quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Conama aprova resoluções para aumentar controle de gazes poluentes

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou resoluções que pretendem aumentar o controle de emissões de gases poluentes por veículos automotores e melhorar os padrões de qualidade do ar. A decisão foi tomada durante reunião do colegiado realizada ontem (30).
Uma das resoluções aprovadas estabelece que no Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) seja incluída uma nova etapa de exigências para veículos pesados novos. A mudança valerá a partir de 2022 e deve limitar a emissão de poluentes e ruídos nos novos veículos de uso rodoviário e para transporte de passageiros e mercadorias.
Proconve foi criado em 1986 para determinar prazos, limites máximos de emissão e exigências tecnológicas para controlar a contaminação atmosférica e emissão de ruídos por fontes móveis. Os novos critérios do programa incluem a medição das emissões em condições reais na rua e questões como fatores de deterioração e o acompanhamento das emissões de acordo com a vida útil do veículo.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, desde que surgiu o Proconve, a emissão de poluentes é 90% menor do que na década de 80. A redução na poluição evitou mais de 14 mil mortes e resultou na economia de R$ 1,3 bilhão em assistência médica.
 
Macaque in the trees
 
A expectativa da pasta é que a definição da nova etapa do programa poderá promover a redução de até 99% na emissão de poluentes com partículas finas. Além de trazer benefícios ambientais, o impacto da redução contribuirá para diminuir problemas para saúde humana, como doenças cardíacas, câncer de pulmão e acidentes vasculares.
O Conama aprovou também resolução que ajusta os padrões atuais de qualidade de ar aos princípios do desenvolvimento sustentável. A resolução redefine as partículas (como chumbo, monóxido de carbono, entre outros) e a quantidade de poluentes considerados como parâmetros para medição da qualidade do ar pelos órgãos ambientais.
Conama
O Conama foi instituído em 1981 pela Política Nacional do Meio Ambiente como órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). O Conselho é composto por representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, além do setor empresarial e da sociedade civil.
Entre as competências privativas do Conama, está o estabelecimento de normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações. Compete também ao órgão a formulação de normas, critérios e padrões para controle e manutenção da qualidade do meio ambiente.

Rússia quer retomar voos espaciais tripulados em dezembro

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A Rússia deseja retomar os voos tripulados para a Estação Espacial Internacional (ISS) em 3 de dezembro, após o fracasso do lançamento de um foguete Soyuz que obrigou dois astronautas a retornar à Terra.
"Fazemos todo o possível para mudar o lançamento da nave para 3 de dezembro", afirmou o diretor executivo da agência espacial Roskosmos, Serguei Krikaliov.
Ele espera que a tripulação que se encontra a bordo da ISS possa retornar à Terra "por volta de 20 de dezembro", um pequeno atraso em relação à data prevista inicialmente, 13 de dezembro.
O cosmonauta russo Oleg Kononenko, a astronauta americana Anne McClain e o canadense David Saint-Jacques serão os tripulantes do voo previsto para 3 de dezembro.
Será o primeiro lançamento desde o fracasso da missão que deveria levar dois astronautas à ISS no dia 11 de outubro. Um problema no motor, dois minutos depois da decolagem, provocou a ejeção automática de parte do foguete que abrigava a cápsula na qual viajavam os dois homens.
 

Projeto prevê primeeiro parto humano de embrião "extra terrestre" no espaço

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Pesquisadores da empresa SpaceLife Origin estão procurando mulheres voluntárias para darem à luz no espaço, relata o portal Globe Newswire.
O experimento é previsto para 2024. Durante a missão de 24 a 36 horas, uma mulher dará à luz a 400 quilômetros da Terra ao lado de médicos treinados. A busca por voluntárias começará em 2022.
Entretanto, antes disso, em 2021, será lançada uma incubadora espacial para embriões, em qual serão colocados espermatozoides e óvulos humanos. Assim que a incubadora chegar ao espaço, os óvulos serão fertilizados e o processo de desenvolvimento do embrião será iniciado. Depois de quatro dias, o dispositivo voltará para a Terra e os óvulos fecundados serão injetados artificialmente dentro do útero.
Segundo a empresa, o projeto custará caro – somente concepção do embrião no espaço corresponderá a US$ 5 mil (R$ 18,4 mil).
"Se a humanidade quer se tornar uma espécie multiplanetária, nós precisamos também aprender como se reproduzir no espaço", anunciou Kees Mulder, presidente-executivo e fundador da SpaceLife Origin.

Por que a descoberta do vírus da zika em macacos pode ser próblema sério para o Brasil

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"Não sabemos ainda a quantidade de vírus que os macacos podem produzir, e se isso é suficiente para infectar o mosquito de volta", diz Nogueira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O vírus da zika atinge não apenas humanos, mas também macacos, segundo um novo estudo brasileiro publicado nesta terça-feira (30). A descoberta sugere que a doença também pode ter um ciclo silvestre no país, o que aumentaria seu alcance.
Atualmente, a zika, transmitida entre humanos pelo mosquito Aedes aegypti, é considerada uma doença urbana e endêmica pelo Ministério da Saúde, que monitora os casos desde a epidemia de 2015.
Mas um estudo publicado na revista "Scientific Reports" afirma que o vírus foi encontrado em carcaças de macacos que foram mortos a tiros, pauladas ou mordidas de cachorros durante o surto de febre amarela, nas cercanias de São José do Rio Preto (SP) e de Belo Horizonte (MG).
"O vírus da zika já tinha sido encontrado em macacos que conviviam com humanos no Ceará, mas esta é a primeira vez em que é encontrado inequivocamente em macacos de regiões de mata próximas a duas cidades", disse à BBC News Brasil o pesquisador da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia Maurício Lacerda Nogueira, que liderou o estudo.
A descoberta, segundo Nogueira, significa que macacos podem ser infectados pelo vírus e, portanto, serem hospedeiros para ele, assim como os humanos. Caso seja provado que mosquitos que picam estes animais também contraem o vírus, fica estabelecido um ciclo silvestre, assim como o da febre amarela.
O estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e reuniu pesquisadores da Famerp, da Universidade Federal de Minas Gerais, do Instituto Adolfo Lutz, da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Dengue e da University of Texas Medical Branch (UTMB), nos Estados Unidos.

Animais doentes e 'moles'

Todas as carcaças examinadas eram de animais que foram mortos no primeiro semestre de 2017, no auge do surto de febre amarela que, entre dezembro de 2016 e março de 2018, matou 676 pessoas no País e deixou mais de 2 mil doentes.
"A maior parte deles eram saguis (Callithrix sp.) e micos (Sapajus sp.), que costumam ser difíceis de capturar. Isso nos intrigou, e quisemos descobrir se eles estavam doentes de alguma forma. Não com a febre amarela, que os mata, mas com algo que facilitasse a captura", disse Nogueira.
Cerca de 80 carcaças foram analisadas. O exame revelou que os animais não tinham febre amarela, mas cerca de 30% estavam doentes com zika. O sequenciamento do DNA do vírus encontrado nos primatas mostrou que era o mesmo que estava presente em humanos. Mosquitos Aedes capturados nos mesmos locais e no mesmo período também carregavam o vírus.
"Foi aí que entendemos que o vírus estava saindo da população e indo para os macacos. É o caminho de ida para o ciclo silvestre."
Ainda durante o estudo, os cientistas infectaram macados saudáveis com zika e viram que o vírus se tornava presente em seu sangue - uma prova de que havia se multiplicado no organismo.
"Do período em que a viremia estava no auge, eles ficavam moles, extremamente dóceis e fáceis de manipular. É provavelmente por isso que foram capturados e mortos pela população. Mas eles se recuperaram, não morreram pela doença", explicou o pesquisador.
"Em momentos de surto, as pessoas entram em pânico e matam os macacos, mas eles são vítimas como nós."

Ciclo selvagem tornaria combate à doença mais difícil


O zika vírus apareceu originalmente em macacos na África, mas infectava populações humanas em surtos esporádicos. Ao chegar a países do Sudeste da Ásia, ele passou a circular apenas entre humanos, transmitido pelo Aedes aegypti. Assim também permaneceu quando entrou no Brasil e em outros países na América Latina.
No ciclo urbano, o mosquito passa o vírus de um humano contaminado para outro, saudável.
Já no caso da febre amarela, o que ocorre é o ciclo silvestre, no qual os macacos são os principais hospedeiros do vírus – ciclos urbanos da doença não são registrados desde os anos 1940 no Brasil. Em regiões de mata, mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes picam os primatas e transmitem a doença a outros – podem também transmiti-la a seres humanos que vivam na região.
 A circulação do vírus na floresta o torna mais difícil de erradicar completamente. Por isso, o Brasil ainda convive com surtos esporádicos de febre amarela, que afetam principalmente os animais.
Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que a descoberta do zika em macacos, por si só, ainda não é suficiente para dizer que já há um ciclo silvestre da doença no país.
"Esse estudo mostra que o macaco é um reservatório, mas ainda não sabemos se a carga viral que ele tem é suficiente para manter o ciclo. Uma coisa é achar o vírus nos macacos, outra é saber se eles estão infectando os mosquitos", disse à BBC News Brasil o médico Carlos Brito, especialista em arboviroses (doenças transmitidas por insetos) da Unversidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do comitê ténico de arboviroses do Ministério da Saúde.
Maurício Nogueira, coordenador da pesquisa, também afirma que as próximas etapas do estudo buscarão determinar por quanto tempo os primatas ficam infectados com zika e se a carga de vírus em seu sangue durante a infecção é suficiente para que mosquitos contraiam o vírus ao picá-los.
Caso isso não aconteça, os macacos ficariam doentes, mas o ciclo silvestre não aconteceria, restringindo a circulação do vírus em áreas de floresta. Mas, o ciclo ocorrer, o combate à zika pode se tornar mais difícil do que já é, segundo Brito.
"Ter o vírus circulando em primatas significa que temos mais um reservatório para ele, e mais risco de surtos em humanos também. Isso ampliaria o alcance da doença e dos seus efeitos devastadores. Uma vacina, por exemplo, se torna ainda mais urgente."
Segundo o Ministério da Saúde, as vacinas de zika ainda estão em estágio de desenvolvimento no Brasil.
"A pasta já se comprometeu, desde novembro de 2015, com mais de R$ 270 milhões para o desenvolvimento de vacinas e novas tecnologias nesta área. Desse total, R$ 100 milhões foram destinados para o custeio da terceira e última fase da pesquisa clínica da vacina da dengue, R$ 5,6 milhões para o desenvolvimento de vacina contra o vírus zika pela Fiocruz, R$ 6,5 milhões para a vacina contra o zika pelo Evandro Chagas", disse, em nota, à BBC News Brasil.
Em 2018, até o dia 15 de setembro, o país teve 3.155 casos confirmados de infecção por Zika. Em 2017, foram 8.839 casos confirmados.
 
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Olhada para trás: sonda solar capta fotos da Terra a 43 milhões de km

Macaque in the trees
 
A sonda espacial Parker Solar Probe da Nasa, que está se dirigindo para o Sol, deu uma "olhada" para trás para fotografar a Terra à distância de 43 milhões de quilômetros de nosso planeta.
A Nasa divulgou recentemente uma imagem da Terra captada pela sonda, que pretende se aproximar o mais possível do Sol, revela o comunicado da agência espacial norte-americana publicado na quarta-feira (24).
A fotografia, tirada a cerca de 43 milhões de quilômetros de nosso planeta, mostra a Terra como um ponto redondo brilhante no lado direito da imagem, rodeado por milhares de estrelas espalhadas por esta parte da galáxia.
A foto foi enviada através do único instrumento de transmissão de imagens localizado a bordo da sonda solar (o WISPR, na sigla em inglês), enquanto o aparelho espacial estava a caminho de Vênus a fim de utilizar a força gravitacional do planeta e, assim, alinhar seu curso — uma manobra conhecida como assistência gravitacional.
Na outra imagem transmitida pela sonda solar é possível ver uma leve protuberância à direita. É a Lua, ou melhor, uma parte do satélite do nosso planeta, que aparece por trás da Terra.
A sonda Parker Solar Probe foi lançada em 12 de agosto. Seu principal objetivo é revelar como a energia e o calor se movem através da coroa do Sol e o que faz acelerar o vento solar.
Nos sete anos que a missão previsivelmente durará, a espaçonave completará 24 órbitas ao redor do Sol e viajará através da atmosfera da estrela central do nosso Sistema Solar, a uma distância "sete vezes mais próxima" do que qualquer outra nave espacial, segundo informações da agência espacial, percorrendo a distância a cerca de 150 milhões de quilômetros.
A sonda Parker Solar Probe voará pela primeira vez até à camada mais externa da atmosfera do Sol, conhecida como coroa, para ampliar os conhecimentos sobre a origem e evolução do vento solar.
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

EUA tem primeira fazenda autônoma

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De uma forma inovadora, a primeira fazenda de produção totalmente autônoma foi inaugurada nos Estados Unidos, tendo como objetivo comercializar seus produtos o mais breve possível. De acordo com Brandon Alexander, cofundador e CEO da Iron Ox, desenvolvedora da tecnologia, a horta cultiva muitos vegetais de folhas verdes, como a alface romana, alface francesa e couve, além de manjericão, coentro e cebolinha.
A aparelhagem funciona com tecnologia hidropônica e conta com um robô chamado Angus, capaz de levantar e mover 450kg além de conter braços que permitem realizar a colheita daqueles produtos. Alexander afirma ainda que a configuração atual pode produzir cerca de 26.000 plantas por ano e é equivalente a uma fazenda a céu aberto com um total de um hectare, com a diferença de que está em um espaço menor e mais eficiente, segundo ele. 
 
Imagem relacionada
 
Nesse cenário, a maioria dos vegetais consumidos nos Estados Unidos é cultivada na Califórnia e no Arizona, especialmente durante os meses de inverno do país. Isso significa que uma alface romana vendida na costa leste, para o mês de janeiro, certamente terá percorrido cerca de 3.200 quilômetros para chegar no seu destino. Assim, o objetivo dos pesquisadores é conseguir diminuir essa logística, permitindo que o alimento seja cultivado em qualquer parte do país. 
O plano agora é começar a vender os produtos da primeira fazenda e depois tentar utilizar para locais cada vez maiores ao longo do tempo. A empresa afirma que tem dinheiro para isso, já que anunciou que arrecadou mais de US$ 5 milhões, incluindo uma rodada de 3 milhões que foi anunciada no início deste ano de 2018.
 

Por que a Nasa está criando um sistema de 'dilúvio' para lançamentos de foguetes

Para lançar um foguete ao espaço, é necessária uma grande quantidade de combustível. E, em breve, de água também.
 
Plataforma de lançamento
Em 18 de outubro, a Nasa, agência espacial americana, testou com sucesso um novo projeto, que batizou com um nome quase impossível de decorar: sistema de dilúvio para proteção da sobrepressão da ignição e supressão do som.
O nome pode soar ambicioso, mas está à altura do que demonstrou no teste: em apenas um minuto, o sistema lançou um poderoso jato de 1,7 milhão de litros de água, que atingiu 30 metros de altura.
A rápida inundação aconteceu no Centro Espacial John F. Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida, e faz parte dos preparativos para o novo Sistema de Lançamento Espacial (SLS, na sigla em inglês), que a Nasa pretende lançar em 2020.
De acordo com a agência espacial americana, o SLS será o "mais poderoso" que eles já construíram.
Quando estiver pronto, será usado para enviar astronautas para além da órbita da Terra.
Além disso, terá uma capacidade de carga maior, o que permitirá mandar missões não tripuladas para lugares como a Lua, Marte, Saturno e Júpiter.

E por que o dilúvio?

Lançamento de foguete
 
O sistema de inundação vai servir para reduzir a grande quantidade de calor e energia liberada em cada lançamento do SLS.
O teste de fogo, ou melhor, de água, será a Missão de Exploração 1 em 2020, que vai lançar a nave Orion com tripulantes para explorar o espaço profundo pela primeira vez.
BBC

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Pesquisadores encontram cinco esqueletos em Pompéia

Resultado de imagem para fotos dos esqueletos encontrados em pompeia

Os restos mortais de cinco pessoas, possivelmente duas mulheres e três crianças, foram descobertos por pesquisadores do Parque Arqueológico de Pompeia, no sul da Itália.
Segundo os arqueólogos, o grupo se refugiou em um dos cômodos da casa localizada na área conhecida como "Regio V" do sítio histórico, na tentativa de fugir da tempestade de cinzas que atingiu a cidade em 79 d.C., após uma a erupção do vulcão Vesúvio.
"É uma descoberta chocante, mas também muito importante para a história dos estudos", diz o diretor-geral do parque, Massimo Ossana. Os esqueletos foram encontrados na mesma casa em que uma inscrição a carvão fez os pesquisadores revisarem a data do desastre de agosto para outubro de 79 d.C.
 
 De acordo com os pesquisadores, a casa passava por uma reforma, mas ainda estava habitada. "Nas horas finais, as cinzas já haviam invadido toda a parte, inclusive a rua da casa. A fumaça já estava em todo o lugar. A porta do quarto estava bloqueada e o telhado colapsou em muitos cômodos da casa", explica Ossana.

Segundo os arqueólogos, o grupo se refugiou em um dos cômodos da casa localizada na área conhecida como "Regio V" do sítio histórico, na tentativa de fugir da tempestade de cinzas que atingiu a cidade em 79 d.C., após uma a erupção do vulcão Vesúvio.
"É uma descoberta chocante, mas também muito importante para a história dos estudos", diz o diretor-geral do parque, Massimo Ossana. Os esqueletos foram encontrados na mesma casa em que uma inscrição a carvão fez os pesquisadores revisarem a data do desastre de agosto para outubro de 79 d.C.
De acordo com os pesquisadores, a casa passava por uma reforma, mas ainda estava habitada. "Nas horas finais, as cinzas já haviam invadido toda a parte, inclusive a rua da casa. A fumaça já estava em todo o lugar. A porta do quarto estava bloqueada e o telhado colapsou em muitos cômodos da casa", explica Ossana.
O quarto escolhido como abrigo pelo grupo foi o último a perder o teto por causa da tempestade. "Eles se trancaram lá, na esperança de que aquele seria um local seguro", relata o diretor-geral.
Utilizando a técnica de injetar gesso nas cinzas para reproduzir a forma dos corpos e objetos que
foram cobertos pela lava solidificada, os pesquisadores descobriram que o grupo posicionou móveis próximos à porta para tentar bloquear a entrada. As tentativas de salvação, no entanto, foram em vão, já que os habitantes morreram esmagados pelo telhado ou queimados pela tempestade, com a chance de que ambas as possibilidades tenham ocorrido.
Também foram descobertos outros fatos importantes sobre a cidade. Uma moeda encontrada nas ruínas, que data do sáculo XVII dá indícios de que escavações clandestinas foram feitas na região bem antes do início oficial dos trabalhos, em 1748. "São escavações que buscavam encontrar objetos de valor, sem nenhuma intenção de recuperar os esqueletos, que foram parcialmente removidos e desmembrados. Os ladrões de túmulos cavaram túneis nas cinzas solidificadas e levaram tudo o que puderam, deixando os corpos somente com dois colares de material semelhante ao vidro. Os túneis não chegaram ao interior do cômodo usado como refúgio, onde as vitimas foram encontradas intactas", afirma Massimo Ossanna.
"São descobertas de extraordinário interesse, seja para saber sobre a dinâmica de erupção, seja para a documentação das escavações feitas na idade Moderna", acrescenta o diretor. Pompeia fica nos arredores de Nápoles e foi totalmente destruída pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. O local é atualmente a segunda atração turística mais visitada da Itália, atrás apenas do Coliseu.
 

Os microplásticos já chegaram ao intestino humano

Você já deve ter ouvido falar em microplásticos, estes pequenos vilões do meio ambiente. São resíduos degradados de diversos tipos de plásticos, com menos de 5 milímetros de comprimento.

Imagem mostra microplásticos
Originárias de fontes diversas como roupas sintéticas, pneus, tintas e escovas de dente, essas partículas estão se amontoando nos oceanos.
Um estudo inédito apresentado nesta terça-feira mostra o que muito se temia: até nós, seres humanos, podemos estar cheios desses minúsculos pedaços de plástico em nosso organismo.
O estudo, liderado pelo médico Philipp Schwabl, pesquisador da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia da Universidade de Medicina de Viena, na Áustria, foi divulgado no evento UEG Week Vienna - uma semana de colóquios médicos científicos da União Europeia de Gastroenterologia. A pesquisa foi realizada em parceria com a Agência Ambiental da Áustria.
"Este é o primeiro estudo desse tipo e confirma o que há muito suspeitamos: que o plástico chega ao intestino humano", afirmou, em comunicado à imprensa, o médico Schwabl.

Amostras dos exames de fezes dos participantes do estudo sobre a presença de microplásticos em humanos
 
O estudo foi realizado com base em coletas de fezes de oito pessoas de oito países diferentes. Em todas as amostras foram identificados microplásticos - de até nove tipos diferentes -, partículas de polipropileno (PP) e polietileno tereftalato (PET), entre outros. Os participantes são habitantes de Finlândia, Itália, Japão, Holanda, Polônia, Rússia, Reino Unido e Áustria.
Conforme ressaltam os pesquisadores, a presença de microplásticos no organismo humano pode afetar a saúde. Acumulados no trato gastrointestinal, esses materiais têm a possibilidade de interferir na resposta imunológica do intestino - além, é claro, do risco proporcional pela absorção de produtos químicos tóxicos e patógenos pelo nosso corpo.
Em nota à BBC News Brasil, o médico ressaltou que, atualmente, "não existem estudos que respondam sobre os riscos" de tais materiais ao organismo. "De fato, é uma questão muito importante, e estamos planejando pesquisas adicionais para elucidar os efeitos dos microplásticos na saúde humana", diz Schwabl.
"No entanto, existem estudos com animais que mostram que partículas de microplástico são capazes de entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e de atingir até o fígado. Além disso, estudos com animais também demonstraram que os microplásticos podem causar danos intestinais, alteração nas vilosidades intestinais, distorção da absorção de ferro e estresse hepático."

Imagem mostra mulher pondo um pacote de salmão em um carrinho de supermercado

Método

Dos oitos participantes, três eram mulheres e cinco homens. Dois deles eram usuários diários de gomas de mascar. Seis ingeriram peixes ou frutos do mar durante o período de observação. Todos tiveram contato com alimentos embalados com plásticos. Na média, eles tomaram 750 ml de água por dia de garrafas plásticas. Nenhum dos oito participantes era vegetariano.
Todos os participantes eram adultos saudáveis, sem nenhuma dieta médica. Eles também não podiam ter tomado antibióticos nas últimas duas semanas, nem feito nenhum tratamento odontológico no mesmo período.
Cada participante do estudo ficou incumbido de manter um diário alimentar na semana anterior à coleta das fezes. As informações deste diário revelam que todos eles estiveram expostos a plásticos consumindo alimentos embrulhados e tomando água de garrafas.
No diário, eles também precisaram identificar a marca do creme dental e de todos os cosméticos utilizados. Informações sobre quantidade e marca de gomas de mascar e bebidas alcoólicas também foram solicitadas.
Os exames de fezes foram realizados em um laboratório austríaco, com tecnologia capaz de identificar dez tipos de plásticos - nove foram encontrados, sendo PP (material geralmente encontrado em tampinhas de garrafa) e PET (das garrafas plásticas) os mais comuns.
Todas as amostras tinham contaminação - de 3 a 7 tipos de plástico. Dos dez tipos identificáveis pelo método, apenas um, o PMMA (comum em para-brisas de carros) não apareceu em nenhuma amostra. Foram encontradas partículas de PP, PET, PU, PVC, PA, PC, POM, PE e PS.

Imagem mostra mão segurando recipiente com amostra de microplásticos
 
Os resultados da pesquisa, segundo os autores, sinalizaria que pelo menos 50% da população mundial apresentaria microplásticos nas fezes.
Em média, foram encontrados 20 partículas de microplástico a cada 10 gramas de fezes. "Nossa principal preocupação é o que isso significa para o corpo humano e, especialmente, o que pode significar para pacientes com doenças gastrointestinais", comenta o médico.
"Enquanto as maiores concentrações de plástico em estudos com animais foram encontradas no intestinos, menores partículas são capazes de entrar na corrente sanguínea, no sistema linfático e chegar ao fígado", prossegue.
"Estas são as primeiras evidências de microplásticos em humanos. Precisamos avançar mais nas pesquisas para entender o que isso significa para a saúde humana."

Indústria

Os pesquisadores ressaltam que os seres humanos estão expostos a diferentes tipos de plásticos no dia a dia. E isto é decorrente do uso cada vez mais recorrente desse material na indústria, sobretudo a partir dos anos 1950. É uma produção que segue crescendo, anualmente.
"Em nível global, a produção de plástico e a poluição plástica se correlacionam fortemente. Portanto, é provável que a quantidade de contaminação plástica possa aumentar ainda mais se a humanidade não mudar a situação atual", alerta o pesquisador.
Calcula-se que entre 2% e 5% de todo o plástico produzido por ano acabe nos mares, por conta do descarte. Ali, esse material acaba se deteriorando em partículas cada vez menores - os tais microplásticos.
Assim, são consumidos por animais marinhos, entrando na cadeia alimentar - um caminho que, em última instância, traz o plástico para o organismo humano.

Imagem mostra praia poluida com garrafa e outros materiais de plástico
 
Diversas pesquisas já detectaram quantidades significativas do material em atum, lagosta e camarão.
Outra maneira pela qual componentes plásticos chegam ao organismo humano seria porque, seja durante o processamento industrial, seja por conta da embalagem, alimentos também podem ser contaminados com pequenas partículas de plásticos.
De acordo com Schwabl, a pequena amostra utilizada para o estudo não permite cravar quanto ou quais tipos de plástico tiveram origem nos peixes consumidos ou das embalagens dos demais alimentos. "A maioria dos participantes bebeu líquidos a partir de garrafas plásticas, mas também foi comum a ingestão de peixes e frutos do mar", afirma.
"Todos os participantes tinham partículas de PP e PET em suas amostras de fezes, que são os principais componentes de tampas de garrafas plásticas e de garrafas plásticas. Portanto, nenhuma conclusão exata sobre a origem pode ser feita no momento."
"Os plásticos são difundidos na vida cotidiana e os seres humanos são expostos aos plásticos de várias maneiras", comenta o médico. "Pessoalmente, não esperava que cada amostra fosse testada como positiva. Precisamos, no entanto, estar conscientes do pequeno tamanho da amostra do nosso estudo."
Schwabl conta que o grupo está em fase de captação de financiamentos para novas fases do estudo.

Sal de cozinha

No início deste mês, a revista Environmental Science and Technology trouxe uma pesquisa realizada por cientistas sul-coreanos em parceria com o Greenpeace que apontou a presença de microplásticos no sal de cozinha.
Eles analisaram amostras de 39 marcas de 21 países da Europa, África, Ásia, América do Norte e América do Sul. Apenas três - uma de Taiwan, uma da China e uma da França - passaram incólumes ao teste. Os nomes das empresas não foram revelados.
Segundo o estudo, apenas considerando o sal como fonte, uma pessoa pode ingerir até 2 mil microplásticos por ano.
BBC

 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A Lua artificial chinesa planejada para substituir a iluminação de rua

Luna artificial China
 
A cidade de Chengdu, no centro da China, planeja lançar em 2020 um satélite de iluminação capaz de produzir um brilho oito vezes maior do que o da Lua e que servirá para complementar a iluminação dos postes e as diferentes luzes instaladas nas ruas. O peculiar avanço tecnológico, implantado pelo Instituto de Pesquisa em Sistemas Microeletrônicos de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CASC) do local, poderá regular a gama de luz precisa em algumas poucas dezenas de metros, segundo adiantou seu presidente Wu Chunfeng.
Os testes com esse tipo de satélite começou há alguns anos, mas a tecnologia permitiu amadurecer sua evolução para dentro de dois anos, segundo explicou o próprio Wu em um encontro nacional sobre pesquisa e desenvolvimento em Chengdu, cidade de mais de 10 milhões de habitantes e classificada como a quinta mais populosa da China. Ainda se desconhece se o plano conta com o respaldo das autoridades da cidade ou do Estado, apesar de a CASC ser a principal contratada do programa espacial do gigante asiático.
O cientista aspira a colocar em órbita esse satélite específico no ano de 2020. Se os resultados forem positivos, outros três mais poderiam ser lançados ao espaço em 2022. O satélite será oito vezes mais brilhante do que a Lua porque se calcula que estará a uma distância de cerca de 500 quilômetros da Terra, muito mais perto que os 384.400 quilômetros que separam nosso planeta de seu único satélite natural. “O primeiro lançamento será basicamente experimental, mas os três de 2022 terão um grande potencial no âmbito civil e comercial”, afirma.
Segundo Wu, isso não significa que quando estiver em órbita de repente se iluminará todo o céu noturno: “Seu brilho esperado, aos olhos dos humanos, é de cerca de um quinto do que emite a iluminação de rua”. Segundo seus cálculos, esta fonte alternativa de iluminação representaria uma economia em conservação de energia para esta cidade chinesa avaliada em 1,2 bilhão de yuanes (170 milhões de dólares ou 680 milhões de reais) se for capaz de abranger 50 quilômetros quadrados de superfície.
O projeto poderia também proporcionar mais luz em regiões afetadas por desastres naturais e apagões, o que ajudaria nas tarefas de busca e resgate. A luminosidade poderia ser ajustada segundo as circunstâncias e até se apagar completamente quando necessário.
Wu adverte, porém, que caso o céu esteja nublado a quantidade de luz que chegará ao solo será muito menor. E afasta a possibilidade de se chegar a ver um céu com duas luas: “Quando o satélite estiver em operação, as pessoas verão somente uma estrela brilhante, não uma lua gigante como muitos imaginam”.
A ideia desta “lua artificial” vem de um artista francês, que imaginou pendurar um colar feito de espelhos sobre a Terra, cuja missão seria refletir a luz do sol em Paris durante o ano todo. Apesar da viabilidade real do projeto ainda estar por se confirmar, já existem precedentes de projetos parecidos e em menor escala em outros lugares do mundo.
Foi o caso, por exemplo, de Rijukan —um pequeno povoado norueguês conhecido como a “aldeia das sombras”— no qual se decidiu iluminar as ruas com os raios do sol a partir de três espelhos colocados no “alto das montanhas”, no fim de 2013. A função dos espelhos é refletir tal luz para as casas em um município que vive durante seis meses do ano na mais completa escuridão. Sua localização também não ajuda, pois se encontra encravado no fundo de um estreito vale.
No entanto, a lua artificial proposta pelo instituto de pesquisas chinês não conta com a aprovação da maioria da população. Algumas vozes críticas demonstraram sua preocupação quanto aos efeitos adversos sobre a rotina diária de alguns animais e na observação astronômica, segundo registraram vários jornais locais. Outros especialistas asseguraram que a luz originada pelo satélite é a mesma que a de um resplendor ao entardecer e não afetaria “as rotinas dos animais”. Em Chengdu, pode ser que os moradores, em dois anos, passem a viver sob a luz das luas.
El País

Missão BepiColombo: as tecnologias revolucionárias criadas para resistir às temperaturas revolucionárias criadas para resistir às temperaturas extremas

Trata-se de uma missão espacial tão ambiciosa que 85% de sua tecnologia é inédita.
 
Ilustração da missão BepiColombo
O objetivo é chegar a Mercúrio, o planeta menos estudado do Sistema Solar. Segundo a Agência Espacial Europeia, entrar na atmosfera do planeta é como entrar em um forno de temperaturas extremas – elas vão de -173 ºC a 426 ºC.
Na tarde do último sábado, foi lançada a missão BepiColombo, cujo nome homenageia Guiseppe "Bepi" Colombo (1920-1984), o matemático, engenheiro e físico italiano que dedicou grande parte de sua vida ao estudo de Mercúrio. Colombo trabalhou com a NASA (a agência espacial americana) em uma missão anterior ao planeta.
A missão BepiColombo é um projeto das agências espaciais da Europa e do Japão com cooperação da Rússia e dos Estados Unidos. É a terceira enviada a Mercúrio.
"Ir até Mercúrio é muito complicado; é preciso mais energia do que para ir até Plutão", afirma Mauro Casalo, chefe de desenvolvimento do setor científico da missão.
 
Ilustração da missão BepiColombo
 
Será necessária uma complexa manobra de freios e sobrevoos a vários planetas para chegar à órbita de Mercúrio.
Estudar o planeta a partir da Terra é muito difícil. "As observações a partir da Terra são quase impossíveis, porque Mercúrio está tão próximo do Sol que a estrela o oculta totalmente", explica Casale.

A tecnologia que não existia

Mais de 80 empresas de 12 países desenvolveram a tecnologia de ponta necessária para a missão.
"Não existia a tecnologia para sobreviver às condições extremas de Mercúrio, especialmente para as temperaturas", explica Santa Martínez, coordenadora de processamento científico da BepiColombo.
E não são apenas as temperaturas que são extremas. "A radiação solar no planeta tem dez vezes a intensidade da radiação solar que temos na Terra", diz Martínez. "As radiações infravermelha e ultravioleta também são muito elevadas e há ventos solares que podem chegar a 400 km por segundo."
 
Camadas de isolamento térmido são aplicadas à mão
 
A nova tecnologia inclui os painéis solares dos três componentes da missão, dos satélites e orbitadores e um módulo de transferência que usa propulsão elétrica para impulsioná-los.
"O painel solar do orbitador europeu tem uma mistura de célular solares e refletores para que não esquente tanto", afirma Martínez.
A pintura da antena também é especial, com o objetivo de conservar o calor branco para uma máxima reflexividade, e há condutores especiais que dissipam o calor.
"Outra coisa que foi desenvolvida especialmente para a missão é uma manta de isolamento com muitas camadas, que em inglês se chama multilayered insulatio. Todas as partes do satélite são recobertas com esse tipo de material para haver isolamento térmico", afirma a cientista.

Nove sobrevoos

A viagem a Mercúrio demoraria seis meses se fosse feita sem escalas, mas a BepiColombo fará uma série de manobras e vai demorar 7 anos para chegar ao planeta.
"Se fizéssemos um voo direto, chegaríamos tão rápido que não seríamos capazes de colocar os satélites em órbita ao redor do planeta", afirma Sara de la Fuente, coordenadora de planejamento científico e de operações da BepiColombo.
"Primeiro, teremos uma órbita muito semelhante à da Terra, teremos que reduzi-la e desacelerar o satélite também, até chegar a uma velocidade de quase zero em relação ao planeta", explica.
 
Módulo de transferência e orbitadores e satélites da missão
 
As primeiras missões não chegaram tão perto quanto a BepiColombo deve chegar.
A Mariner 10 passou por Mercúrio, mas não chegou a orbitá-lo.
A Messenger foi lançada em 2004, chegou ao planeta em 2011 e o orbitou até 2015, quando, então, acabou seu combustível. O satélite ficou a uma distância de 15 mil km de Mercúrio.
Já a BepiColombo deve conseguir explorar outras regiões do planeta a uma distância bem mais próxima: de 1,5 mil km.
Para poder colocar os satélites em órbita, a missão vai precisar fazer manobras de sobrevoo usando as gravidades dos planetas. Serão nove sobrevoos: um da Terra, dois de Vênus e seis de Mercúrio.
Assim que estiver em órbita, o satélite vai se dedicar principalmente a estudar o entorno de Mercúrio e seu campo magnético.
Já o satélite europeu vai se dedicar a estudar mais o planeta em si mesmo, a superfície e sua morfologia.
Para Sara de la Fuente, essa é uma oportunidade "única porque vamos poder obter o que chamamos de medições de dois pontos, com ambos os satélites a diferentes distâncias".

Mistérios

Mercúrio é um dos planetas menos conhecidos do Sistema Solar. Os pesquisadores esperam que a BepiColombo ajude a decifrar alguns dos muitos mistérios em torno do planeta.
"É um planeta muito peculiar. Como está muito perto do Sol, tem características que os outros planetas do Sistema Sola não têm", diz Casale.
"Ele tem, por exemplo, um campo magnético, como a Terra, que não existem Marte ou em Vênus. Isso significa que a estrutura interna do planeta tem características que se pensava não serem compatíveis com a proximidade com o Sol, porque precisa de um componente líquido que não achávamos que existia", afirma a cientista.
O campo magnético de Mercúrio é muito pequeno, só 1% do da Terra, e é deslocado em relação ao centro do planeta, algo que não acontece no nosso planeta, segundo Casale.
A missão Messenger detectou a presença de gelo nos polos de Mercúrio. Uma das tarefas de BepiColombo será confirmar esses depósitos e determinar sua quantidade e composição, além de descobrir se eles vêm de cometas ou se têm outra natureza.

Encolhido

"Há muitas outras características de Mercúrio que são muito especiais. É um planeta que encolheu, que perdeu parte do seu tamanho ao esfriar", afirma Casale. "Pense em um planeta em sua forma inicial como uma bola de fogo que pouco a pouco esfriou e perdeu parte de seu volume. É algo que ainda não entendemos bem."
"Também detectamos uma quantidade de material volátil que parece ser incompatível com a proximidade de Mercúrio ao Sol. Isso parece indicar que o planeta se formou em um lugar muito mais longe do Sol e depois se movimentou de forma misteriosa ao local onde está atualmente. Tudo isso deve ser pesquisado."
O estudo de Mercúrio é também a chave para entender a evolução do Sistema Solar e de seus planetas, incluindo a Terra. Solar e de seus planetas, incluindo a Terra.
"E podemos extrapolar esse conhecimento para o que passa nos planetas fora  do Sistema Solar, já que há muitos que estão a uma distância de seu sol muito parecida com a de Mercúrio e o Sol", afirma Casale.
"O fato de que Mercúrio ter um campo magnético é fundamental para procurar por planetas onde possa haver vida como a conhecemos, porque esse campo magnético é o único mecanismo que nos protege do vento solar."
A missão tem um custo estimado de cerca de 1,65 bilhões de euros (R$ 7 bilhões) e vai ser concluída com a colisão dos módulos em Mercúrio em 2027 ou 2028.
BBC

sábado, 20 de outubro de 2018

13 maneiras de você se obrigar a beber mais água todos os dias

Beber água é fundamental para o funcionamento do corpo.

Apesar da importância de nos mantermos hidratados, existem várias coisas que nos impedem de tomar água suficiente — a vida agitada, o fato de querermos tomar outras bebidas (especialmente café e coquetéis), a ideia de que beber mais água nos levará a passar metade de tempo no banheiro.
Entendemos seu problema. Mas beber água é preciso. Felizmente para todos nós, existem mais maneiras que nunca de consumir H2O suficiente, e não é preciso virar sua vida do avesso para fazer isso acontecer. A seguir alguns especialistas compartilham estratégias facílimas para você beber mais água.

1. Inicie e encerre cada dia com água

Se sua vida é tão corrida que parar para beber água é algo que mal passa por sua cabeça, experimente começar e terminar cada dia com um pouco de H2O – é o que recomenda a nutricionista Autumn Ehsaei, da Carolina do Norte. Tomar alguns copos de água pela manhã e mais alguns depois de seu dia de trabalho terminar garante que seu corpo receba um volume decente de água e faz você chegar um pouco mais perto de sua meta final de hidratação.

2. Para cada xícara de café, tome um copo de água

"O café é um líquido, mas não hidrata tanto nem mata tanto a sede quanto a água, para a maioria de nós", diz Ehsaei. Se você já tem o hábito de tomar algumas xícaras de café todos os dias, beber um copo d'água depois de cada café é algo que vai melhorar seu nível de hidratação muito facilmente.

3. Coloque muito gelo em suas bebidas

Se você acha água pura algo muito sem graça de se tomar, uma boa maneira de se hidratar um pouco mais é acrescentar muito gelo às suas bebidas e seus smoothies, diz a nutricionista Maryann Walsh, da Flórida. Quatro cubos de gelo incluídos em seu copo representam mais ou menos meio copo de água, e você mal perceberá qualquer diferença no sabor da bebida.

4. Aposte nos condimentos

Acrescentar mais pimenta ou molho apimentado às suas refeições é uma maneira facílima (e saborosa) de aumentar sua ingestão de água. A maioria das pessoas bebe água para refrescar a boca depois de comer comida fortemente condimentada. É uma maneira de ajudá-lo a alcançar suas metas de hidratação, disse Kristen Smith, nutricionista que trabalha na Geórgia.

5. Tome um copo inteiro de água com cada comprimido ou suplemento alimentar

Se você toma medicamentos ou suplementos, crie a meta de acompanhar cada um com um copo cheio de água, aconselhou Walsh. Muitos medicamentos e suplementos devem ser tomados com intervalos de algumas horas entre e um e outro, para garantir eficácia máxima. Assim, essa pequena mudança de hábito pode elevar bastante sua ingestão diária de água.
Invista numa garrafa inteligente.

6. Invista numa garrafa inteligente

Monitorar sua ingestão de água é algo que tende a se perder no meio de todas suas outras tarefas cotidianas, e isso explica a popularidade das garrafas inteligentes, que cuidam do monitoramento. Uma garrafa como a HydraCoach, a DrinKup ou a Ozmo Active ajuda você a calcular mais ou menos quanta água você precisa tomar por dia, lhe avisa quando está na hora de beber mais e ainda registra seus dados, para que você possa ir melhorando seus hábitos de hidratação ao longo do tempo.

7. Use canudinho

Se você beber com canudinho, é provável que tome mais água a cada vez do que tomaria dando goles diretamente da garrafa. Além disso, beber água de canudinho deixa a garrafinha mais acessível, disse Kristen Kizer, nutricionista clínica do Hospital Metodista Houston, no Texas. É mais provável que você tome goles de água durante uma reunião de trabalho se usar um canudinho, por exemplo, e não precisar abrir e fechar a garrafa a cada vez.

8. Use um app

Existem inúmeros apps, como o Gulps, que podem ajudar você a elevar sua ingestão de água, enviando lembretes a seu telefone e oferecendo uma ideia visual de quanta água você já tomou naquele dia, disse Amanda Montalvo, nutricionista registrada e funcionária da Kettlebell Kitchen. Para quem curte games, o aplicativo Plant Nanny vincula seu consumo diário de água ao propósito de manter viva uma plantinha adorável.

9. Meça com antecedência

Se você prefere usar os métodos mais antigos para monitorar sua ingestão de água, comece por estimar quanta água deveria beber por dia (a recomendação de Montalvo é "no mínimo metade de seu peso em onças"). Encha uma garrafa grande com esse volume de água e certifique-se de beber toda a água até o final do dia. Se não quiser carregar uma garrafa grande com você o dia inteiro, divida a água da garrafa em garrafinhas menores, disse Kizer. Antes de se deitar, encha suas garrafas para o dia seguinte.
Beba água de maneiras pouco convencionais
Se você acha entediante tomar água, pesquisas sugerem que mudar o modo como você a bebe podem tornar a experiência nova outra vez, logo, mais prazerosa. Pesquisadores das universidades de Chicago e Ohio State observaram 300 participantes de um estudo enquanto tomavam água. Pediram a eles que propusessem suas próprias maneiras não convencionais de tomar água. As respostas variaram de beber água num copo de martini até sorvê-la em colheradas. O resultado foi que os participantes acabaram tendo mais prazer em beber água do que tinham as pessoas que a tomavam do modo "normal". Da próxima vez que você achar um tédio tomar água em um copo comum de água, pense em tirar seus copos de martini do armário.

11. Encha sua garrafinha assim que a tiver esvaziado

Levante-se e encha sua garrafinha de água assim que a tiver esvaziado, recomenda Kizer. Com isso você estará pronto para a próxima sessão de hidratação, eliminando qualquer desculpa para não tomar água mais tarde.

12. Incorpore a ingestão de água às metas de saúde importantes para você

Se beber água simplesmente para ficar bem hidratado não for incentivo suficiente para você, procure vincular esse hábito a outras metas que você encara como realmente importantes. Por exemplo, um copo de 250ml de água tomado antes de uma refeição ajuda a promover a boa digestão; tomar água uma hora depois das refeições ajuda seu corpo a absorver os micronutrientes, disse a médica Jacqueline Schaffer, autora de "Irresistible You". Manter-se bem hidratada também beneficia a pele e as articulações – até ajuda a aliviar dores de cabeça.

13. Fique de olho em seus hábitos de banheiro

Verifique quanto tempo depois de tomar água ou outros líquidos você precisa ir ao banheiro. "Essa informação pode ser muito útil para pessoas que passam muito tempo se deslocando entre sua casa e o trabalho ou que não querem ter que ficar acordando à noite", disse Kizer. Em lugar de evitar beber líquidos à tarde ou noite só para evitar possíveis problemas, você pode se hidratar à vontade no trabalho e em casa – basta descobrir e decorar os horários de parar de beber líquido que funcionam melhor para você.
 

Água com gás hidrata tanto quanto a água normal?

 
Quando faz calor todo mundo quer uma maneira deliciosa (e saudável) de ficar hidratado. Mas muita gente tem uma dúvida: a água com gás hidrata tão bem quanto a água normal?
Tomar um copão de água com gás parece trapaça, porque a efervescência lembra a dos refrigerantes. E, num mercado de 1,8 bilhão de dólares só nos Estados Unidos (em grande parte graças ao sucesso da empresa La Croix), parece que muita gente está curtindo a água com bolinhas.
O CDC, órgão de saúde do governo federal americano, recomenda água com gás como uma alternativa mais saudável aos refrigerantes. Mas e questão da hidratação?
Existem muitas marcas e sabores disponíveis, mas neste artigo vamos tratar só das que não têm adição de flavorizantes, ou seja, a água com gás comum.
Vários mitos a respeito de supostos efeitos negativos da água com gás circulam na internet. Vamos derrubar três deles.

Mito 1: Água com gás destrói o esmalte dos dentes.

Boa notícia para quem gosta de água com gás! O pH (em geral 5) desse tipo de bebida não é baixo o suficiente para danificar o esmalte dos dentes, segundo um estudo publicado no Journal of American Dental Association. Mas, embora a carbonação, tome cuidado com os ácidos presentes em outras bebidas com gás (refrigerantes), que podem causar problemas para a sua saúde bucal.
Confira o rótulo da água com gás: é melhor evitar as que têm adição de flavorizantes, açúcares e ácidos cítricos, pois eles podem causar erosão do esmalte.

Mito 2: Água com gás rouba cálcio dos ossos, potencialmente causando osteoporose.

Embora alguns estudos tenham demonstrado que o consumo de refrigerantes está associado a uma redução da densidade óssea, especialmente entre as mulheres, isso tem a ver especificamente com as colas, não com as bebidas carbonadas. Em outro estudo, foi feita uma comparação entre dois grupos: um tomou 1 litro de água normal por dia durante dois meses; o outro, 1 litro de água com gás. Não foi detectada nenhuma diferença entre os dois grupos em termos de perda de densidade óssea.

Mito 3: Água com gás não hidrata tanto quanto água normal.

Mais boas notícias: a água com gás hidrata tão bem quanto a água normal.
O American Journal of Clinical Nutrition comparou água normal, com gás e outras bebidas (refrigerantes, sucos, café, chá e leite) e concluiu que não há diferença entre elas em termos de hidratação.
Isso pode de encontro à ideia de que café e chá provoquem desidratação, mas estudos mostram que quem toma as duas bebidas regularmente (em quantidades moderadas) não apresenta esse problema. Na realidade, que toma de três a seis xícaras de café por dia não apresenta mudanças significativas na hidratação do corpo. O organismo se acostuma à cafeína, portanto eventuais efeitos diuréticos ou desidratantes são observados apenas em quem não está acostumado a tomar café ou chá.
Voltando à água com gás: o Ministério da Saúde do governo americano recomenda água com gás em vez de refrigerantes como uma boa alternativa para perder peso.
Mas é bom ficar na água normal quando estiver se exercitando: a carbonação da água com gás pode causar inchaço no estômago e desconforto.
Eis a moral da história: se estiver com calor e quiser manter-se hidratado, pode tomar água com gás à vontade – ela te hidrata e não vai prejudicar seus dentes ou seus ossos.
*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.

Parlamento da Macedônia aprova mudança de nome do país

País passará a se chamar República da Macedônia do Norte: Parlamento da Macedônia aprova mudança de nome do país
 
O Parlamento da Macedônia aprovou na noite de ontem (19) o processo para alterar o nome do país e encerra um conflito histórico com a Grécia. Agora, a Macedônia deve passar a se chamar Macedônia do Norte.
O primeiro-ministro Zoran Zaev comemorou a aprovação. "Parabéns à Macedônia. A missão foi concluída com êxito", escreveu em seus perfis nas redes sociais. Para a aprovação, era necessária a maioria de dois terços dos 120 votos totais - apoio que o governo não tinha inicialmente.
Porém, a medida recebeu o voto de 80 parlamentares, graças a negociações de Zaev, que conseguiu reverter a decisão de oito deputados da oposição, prometendo liberar opositores condenados por episódios de violência em abril de 2017 no Parlamento. "Gostaria de agradecer os membros do VMRO-DPMNE, que se colocaram acima dos interesses pessoais e do partido, pensando no interesse do país e votando 'sim' ao projeto", disse o premier.
Já o líder do conservador VMRO-DPMNE, Hristijan Mickoski, contrário ao acordo com a Grécia, afirmou que este "foi um dos piores dias da história da Macedônia". Com a aprovação no Parlamento, a Macedônia poderá alterar sua Constituição, o que permitirá mudar o nome do país para República da Macedônia do Norte, uma exigência da Grécia há 25 ano.
Atenas boicotou a adesão da Macedônia à União Europeia e à OTAN porque os gregos reivindicam a exclusividade do termo "Macedônia", que batiza uma porção do território do arquipélago.
Para acabar com a disputa, a Macedônia e a Grécia assinaram em junho um acordo para a mudança de novo, que dependia de uma alteração da Constituição pelo Parlamento. A União Europeia e a OTAN comemoraram a decisão do Parlamento da Macedônia, enquanto a Rússia se posiciona de maneira contrária à mudança, já que vê países onde mantinha influência se aproximando da Europa Ocidental. (ANSA)

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Nave espacial da Virgin Galactic se acidenta em voo teste nos EUA

 
Imagem de destroço da nave Spaceship Two no deserto (Foto: AP)
 
A nave SpaceShipTwo, da empresa Virgin Galactic, sofreu uma "anomalia em voo" nesta sexta-feira (31) e se acidentou no Deserto de Mojave. Segundo um porta-voz da polícia local citado pela agência Reuters, o copiloto morreu e o piloto conseguiu abandonar o veículo antes de cair, sendo resgatado com ferimentos graves.
Uma testemunha contou à agência AP que viu a SpaceShipTwo explodir no ar e, em seguida, cair no deserto. A autoridade de aviação americana disse que o contato com a nave foi perdido logo depois de se soltar da nave mãe WhiteKnightTwo, que a ajuda a decolar. A investigação sobre o que ocorreu começará neste sábado e deve levar vários dias.
Imagens de televisão mostraram destroços da nave no deserto e equipes de resgate trabalhando em solo. A SpaceShipTwo é um modelo de nave que deverá ser usado em voos suborbitais de turismo espacial. Ela fazia um teste nesta sexta.
"A SpaceShipTwo sofreu uma anomalia em voo. Um comunicado e informações adicionais serão divulgados em breve", diz a mensagem da empresa a respeito, sem dar mais detalhes. A aeronave partiu do Deserto de Mojave, na Califórnia.
A nave WhiteKnightTwo, que levava a SpaceShipTwo até uma determinada altura propícia para a decolagem, pousou em segurança, segundo a Virgin Galactic.
 
Imagem de TV locla mostra equipe de resgate levando uma pessoa em maca perto do local do acidente da SpaceShipTwo (Foto: AP)
 
A Virgin Galactic, empresa fundada pelo magnata Richard Branson -- que resolveu ir ao local do desastre --, pretende levar turistas ao espaço com suas naves. Por enquanto, o esquema ainda está em teste, mas a companhia já vende a reserva de bilhetes para voos suborbitais comerciais com alguns minutos de duração, apesar de ainda não haver uma data para o início de suas operações.
Em seu site, a companhia propõe um preço de US$ 250 mil para que um interessado passe a fazer parte de "uma comunidade de mais de 600 futuros astronautas". Além de Branson, celebridades, como o astro de Hollywood Leonardo DiCaprio, já reservaram um bilhete.
 
Nave desacoplou da WhiteKnight2, sua nave-mãe (Foto: Clay Observatory for Virgina Galactic, Mark Greenberg / AP)
Imagem de arquivo mostra a SpaceshipTwo se desacoplando de sua nave-mãe White Knight Two (Foto: Clay Observatory for Virgina Galactic, Mark Greenberg / AP)

Por que Nossa Senhora Aparecida é padroeira do Brasil e 12 de outubro se tornou feriado nacional

 
Imagem mostra missa na Esplanada dos Ministérios em comemoração à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, em 2016. Imagem da santa aparece em primeiro plano: Nossa Senhora Aparecida é o nome que acabou sendo dado a uma imagem de Nossa Senhora da Conceição encontrada 301 anos atrás
 
O feriado de 12 de outubro tem uma razão religiosa para existir, dentro da tradição católica brasileira: para a Igreja, a data é dedicada a Nossa Senhora Aparecida, santa considerada a padroeira do Brasil.
Nossa Senhora Aparecida é o nome que acabou sendo dado a uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, feita de terracota, 36 centímetros de altura e 2,5 quilos, que teria sido encontrada em outubro de 1717, 301 anos atrás, por três pescadores no Rio Paraíba do Sul em São Paulo. 
Como a santa foi "aparecida", a alcunha logo pegou. O episódio foi considerado um milagre - e logo outros relacionados à santa foram sendo narrados. De sorte que a pequena capela originalmente erguida, em 1745, para abrigá-la passou a atrair mais e mais romeiros, e o local aos poucos se transformou em uma cidade, Aparecida.
 
Imagem mostra Maquete da Basílica de Aparecida, em exposição no museu que fica no interior da igreja: Maquete da Basílica de Aparecida, em exposição no museu que fica no interior da igreja: capela atrai cada vez mais romeiros
 
Hoje Aparecida é o principal ponto de turismo religioso do país. Anualmente, cerca de 12 milhões de romeiros visitam o Santuário Nacional - que recebeu, aliás, os três últimos papas do catolicismo, João Paulo 2º, Bento 16 e Francisco. No feriado dedicado à santa, o local costuma ser visitado por 200 mil pessoas.
Em julho de 2013, quando visitou o Brasil, o papa Francisco celebrou uma concorrida missa no Santuário Nacional de Aparecida. Ao fim da cerimônia ele afirmou que deveria voltar em 2017 - revelando, portanto, que estava em seus planos tomar parte nas comemorações pelos 300 anos da descoberta da imagem da padroeira brasileira. Ao longo do ano passado, muito se especulou se ele tornaria a viajar para o país.
 
Imagem mostra o papa Francisco desfilando no papamóvel e se despedindo dos fiéis na cidade brasileira de Aparecida, em 2013: O papa Francisco celebrou uma concorrida missa no Santuário Nacional de Aparecida em 2013
 
A negativa acabou sendo justificada por problemas de agenda. Entretanto, especulou-se que ele teria declinado da possibilidade diante do cenário político instável atravessado pelo país desde o impeachment de Dilma Rousseff, ocorrido um ano antes.
Em mensagem em vídeos transmitida na missa do dia 12 de outubro de 2017, o papa criticou o "problema da corrupção do país".

Devoção nacional

E como foi que a santinha foi parar no rio?
Conforme aponta o jornalista Rodrigo Alvarez no livro Aparecida - A Biografia da Santa que Perdeu a Cabeça, Ficou Negra, Foi Roubada, Cobiçada pelos Políticos e Conquistou o Brasil, o mais provável é que alguém a tenha descartado porque ela estava quebrada - e muitos acreditam que ter uma imagem quebrada de santo pode dar azar.
Já a cor original da santa muito provavelmente não era negra. Ficar anos sob as águas deve ter tornado a imagem escura tal e qual a conhecemos.
De acordo com especialistas, entretanto, a devoção a Nossa Senhora Aparecida demorou para se espalhar em todo o Brasil. Para o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autor de um capítulo de livro que a Editora Paulinas prepara sobre a devoção mariana no Brasil, esta fama de Nossa Senhora Aparecida se espalhou mesmo com o trabalho realizado pelos missionários da Congregação Redentorista, que iniciaram os serviços em Aparecida em 1895.
Lentamente, a devoção popular acabou assumida pela Igreja Católica. O fervor foi amplificado com a chegada dos redentoristas e, depois, com a construção da Rodovia Dutra. Estrategicamente, Aparecida fica no meio das duas metrópoles, Rio e São Paulo", aponta o teólogo. "Antes, a devoção estava concentrada no Vale do Paraíba e Sul de Minas." 
 
Antiga Igreja de Aparecida onde D. Pedro passou em 1822: Antiga Igreja de Aparecida: dom Pedro teria visitado capela onde a santa estava exposta em 1822, em uma viagem entre o Rio de Janeiro e São Paulo que acabaria terminando com a declaração da Independência do Brasil
 
"Havia uma devoção, mas não em nível nacional, como hoje", diz o historiador e pesquisador Paulo Rezzutti.
No seu livro D. Pedro: A História Não Contada, ele relata que o próprio primeiro imperador do Brasil visitou a igrejinha onde a santa estava exposta. Aparecida foi uma das paradas do percurso que Pedro fez, a cavalo com uma comitiva, entre Rio e São Paulo, em agosto de 1822.
Viagem esta que acabaria terminando com a declaração da Independência do Brasil, às margens do rio Ipiranga.
Memorialistas populares afirmam que o monarca teria feito uma promessa ali: se ele se tornasse governante do Brasil, transformaria Nossa Senhora na padroeira do país.
Isto nunca ocorreu. "Em 1826, o Brasil ganhou seu primeiro padroeiro: São Pedro de Alcântara, por solicitação de dom Pedro 1º ao papa", conta Rezzutti. "Esse santo era de devoção particular da família imperial. É de onde vem o nome Alcântara, que está no nome completo tanto de Pedro 1º quanto de Pedro 2º."
Para o pesquisador e estudioso de santos José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia, a devoção a Nossa Senhora Aparecida só ultrapassou os limites da então Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, região da descoberta da imagem, quando começaram a se espalhar as histórias de milagres.
"Há o relato da libertação de um escravo chamado Zacarias, preso por grossas correntes que, quando passou pela igreja construída para abrigar a imagem da santa, pediu ao feitor permissão para rezar. Ajoelhado diante de Nossa Senhor Aparecida, as correntes que o prendiam teriam se soltado, tornando-se ele então livre", conta Lira.
"Essas histórias foram se espalhando."

Vista da cidade de Aparecida a partir do mirante no topo da Basílica: Hoje Aparecida é o principal ponto de turismo religioso do País

Princesa Isabel e a coroa

Outro relato lembrado por Lira diz respeito à neta de dom Pedro 1º, a princesa Isabel.
"Em 1868, conta-se que ela foi a Aparecida pedir proteção de Nossa Senhora Aparecida para conseguir ter um filho. Já estava casada há quatro anos, sem conseguir engravidar", conta o hagiólogo. "Em 1874, Isabel teve uma criança, natimorta, e, entre 1875 e 1878, teve três filhos, que garantiriam a sucessão imperial."
Em novembro de 1888, um ano antes da Proclamação da República do Brasil, a princesa teria retornado para Aparecida. Levou uma doação preciosa, conforme afirma Lira: uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis e um manto azul.
Esta coroa seria utilizada em 1904 em uma cerimônia oficial. "Um representante do papa a coroou oficialmente Rainha do Brasil", diz o pesquisador Rezzutti.
Segundo ele, isto pode ter ocorrido pela influência de Isabel junto ao Vaticano. "Ela tinha muito contato com a cúpula da Igreja. E isto se reforçou durante seu exílio na Europa, quando a família imperial foi obrigada a deixar o Brasil, depois da República. Foi muito simbólico a princesa, herdeira do trono e da coroa imperial - que nunca usaria - doar uma coroa para a 'rainha do Brasil'. De certa forma, é como se ela transferisse sua coroa para a santa."
Mas essa coroação não fez de Nossa Senhora automaticamente a padroeira do Brasil.
Oficialmente, isso só ocorreria em 16 de julho de 1930, por decreto do Papa Pio 11º. Conforme contextualiza Altemeyer, havia uma pressão grande das arquidioceses tanto do Rio quanto de São Paulo para que o Vaticano formalizasse tal reconhecimento. Desde então, São Pedro de Alcântara passou a ser considerado "nosso segundo padroeiro", como explica Lira.
"O ato do pontífice legitimava o que o próprio povo brasileiro já havia consagrado no coração. No decreto, o santo padre afirmou que atendia ao pedido do episcopado e do povo brasileiro, 'o qual com fervor e piedade constantes, desde os anos do descobrimento das regiões brasílicas até nossos tempos, tem venerado e venera a Imaculada Virgem Mãe de Deus'", conta Altemeyer.
No ano seguinte, em 31 de maio de 1931, uma missa solene ocorreu no Rio de Janeiro, então capital federal, para oficializar o decreto. "Para a ocasião, a imagem da santa foi levada em romaria de Aparecida até o Rio", ressalta o teólogo.
O vermelhinho no calendário, entretanto, viria apenas 50 anos mais tarde. A declaração de feriado nacional foi sancionada pelo presidente João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar do Brasil, em 30 de junho de 1980, exatamente no dia em que o país recebeu a visita de João Paulo 2º, primeiro papa a pisar em terras nacionais.
 
Imagem original de Nossa Senhora Aparecida: Imagem original resgatada pelos pescadores há 301 anos, exposta para devoção no Santuário Nacional, Basílica de Aparecida
 
A partir daquele ano, portanto, ficou "declarado feriado nacional o dia 12 de outubro, para cultura público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil", conforme o texto da lei.
"Desde então, houve muitos questionamentos acerca da lei, por conta de o Estado ser laico e da separação entre Igreja e Estado promovida pela República", comenta Lira.
"Eu não vejo controvérsia. Nossa Senhora Aparecida é reconhecidamente participante do imaginário brasileiro, da vida brasileira. Se feriamos, por exemplo, o dia da morte de uma personalidade histórica que às vezes não alcança o percentual significativo da nação e lhe prestamos homenagens públicas, por que não homenagear a padroeira e feriar o dia a ela dedicado?"
Há, entretanto, uma curiosidade histórica. De acordo com os relatos antigos, a imagem de Nossa Senhora foi encontrada no Rio Paraíba do Sul na segunda quinzena de outubro de 1717 - não poderia ter sido, portanto, no dia 12. Muitos acreditam que a data exata tenha sido dia 17.
Por que então entrou para a história o dia 12 de outubro?
De acordo com historiadores, a escolha da data não foi algo aleatório, mas sim uma decisão simbólica. O 12 de outubro já era um dia importante. Foi em 12 de outubro - de 1492 - que Cristóvão Colombo aportou no continente americano. E foi em 12 de outubro - de 1822 - que dom Pedro 1º acabou aclamado imperador do Brasil.
 
Imagem mostra milhares de fieis na cidade de Aparecida em 2013, para acompanhar visita do papa Francisco: Cerca de 200 mil pessoas acompanharam visita do papa Francisco à cidade de Aparecida em 2013
 
Pedro 1º, aliás, nasceu em um 12 de outubro, em 1798.

Devoção

Não há um número consolidado sobre quantas igrejas dedicadas a Nossa Senhora Aparecida existem no Brasil, mas certamente se trata da santa de maior devoção popular no país.
"É muito difícil uma diocese brasileira que não tenha pelo menos uma paróquia dedicada à padroeira do Brasil", resume Lira. "Capelas, então, são inúmeras."
O pesquisador também acredita que a devoção à santa venha aumentando nos últimos anos graças à profusão de canais de TV e espaços na internet e redes sociais dedicados a espalhar a fé católica. "Há uma valorização da padroeira", acredita ele.
Lira ainda frisa a importância de Nossa Senhora Aparecida ser negra, à imagem de boa parcela da população brasileira.
"Nas aparições de Maria Santíssima que foram aprovadas pela Igreja, vemos que Nossa Senhora se tornou semelhante ao povo do local de aparição, o que nos remete ao texto bíblico: fomos feitos à imagem e semelhança do Pai do Céu. Aqui, a imagem veio com a cor de uma raça sofrida, pequenina, mas, com um sorriso esboçado. Tem nosso cheiro, nossa terra, nossa cor miscigenada", aponta o hagiólogo.
BBC Brasil