segunda-feira, 31 de julho de 2017

O mecanismo de Anticítera que, o misterioso tesouro da Grécia antiga

Mecanismo de Antikythera

Se perguntarmos a um aluno do ensino médio onde e por quem a calculadora foi inventada, haveria milhares de respostas, mas dificilmente alguma delas chegaria perto da realidade, fazendo referência a uma calculadora astronômica com mais de 2.100 anos de idade.
O mecanismo de Antikythera foi encontrado por coletores de esponjas marinhas entre os abundantes restos de joias, moedas e estátuas de bronze e mármore de uma galera romana que naufragou em frente à costa da ilha grega que lhe dá seu nome, Antikythera, nos arredores de Creta. E é esse mecanismo o tema do doodle do Google desta quarta-feira.

 Os 82 fragmentos de bronze localizados, hoje preservados no Museu Arqueológico Nacional de Atenas, estavam dentro de uma caixa de madeira em cujas tampas havia inscrições com informações valiosíssimas (os nomes dos meses em idioma coríntio, os planetas..)
Nem todos os especialistas concordam com a interpretação corrente a respeito do mecanismo. Foi o arqueólogo Stais, em 1902, o primeiro a acreditar que tratava de um relógio astronômico. Edmunds e T. Freeth achavam que o artefato servia para prever eclipses solares e lunares, usando como referência os conhecimentos em progressão aritmética dos babilônios. Edmunds dizia também que ele era capaz de mostrar planetas como Vênus e Mercúrio.
Price, porém, tinha uma teoria mais celestial: o mecanismo serviria para estabelecer as datas de festivais agrícolas e religiosos. E Wright, com a reconstrução do instrumento (72 engrenagens), acrescentava que poderia mostrar os movimentos dos cinco planetas conhecidos naquela época.
Por último, outros estudiosos revelaram que o aparelho poderia servir para determinar a época exata da realização dos Jogos Olímpicos, dadas as inscrições encontradas (começavam com a lua cheia mais próxima do solstício de verão, e era necessário o cálculo o mais exato possível e um grande conhecimento de astronomia para estabelecer a data concreta).
O que parece claro é que o mecanismo de Antikythera consta de pelo menos 37 rodas dentadas de precisão, feitas de bronze, com as quais era possível calcular com exatidão as posições e movimentos astronômicos, recriar a órbita irregular da Lua e, talvez, estabelecer a posição dos planetas.
Depois dessa calculadora, foi encontrado um calendário lunar e solar persa, mecânico, do ano 1000, também com uma grande precisão tecnológica. Só na Idade Média apareceriam aparelhos complexos nos relógios das catedrais medievais.
Hoje em dia, somos capazes de chegar aos lugares mais inesperados, calcular distâncias surpreendentes e alcançar tudo aquilo com o que os gregos algum dia sonharam. Mas pensar que um artefato com as características do mecanismo de Antikythera fora criado há mais de 2.000 anos é uma prova de que estávamos diante de uma civilização muito mais próxima da nossa do que podemos imaginar.
BBC Brasil

Bíblia: os cadáveres que contradizem

 
Resultado de imagem para Bíblia: os cadáveres que contradizem Deus, fotos
 
Os cananeus viveram no atual Líbano há 4.000 anos. Inventaram um dos primeiros alfabetos conhecidos, mas quase não há referências diretas a eles, provavelmente porque os papiros nos quais escreviam não sobreviveram à passagem do tempo. “Realmente não sabemos nada sobre eles de fontes diretas, porque todas foram destruídas, e o pouco que conhecemos é através de outras fontes, como a Bíblia”, explica Chris Tyler-Smith, geneticista do Instituto Sanger do Wellcome Trust, no Reino Unido.
Segundo o Antigo Testamento, Deus mandou seus fiéis matarem todos os cananeus, e o texto afirma que suas cidades foram arrasadas. Mas as escavações arqueológicas em alguns desses assentamentos mostram que eles estiveram presentes de forma contínua durante a Idade de Bronze e a do Ferro, o que parece descartar que tenham sido eliminados.
 
Escavações em Sidón (Líbano).
 
A equipe de Tyler-Smith analisou cinco cadáveres de cananeus enterrados há 3.600 anos em Sidon (Líbano), uma das principais cidades cananeias. Encontrar DNA em restos tão antigos e numa zona tão quente e úmida teria sido uma tarefa quase impossível até poucos anos atrás. A equipe recorreu a uma técnica que já permitiu sequenciar o primeiro genoma antigo de um africano: ela consiste em perfurar o osso temporal, o mais denso do corpo. Graças a essa técnica, foi possível extrair DNA suficiente do osso moído para sequenciar o genoma completo dos cinco cananeus e compará-lo com o de 99 libaneses atuais.
Os resultados do estudo – publicado na revista da Sociedade de Genética Humana dos EUA – indicam que os cananeus não foram aniquilados. Seu DNA continuou sendo transmitido de geração em geração, e hoje é predominante em todos os libaneses.
“Mais de 90% do DNA dos libaneses atuais vem daquela população”, ressalta Tyler-Smith, o que é surpreendente, pois a contínua passagem de povos e civilizações por esta região do Mediterrâneo ao longo dos séculos deveria ter diluído o parentesco direto com os cananeus. O estudo indica que os cananeus descendiam de grupos de agricultores que se estabeleceram no Oriente Médio durante o Neolítico, e que há 5.000 anos se cruzaram com imigrantes chegados do leste da Eurásia.
O espanhol Javier Prado, coautor do trabalho, analisou a funcionalidade das variantes genéticas que os libaneses herdaram dos cananeus. “Ao dispor da totalidade do genoma em todos os indivíduos sequenciados, pudemos comparar diferentes níveis de adaptação à digestão da lactose, as variantes envolvidas na seleção em pigmentação em populações não africanas e várias doenças com uma prevalência relevante na região em populações modernas”, explica o geneticista, que antes participou de pesquisas sobre a diversidade genética dos grandes símios e da análise do genoma do gorila albino Copito de Nieve, no Instituto de Biologia Evolutiva de Barcelona. “Graças a estas variantes, observamos que há uma forte continuidade genética entre a população antiga e as modernas. Ambas as populações têm pigmentação da pele, olhos e cabelo similares, embora seja provável que os cananeus tivessem a pele mais escura, já que não possuem uma variante em um gene, o SLC45A2, que é curiosamente o mesmo que está relacionado com o albinismo do Copito”, ressalta o pesquisador, que atualmente trabalha no instituto Sanger.
O trabalho mostra como a análise de DNA antigo pode ajudar a revelar a história de outros povos que não deixaram textos escritos. Neste estudo, foi analisado apenas o DNA de habitantes atuais do Líbano, mas a equipe quer ampliar o escopo do trabalho. “Esta linhagem deve ser comum entre toda a população do Oriente Médio, e podemos estar bastante seguros de que seu peso será similar nos habitantes dos países vizinhos”, comenta Tyler-Smith.
El País
 

domingo, 30 de julho de 2017

O local da primeira colônia européia nas Américas, estabelecida 500 anos antes da chegada de Colombo

Foto panorâmica do assentamento viking

Enquanto guiava pela autoestrada TransCanada Highway, fui parado por um alce.
Estava na região norte de Newfoundland, no Canadá, em um trecho conhecido como Trilha Viking e que leva a L'Anse Aux Meadows, o único assentamento nórdico da América do Norte.
É lá que um momento significativo na história da migração humana aconteceu.
No ano 1000, quase meio milênio antes de Cristóvão Colombo iniciar sua famosa viagem, um barco viking, capitaneado por Leif Erikson, levou 90 homens e mulheres da Islândia em busca de um novo lar. Foi o primeiro assentamento europeu no que chamamos de Novo Mundo.
Erikson e seus acompanhantes chegaram na vazante da maré e ficaram presos nas águas rasas da baía de Epaves. Quando a maré subiu, seguiram viagem até L'Anse Aux Meadows.
Em tempos modernos, pode parecer um local inóspito, alvo de fortes ventos vindos do mar. Mas, para quem tinha cruzado o Atlântico Norte em um barco aberto, era o paraíso: florestas cheias de caça, rios com salmões maiores do que os nórdicos já tinham visto, pradarias propícias para a pecuária. Em alguns trechos, uvas selvagens cresciam - o que originou o nome que os vikings deram à região, Vinland (terra das vinhas).

Modelo de barco viking próximo a assentamento

O assentamento, porém, não durou muito. Menos de uma década depois, os imigrantes abandonaram o local, após seguidos enfrentamentos com as tribos nativas. Vinland caiu no esquecimento.
Por mais de cem anos, arquéologos de vários países procuraram o local do assentamento perdido de Erikson, mas foi apenas em 1960 que o assentamento enfim foi descoberto: um casal de arqueólogos noruegueses, Helge e Anne Stine Ingstad, ouviu de habitantes de L'Anse Aux Meadows histórias sobre um sítio arqueológico indígena.
As primeiras escavações revelaram vestígios de construções similares às de assentamentos vikings na Islândia e na Groenlândia. E a descoberta de um prego datado de quase mil anos atrás indicou que barcos tinham sido construídos no local.
"Quando éramos crianças, brincávamos ali", conta Clayton Colbourne, um ex-guia da região. "Não sabíamos coisa alguma sobre os vikings terem estado por aqui."
Na entrada do sítio arqueológico, um caminho estreito corta uma paisagem que mudou muito pouco desde o tempo de Erikson. O caminho leva aos vestígios das três cabanas originais e cinco ateliês do assentamento. A agência turística governamental Parks Canada recriou num local próximo modelos de alojamento e de ateliês. Neles, guias e animadores vestidos como vikings explicam como viviam os habitantes.
 
L'Anse Aux Meadows

Foi em uma dessas cabanas que nasceu Snorri, o primeiro bebê europeu dado à luz no Novo Mundo, e que se tornaria um dos principais evangelizadores do que hoje é a Islândia.
Em 1978, L'Anse Aux Meadows foi um dos primeiros pontos de interesse cultural do mundo a receber o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco (braço da ONU para educação e cultura).
 

Possível elemento constitutivo para vida alienígena é encontrado na atmosfera da lua Titã

 Ilutração de exolua
 
A lua Titã, de Saturno, é um mundo de contrastes; tanto extremamente familiar quanto surpreendentemente estranha. Seus mares calmos e as enormes dunas de areia podem lembrar a Terra, até que você perceba que o que flui na superfície de Titã não é água, mas hidrocarbonetos líquidos. A atmosfera rica em nitrogênio de Titã parece ter alguns dos ingredientes para a biologia, mas qualquer forma de vida evoluída, para prosperar a temperaturas de -170 graus Celsius, seria praticamente irreconhecível.
Um novo artigo científico apoia a ideia de que pode existir vida em Titã, mas que não seria nada como a vida tal como a conhecemos. Depois de estudar dados espectroscópicos coletados pelo telescópio Atacama Large Millimeter/Sub millimeter Array (ALMA), no norte do Chile, pesquisadores estão dizendo agora que a atmosfera de Titã é abundante em cianeto de vinila, uma molécula que, em teoria, pode formar membranas "celulares" nas condições ambientais únicas da lua.
Na verdade, com base nos níveis de cianeto de vinilo presentes na atmosfera de Titã, seus mares poderiam — em teoria, não estamos dizendo que existem alienígenas — estar cheios de pequenas membranas celulares, com concentrações semelhantes às das bactérias nos oceanos da Terra.

Na verdade, com base nos níveis de cianeto de vinilo presentes na atmosfera de Titã, seus mares poderiam — em teoria, não estamos dizendo que existem alienígenas — estar cheios de pequenas membranas celulares, com concentrações semelhantes às das bactérias nos oceanos da Terra.

Isso é bom para os organismos que evoluíram nos mares de água temperada e líquida aqui na Terra, mas as membranas que nossa biologia usa simplesmente não funcionariam nos mares de metano criogênico de Titã (elas seriam muito rígidas, e as partes que atraem e repelem água teriam que ser invertidas). Então, como poderiam ser as células em Titã? Dois anos atrás, pesquisadores da Universidade de Cornell usaram modelos químicos para tentar responder a essa pergunta. Através desses modelos, produziram uma membrana celular funcional que permaneceu estável e flexível a temperaturas incrivelmente baixas, usando nada além de C2H3CN, ou cianeto de vinila.

Eles chamaram o alienígena hipotético de “azotosoma”.
 
O ‘azotosoma’ imaginado pelos pesquisadores de Cornell em 2015 (Imagem: James Stevenson)
 
"O que faz com que o cianeto de vinila seja uma molécula potencialmente útil é que ele é anfifílico - tem um final polar e não polar", assim como os fosfolípidos das nossas membranas, disse Maureen Palmer, recentemente formada na St. Olaf College e principal autora do novo estudo. "Seria o mesmo tipo, mas o contrário de como os lipídios das membranas celulares funcionam na Terra", com as partes polares no interior e as partes não-polares do lado de fora.

Era uma hipótese fascinante, mas havia um problema: ninguém jamais havia confirmado que o cianeto de vinila está realmente presente em Titã (a nave Cassini, da NASA, encontrou provas da possibilidade da molécula há vários anos). Palmer e seus colegas decidiram preencher essa lacuna, examinando dados de calibração que o ALMA recolheu em Titã antes de girar seus telescópios para outros alvos. Claramente, eles encontraram evidências convincentes de que grandes quantidades de cianeto de vinila estão presentes na atmosfera de Titã - principalmente em altitudes superiores a 200 quilômetros. A pesquisa foi publicada nesta sexta-feira (28), na Scientific Reports.

Quando enviei o artigo para Jonathan Lunine, astrônomo da Cornell e coautor no estudo de 2015 que postula a existência de azotosomas, ele disse que era "bastante gratificante ver que esse acrilonitrilo", ou cianeto de vinila, “parece realmente estar presente na atmosfera de Titã".

Claro, a vida como a conhecemos seria mais provável de surgir nos vastos mares na superfície de Titã do que no céu. Mas, como Palmer e seus colegas apontam, a chuva está constantemente transportando compostos orgânicos para a superfície de Titã — o que pode incluir cianeto de vinila. "Deve estar chegando à superfície", disse ela. "Titã tem muita chuva.”
 
 
Ilustração gráfica de como vários compostos orgânicos podem ir para a superfície e mares de Titã (Imagem: ESA)

Na verdade, em Ligeia Mare, um mar de metano maior que o Lago Superior de Michigan localizado perto do polo norte de Titã, Palmer e seus colegas estimam que poderia haver até 30 milhões de azotosomas por centímetro cúbico de "água do mar". Para comparação, as águas costeiras oceânicas na Terra têm cerca de um milhão de bactérias por centímetro cúbico, de acordo com a estimativa de um artigo.
"Este é um ponto crucial, e experiências de laboratório devem ser feitas", acrescentou Lunine. Palmer concordou.

"Espero que alguém faça um estudo para tentar formar as membranas no laboratório, para ver se elas realmente podem se formar", disse Palmer. Seus coautores estão atualmente tentando definir melhor a abundância e a distribuição de cianeto de vinila na atmosfera de Titã — este primeiro artigo foi apenas uma estimativa. Eles também estão procurando evidências de outras moléculas biologicamente relevantes em Titã. Também esta semana outra equipe de cientistas relatou a detecção de "ânions da cadeia de carbono" — potenciais materiais de construção de biomoléculas complexas — na atmosfera superior de Titã, usando dados da Cassini.

Em última análise, resolver a questão de saber se Titã é lar de alguma forma de vida bem estranha exigirá uma missão futura que possa pousar em sua superfície — talvez um submarino criogênico à prova de metano. Palmer definitivamente está torcendo para isso.

"Eu amo o Titã", disse ela. "É super interessante como um alvo de astrobiologia, porque todas as formas de vida que conhecemos na Terra têm água como solvente, mas lá é metano líquido. Seria uma forma bioquímica totalmente diferente, se houvesse vida em Titã. E eu acho essa possibilidade fascinante.” 
 
 
 

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Múmia que "calçava Adidas" é restaurada na Mongólia

 
Quando a múmia foi vista pela primeira vez, seu “tênis” foi comparado ao design da Adidas
 
Um tênis “moderno”, uma bolsa, uma faca, um espelho, um pente, uma sela e pedaços de um cavalo. Foi com esses pertences que uma mulher foi enterrada há 1.100 anos. A múmia encontrada em abril de 2016 no topo das Montanhas Altai, na Mongólia, a mais de 2.800 metros, foi restaurada e o seu “look” foi o que mais chamou a atenção dos arqueólogos.
De acordo com o jornal “The Siberian Times”, quando a múmia foi vista pela primeira vez, seu “tênis” foi comparado ao design da Adidas. Agora, sua aparência moderna é ainda mais clara e intriga arqueólogos e etnógrafos. A restauração do objeto revelou que os calçados eram, na verdade, um par de botas de feltro de cano alto, listradas em preto e vermelho, com solas de couro e fivelas decorativas. Um especialista em moda da região disse ao “The Siberian Times” que apesar de “excêntricas”, as botas são elegantes. “Não me importaria de vesti-las agora em um clima mais frio”, brincou. 
"Quando o achado se tornou público, as botas foram comparadas aos tênis Adidas. Nesse sentido, eles são um objeto de estudo interessante para os etnógrafos, especialmente porque o estilo é muito moderno", explicou o diretor do Centro de Patrimônio Cultural da Mongólia, Galbadrakh Enkhbat.
 
Cientistas descobriram que a mulher sofreu uma lesão na cabeça, mas não é possível afirmar que essa seja a causa da morte
 

Causa da morte

Durante a restauração, os cientistas descobriram que a mulher sofreu uma lesão significativa na cabeça, mas não é possível afirmar que essa seja a verdadeira causa da morte, que ocorreu em meados do século X. Os estudos ainda não identificaram também se ela foi atacada ou caiu, embora outras pesquisas possam responder isso. Acredita-se também que o corpo tenha entre 30 e 40 anos. 
“Vários utensílios de costura foram encontrados com ela. Este é apenas o nosso palpite, mas achamos que ela poderia ter sido uma costureira”, afirmou o diretor do Centro de Patrimônio Cultural da Mongólia. Acredita-se que a mulher seja de origem turca e o enterro é um dos mais completos já encontrados. 
"Como a sepultura foi enterrada em um ambiente frio, tecido e feltro não sofreram uma reação biológica", disse Galbadrakh Enkhbat. "Se tivessem sido enterrados no solo, nada teria permanecido." A múmia está sendo exibida no Museu Nacional da Mongólia. 

O que produz aquele cheiro gostoso de chuva?

O aroma terroso produzido quando a chuva cai no solo ou nas pedras depois de um período de clima seco e quente tem um nome: petricor. Vem da palavra grega "petra", que significa pedra, e "icor", o fluido que corre nas veias dos deuses da mitologia grega.
O nome foi dado por pesquisadores australianos em 1964, que descreveram o aroma como a combinação de óleos produzidos por plantas e o composto orgânico geosmina, que é liberado pelo solo quando chove.
Em 2015, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos Estados Unidos usaram câmeras que gravam em alta velocidade para mostrar como o cheiro da chuva chega ao ar.
Gotas de chuva prendem minúsculas bolhas de ar ao atingir o chão. As bolhas então explodem em um gás, produzindo gotículas líquidas extremamente finas que ficam suspensas no ar como o aerossol de um perfume.
 
Chuva
 
O cheiro é mais forte quando a chuva é fina e quando esta cai sobre solos arenosos ou argilosos. A alta velocidade das gotas na chuva pesada torna mais difícil a produção das bolhas de ar que produzem a petricor.
Alguns cientistas acreditam que os humanos desenvolveram um gosto por esse cheiro já que os nossos antepassados dependiam da chuva para sobreviver.
BBC Brasil
 

terça-feira, 25 de julho de 2017

O trabalho intenso do cérebro quando estamos divagando

Sente-se, relaxe e não pense em nada. É difícil? Pode existir uma boa razão pela qual a mente divaga e se direciona para os mais diferentes pensamentos, mesmo quando se tenta desligá-la: nosso  cérebro nunca descansa realmente.
 
Cabeça, Cérebro, Pensamentos
E ao contrário do que se pensa normalmente, "sonhar acordado", como os psicólogos chamam, pode até mesmo trazer benefícios à mente e ao corpo.
Por muitos anos, cientistas assumiram que nossos cérebros trabalham duro quanto têm um trabalho a fazer e "desligam" quando não somos estimulados. É por isso que você costuma ler sobre experimentos em que voluntários têm que realizar tarefas como bater o dedo na mesa, fazer contas de cabeça ou olhar para determinadas imagens enquanto se submetem a uma ressonância magnética.
A ressonância revela quais partes do cérebro se tornam mais ou menos ativas durante cada tarefa. Mas os neurocientistas se surpreenderam ao descobrir que, quando o cérebro está supostamente descansando, ele na verdade está mais ativo do que nunca.
Os resultados de pesquisas recentes sugerem que divagar pode ser uma estratégia do organismo para organizar a memória, preparar-se para o futuro e até mesmo para manter o corpo funcionando corretamente - inclusive naqueles momentos em que você deveria estar prestando atenção em outra coisa.
"A divagação por muito tempo foi vista como algo negativo. Queremos produtividade das pessoas, queremos que elas prestem atenção. A escola é basicamente um treinamento para isso. Mas nos últimos anos, o que tem se notado é que o cérebro está sempre indo de um lugar para outro", disse à BBC o neurocientista Daniel Margulies, pesquisador do Instituto Max Planck para Ciências Cognitivas e do Cérebro Humano, na Alemanha.
"Nos momentos em que estamos atentos e focados em algo nós conseguimos apenas controlar um pouco essa atividade. Então, como o cérebro está divagando o tempo todo, começamos a achar que isso deve ter uma função metabólica e psicológica."

Uso de energia

A equipe de pesquisadores coordenada por Margulies tenta descobrir o que examente acontece dentro da sua cabeça enquanto você divaga. Mas o interesse no assunto, segundo o cientista, é recente.
"Sempre assumimos que a atividade contínua do cérebro humano - essas flutuações que parecem ondas gigantes - era uma espécie de ruído. Demorou algum tempo para que os cientistas desse campo reconhecessem que havia, nesse ruído, sinais com algum significado."
Um dos primeiros estudos que levantava essa hipótese foi publicado em 1995. Dois anos depois, em 1997, um levantamento analisou resultados de diversas pesquisas sobre a rede de neurônios que "acende" no cérebro quando estamos prestando atenção em algo - e encontrou um resultado surpreendente.
Os estudos davam a entender que os momentos de maior atividade no cérebro dos pacientes era quando estavam apenas deitados sem fazer nada, e não quando estavam realizando atividades.
"Não só o cérebro trabalha, como há algumas regiões específicas que ficam consistemente mais ativas quando a pessoa não está fazendo nada, em comparação com diversas outras atividades. Também estamos estudando o que exatamente estas regiões estão fazendo nesse estado padrão", diz Margulies.
Isso ajudaria a explicar por que o cérebro gasta um percentual tão alto da energia do corpo - cerca de 20% da Taxa Metabólica de Repouso (RMR, na sigla em inglês), a energia que o organismo usa durante um dia sem muita atividade física.
"Estamos justamente tentando entender este mistério: o que o cérebro está fazendo com tanta energia, se ela não parece estar sendo gasta nas atividades diárias às quais ele se dedica, e, sim, nos pensamentos aleatórios? Essa questão não é só psicológica, mas fisiológica também."

Muitas tarefas

Se sonhar acordado requer tanto trabalho e energia, não é de espantar que este seja um dos principais motores da criatividade humana, de acordo com os pesquisadores.
"A divagação é provavelmente o momento em que as coisas mais interessantes que fazemos acontecem. É muito importante para o pensamento criativo", disse à BBC Charles Fernyhough, professor de psicologia na Universidade de Durham, no Reino Unido.
"Esse momento está muito ligado à memória e ao processamento do passado e ao planejamento do futuro. Além disso, também refletimos sobre nossos relacionamentos com outras pessoas e sobre problemas que precisam ser resolvidos, o que eu chamo de 'jardinagem social'."
Os ganhos específicos do cérebro nos momentos em que divagamos ainda são, no entanto, uma incógnita para os pesquisadores.
Ao entrar em um avião, por exemplo, é comum pensar: "E se ele cair?". Para Margulies, esse tipo de projeção pode ser também uma forma que o cérebro encontra de estar preparado para diversos cenários.
"Ainda há uma certa confusão no nosso entendimento do porquê divagamos e por que a nossa atividade cerebral permanece contínua", admite.
Uma das teorias mais aceitas, segundo o neurocientista, é a de que sonhar acordado é também o tempo que o cérebro usa para organizar sua lista de afazeres.
"Para mim, o cérebro parece estar fazendo faxina e manutenção da atividade corrente e das necessidades metabólicas. É um sistema enorme para manter funcionando, são muitas células."
"Então é provável que só uma parte pequena dessa atividade seja realmente responsável por nosso estado mental - se estamos estressados ou relaxados. Pensamos que estar num estado meditativo apenas é estar num momento em que o cérebro está mais calmo. Mas continua tendo muitas coisas a fazer", explica.
BBC Brasil

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Poluição ameaça tornar a Terra num "planeta de plástico"

Cientistas americanos calcularam a quantidade total de plástico já produzida pela humanidade, e afirmam que ela chega a 8,3 bilhões de toneladas.
 
Resíduos de plástico preparados para a reutilização
E essa massa impressionante de material foi criada apenas nos últimos 65 anos.
A quantidade de plástico pesa tanto quanto 25 mil edifícios Empire State Building, em Nova York, ou um bilhão de elefantes.
A questão, no entanto, é que itens plásticos, como embalagens, costumam ser usados por curtos períodos de tempo antes de serem descartados.
Mais de 70% da produção total de plástico está em esgotos, que vão principalmente para aterros sanitários - apesar de que a maior parte dela é acumulada nos ambientes abertos, incluindo os oceanos.
"Estamos caminhando rapidamente para um 'Planeta de plástico', e se não quisermos viver neste mundo, teremos que repensar a maneira como usamos alguns materiais", disse à BBC o especialista em ecologia industrial Roland Geyer.
sobre o plástico feito por Geyer e seus colegas da Universidade de Califórnia, nos Estados Unidos foi divulgado pela publicação científica Science Advances.
Trata-se da primeira estimativa global de quanto plástico foi produzido, como o material é usado em todas as suas formas e aonde ele parar. Estes são alguns dos principais dados.
  • 8,3 milhões de toneladas de plástico virgem foram produzidas nos últimos 65 anos
  • Metade deste material foi produzido apenas nos últimos 13 anos
  • Cerca de 30% da produção histórica continua sendo usada até hoje;
  • Do plástico descartado, apenas 9% foi reciclado;
  • Cerca de 12% foi incinerado, mas 79% terminou em aterros sanitários;
  • Os itens de menos uso são embalagens, utilizadas por menos de um ano;
  • Os produtos plásticos com uso mais longo estão nas áreas de construção civil e maquinaria;
  • Tendências atuais apontam para a produção de 12 bilhões de toneladas de lixo plástico até 2050;
  • Em 2014, a Europa teve o maior índice de reciclagem de plástico: 30%. A China veio em seguida com 25% e os EUA reciclaram apenas 9%.
Gráfico
 

Resíduo

Não há dúvida de que o plástico é um material impressionante. Sua adaptabilidade e durabilidade fizeram com que a produção e uso ultrapassasse a maior parte dos materiais feitos pelo homem, com a exceção de aço, cimento e tijolos.
Desde o começo da produção em massa do plástico nos anos 1950, os polímeros estão em toda parte - incorporados a tudo, desde embalagens até roupas, de partes de aviões a retardadores de chamas. Mas são justamente essas qualidades maravilhosas do plástico que representam um problema crescente.
Nenhum dos plásticos normalmente usados são biodegradáveis. A única forma de se desfazer de seus resíduos é destrui-los através de um processo de decomposição conhecido como pirólise ou por simples incineração - apesar de que este último é mais complicado, por causa de preocupações com as emissões de gases poluentes.
Enquanto não se desenvolve uma maneira eficiente e sustentável, o resíduo se acumula. Atualmente, segundo Geyer e seus colegas, há restos de plástico suficientes no mundo para cobrir um país inteiro do tamanho da Argentina.
A expectativa da equipe é que o novo levantamento dê impulso ao diálogo sobre como lidar com a questão.
"Nosso mantra é: não dá para administrar o que não dá pra medir. Então queremos divulgar esses números sem dizer ao mundo o que ele deveria estar fazendo, mas para começar uma discussão real", afirma o pesquisador.
Os índices de reciclagem no mundo estão aumentando e a química moderna trouxe alternativas biodegradáveis ao plástico, mas fabricá-lo continua sendo tão barato que é difícil deixar de lado o produto.
A mesma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, Santa Barbara já havia produzido, em 2015, um levantamento do total de resíduos plásticos que vai para os oceanos a cada ano: 8 milhões de toneladas.

'Tsunami'

A ida dos resíduos plásticos para o mar, em particular, é o principal alvo da preocupação dos cientistas nos últimos anos, por causa da comprovação de que parte deste material vai para a cadeia alimentar dos peixes e de que outras criaturas marinhas ingerem pequenos fragmentos de polímeros.
"Estamos enfrentando um tsunami de resíduos plásticos e precisamos lidar com isso", disse à BBC o oceanógrafo Erik van Sebille, da Universidade de Utrecht, na Holanda, que monitora a presença do plástico nos oceanos.
"Precisamos de uma mudança radical na maneira como lidamos com os restos do plástico. Mantendo os padrões atuais, teremos que esperar até 2060 para que mais plástico seja reciclado do que jogado em aterros e no meio ambiente. É devagar demais, não podemos esperar tanto", afirmou.
Outro motivo pelo qual a reciclagem de plástico ainda pode estar avançando lentamente é o design dos produtos, segundo Richard Thompson, professor de biologia marinha na Universidade de Plymouth, no Reino Unido.
"Se os produtos de plástico fossem criados com a reciclagem em mente, eles poderiam ser reutilizados muitas vezes. Uma garrafa, segundo alguns estudos.
BBC Brasil

A "blasfêmia" que contrariou a Bíblia sobre a verdadeira idade da Terra

 
Córrego
 
Como muita gente vivendo no século 18, James Hutton era religioso e acreditava que Deus tinha criado o mundo.
Porém, o escocês não conseguia aceitar que a única fonte de informações para seu interesse em geologia, em especial, o processo de formação da Terra - e das colinas que cercavam sua cidade natal, Edimburgo - era a Bíblia.
Em 1747, ele deu início, então, ao que na época era pura blasfêmia: questionar a data da Criação, que algumas edições da Bíblia disponíveis até forneciam com precisão: sábado, 22 de outubro do ano 4004 a.C.
Hutton acreditava que Deus tinha dado um sistema de leis naturais para o mundo. E que nada tinha ocorrido tão recentemente quanto até alguns cientistas afirmavam.

Escândalo providencial

Hutton foi descrito por seus pares como um homem muito divertido.
Passou a viver em um sítio de propriedade do pai, no sul da Escócia, quando tinha 26 anos.
Foi na pequena propriedade rural que ele desenvolveu suas teorias sobre o planeta.
Era um lugar sombrio, chuvoso e açoitado pelos ventos. Pior, as águas levavam do solo os nutrientes de que Hutton precisava plantar alimento. Ele temia que simplesmente fossem erodir tudo.
Mas isso não fazia sentido diante da teoria de que Deus tinha desenhado um planeta capaz de se reconstruir.
O escocês passou a observar rochas e viu que elas tinham camadas sutilmente distintas.
Entendeu que elas eram faixas de sedimentos que a água havia trazido e depositado em diferentes momentos, ano após ano, e que lentamente se compactavam para formar a rocha.

"Forno profundo"

Sobretudo, ele concluiu que criação e destruição da Terra não tinham sido os acontecimentos repentinos e dramáticos narrados pela Bíbilia, mas sim ações lentas e imperceptíveis ao longo do tempo.
O solo que via era criado a partir dos escombros do passado.
Aos 41 anos, Hutton voltou a Edimburgo, em pleno apogeu do Iluminismo na Escócia. Edimburgo era uma das capitais intelectuais do mundo e ele aproveitou para circular sua grande ideia. Especialmente junto amigos famosos como o químico Joseph Black, descobridor do gás carbônico, e Adam Smith, uma dos mais influentes economistas da história. Juntos, fundaram o Clube das Ostras, um lugar para beber e debater.

Paredão rochoso

Hutton sabia que nem todas as rochas tinham capas de sedimentos, o que levava a crer que havia outra maneira de se formarem. Foi com ajuda de outro amigo - o inventor do motor a vapor, James Watt, que ele encontrou a solução.
Fascinado pelas máquinas de Watt, Hutton começou a se perguntar se a Terra também não era alimentada por calor - e quiçá o planeta não teria em seu centro um poderoso motor térmico.
Ainda que cientistas ao longo dos anos já tivessem visto vulcões ativos, eles eram tratados como fenômenos isolados.
Hutton foi a primeira pessoa a imaginar que o centro da Terra era uma bola ardente e que vulcões funcionavam como escapamentos para esse forno nas profundezas.
Um forno que também teria poder para criar rochas que nasciam fundidas.

Embaraço e desafio

Em 1785, persuadido pelos amigos intelectuais, Hutton apresentou sua teoria na Academia Real de Edimburgo.

James Hutton

Extremamente nervoso, ele não teve um bom desempenho. A teoria não só foi rechaçada como Hutton ainda foi acusado de ser ateísmo e heresia, algo escandaloso para a época.
Um dos maiores problemas que ele teve foi quando tentou refutar a crença de que o granito não era "a pedra fundamental usada por Deus na criação da Terra".
Hutton afirmava que este tipo de rocha era um exemplo de material jovem e que tinha sido um dia quase líquido.
Ele precisava provar, porém. E, aos 60 anos, em vez de simplesmente dar de ombros, foi buscar as evidências. Escolheu como local o Vale de Tilt, ponto de encontro dos grandes rios da Escócia - o Dee, que corre sobre um leito de granito rosa, e o Tay, sobre arenito (cinza).
Hutton imaginava que o encontro dos rios lhe daria provas de sua teoria. E foi assim: ele encontrou rochas estratificadas cinza com granito rosa injetado.

Rochas

Isso demonstrava que o granito estava fundido quando se encontrou com as rochas cinza, e que havia um "motor gigante de calor" em ação. Além disso, sustentava seu argumento de que Terra tinha sofrido mudanças desde a Criação, ao contrário do que dizia a Bíblia.
Essas observações já provavam grande parte da teoria de Hutton de que a Terra era um sistema. Mas ele ainda queria saber a idade do planeta, em especial se era mais antigo que os milhares de anos sugeridos pela Bíblia.

Muitos milhares de anos

Em 1788, Hutton tomou o rumo de Siccar Point, uma formação rochosa na Costa Leste escocesa. Ele estava intrigado pelos diferentes ângulos das rochas ao longo dos desfiladeiros - em alguns pontos eram verticais, enquanto em outros eram horizontais.

Siccar Point

Observando-as, ele concluiu que a diferença se devia a ciclos geológicos, em que uma variedade de tipos de rocha se intercalavam.
Na época, Hutton são sabia que estava vendo o resultado do movimento de placas tectônicas, mas tinha informações suficientes para deduziras que as alterações não tinham como ocorrer no templo bíblico, mas sim no que chamou de tempo profundo.
Esse conceito foi um avanço extraordinário, tão significativo como a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin ou a Teoria da Relatividade de Einstein.
James Hutton vislumbrou a verdadeira e vasta idade da Terra, um descobrimento que nos permitiu reconstruir a complexa história de nosso planeta.
BBC Brasil

Geólogos afirmam ter detectado água em depósitos vulcânicos na Lua



A maioria das pessoas (erroneamente) presume que a Lua é estéril e chata. Claro, o nosso satélite pode ser um pouco apegado, mas ele também tem tremores, solo laranja e pode esconder recursos d'água abundantes. Uma nova pesquisa a partir de dados de satélite oferece mais evidência de que a Lua de fato tem água presa em seu manto, o que poderia ser algo enorme para empresas que esperam minerar a Lua em busca de recursos. Mas ninguém ainda falou onde é que está o queijo lunar.
Em um estudo publicado nesta segunda-feira (24), na Nature Geoscience, pesquisadores afirmam ter detectado água dentro de depósitos vulcânicos espalhados pela superfície lunar. A equipe usou medições de amostras lunares das misões Apollo, além do espectrômetro orbital a bordo do perdido (e achado) orbitador lunar Chandrayaan-1, da Índia, para investigar assinaturas de água. Espectrômetros lunares conseguem medir quanta luz é refletida da superfície de um objeto e ajudar a informar os cientistas sobre sua composição.

Os pesquisadores detectaram evidências de água em vários depósitos vulcânicos, incluindo os locais próximos das aterrissagens das Apollos 15 e 17. Em 2008, cientistas detectaram vestígios de água em esferas de vidro trazidas desses dois locais da Apollo, mas essa nova pesquisa sugere que a água pode ser mais abundante do que se imaginava, e não apenas uma coisa do passado. Os depósitos vulcânicos são bastante grandes, sugerindo que o interior da Lua poderia conter uma quantidade significativa de água.
O que leva à pergunta de como tudo isso foi parar lá em primeiro lugar.
 


"Geralmente, acredita-se que a Lua tenha se formado por um impacto gigante com a Terra, mas esse é um processo de alta energia e alta temperatura ao qual a água não deveria ter sobrevivido", disse o autor principal Ralph E. Milliken, professor associado no Departamento de Ciências Terrestres, Ambientais e Planetárias da Universidade Brown, disse ao Gizmodo. "Então, de alguma forma, ou ela sobreviveu a esse processo, ou foi entregue à Lua depois do evento de impacto, mas antes que a Lua esfriasse e se solidificasse.
Nesse segundo caso, a água poderia ter sido administrada por asteroides e cometas ricos em água, e isso também poderia ter implicações sobre como a água foi entregue à Terra."
Empresas privadas como a Moon Express indicaram há muito tempo sua intenção de minerar a Lua em busca de minério de ferro, metais preciosos e água. A transformação da água da Lua em combustível de foguete pode criar uma indústria extremamente lucrativa, se houver água para extrair, é claro.

"A quantidade de água em uma determinada conta de vidro não é muito, mas o tamanho de alguns depósitos piroclásticos é enorme, então você tem um monte de material para trabalhar e processar", disse Milliken. "Esses depósitos foram anteriormente reconhecidos como recursos potenciais porque o vidro vulcânico também contém titânio e ferro, e, agora, com a presença observada de água, podemos adicionar outro recurso potencial à lista. A água que está presa no vidro não seria um recurso renovável, mas, novamente, você tem muito desse material para trabalhar."

Milliken disse que ele e o coautor do estudo, Shuai Li, pesquisador da Universidade do Havaí, vão conduzir mais estudos para entender onde a água poderia estar escondida sob a superfície da Lua. Pode não ser queijo, mas é um começo.

Terra.com

terça-feira, 18 de julho de 2017

Corpos desaparecidos por 75 anos são encontrados em geleira

Geleira dos Diablerets, onde os corpos foram encontrados (Foto: Wikimedia/Zacharie Grossen)
 
Os corpos congelados de um casal suíço que desapareceu há 75 anos nos Alpes foi encontrado em uma geleira que está encolhendo, relatou a mídia suíça nesta terça-feira.
Marcelin e Francine Dumoulin, pais de 7 filhos, tinham saído para tirar leite de suas vacas em um campo no vilarejo de Chandolin, no distrito de Valais, no dia 15 de agosto de 1942.
"Nós passamos nossas vidas inteiras procurando por eles, sem parar. Nós pensávamos que poderíamos dar a eles o funeral que mereciam um dia", disse a filha mais nova do casal, Marceline Udry-Dumoulin, de 79 anos, ao jornal Le Matin.
"Eu posso dizer que após 75 anos de espera essa notícia me dá um profundo sentimento de calma", acrescentou.
Em um comunicado durante a noite, a polícia de Valais disse que dois corpos com documentos de identidade foram descobertos na última semana por um trabalhador na geleira Tsanfleuron perto de um teleférico de esqui sobre o resort Les Diablerets a uma altitude de 2,615 metros.
 
Geleira suíça revela corpos de casal desaparecido há 75 anos
 
Testes de DNA serão realizados para confirmar a identidade do casal.
"Os corpos estavam deitados um ao lado do outro. Era um homem e uma mulher usando roupas datadas do período da Segunda Guerra Mundial", disse Bernhard Tschannen, diretor da Glacier 3000, ao jornal.
"Eles estavam perfeitamente preservados na geleira e seus pertences estavam intactos".
"Nós pensamos que eles podem ter caído dentro de uma fenda, onde eles ficaram por décadas. Na medida que a geleira recuou, ela revelou seus corpos", disse ao jornal Tribune de Geneve.
 
 

domingo, 16 de julho de 2017

Como é a luz mais potente do mundo, criada em laboratório nos EUA

Como se fossem milhões de sóis. Assim é o brilho da luz mais potente criada na Terra por uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Luz Extrema no Estado americano de Nebraska, nos Estados Unidos.
A luz, produzida pelo laser Diocles - um dos mais potentes do mundo-, tem a extraordinária capacidade de mudar o aspecto do objeto que ilumina.
Essa característica significa que ela poderia ser utilizada como um novo tipo de raio-X capaz de obter imagens de resolução muito maior do que a alcançada até agora com os aparelhos convencionais. 

Dispersão
Homem olhando pela janela Para entender a dispersão, basta olhar para o lado de fora da janela durante o dia

Os pesquisadores descobriram o efeito desta luz quando incidiram o laser sobre elétrons individuais suspensos em hélio.
Dessa forma, eles notaram que, ao aumentar a intensidade da luz, depois de um certo limiar, a dispersão de fótons (partículas de luz) mudava a aparência daquilo que iluminava.
Para entender esse processo, Donald Umstadter, o principal autor do estudo, disse à BBC como funciona a dispersão, o processo que torna as coisas visíveis.
"Se você olhar pela janela, a única razão pela qual você vê é porque a luz do Sol reflete nos objetos - por exemplo, em uma árvore - e aí se dirige aos seus olhos. Esse reflexo é o que chamamos de dispersão", explica.
"Sem dispersão, mesmo em um dia ensolarado, você veria tudo escuro como a noite", acrescenta.
O que ocorre com esta luz potente é que ela produz uma dispersão em uma escala inimaginável.
Medicina e segurança

Luz poderia ser usada para identificar microfraturas

"Normalmente, se você aumenta a intensidade da luz de uma casa, vai poder ver tudo da mesma forma, mas mais brilhante. Quando nós aumentamos a potência do nosso laser a certo nível, a luz que vinha do objeto já não parecia o objeto original, mas um com mais forma, visto de distintos ângulos e com energia diferente."
"A imagem era mais parecida com as dos raios-X", diz.
Uma das aplicações práticas mais evidentes é no campo da medicina: a luz poderia, por exemplo, ser usada para detectar microfraturas.
Além disso, cientistas apontam que a luz poderia ser empregada para fazer imagens das reações químicas ou de elétrons em movimento, assim como em dispositivos de segurança.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

O que é o Relógio do Apocalípse, e por que ele indica que desde 1953 nunca estivemos tão perto

Existe um relógio que, em vez de medir a passagem do tempo, indica o quão perto o planeta está de ser destruído. Atualmente, seus ponteiros marcam dois minutos e meio para meia-noite, horário previsto para o fim do mundo.
 
Relógio do Juízo Final
É o chamado Relógio do Apocalipse, criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atômicos (BPA, na sigla em inglês), nos Estados Unidos.
Não se trata de um objeto, mas de uma ilustração simbólica. Os ponteiros do relógio não se movem por meio de uma medida científica, mas de acordo com o parecer dos integrantes do conselho de ciência e segurança do BPA, que se reúne duas vezes por ano para determinar o quanto falta para meia-noite.
"É um símbolo que representa o quão perto ou longe estamos de uma catástrofe global. O que queremos mostrar com isso é o quão próximos estamos de destruir a vida na Terra como a conhecemos", explica Rachel Bronson, diretora-executiva e editora do boletim.
O último ajuste nos ponteiros aconteceu em janeiro deste ano, logo após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Na ocasião, o relógio foi adiantado em meio minuto.
Apenas em 1953 os ponteiros estiveram mais adiantados do que agora, marcando dois minutos para meia-noite, após os EUA e a antiga União Soviética testarem bombas termonucleares.
Para os responsáveis pelo relógio, eventos recentes - como o lançamento de um míssil balístico intercontinental pela Coreia do Norte e a decisão de Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas - acendem um alerta.
"Não estamos nos movendo na direção certa", diz Bronson à BBC.
Quando o Relógio do Apocalipse foi criado, em 1947, simbolizava a preocupação dos cientistas com o risco de um conflito nuclear diante da corrida armamentista no início da Guerra Fria.
Desenhado pela pintora Martyl Langsdorf, mulher do físico Alexander Langsdorf, do Projeto Manhattan (projeto de pesquisa e desenvolvimento que produziu as primeiras bombas atômicas durante a 2ª Guerra Mundial), o relógio marcava sete minutos para meia-noite em sua primeira aparição na capa do boletim.
Desde então, a posição dos ponteiros foi ajustada 22 vezes para frente ou para trás.

Do rock à ONU

As referências ao relógio vão muito além da ciência e da política. Bandas de rock - como Iron Maiden e Smashing Pumpkins - já dedicaram músicas a ele ("2 minutes to Midnight" e "Doomsday Clock", respectivamente).
O Relógio do Apocalipse também apareceu em um episódio da série Doctor Who, produzida pela BBC.
Atualmente, o relógio reflete, juntamente com o risco nuclear, a preocupação dos cientistas com os efeitos da mudança climática e novas tecnologias, como a inteligência artificial e a biologia sintética.
Em março, Kim Won-soo, representante da ONU para assuntos de desarmamento, alertou que o Relógio do Apocalipse tinha atingido sua pior marca em 64 anos.
"A necessidade de avançar no desarmamento nuclear poucas vezes foi tão urgente como é hoje", disse Kim Won-soo.
O relógio está mais adiantado do que se encontrava durante a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, quando marcava sete minutos para meia-noite, embora muitos acreditem que o horário deveria ter sido ajustado, na ocasião.
Bronson explica que isso aconteceu porque a Crise dos Mísseis foi tão rápida que os especialistas não chegaram a se reunir para ajustar o relógio. Quando se encontraram, os EUA e a então União Soviética já tinham assinado acordos para controle de armas.
Em 1991, com o fim da Guerra Fria e novos acordos firmados entre Washington e Moscou para redução de armas, o relógio chegou a indicar 17 minutos para meia-noite, sua melhor marca.
Mas o alívio sentido na época contrasta com o risco apontado agora.

"Mais perigoso"

Bronson explica que o último ajuste do relógio Apocalipse, em janeiro, refletiu uma crescente falta de consideração no mundo em relação ao conhecimento especializado, como comentários imprudentes em diferentes países sobre a questão nuclear.
"O presidente Trump e seu governo são grandes motivos de preocupação. Mas não são os únicos", declara.
"E (Trump) continua a fazer declarações que podem ser vistas - não sabemos se ele tem essa intenção - como uma ameaça velada ao uso de armas nucleares, o que é muito assustador", acrescenta Bronson.
A cientista afirma que tem sido questionada se o relógio será acelerado novamente, diante do teste de míssil balístico intercontinental realizado pela Coreia do Norte na semana passada.
Mas, segundo ela, um novo ajuste não está sendo cogitado por enquanto, uma vez que o adiantamento dos ponteiros em janeiro já antecipou "que o mundo se tornaria mais perigoso" e é isso que está acontecendo.
Bronson admite, no entanto, que a situação pode mudar e o boletim se reserva ao direito de mover o relógio se for preciso.
"O importante é a tendência. Isso me preocupa muito. Estamos chegando mais perto ou nos afastando da meia-noite? Acreditamos que não está tão perigoso quanto em 1953, mas estamos caminhando para isso", conclui.
BBC Brasil

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Economia regenerativa: em busca de negócios que ajudem a curar o Planeta

Exemplar de um diamante feito a partir de impurezas do ar de Pequim (Foto: Divulgação - Studio Roosegaarde)
 
Exemplar de um diamante feito a partir de impurezas do ar de Pequim. É um exemplo de economia regenerativa.
 
Em 1997, o professor Evandro Moraes da Gama, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), já previa o problema que as barragens de mineração poderiam causar no futuro próximo. De acordo com ele, já existiam provas de que, em determinado momento, seria insustentável manter represas do tipo, principalmente no Quadrilátero Ferrífero, região que abrange nove municípios populosos de Minas Gerais. Naquele ano, o professor Evandro e mais um grupo de pesquisadores começaram a buscar soluções para aproveitar as toneladas de rejeitos de minério acumuladas em monumentais barragens distribuídas pelo país, como a que rompeu em Mariana, em Minas Gerais.
Conhecido como o maior acidente ambiental do Brasil, o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015, causou um tsunami de lama que destruiu casas, matou pessoas e contaminou mais de 660 quilômetros de rios com rejeitos de minério. Dois anos antes, os pesquisadores da UFMG já tinham desenvolvido uma tecnologia para reaproveitar esse tipo de lixo das mineradoras em pisos, asfaltos, tijolos, blocos de estrutura para a construção civil. Dentro de um laboratório da universidade que fica em Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte, eles criaram o ecocimento. Segundo Evandro, o uso inteligente do material é feito sem riscos para a saúde ou para o meio ambiente e o produto final é mais econômico e resistente do que o tradicional.
O ecocimento é feito por meio da transformação dos rejeitos de minério em um pó, a lama calcinada. Para isso, o material é colocado dentro de um forno que faz a água do barro evaporar-se completamente. Esse pó tem uma propriedade especial, que os engenheiros chamam de grande superfície específica. Essa propriedade faz com que o pó agarre outros materiais colocados em contato com ele. Funciona da mesma maneira que o cimento popularmente conhecido. Além disso, as rochas estéreis também descartadas no processo de mineração, quando moídas e calcinadas, acrescentadas a cal ou cimento, também se transformam em ligantes poderosos. A partir da junção desses materiais, é possível produzir blocos de tijolos.
Segundo Evandro, grandes mineradoras, Ministério Público, pesquisadores e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) já discutem estratégias para fomentar a utilização do material. Na opinião do professor, para atingir a população de baixa renda, o produto precisa receber incentivo fiscal em um primeiro momento. “Para se popularizar, o produto não pode ser sobretaxado, ele precisa ser mais barato do que o que já existe no mercado. Há também a necessidade da conscientização de que esse material não é tóxico, como a mídia divulgou na época do derramamento. Nós queremos ver a utilização do ecocimento em grande escala, na construção de estradas, prédios, estruturas de esgoto, barragens hidrelétricas”, disse Evandro.
O projeto do ecocimento é fruto de uma nova maneira de pensar. É uma filosofia que propõe usar as forças econômicas para ajudar a curar os males do planeta. É mais do que pregar que os negócios respeitem os limites naturais. O objetivo é fomentar ideias economicamente viáveis que ajudem a resolver problemas já existentes. O termo cunhado para descrever isso é economia regenerativa.
A economia regenerativa considera, por exemplo, o aproveitamento do lixo de um processo de produção como matéria-prima para outros produtos. Talvez, se tivesse sido colocado em prática com alguns anos de antecipação, a tragédia de Mariana pudesse ter sido evitada. Mas, até o século passado, a economia mundial perseguiu cegamente o crescimento financeiro sem se preocupar com as consequências ambientais. Essa atitude causou o aprofundamento da desigualdade social em diversos países, principalmente nos menos desenvolvidos, e está levando o planeta ao colapso ecológico. Este século clama por uma nova maneira de agir, de forma que as necessidades de todos sejam atendidas, mas respeitando os limites da Terra.
Em 2015, o Instituto Capital Think dos Estados Unidos divulgou um relatório defendendo que os economistas contemporâneos precisam pensar de acordo com a “ciência do holismo”. Isso significa que, para salvar o mundo, capitalismo ou socialismo não serão suficientes para consertar todos os problemas já causados. Segundo o relatório, esses dois sistemas econômicos encaram cada cadeia de produção com individualidade. Por exemplo, os efeitos da produção de automóveis são independentes dos da mineração de ferro, da extração de combustíveis fósseis, da liberação de gases poluentes. O holismo, por outro lado, vê toda a cadeia dos meios de produção como um conjunto, considerando também os impactos sociais de cada uma. Esse termo foi citado pela primeira vez por Jan Smuts, em 1926, no livro Holismo e evolução. Para o autor, concentrar-se em apenas uma parte dos processos de produção pode dificultar o entendimento do organismo social como um todo, que inclui pessoas, economia e meio ambiente.
Em abril deste ano, a economista Kate Raworth lançou o livro Doughnut economics: seven ways to think like a 21st century economist, que em português seria Economia da rosquinha: sete maneiras de pensar como um economista do século XXI. Nele, a autora explica que, nos últimos 200 anos, a atividade industrial se baseou em um sistema degenerativo para o planeta. A matéria-prima é retirada da natureza, transformada nas coisas que os consumidores desejam, utilizadas por um tempo e depois jogadas fora. A resposta atual para isso é o conceito de sustentabilidade. Ele propõe que o desenvolvimento respeite os limites sociais e ambientais, para se perpetuar. Mas como lidar com o que já foi danificado? Como recuperar comunidades degradadas ou ecossistemas degenerados. Aí entra um novo conceito, que para alguns é uma evolução da sustentabilidade. Para eles, não basta preservar, é preciso recuperar. “É necessária a transformação da economia que temos hoje, que é degenerativa por definição, em uma que seja regenerativa”, escreveu Kate. Ela defende que os economistas do século XXI têm o papel crucial de cultivar o potencial dos negócios e das finanças para fazer florescer esse futuro regenerativo.
Há três anos, o arquiteto holandês Daan Roosegaarde visitou Pequim, capital da China, pela primeira vez. Hospedado em um quarto no 32º andar, ficou incomodado ao perceber que não conseguia enxergar a cidade pela janela. Inspirado pela situação inconveniente, naquela viagem ele decidiu construir um monumento que chamasse a atenção do mundo para a questão da poluição do ar. Com a parceria do Ministério de Proteção ao Meio Ambiente da China, o artista criou um enorme aspirador de poluição e passou a fabricar diamantes com as impurezas capturadas no ar.
Pode parecer brincadeira ou ficção científica, mas o projeto Smog Free Tower realmente existe e funciona. A torre foi instalada no ano passado em Pequim, construída com 7 metros de altura por 3,5 metros de largura. De acordo com o holandês, a torre é o maior aspirador de ar do mundo e tem a capacidade para limpar 30.000 metros cúbicos de ar por hora. Além disso, a máquina é movida por energia limpa, a eólica, e precisa de somente 1.400 watts para funcionar, o mesmo que uma chaleira elétrica.
Mas como o projeto transforma a poluição recolhida em diamantes? Simples. O autor do projeto explica em seu site, Studio Roosegaarde, que mais de 40% da poluição recolhida pela máquina é carbono. Expondo as partículas a uma elevada pressão, o material é transformado em diamantes. Ao comprar um anel do projeto Smog Free Ring, a pessoa carrega nas mãos cerca de 1.000 metros cúbicos de ar sujo. E leva na consciência a noção de que deixou na atmosfera de Pequim o mesmo tanto de ar limpo. Um verdadeiro item de colecionador, os anéis são exclusivamente produzidos pela equipe da Roosegaarde na Holanda.
Em 2017, uma nova etapa do projeto Smog Free deve ser apresentada. Trata-se de uma bicicleta que filtra a poluição atmosférica. O conceito de funcionamento é basicamente o mesmo da torre. A bicicleta inovadora deve inalar ar poluído e purificá-lo ao redor do ciclista.
O conceito de economia regenerativa defende basicamente os mesmos ideais dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015. Os ODS foram adotados oficialmente por todos os 193 estados-membros da ONU. As metas, que deverão ser cumpridas até 2030, estabelecem ações em diversas áreas, como educação, paz, consumo responsável, igualdade social e proteção do meio ambiente.
Época.com

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Seus olhos podem estar cobertos de bactérias que combatem doenças

 
Se os olhos são janelas para a alma, eles são janelas abertas, potencialmente deixando entrar todos os tipos de doenças. Para garantir que isso não aconteça, nossas lágrimas são carregadas de células imunes e compostos que matam bactérias. Na verdade, nossos olhos são tão inóspitos que há muito tempo imaginávamos que eles eram as únicas partes dos nossos corpos que não tinham uma comunidade bacteriana simbiótica. Mas, agora, cientistas encontraram evidências de um antes inimaginável microbioma ocular, e ele pode ajudar a afastar doenças.
Em um artigo publicado nesta terça-feira (11) no periódico Immunity, um time internacional de cientistas detalhou uma bactéria benéfica descoberta vivendo nos olhos de ratos que ajuda a lutar contra espécies que causam conjuntivite. Embora esse estudo tenha sido feito em animais, espécies relacionadas de bactérias foram encontradas em olhos humanos.

Nós costumávamos considerar a superfície do olho uma terra desolada bacteriana, sendo que todas as outras partes dos nossos corpos que entram em contato com o mundo externo, da nossa pele aos nossos estômagos e às nossas narinas, são lar de uma diversificada flora microbiana. Esses microbiomas são umas das primeiras linhas de defesa contra patógenos em potencial, trabalhando com o sistema imune dos nossos corpos para lutar contra infecções. É um pouco estranho que apenas os olhos não tenham uma comunidade bacteriana.

Então, em anos recentes, houve um crescimento de pesquisas visando descobrir o microbioma ocular escondido. Amostras dos olhos, especialmente da conjuntiva — a membrana que cobre a frente dos nossos globos oculares e o interior das nossas pálpebras —, foram testadas como positivas para DNA de muitas espécies diferentes de bactéria. Mas encontrar DNA não é a mesma que encontrar bactérias residentes.
"As pessoas têm encontrado DNA bacteriano no olho humano, mas ninguém apresentou prova experimental de que essas bactérias realmente vivem lá", disse a coautora principal Rachel Caspi, imunologista do National Eye Institute, em um comunicado. "Até onde sabemos, essas bactérias podem ter ‘aterrissado acidentalmente’ no olho e foram mortas pelos agentes antimicrobianos nas lágrimas ou pelas células imunes."

Para confirmar que certos micróbios realmente chamam os olhos de suas casas, os cientistas precisam demonstrar bactérias vivas. Assim, uma equipe de pesquisadores limpou os olhos dos ratos e esfregou as amostras em placas de Petri para ver o que cresceria. A maioria das placas ficaram brancas, mas uma foi acidentalmente deixada por uma semana em uma incubadora com oxigênio. Quando os pesquisadores perceberam seu erro e foram limpar a placa esquecida, eles encontraram pequenas amostras de uma bactéria de crescimento lento, que eles afirmam ser a primeira espécie confirmada do microbioma ocular das cobaias.

A espécie foi identificada como Corynebacterium mastitidis, uma bactéria conhecida por viver na pele humana. No entanto, a bactéria parecia um pouco estranha, crescendo em fios finos, chamados de filamentos, distintos da sua forma comum de haste. A equipe sugeriu que isso pode ser devido ao estresse, embora eles não tenham executado experiências para determinar isso conclusivamente. É possível que essas bactérias achem o ambiente do olho um pouco hostil, mesmo que possam sobreviver nele.

"Nós sabemos que a C. mastitidis deve ser um ‘residente permanente’, em oposição a um ‘convidado’, porque deve ser instilado no olho, ou adquirido da mãe na infância", disse Anthony St. Leger, autor principal do estudo e pesquisador de pós-doutorado no National Institutes of Health. "Não se transfere de um rato adulto para outro na mesma gaiola, mesmo depois de semanas de co-habitação."
Ao remover e estudar a C. mastitidis residente de alguns camundongos, os cientistas demonstraram que sua presença ajudou a prevenir infecções oculares. Lágrimas de ratos com C. mastitidis foram mais letais para as estirpes patogênicas dos fungos Candida albicans e bactérias Pseudomonas do que as lágrimas de ratos que não possuíam bactérias.

Os cientistas acham que a bactéria desempenha um papel benéfico ao ativar caminhos imunológicos que mantêm o olho inundado com agentes antimicrobianos e células imunes que matam os patógenos. A ideia veio de uma estirpe especial de camundongos que não possuem a molécula imune IL-17. Sem isso, as cobaias são propensas a infecções bacterianas oculares desagradáveis, o que conhecemos como conjuntivite. Os cientistas formularam a hipótese de que a IL-17 é uma peça chave na defesa ocular e se perguntaram se as bactérias que vivem no olho podem desencadear a ativação da molécula. Em experimentos de cultura de tecidos, eles mostraram que a C. mastitidis induz produção de IL-17 em células imunes oculares. E quando os ratos que não tinham as bactérias foram inoculados, começaram a produzir mais IL-17 e tornaram-se resistentes às infecções oculares.

Há muito mais para aprender sobre esse relacionamento simbiótico. Não está claro como a C. mastitidis sobrevive às condições inóspitas da conjuntiva. E como ela persiste frente ao ataque desencadeado por IL-17, que mata as espécies patogênicas, é desconhecido. Nem os cientistas sabem ainda como a bactéria vai parar nos olhos.

Mas, armados com o conhecimento de que essas bactérias existem, eles agora podem reexaminar os olhos humanos em busca de espécies similarmente úteis. Compreender a microbiota do olho não só promove a nossa compreensão de nossos corpos, mas pode levar a novas ideias para tratar a conjuntivite. E a equipe espera que eles encontrem muito mais do que apenas Corynebacterium vivendo em nossos globos oculares. "Nós não pensamos que C. mast seja o único comensal. Esta é uma prova de conceito", disse Caspi. "Não há dúvida em nossas mentes de que outros comensais também serão encontrados na superfície ocular."


Após meses de expectativa, iceberg maior que o Distrito Federal se descola da Antártida

Um dos maiores icebergs já documentados acaba de se descolar da Antártida.
O bloco gigante de gelo tem 6 mil km², uma área maior que a do Distrito Federal. O novo iceberg provavelmente está entre os dez maiores já registrados por um satélite.
Um satélite americano observou o iceberg na quarta-feira enquanto passava por uma região chamada de plataforma de gelo Larsen C, na Antártida.
Os cientistas já esperavam pelo acontecimento, já que eles monitoravam o avanço de uma enorme fenda na plataforma há mais de uma década.
Em maio, os satélites Sentinel-1 da União Europeia haviam registrado uma curva na fenda da Larsen C, indicando uma possível mudança de direção.
Agora que se desprendeu, o enorme bloco deve se afastar gradualmente da plataforma de gelo.
"Isso não deve acontecer rapidamente porque o Mar de Wedell é repleto de gelo, mas tenho certeza de que será mais rápido do que todo o processo de ruptura dos últimos meses. Tudo dependerá das correntes e dos ventos", explica Adrian Luckman, professor da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
A Larsen C é a maior plataforma de gelo no norte da Antártida. As plataformas de gelo são as porções da Antártida onde a camada de gelo está sobre o oceano e não sobre a terra.
Segundo cientistas, o descolamento do iceberg pode deixar toda a plataforma Larsen C vulnerável a uma ruptura futura.
A plataforma tem espessura de 350 m e está localizada na ponta oeste da Antártida.
Os pesquisadores vinham acompanhando a rachadura na Larsen C há muitos anos. Recentemente, porém, eles passaram a observá-la mais atentamente por causa de rupturas das plataformas de gelo Larsen A, em 1995, e Larsen B, em 2002.
No ano passado, cientistas afirmaram que a rachadura na Larsen C estava aumentando rapidamente.
Mas, em dezembro, o ritmo aumentou a patamares nunca antes vistos, avançando 18 km em duas semanas.
Fendas
 

Aquecimento global

Os cientistas dizem, no entanto, que o fenômeno é geográfico e não climático. A rachadura existe por décadas, mas cresceu durante um período específico.
Eles acreditam que o aquecimento global tenha antecipado a provável ruptura do iceberg, mas não têm evidências suficientes para embasar essa teoria.
No entanto, os cientistas permanecem preocupados sobre o impacto do descolamento desse iceberg do restante da plataforma de gelo, já que a ruptura da Larsen B, em 2002, ocorreu de forma muito semelhante.
A expectativa dos cientistas é de que a recém separada plataforma se movimente pouco nos próximos anos.
Mas, novas rupturas na plataforma podem acabar dando origem a geleiras que, em vez de permanecer na região, rumariam ao oceano. Uma vez que esse gelo derrete, afeta o nível dos mares.
Ainda há poucas certezas absolutas, contudo, sobre uma mudança iminente no contorno da Antártida.
BBC Brasil

terça-feira, 11 de julho de 2017

"Despacito": Ciência explica o sucesso das músicas chiclete!

Pode ser que a canção te agrade. Ou não.

Luis Fonsi e Daddy Yankee
Mas a ciência ajuda a explicar por que Despacito, dos porto-riquenhos Luis Fonsi e Daddy Yankee, parece "grudar" na memória de quem a escuta.
Estudos na área de neurociência e psicologia encontraram certos elementos em comum nas chamadas "músicas-chiclete".
"A música ativa as áreas do cérebro relacionadas com sons e movimentos, mas também as associadas às emoções e recompensas", explica Jessica Grahn, cientista da Universidade do Oeste de Ontario, no Canadá, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Especialista em estudos ligados à música, Grahn conta que as canções que geram maior comunicação entre as áreas do cérebro ligadas ao som e às emoções são as que mais agradam.
Mas como fazer essa conexão?

'Guloseimas' para o cérebro

Não há uma fórmula mágica, mas certos elementos funcionam como "guloseimas" para o cérebro.
O primeiro ingrediente é o ritmo. Quando uma canção tem uma batida fácil de seguir, como é o caso de Despacito, ela aumenta a atividade cerebral na zona associada ao movimento, segundo experimentos. Mesmo se a pessoa está totalmente quieta.
Em geral, as canções pop a que estamos expostos têm ritmos familiares, o que até certo ponto é previsível. Essa característica, diz Grahn, funciona como uma espécie de recompensa para o cérebro, pois é agradável que a canção se desenvolva como pensamos que vai ocorrer.
A "mágica", porém, ocorre quando a canção inclui algum elemento que fuja do previsível.
"Trata-se usar a batida, mas fazê-la mais interessante com alguma novidade. Fazer a canção interessante, mas sem tirar muito do que esperamos ouvir", afirma a cientista.
Nahúm García, um produtor de música espanhol, acredita ter encontrado o pequeno detalhe que tornou Despacito algo especial.
"Vocêm riem de 'Despacito', mas a maneira como o ritmo quebra antes do refrão é uma genialidade", escreveu ele em sua conta no Twitter.

Gráfico geito por Nahúm García

Ruptura

García se refere ao que acontece após 1m23s de canção, momento em que a melodia para e Fonsi diz pela primeira vez a palavra despacito (algo como "devagarzinho" em espanhol).
É quase imperceptível, mas o fraseado "atravessa" o ritmo durante uma parada da batida.
"A ruptura é radical e faz alusão a intenção sexual da letra (que contém um pedido de ritmo mais lento para o ato), criando uma unidade entre intenção e efeito", disse García em sua página no Facebook.
"O cérebro se dá conta de que houve uma parada incomum, e isso chama a atenção."
Segundo García, esse truque não é muito comum na música pop. Mas... por que esse efeito ocorre apenas na entrada do primeiro refrão?
"Se usado de novo, pode cansar", acredita o espanhol. "Não se pode quebrar o ritmo de uma canção muitas vezes, porque isso resulta em um esforço para o cérebro."

Canção-chiclete

Psicólogos e cientistas chamam canções-chiclete de "vermes de ouvido". O termo foi criado por James Kellaris, compositor e professor de marketing da Universidade de Cincinnati, nos EUA, e cujos estudos têm como tema a influência da música sobre consumidores.
Kellaris argumenta que os "vermes" são normalmente canções repetitivas e pouco complexas seja em ritmo, letra ou ambos.
Mas outra característica é justamente que a canção conte com elementos inesperados, como um compasso irregular ou um padrão de melodia pouco usual.
"Despacito tem elementos de um 'verme'. É animada, simples, repetitiva e tem um ritmo pegajoso", diz Kellaris.
Mas o especialista americano menciona outros elementos que ajudam a explicar o sucesso, como o atraente vídeo ou o nível de exposição que as pessoas tiveram à canção.
O êxito é inegável: Despacito já encabeçou as paradas de sucesso em 45 países e se tornou a primeira canção em espanhol a chegar ao posto de número da revista americana de música Billboard desde 1996, quando Macarena tomou o mundo de assalto.
O vídeo da música já ultrapassou a impressionante marca de 1 bilhão de visualizações no YouTube.
BBC Brasil