>desmatamento registrado em Mato Grosso representa 17% do total</strong></a> registrado em toda a Amazônia (o segundo maior porcentual, atrás apenas do Pará) . O Estado teve alta de 13% em relação ao período de agosto de 2017 a julho de 2018 e está cada vez mais longe de uma meta que o próprio Estado tinha feito, em 2015, de chegar ao <a data-id="72" data-m="{"i":72,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":6}" href="https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,mato-grosso-e-acre-se-comprometem-a-zerar-desmatamento-em-2020,10000004127" target="_blank"><strong>desmatamento ilegal zero até 2020</strong></a>.</div>
<h3 class="intertitulo">
Alô, desmatador</h3>
<div style="text-align: justify;">
O secretário-executivo da Secretaria de Meio Ambiente de MT, Alex Marega, presente na COP, afirmou que o Estado vem adotando novas estratégias para tentar conter o desmatamento. Ele destacou que, de 2004 a 2014, Mato Grosso teve uma redução de 90% da devastação da floresta. No início dos anos 2000, o Estado era o líder de desmatamento na Amazônia e perdia cerca de 12 mil km2 por ano. Em 2012, chegou à menor taxa - de 757 km² - ano em que toda a Amazônia teve a sua mais baixa perda de floresta. Nos últimos cinco anos, porém, o Estado tem sofrido altas consecutivas, mantendo taxas superiores a 1.480 km²/ano.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Estado adotou, recentemente, um sistema de <a data-id="73" data-m="{"i":73,"p":66,"n":"partnerLink","y":24,"o":7}" href="https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,mato-grosso-troca-fiscalizacao-de-desmate-do-inpe-por-sistema-privado,70002967871" target="_blank"><strong>monitoramento de desmatamento com imagens do Planeta</strong></a>, sistema privado que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que planeja comprar para a Amazônia como um todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O número de fiscalizações aumentou a partir de agosto e foi adotada uma estratégia de começar a telefonar para os proprietários de terra quando a Sema detecta que um desmatamento está em curso. </div>
<div style="text-align: justify;">
“Há 15 dias começamos com essa estratégia de, a partir dessas novas imagens, entrar em contato no momento em que identificamos. Vimos, por exemplo, um desmatamento de 3 hectares. Identificamos de quem era a terra, ligamos para ele e avisamos: vimos que você desmatou tanto. Começamos a monitorar diretamente e vemos se parou ou não”, contou.</div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo ele, o objetivo é tentar interromper a devastação. "Antes a gente só autuava e responsabilizava, mas objetivo não é penalizar, mas evitar que ocorra. É um novo modelo, acreditamos que vai dar um resultado melhor. E quem não parar… aí vamos lá mesmo. E já deixamos avisado: vamos multar, embargar, e correm o risco de perder equipamentos se forem pegos em flagrante."</div>
EstadãoVera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-44027582735630816102019-11-27T13:44:00.000-08:002019-11-27T13:44:09.142-08:00O bar que vende doses de oxigênio em Nova Déli<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
<a data-toggle="lightbox" href="https://centronews.sfo2.digitaloceanspaces.com/storage/webdisco/2019/11/27/800x600/a68471450e0126bb5437db2d117baf8e.jpg" title=""><img alt="image" class="img-responsive" src="https://centronews.sfo2.digitaloceanspaces.com/storage/webdisco/2019/11/27/560x420/a68471450e0126bb5437db2d117baf8e.jpg" /></a></div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="story-body__introduction" style="text-align: justify;">
Com a cidade tomada pela poluição, um bar em Nova Déli, capital da Índia, vende doses de oxigênio aromatizado para a população. A promessa é que a inalação ajuda o corpo a se desintoxicar de poluentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
O estabelecimento cobra dos clientes o equivalente a até R$ 27 por 15 minutos de "ar puro". Entre as opções de aroma, estão menta e lavanda.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nova Déli sofre com altos índices de poluição e até estado de emergência já foi declarado na cidade por esse motivo. E o problema também afeta outras áreas do país. </div>
<div style="text-align: justify;">
Das 30 cidades mais poluídas, 22 estão na Índia, segundo pesquisa da ONG Greenpeace e do IQ AirVisual, grupo baseado na Suíça.</div>
<div style="text-align: justify;">
Médicos questionam, no entanto, os benefícios da inalação de oxigênio como oferecido no bar, já que o problema é a baixa qualidade do ar na cidade, e não o baixo nível de oxigênio. </div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, não há comprovação científica a respeito dos benefícios do suplemento de oxigênio.</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6382167159796456728.post-72249685760341609562019-11-27T13:08:00.000-08:002019-11-27T13:08:03.645-08:00Linhas de Nazca no Peru: os intrigantes geoglifos descobertos com tecnologia de última geração <img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/132F9/production/_109758587_082bf759-9abe-4abd-ba54-0b1a97c46f16.jpg" width="400" /><br />
<br />
<strong>Algumas têm formas humanas, de animais ou de plantas; outras são seres míticos, desconhecidos, que parecem frutos da imaginação.</strong><br />
<div aria-hidden="true" class="bbccom_slot mpu-ad" id="bbccom_mpu_3">
<div class="bbccom_advert">
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Quase todas são uma espécie de mensagem da Terra para o cosmos, traços — como caligrafias desconhecidas — criados no passado para a eternidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
As chamadas "Linhas de Nazca", localizadas em um deserto no centro-sul do Peru, continuam intrigando cientistas e visitantes, centenas de anos após sua criação. </div>
<div aria-hidden="true" class="bbccom_advert" style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Algumas estão em perfeito estado, enquanto outras foram parcialmente apagadas pelos ventos, pela erosão e pela passagem do tempo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, agora, um grupo de especialistas japoneses encontrou, por meio de tecnologia de última geração, uma série de geoglifos desconhecidos até então.</div>
<div style="text-align: justify;">
São mais de 140 formas que vão desde as já conhecidas, como macacos e cobras, até outras que surpreendem os cientistas, como a de uma figura humanoide com um bastão, cujo significado começará a ser estudado. </div>
<br />
<img alt="linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/15A09/production/_109758588_6786fc01-699b-48c2-b3a6-7f32d34fec94.jpg" width="400" /><br />
<br />
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/18119/production/_109758589_f1d2f007-5ec6-4132-854a-dfe7a8b729fc.jpg" width="400" /><br />
<br />
Segundo informou o comunicado da Universidade de Yamagata, que apoiou o estudo, acredita-se que os geoglifos encontrados foram criados entre os anos de 100 a.C. e 300 d.C., sendo que a maioria está em estado precário. <br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Como fizeram o estudo</h2>
<div style="text-align: justify;">
A equipe de especialistas japoneses, liderada pelo arqueólogo Masato Sakai, partiu da análise de imagens de satélite de alta resolução tiradas do deserto, para depois realizar estudos de campo, entre 2016 e 2018, até identificar as novas linhas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Com os dados obtidos e o processamento das imagens, realizaram projeções das figuras e descobriram 142 novas linhas, representando peixes, lhamas, macacos e aves. </div>
<br />
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/2571/production/_109758590_e6d574e2-19b1-4ce1-90f5-5f6f5c4694ed.jpg" width="400" /><br />
<br />
A partir daí, com os dados coletados, utilizaram técnicas de inteligência artificial (IA) para reconstruir algumas das formas, que não podiam ser definidas por métodos convencionais. <br />
Foi assim que a iniciativa chegou à identificação de um geoglifo surpreendente: uma figura humana com um bastão. <br />
<br />
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="282" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/4C81/production/_109758591_9093ae8f-c523-46ac-8954-56679132b3ee.png" width="400" /><br />
<br />
"O estudo explorou a viabilidade do potencial da inteligência artificial para descobrir novas linhas e introduziu a capacidade de processamento de grandes volumes de dados por meio de IA, incluindo fotos aéreas de alta resolução em alta velocidade", detalha o comunicado sobre a pesquisa. <br />
<h2 class="story-body__crosshead">
O que os cientistas encontraram?</h2>
As figuras encontradas variam tanto em sua complexidade quanto em sua idade e tamanho. <br />
A maior entre elas mede mais de 100 metros de ponta a ponta — um pouco maior do que a Estátua da Liberdade — e a menor, apenas cinco metros, praticamente o mesmo tamanho da estátua de Davi, de Michelangelo. <br />
<br />
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="282" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/7391/production/_109758592_6e572b1a-453f-4772-9112-d2e35d1c1072.jpg" width="400" /><br />
<br />
Para facilitar a identificação, os especialistas japoneses separaram dois grupos: <br />
<h2 class="story-body__crosshead">
Grupo A</h2>
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">São desenhos lineares e que tendem a ser maiores, medindo mais de 50 metros cada um.</li>
</ul>
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">Acredita-se que foram feitos mais recentemente, e sua origem varia entre os anos 100 e 300 d.C. </li>
</ul>
<div class="story-body__list-item">
<img alt="Linhas de nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/9AA1/production/_109758593_964a8ed9-0f2b-486b-9cea-c43b307e4020.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__list-item">
</div>
<h2 class="story-body__crosshead">
Grupo B</h2>
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">Tendem a ser estruturas mais complexas e de tamanho menor, com menos de 50 metros. </li>
<li class="story-body__list-item">Acredita-se que tenham sido produzidas por volta do ano de 100 a.C., ou em períodos anteriores. </li>
</ul>
<div class="story-body__list-item">
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/C1B1/production/_109758594_f3cc2380-b2db-4384-9210-b9381ec2f8d2.jpg" width="400" /></div>
<div class="story-body__list-item">
</div>
De acordo com os cientistas, cada grupo tinha propósitos diferentes. O primeiro seria utilizado para rituais e o segundo, como pontos de referência para viajantes. <br />
<h2 class="story-body__crosshead">
O que são as 'Linhas de Nazca'?</h2>
<div style="text-align: justify;">
Localizadas a cerca de 400 quilômetros de Lima, as Linhas de Nazca permaneceram desconhecidas por séculos. O início das atividades de aviação permitiram o descobrimento dessas formas enigmáticas, que só são visíveis de grandes alturas. </div>
<div style="text-align: justify;">
Ao todo, elas ocupam uma área aproximada de 517 quilômetros quadrados em um deserto, e incluem centenas de geoglifos, criados pela civilização nazca entre 500 a.C. e 500 d.C.</div>
<br />
<img alt="linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/E8C1/production/_109758595_7ae0235c-10ae-4f55-9567-43548813f394.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
"Segundo os pesquisadores, todas as figuras foram criadas com a remoção de rochas negras que cobriam o terreno, expondo a areia embaixo", explicou a equipe japonesa. As condições áridas do terreno permitiram sua conservação ao longo de séculos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Com tais figuras, a antiga sociedade de nazca, que existiu há cerca de 2.300 anos, "transformou um extenso território estéril em uma paisagem cultural com alta conotação simbólica, ritual e social", segundo o Ministério da Cultura do Peru.</div>
<div style="text-align: justify;">
As linhas foram descobertas em 1927 e, segundo Paul Kosok, um pesquisador americano que se dedicou ao seu estudo, eram "o maior livro astronômico do mundo", que marcava os solstícios de inverno e de verão. </div>
<br />
<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/10FD1/production/_109758596_f91cece6-c003-4f86-88b7-0363334a0c3d.jpg" width="400" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, até hoje não se sabe qual era de fato a sua finalidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1993, os geoglifos passaram a integrar uma reserva arqueológica e a ser parte do Patrimônio Cultural da Nação do Peru. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um ano depois, foram classificados como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). </div>
<div style="text-align: justify;">
"São o grupo de geoglifos mais notável do mundo e são incomparáveis em extensão, magnitude, quantidade, tamanho e diversidade em relação a qualquer outro trabalho similar no mundo", afirmou a Unesco. </div>
<div style="text-align: justify;">
"Constituem um feito artístico singular e magnífico da cultura andina", adiciona a instituição. </div>
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<img alt="Linhas de Nazca" class="js-image-replace" data-highest-encountered-width="976" height="225" src="https://ichef.bbci.co.uk/news/976/cpsprodpb/136E1/production/_109758597_a5f47801-a7e7-4998-bcd7-8a2829342697.jpg" width="400" /><br />
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A aura de mistério que rodeia essa obra pré-inca deve-se a três características fundamentais: <br />
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">suas proporções monumentais;</li>
</ul>
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">o fato de que seus desenhos só podem ser apreciados por completo de grandes alturas;</li>
</ul>
<ul class="story-body__unordered-list">
<li class="story-body__list-item">sua localização no meio de um dos desertos mais áridos do mundo.</li>
</ul>
<div class="story-body__list-item">
BBC</div>
Vera Pessotahttp://www.blogger.com/profile/15281460981882051292noreply@blogger.com0