segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Musculação pode ajudar a prevenir Alzheimer

Pesos de academia apoiados no chão, halteres
 
Segundo estudo, idosos que levantam pesos leves duas vezes por semana apresentaram melhora da função cerebral.
A ciência já demonstrou que os exercícios físicos possuem um papel fundamental tanto para a saúde física quanto para a mental. Agora, um novo estudo apontou qual tipo de exercício é especialmente importante para preservar a memória: levantamento de peso. De acordo com  a pesquisa, realizada por pesquisadores da Universidade de Sidney, na Austrália, levantar pesos leves duas vezes por semana é capaz de melhorar a função cerebral em idosos e, consequentemente, pode ajudar afastar o Alzheimer e outras formas de demência.
O estudo foi realizado com 100 homens e mulheres, com idades entre 55 e 86 anos, que foram diagnosticados com comprometimento cognitivo leve. Pessoas com a condição, conhecida como uma das precursoras do Alzheimer, têm redução da memória e piora nas habilidades de raciocínio, mas ainda conseguem viver de forma independente. Para a pesquisa, os participantes foram divididos em dois grupos: uma parte fez exercícios de resistência, como musculação, e outra realizou alongamentos e atividades aeróbicas. Eles fizeram a atividade escolhida duas vezes por semana, durante seis semanas.
De acordo com os resultados, aqueles que fizeram exercícios de musculação alcançaram metas melhores nos testes cognitivos em relação àqueles que fizeram as atividades aeróbicas. Exames de ressonância magnética mostraram ainda um aumento de áreas específicas do cérebro relacionadas à melhora cognitiva nos que levantaram peso.
“Quanto mais fortes as pessoas ficavam, melhor era o benefício para o cérebro”, disse Yorgi Mavros, fisiologista do exercício da Universidade de Sidney, na Austrália.
Os pesquisadores ainda não sabem porque o levantamento de peso melhora a atividade cerebral. O próximo objetivo é descobrir detalhes do mecanismo que relaciona a força muscular ao crescimento do cérebro e ao desempenho cognitivo. Com isso, seria possível recomendar exercícios específicos para alcançar o máximo dos benefícios para o cérebro.

Holandeses apresentam aspirador gigante de poluição do ar




Um grupo de empresários holandeses apresentou, em Amsterdã, capital do país europeu, um sistema de filtros destinado a purificar o ar ambiente externo de quase todas as partículas finas e ultrafinas que prejudicam a saúde. Eles chamaram sua invenção de o primeiro "aspirador" gigante deste tipo no
mundo.
"É um grande filtro industrial, de oito metros de comprimento, feito de aço, que seria colocado no topo dos edifícios, perto das zonas industriais" ou em aeroportos, disse à AFP Henk Boersen, porta-voz da start-up Envinity Group, que iniciou o projeto.
Este sistema inovador é capaz de aspirar o ar em um raio de 300 metros e até sete quilômetros de altura, tratar 800.000 metros cúbicos de ar por hora e filtrar 100% das partículas finas e 95% das partículas ultrafinas presentes no ar, segundo testes realizados com o protótipo.
"Uma grande coluna de ar atravessará o filtro e sairá limpa", afirmou o porta-voz.
As partículas finas são liberadas na queima de madeira e outros combustíveis, assim como da combustão industrial, e são consideradas pela Agência Europeia do Ambiente "o poluente atmosférico mais nocivo para a saúde humana" no continente.
Cerca de 90% dos residentes da União Europeia estão expostos a níveis dessas partículas - que podem ser cancerígenas - acima dos recomendados
pela Organização Mundial da Saúde.
Já as partículas ultrafinas são liberadas pelas emissões dos automóveis e aviões, de acordo com o Envinity Group, e podem causar danos ao sistema nervoso, infecções, câncer, asma, alergias, doenças respiratórias ou cardiovasculares.
 
Governos, empresas e aeroportos já estão interessados no projeto, disse Boersen.
Para a start-up holandesa, este sistema ajudaria a tornar "mais estritos" os padrões europeus de partículas finas, que buscam principalmente "a redução da emissão na fonte", diminuindo, por exemplo, a velocidade máxima nas estradas.
Outro sistema de purificação do ar, denominado "Smog Free Tower", foi instalado no mês passado em Pequim e lançado pelo artista holandês Daan Roosegaarde. É capaz de limpar até 30.000 metros  cúbicos de ar por hora, recolhendo mais de 75% das partículas nocivas, disse o Studio Roosegaarde em um comunicado.
 Jornal O Globo

domingo, 30 de outubro de 2016

Por que acontecem tantos terremotos na Itália?

Um novo terremoto, desta vez de magnitude 6,6 na escala Richter, abalou a cidade de Nórcia, na região central da Itália, neste domingo. Por enquanto não há registros de mortes, mas diversos locais ficaram destruídos.
 
O abalo vem apenas dois meses depois de outro bem mais devastador que matou pelo menos 300 pessoas e deixou centenas de desabrigados na mesma região - afetando principalmente a cidade de Amatrice.
Na semana passada, o país registrou outros tremores, mas sem maiores consequências.
Mas por que tantos terremotos acontecem em solo italiano?
Em 1908, estima-se que ao menos 70 mil pessoas morreram quando um tremor de magnitude 7,2 atingiu a cidade siciliana de Messina, onde um tsunami, também associado ao abalo, deixou a região em uma situação desesperadora. Em 1915, houve outro, em Avezzano, que deixou pelo menos 30 mil mortos e uma cidade arrasada. Dali em diante, foram muitos abalos sísmicos que fizeram a história do país.
Especialistas acreditam que os terremotos influenciaram tudo na Itália, desde a distribuição da população, adaptação da arquitetura até o dialeto falado em diferentes partes do país. E trata-se se uma influência muito bem documentada.
Cada vez que um terremoto destrói uma igreja, os moradores insistem em reformá-la ou reconstruí-la e isso acaba sempre registrado em livros - que se mostraram uma rica fonte de informações para os cientistas que tentam entender a história sísmica da Itália.

Histórico de terremotos

Em grande escala, os problemas sísmicos que abalam o país podem ser analisados no contexto de uma grande colisão das placas tectônicas africana e euroasiática na região. Mas quando observamos a situação da Itália em detalhe, vemos que o motivo de haver tantos terremotos ali é um pouco mais complexo.
A placa da África tem se movimentado todos os anos cerca de 2 cm para o norte. Sendo assim, a Itália tem experimentado movimentos complexos no maior estilo "cabo de guerra".
O Mar de Tirreno, que se encontra a oeste do país, entre o continente e Sardenha/Córcega, está abrindo pouco a pouco.
 
Terremoto na Itália
 
Segundo os especialistas, isso está contribuindo para uma separação dos Montes Apeninos, a cordilheira que se estende por todo o país - ela estaria se movendo cerca de 3mm por ano.
Adicione-se a isso os movimentos no Adriático, onde há evidências de que a crosta da terra continua se movendo em um sentido anti-horário sob a Itália. Ou seja, o país está sendo literalmente empurrado e puxado por todos os lados.
"Os Apeninos também são muito altos, a crosta é muito espessa lá e há um processo de colapso gravitacional", disse Richard Walters da Universidade de Durham, no Reino Unido.
"Então, há uma disseminação da cordilheira dos Apeninos, que também leva à extensão - o tal movimento do cabo-de-guerra - e, portanto, aos terremotos".
Esses não são tremores colossais como os que costumamos ver em encontros de placas tectônicas - que normalmente produzem abalos de 8 ou 9 pontos na escala Richter. Mas conforme a história mostra, os tremores na região dos Apeninos sempre deixarão seu "rastro" de miséria.
"Os efeitos são devastadores aqui, porque os terremotos acontecem na superfície da crosta. E isso é devido à natureza das falhas", explicou Laura Gregory, que trabalha na região e é da Universidade de Leeds, no Reino Unido.
"Elas são falhas relativamente pequenas porque são na superfície, então os tremores são dramáticos loco em cima, onde os terremotos acontecem."

Previsões

 
 
A Itália é um país moderno que está muito bem preparado hoje em dia para lidar com os terremotos.
Alguns computadores são usados hoje em dia para prever o número de mortes que terremotos podem deixar - e o de feridos também. Eles se baseiam em informações sobre a densidade demográfica e em outros códigos de construção locais.
As previsões são usadas para guiar os serviços de emergência e para prepará-los antes dos tremores acontecerem.
Se esses números da previsão serão os mesmos da realidade vai depender da qualidade das construções onde as pessoas estão dormindo - muitos tremores acontecem na madrugada ou logo cedo, como o deste domingo.
Os edifícios mais antigos correm mais riscos, especialmente aqueles que não passaram por reformas para ficarem mais "resistentes".

Terremotos na Itália podem continuar por semanas em efeito dominó



Os terremotos que sacudiram a região central da Itália nos últimos dois meses podem continuar acontecendo, num efeito dominó devastador, com um grande tremor levando a outro ao longo da falha dos Apeninos, alertou Gianluca Valensise, sismólogo do Instituto Nacional para Geofísica e Vulcanologia da Itália.
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, o tremor deste domingo alcançou 6,6 graus na escala Richter, na mesma região onde um sismo de 6,2 graus matou 297 pessoas no dia 24 de agosto. Entre os dois, aconteceram milhares de terremotos menores, incluindo um de 6,1 graus na última quarta-feira.
Para Valensise, existe uma “conexão geodinâmica” entre todos os tremores. A cordilheira dos Apeninos cruza a Itália desde o norte, na região da Ligúria, até a ilha de Sicília, ao sul. Toda a montanha está sobre uma cadeia de falhas tectônicas.
— Um terremoto medindo 6 graus ou mais cria estresses que são redistribuídos ao longo de falhas adjacentes e podem provocar rupturas, e isso é o que provavelmente vem acontecendo desde agosto — disse Valensise, em entrevista à Reuters. — Esse processo pode continuar indefinidamente, com um grande tremor enfraquecendo uma falha irmã num processo de dominó, que pode cobrir centenas de quilômetros.
O especialista recorda que a Itália viveu uma sequência de terremotos na Calábria em 1783, quando aconteceram cinco tremores com mais de 6,5 graus em menos de dois meses. Mais recentemente, aconteceram três terremotos na região de Assis em 1997, sendo o primeiro com 6,4 graus.
— Aquela sequência foi similar com a que estamos vendo agora, mas esta tem uma escala maior — disse Valensise.
Na sequência do tremor deste domingo, o sismólogo disse ser certo que acontecerão choques menores por “algumas semanas”, mas não é possível prever se haverá outros abalos fortes.

sábado, 29 de outubro de 2016

Maior reserva marinha do mundo é demarcada na Antártida

 
Os representantes de 24 países e da União Europeia chegaram a um acordo histórico para que o mar de Ross, na Antártida, se torne a maior área marinha protegida do mundo. Mais de um milhão e meio de quilômetros quadrados do oceano Antártico estarão resguardados da pesca nos próximos 35 anos.
Depois de cinco anos de compromissos e negociações falidos, o acordo foi fechado pela Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA) na reunião anual de Hobart. Os encontros tinham a finalidade de analisar as propostas sobre a criação de três áreas marinhas protegidas, que no total abrangeriam mais de cinco milhões de quilômetros quadrados em águas antárticas. Mas a segunda opção, proposta por Austrália e União Europeia, sobre uma região protegida na parte oriental do continente, ficou arquivada por enquanto. A Alemanha apresentou uma terceira proposta para criar uma área marinha protegida no mar de Weddell.
“A proposta ganhadora exige algumas mudanças a fim de se obter o apoio unânime dos 25 membros da CCRVMA e para que o acordo final inclua um equilíbrio entre a proteção marinha, a pesca sustentável e os interesses científicos”, afirmou Murray McCully, ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia.
O consenso exigia os 24 países membros e a União Europeia. “Pela primeira vez, os países deixaram de lado suas diferenças para proteger uma ampla região do Oceano Atlântico e as águas internacionais”, disse Mike Walker, diretor do projeto da Aliança do Oceano Antártico. A Rússia, que se opôs à medida durante anos em função dos direitos de pesca, foi o último país a ceder ao acordo, depois que a China deu o braço a torcer ano passado.
O mar de Ross é um dos últimos ecossistemas marinhos intactos do mundo, lar de pinguins, focas, bacalhau antártico e baleias. O acordo valoriza a área como lugar fundamental para o estudo dos ecossistemas marinhos e a compreensão dos efeitos da mudança climática nos oceanos.

Tempestades solares, o fenômeno espacial que continua a preocupa o governo dos EUA

Erupção solar
 
O fenômeno levou o presidente Barack Obama a baixar um decreto determinando que secretarias e várias agências governamentais tenham um plano para enfrentar o que chama de "evento climático espacial".
Ainda não foi emitido um alerta nem anunciada a iminência de uma grande explosão, mas o governo americano prefere prevenir do que remediar os seus efeitos.
Uma tempestade solar de grande magnitude pode ocorrer em 2020, segundo estudo da Universidade de Denver, publicado na revista científica Space Weather.
O decreto de Obama pede aos órgãos governamentais que criem estratégias a serem adotadas durante quatro meses, antes e depois da ocorrência de um eventual fenômeno climático espacial.
Entenda, a seguir, as implicações do fenômeno.

O que é o 'clima espacial'

Serviços de saúde, transporte e o abastecimento de água podem ser afetados porque tempestades solares são capazes de desativar a rede elétrica aqui na Terra, adverte o decreto presidencial americano.
Ou seja, embora o governo fale em "clima espacial", a verdadeira preocupação é com as consequências terrestres.
A Nasa, a agência espacial dos EUA, explica que o "clima espacial" é determinado por eventos que ocorrem no Sol, como o "vento" que lança no espaço plasma e descargas eletromagnéticas.
O Sol é bem mais do que uma fonte permanente de luz e calor. "O astro banha regularmente a Terra e todo o nosso Sistema Solar com energia na forma de luz, partículas elétricas e campos magnéticos", diz a Nasa.

Mancha solar

Ciclos de atividade solar

O Sol tem ciclos de atividade de aproximadamente 11 anos, com períodos mais intensos. As tempestades são causadas pelas manchas solares, regiões onde há uma redução de temperatura e pressão das massas gasosas no astro.
Elas são o mais poderoso fenômeno observado pelos cientistas no nosso Sistema Solar e podem durar de alguns minutos a várias horas.
"Normalmente identificamos uma erupção solar pelos fótons (ou luz) que ela libera", afirma a Nasa.

O perigoso e imperceptível 'vento solar'

Já o "vento solar" é uma rajada de partículas lançadas pelo Sol no espaço a uma velocidade de 3,2 milhões de quilômetros por hora.
Mas como esse "vento" não é frequente e tem densidade baixa, a Nasa destaca que ele é um bilhão de vezes mais fraco que o vento que sentimos aqui na Terra.
 
Sol e magnetosfera da Terra
 
As partículas liberadas pelo Sol em direção à Terra não atingem a superfície do nosso planeta graças a um escudo magnético - a magnetosfera.

Interrupção de telecomunicações

Mesmo assim, as tempestades solares são capazes de interromper sistemas de eletricidade, satélites, internet e todos os meios de telecomunicações, o que inclui sinais de telefone, rádio e TV.
 
Satélite em órbita
 
O fenômeno também pode colocar em perigo voos comerciais, que ficam incomunicáveis nas rotas mais próximas dos pólos Norte e Sul, onde se concentra a maior parte das partículas solares.
Da mesma forma, as naves espaciais podem sofrer danos em componentes eletrônicos importantes, nos painéis solares e nos sistemas ópticos como câmeras e sensores estelares.
Aqui na Terra, estamos protegidos pela magnetosfera, mas os astronautas ficam expostos a extremos de radiação em poucos minutos.

O lado belo das tempestades solares

Mas nem tudo é ruim quando se fala de tempestade solar.
Elas também produzem espetáculos de luz e cor, como as auroras boreais, que podem ser observadas em áreas próximas ao Pólo Norte - como Noruega e Finlândia -, e as raras auroras austrais, que ocorrem no sul do planeta.

Aurora boreal na Finlândia em 2003

A Nasa tem registrado vários eventos atribuídos ao "clima espacial".

Transtornos ao longo da história da Terra

O efeito mais poderoso aconteceu há mais de 150 anos, em setembro de 1859, e foi batizado de Carrington Event (Evento Carrington, em inglês), em homenagem ao astrônomo Richard Carrington.
Na época, estações telegráficas pegaram fogo e as redes sofreram grandes interrupções.
Um estudo de 2008 da Academia Nacional de Ciências dos EUA afirma que, se um evento parecido ocorrer hoje, o impacto econômico seria de dois trilhões de dólares, 20 vezes mais do que o prejuízo causado pelo Furacão Katrina.
Outro evento importante foi o colapso da rede elétrica da província canadense de Quebec, em março de 1989.
Consequência de uma tempestade solar, o defeito num transformador provocou um apagão que durou mais de nove horas e prejudicou mais de seis milhões de pessoas.

A tempestade quase causou uma guerra entre EUA e URSS

O fenômeno também causou um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, segundo registro do Smithsonian Institute, dos EUA, considerado o maior museu e complexo de pesquisas do mundo.

Torres de energia elétrica

Em maio de 1967, as comunicações militares dos EUA foram interrompidas, num episódio que chegou a ser interpretado como um "ato malicioso" que exigia resposta militar à altura.
Por sorte, a Força Aérea americana já tinha um programa que monitorava o "clima espacial" e avisou a tempo que a interrupção tinha sido causada, na verdade, por uma tempestade solar.
E o botão vermelho, que podia iniciar a guerra com a Rússia, felizmente não foi acionado.
BBC Brasil

A curiosa origem do Dia das Bruxas

O Dia das Bruxas é conhecido mundialmente como um feriado celebrado principalmente nos Estados Unidos, onde é chamado de Halloween.
 
EPA
Mas hoje em dia é celebrado em diversos outros países do mundo, inclusive o Brasil, onde hábitos como o de ir de porta em porta atrás de doces, enfeitar as casas com adereços "assustadores" e participar de festas a fantasia vêm se tornando mais comuns.
Mas sua origem pouco tem a ver com o senso comum atual sobre esta festa popular. Entenda a seguir como ela surgiu.

De onde vem o nome?

O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve".
"Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro.
Mas uma coisa é a etimologia de seu nome, outra completamente diferente é a origem do Halloween moderno.
 
Como a festa começou?

Getty

Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão").
O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita.
O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados.
A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf". Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também.
Em meados do século 8, o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio - a data do festival romano dos mortos - para 1º de novembro, a data do Samhain.
Não se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain.
Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.

Quando surgiu o Dia das Bruxas?

AP

O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.
Fogueiras tornaram-se especialmente populares a partir no Halloween. Elas eram usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain), como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste negra.
Outro costume de Halloween era o de prever o futuro - previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome do futuro marido ou mulher.
Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve formas com as quais uma pessoa jovem podia descobrir quem seria seu grande amor.
Muitos destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, uma pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.
Outros incluíam pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e a leitura de cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada.
Comer era um componente importante do Halloween, assim como de muitos outros festivais. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.
Igrejas de paróquias costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era tão incômoda que o rei Henrique 3º e a rainha Elizabeth tentaram bani-la, mas não conseguiram. Este ritual prosseguiu, apesar das multas regularmente aplicadas a quem fizesse isso.

Como o festival chegou à América?

EPA

Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a "Grande Fome", 1 milhão de pessoas foram forçadas a imigrar para os Estados Unidos, levando junto sua história e tradições.
Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado "inglês".
A princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita americanos. As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou "doughnuts" em inglês.
O milho era uma cultura importante da agricultura americana - e acabou entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. Tanto que, no início do século 20, espantalhos - típicos de colheitas de milho - eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.
Foi na América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino Unido, o legume mais "entalhado" ou esculpido era o turnip, um tipo de nabo.
Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween americano, marcado pelas cores laranja e preta.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição moderna de "doces ou travessuras". Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a partir dos anos 1920.
As brincadeiras podiam acabar ficando violentas, como ocorreu durante a Grande Depressão, e se popularizaram de vez após a Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento de alimentos acabou e doces podiam ser comprados facilmente.
Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com doces.
Ele veio após a transmissão pelo rádio de Guerra do Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, gerou uma grande confusão quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938.
Ao concluí-la, o ator e diretor americano Orson Wells deixou de lado seu personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.

E quanto ao Halloween moderno?




Hoje, o Halloween é o maior feriado não cristão dos Estados Unidos. Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados e a Páscoa como a data em que mais se vende chocolates. Ao longo dos anos, foi "exportado" para outros países, entre eles o Brasil.
Por aqui, desde 2003, também se celebra neste mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.
Em sua "era moderna", o Halloween continuou a criar sua própria mitologia. Em 1964, uma dona de casa de Nova York chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava velhas demais para brincar de "doces ou travessuras". Logo, espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.
Atualmente, o festival tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério norte. Ao mesmo tempo, vem ganhando novas formas e dado a oportunidade para que adultos brinquem com seus medos e fantasias de uma forma socialmente aceitável.
Ele permite subverter normais sociais como evitar contato com estranhos ou explorar o lado negro do comportamento humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja este o motivo de sua grande popularidade.
BBC Brasil

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Não se deve comer de tudo

 
O dado não poderia ser mais eloquente: segundo o estudo intitulado Livro branco da nutrição na Espanha, da fundação espanhola de nutrição, nossas avós contavam com no máximo cem alimentos para preparar os seus pratos no dia a dia, enquanto que atualmente os consumidores se deparam com mais de 30.000 produtos diferentes. Portanto, fica a questão: como “comer de tudo, com moderação” se os produtos do supermercado podem tornar nossa dieta menos saudável?
Muitos desses produtos disponíveis são ensaios feitos pelos fabricantes e que, não pegando entre os consumidores, desaparecem rapidamente do mercado. Mas são inúmeros os que acabam por substituí-los, como se a indústria fosse uma espécie de Hidra de Lerna: cada vez que se corta uma de suas cabeças, surgem outras duas.
A cada dia, a cada ano, essa grande família de produtos alimentícios é incrementada de forma grotesca: se 50 desaparecem, outros 100 são lançados. Nesse contexto, o princípio de se comer de tudo ou de forma equilibrada é, voltando à mitologia, uma quimera. Além disso, não é saudável, pois, diante desse panorama, a ideia de “comer um pouco de tudo” ou de dar o seu devido espaço a tantos produtos supérfluos só pode ser classificada como um erro gigantesco.
Por quê? Porque a imensa maioria desses produtos possui um perfil nutricional péssimo. Se é verdade que hoje dispomos de uma oferta muito maior do que anos atrás, também é verdade que essa oferta é ruim, inconveniente para os nossos objetivos no que se refere à saúde, dada a fartura em termos de açúcares adicionados, sal e gorduras ruins (saturada e trans) presente nesses produtos.

Comer de tudo um pouco: um erro mítico

O imaginário popular é particularmente rico em frases complacentes relativas a quanto e como comer: “deve-se comer um pouco de tudo e muito de nada”, “de tudo, mas no prato pequeno”, “o segredo está na diversidade” etc. Seriam realmente aconselháveis todas essas máximas dietéticas? Foi justamente para averiguar se é melhor comer de tudo, mas moderadamente, e se as pessoas que fazem isso seguem padrões dietéticos melhores do que as que comem de forma mais monótona, é que se realizou esse estudo revelador intitulado Everything in moderation – dietary diversity and quality, central obesity and risk of diabetes (De tudo com moderação – diversidade e qualidade dietética, obesidade central e risco de diabetes). E o resultado é que não. Depois de acompanhar o estilo de alimentação de mais de 7.000 adultos ao longo de 10 anos –e seus riscos de contrair determinadas doenças relacionadas à dieta–, o estudo constatou que uma diversidade maior não se associa, nem de longe, a hábitos alimentares melhores, e que, por outro lado, esses hábitos tinham reflexo nos indicadores de saúde.
O trabalho observou que:
  • As dietas de qualidade superior no que se refere ao perfil nutricional foram as mais monótonas. Com efeito, quanto maior a diversidade, menor a qualidade dietética.
  • A adoção de uma dieta monótona esteve associada a uma redução de 25% no risco de contrair diabetes tipo 2, em contraposição às dietas mais variadas e que eram mais pobres em termos nutricionais.
  • O grupo de pessoas que seguia uma dieta mais variada teve a sua cintura aumentada em cerca de 120% no período de 10 anos de observação, bem acima das que haviam adotada dietas mais monótonas.
    Para interpretar esses resultados de forma adequada, talvez seja conveniente rememorar um outro estudo, anterior a esse. Nesse caso, também foi identificado um consumo de uma variedade maior de alimentos com quantidades superiores de energia que acabavam se traduzindo em maior adiposidade. A questão principal era a natureza dessa variedade: as dietas variadas baseadas em doces, refrigerantes, fast-food, bolachas, cereais, aperitivos e hidratos de carbono simples, acompanhadas de uma dieta monótona no que se refere a alimentos frescos de origem vegetal, produz um excesso de calorias e, no longo prazo, a acumulação de gordura corporal.Há outros trabalhos, como este aqui, que –em uma primeira leitura e sem entrar em detalhes– parece que atribuem algum benefício na prevenção e no tratamento da obesidade a uma maior variedade na alimentação. No entanto, é preciso deixar claro que isso se refere a uma variedade em produtos de baixo teor calórico e elevados índices de nutrientes (especialmente vitaminas e minerais). O que deixa poucas dúvidas quanto ao benefício trazido por uma maior variedade, mas apenas quando essa variedade diz respeito a alimentos frescos, muitos deles já presentes na quase centena de produtos com que nossas avós já trabalhavam (acrescentando, hoje, kiwi, manga, abacaxi e outros produtos naturais mais recentes em nossas mesas).
  • A realidade: desequilibrada = saudável

    Diante de todos os argumentos já mencionados, fica mais fácil entender a mensagem central deste texto. O planejamento da nossa dieta deve ser claramente desequilibrado, em dois sentidos concretos:Primeiro: provocando um nítido desequilíbrio entre alimentos frescos (muito presentes) e alimentos industrializados (quanto menos melhor). Para isso, pense naquela “escassa” variedade de alimentos que imaginamos que eram usados até 60 ou 70 anos atrás. Ou seja: identifique entre essa quase centena de alimentos mencionada nas primeiras linhas deste artigo e separe, recuse e descarte os 29.900 produtos alimentícios restantes.
  • Segundo: a presença de alimentos vegetais frescos (especialmente frutas, legumes e verduras) tem de ser positivamente desequilibrada, em volume, em relação aos demais alimentos que você selecionou. Esqueça, portanto, as antiquadas e obsoletas recomendações trazidas por aquele sistema conhecido como ‘pirâmide da alimentação saudável’ e incorpore as novas estratégias baseadas nas evidências para fazer chegar aos consumidores os melhores conselhos por meio de um guia da alimentação. Na minha opinião, o melhor que existe é o Prato da Alimentação Saudável, da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard. Segundo esse guia (e muitos outros), metade da nossa ingestão diária deveria vir de alimentos frescos de origem vegetal.
  • Ideário desequilibrado

    • A mensagem de que se deve “comer de tudo” poderia ter algum sentido em outra época, sob outras circunstâncias, quando esse “tudo” incluía apenas alimentos frescos e da estação.
    • A ideia em vigor hoje em dia de se comer de tudo ou tudo o que se oferece de alimentos –mesmo que seja com moderação— seria uma loucura, já que, seguindo esse preceito, o máximo a que se chega é a um estilo de alimentação de qualidade deplorável (é o que vivemos hoje, como se sabe).
    • Apesar disso, a mensagem continua a ser adotada, sobretudo por parte daqueles que têm interesse em que você compre os seus produtos hiper-açucarados, ultra-gordurosos ou mega-salgados: características presentes, separada ou conjuntamente, na maior parte dos produtos industrializados. Com isso, os produtores tentam criar uma sensação de indulgência no consumidor, que, afinal, desde a sua mais tenra infância, sempre ouviu frases enganosas que, além de tudo, carecem de qualquer conteúdo útil.
    • Isso posto, o mais sensato, na minha opinião, é recomendar uma dieta desequilibrada, em que se privilegiem, antes de tudo, os produtos frescos em geral e os vegetais, antes de todo o resto. Uma mensagem fácil de compreender consistiria em convidar os consumidores a  frequentarem mais as feiras do que os supermercados.

O maior projeto sobre a Terra se torna mais sério

 
No sul da França, a 70 quilômetros de Marselha, uma coalizão internacional da qual participam as principais potências do mundo está tentando conduzir um experimento que poderá transportar a humanidade a uma nova era. O ITER é um projeto que vai tentar recriar para fins industriais os processos físicos que fazem do Sol uma fonte de energia tão formidável. Se funcionar, contaríamos pela primeira vez na história com uma nova forma de produção de energia abundante, constante e razoavelmente limpa. No entanto, atingir esse objetivo representa um desafio à altura da recompensa.
Há alguns dias, perto das obras que começam a dar forma ao local que abrigará o reator de fusão nuclear experimental, a entidade reuniu um grupo de jornalistas de todo o mundo para mostrar o avanço do projeto. O diretor de comunicação, Laban Coblenz, iniciou sua mensagem de boas-vindas pedindo “desculpas pelo atraso”. As dificuldades com o trânsito obrigaram a visita a começar com uma hora de atraso. Esse norte-americano, amante da tecnologia apesar de ter crescido em uma comunidade Amish, sem acesso a carros ou eletricidade, não deve ter deixado de perceber a ironia do discurso. “A narrativa é fundamental em um projeto como este”, afirmou, depois, em referência às dificuldades para manter o interesse por uma tarefa que deve durar décadas.
Até agora, o ITER tem sido notícia mais por seus atrasos e por seus buracos orçamentários do que por suas conquistas. Quando foi instalada a pedra fundamental das obras, em 2010, falava-se em ter o reator pronto para começar os experimentos em 2019. Seis anos depois, como se fossem os habitantes da terra da Rainha Vermelha de Alice Através do Espelho – que têm que correr o mais rápido que podem para permanecer no mesmo lugar porque o país avança com eles -, continuam dando nove anos para que o ITER comece a funcionar. Agora, as primeiras experiências estão previstas para 2025.
No início deste ano, o Parlamento Europeu atrasou a aprovação das contas de 2014 do projeto porque a gestão orçamentária e financeira não tinha coerência ou estava incompleta. Em 2013, um relatório externo culpou os atrasos e os gastos exagerados aos problemas de se administrar uma organização descentralizada, na qual a União Europeia, a Rússia, a China e o Japão tentam impor seus critérios e obter os melhores contratos para suas indústrias. No total, o projeto aglutina 35 países.

Mudança de rumo

Mas a dinâmica mudou – ou pelo menos é o que garante o novo diretor da entidade. Bernard Bigot, um prestigiado acadêmico e alto funcionário francês foi eleito diretor-geral do ITER há 18 meses, substituindo o japonês Osamu Motojima. Aos 65 anos, o francês já pensava na aposentadoria quando foi chamado para salvar o maior projeto de pesquisa sobre a Terra. Essa liberdade de quem já tem muita experiência o permitiu impor condições. O diretor-geral deveria ter poderes plenos para tomar decisões técnicas. “Antes, cada pequena modificação produzia muitas discussões”, afirma Bigot. Isso gerava inoperância e custava dinheiro. “Manter em funcionamento este projeto custa 1 milhão de euros todos os dias”, ressaltou, para mostrar a importância de manter os prazos e tomar as decisões a tempo.
Apesar dos problemas óbvios de gestão do ITER no passado, uma declaração de Bigot soa surpreendente para um projeto dessa dimensão: “Agora, pela primeira vez desde o início, contamos com um planejamento. Antes não tinha sido feita uma análise dos custos ou dos prazos”. Com o novo planejamento, apresentado durante o verão e referendada como válido por especialistas independentes, calcula-se que o primeiro plasma será obtido em 2025 e que o experimento final, que fará a fusão de átomos de deutério e trítio, chegará até 2035. Até lá, o custo da epopeia terá beirado os 18 bilhões de euros.
Resolvidos os aspectos organizacionais, passemos à ciência. O reator de fusão que será construído no sul da França tentará demonstrar se é possível gerar eletricidade produzindo as reações de fusão que ocorrem no Sol. Ali, a enorme pressão e as elevadas temperaturas fazem com que os átomos de hidrogênio superem sua repulsão natural e se unam liberando quantidades extraordinárias de energia. Para dar uma ideia do poder do processo que ocorre nas estrelas, com apenas 1 grama de combustível de fusão seria possível produzir energia equivalente à gerada por 8 toneladas de petróleo.
Para conseguir que os átomos de hidrogênio se fundam na Terra, desde os anos 50 tem-se construído uma espécie de campo magnético conhecido como tokamak. A temperaturas muito elevadas, os átomos se libertam de seus elétrons e o gás se transforma em um plasma no qual as reações de fusão são possíveis
Para facilitar essa união de átomos, o plasma deve estar a cerca de 150 milhões de graus – dez vezes mais quente que o interior do Sol. Além disso, é necessário manter confinados esses átomos superexcitados durante aproximadamente 500 segundos – o tempo necessário para que um número suficiente deles se una.
Os tokamaks são recipientes com forma de rosca rodeados por bobinas magnéticas. O desenho, com bobinas circulares ao longo de toda a circunferência, faz com o que no interior as bobinas estejam mais apertadas e que o campo magnético seja mais intenso. Isso faz as partículas escaparem. Físicos como o russo Andrei Sajarov elaboraram um desenho no qual uma corrente através do plasma manteria o gás em equilíbrio.
Nas últimas décadas, com um impulso especial nos anos oitenta, quando a crise do petróleo tornou mais atraentes as fontes de energia alternativas, os tokamaks foram sendo aperfeiçoados e cresceram. Apesar de conseguirem a fusão, essas máquinas consumiam mais energia do que produziam. Mark Henderson, um dos cientistas do ITER, afirma que o rendimento dos reatores está melhorando a uma velocidade maior do que as pastilhas de silício ou os aceleradores de partículas. O ITER deverá demonstrar que é capaz de gerar dez vezes mais do que a energia que consome, e Henderson está convencido de que o objetivo da fusão como fonte de energia comercial é atingível. “O problema é o tempo, que também depende do dinheiro”, afirma. Se as coisas não avançarem na velocidade adequada, quando se chegar à fusão o dano ao planeta causado pelos combustíveis fósseis pode ser irreversível.
Se os prazos forem cumpridos e os físicos e engenheiros forem capazes de tornar controlável o plasma em um reator das dimensões do ITER – com 860 metros cúbicos, em comparação aos 100 metros cúbicos dos reatores em funcionamento -, em 2035 seria possível testar a fusão com deutério e trítio. Essas duas versões pesadas do hidrogênio podem se unir uma temperatura mais baixa e tornam a tecnologia mais viável. Depois, com um investimento estimado de 75 bilhões de euros, seriam colocados em funcionamento vários projetos de demonstração entre os países colaboradores. Assim, faltaria apenas refinar o desenho para que, antes do final deste século, seja possível construir o primeiro reator de fusão nuclear comercial.
Enquanto no sul da França avança a construção das instalações que colocarão à prova a fusão nuclear, será necessário continuar desenvolvendo tecnologias para tornar o sonho final possível. Será necessário experimentar novos materiais que suportem as condições extremas do recipiente magnético, e devem seguir se desenvolvendo indústrias até agora desnecessárias. Um exemplo: a produção mundial de cabos de nióbio com os quais se fabricam os gigantescos ímãs que serão instalados no tokamak se multiplicou por dez – passando de 15 toneladas anuais para 150 toneladas anuais. A máquina chegará às 23.000 toneladas, três vezes a massa da Torre Eifell repartida em cerca de 1 milhão de componentes de altíssima tecnologia.
Para os que sonham, como Mark Henderson, uma civilização alimentada pela fusão nuclear se livraria de grande parte das ameaças ao meio ambiente associadas com a produção energética atual, como as mudanças climáticas. Os resíduos produzidos com a fusão – bem menos perigosos do que os dos reatores de fissão atuais – teriam que ser guardados durante quase um século, mas depois deixariam de ser radioativos. Do ponto de vista político, o petróleo deixaria de causar problemas. Na próxima década, começaremos a ver se o objetivo se aproxima ou se, como diz uma piada recorrente, a fusão é a energia do futuro e sempre o será.
El País.com

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Destroços da batalha na qual romanos tomaram Jerusalém são encontrados

Muro das lamentações
 
Israel anunciou nesta quinta-feira a descoberta de destroços que evidenciam a batalha na qual os romanos tomaram a cidade de Jerusalém, após atacar a conhecida como terceira muralha que rodeava a cidade santa, no ano de 70 d.C.
A Autoridade de Antiguidades de Israel apresentou hoje o que descreveu como "impressionante e fascinante evidência do campo de batalha e da queda da terceira muralha que rodeava Jerusalém", descoberta em 2015.
 durante escavações para realizar a construção de um prédio no que hoje é o centro da parte oeste da cidade.
A escavação arqueológica encontrou os destroços de uma torre que fazia parte da muralha durante a época denominada pelo Judaísmo do Segundo Templo (entre os anos 530 a.C. e 70 d.C.), cuja fachada ocidental mostra "marcas dos projéteis que os romanos dispararam com suas catapultas contra a guarda judia que defendia a muralha", assegura esse comunicado.
"É um testemunho fascinante do bombardeio intensivo do Exército romano, liderado por Tito em seu caminho para conquistar a cidade e destruir o Segundo Templo (judeu)", explicam na nota os diretores da escavação, Rina Avner e Kfir Arbib.
"O bombardeio tinha como objetivo atacar os sentinelas que guardavam a cidade e oferecer proteção para que as forças romanas pudessem se aproximar das muralhas com aríetes para romper suas defesas", detalham os arqueólogos.
Segundo o historiador romano de origem judaica Flávio Josefo, a muralha foi projetada para proteger um novo bairro da cidade que tinha se desenvolvido fora da parte amuralhada, ao norte das duas barreiras que existiam e foi começada por Agripa I, que suspendeu sua construção para mostrar lealdade ao imperador Cláudio, o que impediu que se acabasse até duas décadas mais tarde.
A recente descoberta será apresentada na próxima semana na conferência "Novos estudos de arqueologia de Jerusalém e sua religião", na Universidade Hebraica de Jerusalém.
Terra.com

Chuva de meteoros poderá ser vista nesta madrugada no Brasil.

 
Na madrugada de quinta (20) para sexta-feira (21), os céus brasileiros se iluminarão com uma chuva de meteoros especial, chamada pelos astrônomos de Orionídeos. O fenômeno, cujo nome vem da constelação de Orion, será, como nos anos anteriores, um dos mais visíveis para o Hemisfério Sul.
Duas vezes por ano, a primeira em maio e a segunda em outubro, a Terra passa por detritos do famoso cometa Halley, que entram na atmosfera do planeta com uma grande velocidade criando assim uma bela chuva de meteoros.
Na madrugada desta quinta, as "estrelas cadentes" poderão ser vistas em uma média de 20 a 40 delas a cada hora e o ápice do fenômeno se dará depois das 2h no horário de Brasília até um pouco antes do nascer do sol.
A chuva tem tudo para ser mais nítida e visível para os brasileiros até que a de Perseidas, que aconteceu em setembro. No entanto, o tempo nublado em algumas regiões do país podem atrapalhar e até impedir a visão do fenômeno para algumas pessoas.
 Além disso, as luzes das cidades grandes também podem ser um obstáculo para ver os meteoros.

Como os pássaros conseguem dormir em pleno voo sem cair?

Muitas aves voam centenas de quilômetros sem tocar a terra. E só conseguem isso porque conseguem dormir em pleno voo.
 
Mas como elas conseguem fazer isso?
Essa questão gerou dúvidas durante décadas até ser finalmente respondida por um cientista alemão e seus colegas após uma pesquisa nas ilhas Galápagos.
Niels Rattenborg, do Instituto Max Planck de Ornitologia na Baviera, Alemanha, coordenou a equipe que demonstrou pela primeira vez que as aves dormem quando voam e que isso ocorre por períodos muito breves.
Às vezes elas dormem com um hemisfério cerebral acordado e outras vezes dormem nos dois hemisférios. Mesmo assim conseguem manter o controle aerodinâmico.
Sebastián Cruz, um biólogo equatoriano especializado em aves marinhas, é coautor do estudo. Ele desempenhou um papel determinante na escolha da espécie que seria estudada: a fragata de Galápagos.

Por que fragatas?

As fragatas (fragata minor) "se alimentam exclusivamente no mar e realizam viagens de vários dias de duração sem parar, sempre voando", disse Sebastián Cruz à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
A razão mais importante para a escolha é que "ao contrário de outras aves marinhas, as fragatas não conseguem descansar na superfície do mar, já que suas penas não são impermeáveis e podem absorver água".
Elas também são grandes o bastante para suportar o peso de um leitor de ondas cerebrais e um GPS.
As fragatas precisam percorrer grandes distâncias para se alimentar.

Fragata com dispositivos

Cruz disse que elas tentam cobrir a maior área possível em busca de comida no mar, voando em um grande círculo para gastar a menor quantidade possível de energia.
Dessa forma, aproveitam correntes de ar e se beneficiam de sua morfologia peculiar: um corpo pequeno e asas muito grandes.
"Elas empregam uma estratégia de voo lenta, mas eficaz. Ganham altitude, centenas de metros, com correntes de ar ascendentes e depois se deslocam para a direção que querem planando de forma a ganhar distância e perder altitude."

Partes do cérebro

Os dispositivos mostraram que as fragatas conseguem dormir de maneiras diferentes, segundo Niels Rattenborg.
"Um jeito é chamado de sono de ondas lentas, porque o cérebro gera esse tipo de onda que pode ser detectada em um eletroencefalograma", explica.
Esse tipo de sono pode ocorrer em ambos os hemisférios cerebrais ou em apenas um. Quando ocorre em apenas um se chama sono uni-hemisférico. Nele, o olho oposto ao hemisfério cerebral permanece aberto.
Em um estudo anterior, Rattenborg já havia demonstrado que os patos que estão na parte mais externa de um grupo, expostos a perigos, dormem com um olho aberto. Aqueles que estão no centro do grupo, mais seguros, dormem com os dois hemisférios de uma só vez.
O segundo tipo de sono que as aves podem ter é o sono de movimentos oculares rápidos, ou REM, de ondas mais curtas e rápidas.

Menos de cinco segundos

"Muitos pensavam que as aves dormiam só de forma uni-hemisférica", disse Rattenborg.
Mas os registros de ondas cerebrais mostraram que as fragatas também podem dormir com os dois hemisférios simultaneamente.

Itinerários de fragatas estudadas

"Não sabemos extamente como o fazem. Talvez usem um mecanismo similar ao que lhes permite dormir quando estão paradas. No caso das fragatas, isso significa que conseguem dormir enquanto mantêm suas asas em posição de planar", disse o cientista alemão.
Ele disse ainda que foi uma surpresa descobrir que as aves também têm sono REM - embora esse estado dure em média só cinco segundos.

42 minutos de sono por dia

Somando todos os tipos de sono, as fragatas dormem em média 42 minutos por dia.
"Isso foi inesperado. Se conseguem realizar tantos tipos de sono ao voar, por que dormem tão pouco?"
"Neste momento realmente não temos ideias sólidas para explicar como as fragatas se adaptaram a funcionar com tão pouco sono, enquanto tantas outras espécies, de abelhas a humanos, sofrem dramaticamente as consequências da falta de sono."

Ilustração de fragata voando à noite

O pesquisador destacou que uma pesquisa sobre os mecanismos de adaptação dessas aves pode também ajudar a entender o impacto da falta de sono em seres humanos.
"Baseando-se em nosso estudo do sono uni-hemisférico dos patos, Masako Tamaki e seus colegas (da Brown University dos Estados Unidos) publicaram um trabalho explicando que quando as pessoas estão em um ambiente novo, o hemisfério esquerdo dorme de forma menos profunda e responde mais a sons que o hemisfério direito, somente na primeira noite", diz.
"Isso sugere que, como os patos, os seres humanos têm a capacidade de acordar ao menos parcialmente a metade de seu cérebro em resposta a circunstâncias potencialmente arriscadas."
BBC Brasil

O mistério em torno do paradeiro do robô Schiaparelli, que sumiu ao tentar pousar em Marte

A Agência Espacial Europeia (ESA) analisa dados de satélites para identificar o paradeiro e a condição do robô Schiaparelli, que deveria ter aterrissado em Marte na quarta-feira, mas teve problemas no momento do pouso.
Segundo os cientistas, o trajeto seguiu como esperado até o momento em que o módulo entrou na atmosfera marciana: o escudo térmico parece ter funcionado para a desaceleração, e o paraquedas abriu como esperado para continuar desacelerando a sonda.
Mas dados telemétricos que já foram recuperados pela ESA mostram que o paraquedas pode ter sido ejetado cedo demais. Além disso, os foguetes que deveriam manter o robô estável a poucos metros da superfície funcionaram por menos tempo que o previsto.
A Agência Espacial Europeia ainda não revelou se houve uma colisão, mas o clima entre os cientistas é de pessimismo.
"Neste momento não conseguimos identificar que lógica a máquina usou para ejetar o paraquedas. Mas certamente foi mais cedo em relação às nossas expectativas", disse à BBC News Andrea Accomazzo, chefe das operações das missões planetárias da ESA.
Além de ter ejetado mais cedo do que o previsto no cronograma dos cientistas, os foguetes que deveriam ser acionados logo após a ejeção para manter o robô estável ficaram ligados por apenas três ou quatro segundos, enquanto a previsão era de um acionamento de 30 segundos.
 
Schiaparelli
 
Na sala de controle, muitos cientistas afirmam que esses dados podem sugerir que o robô teria sido destruído por causa da alta velocidade e sofrido uma queda livre a partir de cerca de um ou dois quilômetros da superfície de Marte.
Nos dados telemétricos, o Schiaparelli continuou transmitindo sinais de rádio por pelo menos 19 segundos depois do desligamento dos propulsores. A eventual perda de sinal ocorre 50 segundos antes do momento em que o robô deveria chegar à superfície.
Os especialistas ainda analisam dados e devem tentar novo contato com o Schiaparelli, na esperança de que ele tenha conseguido aterrissar com segurança e intacto na superfície de Marte.
Além disso, astrônomos americanos vão usar um dos satélites dos EUA para tentar conseguir uma imagem da área de pouso que possa mostrar algum equipamento, embora as chances sejam reduzidas, já que o módulo é bem pequeno.
Por enquanto, os cientistas da ESA estão analisando um grande volume de dados de engenharia enviados pelo robô à central de controle que foi lançada juntamente com ele, o satélite chamado Trace Gas Orbiter (TGO).
Oficialmente, os especialistas da Agência Espacial Europeia afirmam que só terão condições de interpretar o que pode ter acontecido com o robô após a reconstrução do perfil de velocidade do módulo durante todo o trajeto.
Depois disso feito, eles poderão cruzar os dados que já têm com as altitudes previstas, o que poderia identificar com certa precisão se o módulo realmente atingiu a superfície a uma velocidade catastrófica.
 
Cápsula do robô Schiaparelli
 

Dúvidas

O pouso em Marte é sempre desafiador. Ele deve ocorrer em alta velocidade, mas é necessária muita precisão para que a aeronave não colida com a superfície e seja destruída.
Caso o Schiaparelli seja dado como perdido, será um grande fracasso para a ESA, que já havia sofrido uma frustração com a falha do pouso do Beagle-2 em 2003. Nesse caso, os painéis solares não abriram corretamente, o que impediu que o módulo tivesse energia para enviar informações à Terra.
A missão do Schiaparelli tem sido muito comentada entre as autoridades porque seria uma espécie de "demonstração tecnológica" - ou seja, um projeto que daria à Europa a experiência e a confiança para levar adiante um pouso ainda mais ousado em Marte, em 2021, quando pretende levar ao planeta um veículo de rodas.
A previsão é que esse equipamento use uma tecnologia similar a do Schiaparelli, inclusive o radar de velocidade do tipo Doppler para identificar a distancia da superfície no pouso, assim como os mesmos algoritmos de navegação e controle.
Apesar dos planos, o orçamento para essa nova missão não está garantido. E se o Schiaparelli estiver de fato perdido, as autoridades da ESA podem encontrar ainda mais dificuldades para convencer os líderes europeus de que os novos investimentos realmente valerão a pena.
BBC Brasil

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Após viagem de 500 milhões de km, sonda vai procurar vida em Marte sob superfície

Se tudo ocorrer como o esperado, a Agência Espacial Europeia (Esa, na sigla em inglês) colocará uma sonda em Marte nesta quarta-feira com o objetivo de procurar indícios de vida no planeta sob sua superfície.
 
Artwork
O robô Schiaparelli tentará a arriscada descida à superfície do planeta vermelho nas próximas horas, após uma jornada de 500 milhões de quilômetros da Terra.
O objetivo do veículo de seis rodas é perfurar a superfície em busca de vida.
O pouso do robô é visto como um treino para uma empreitada muito mais importante - e cara - nos próximos quatro anos, quando a Esa deve fazer uma expedição por Marte.
 
Pousar o pequeno robô Schiaparelli deve ser a parte mais simples. Mas, como mostram os registros científicos, Marte não é o lugar mais acolhedor que existe - mesmo para a tecnologia mais sofisticada, o que torna todos os detalhes da missão mais complicados.
Mais da metade das missões enviadas ao vizinho mais próximo da Terra falharam. Muitos dos robôs se perderam no caminho, erraram o destino ou acabaram destruídos na chegada.

Estágios

 Áreas de pouso da sonda Schiaparelli em Marte

Para a Europa, a missão Schiaparelli é uma chance de aplacar a decepção com outra espaçonave, a Beagle-2, que em 2003 conseguiu pousar com sucesso mas em seguida teve uma pane total.
A expectativa é que a Schiaparelli se saia melhor. Ela usará uma combinação de protetor térmico, paraquedas e um conjunto de foguetes para diminuir a velocidade atmosférica inicial de 21 mil quilômetros por hora para praticamente zero quando chegar próxima à superfície.
Nos últimos dois metros, o robô de 600 kg deve se posicionar para pousar deitado. A sonda da Esa emitirá sinais em ultra-frequência para que o telescópio de uma rádio indiana os capture e envie então aos controladores em Darmstadt, Alemanha.
O pouso deve acontecer às 12:58 do horário de Brasília. Se a rádio indiana conseguir ouvir os sinais da Schiaparelli nesse horário, significa que o robô italiano chegou ao território marciano intacto.
"Todos estão sorrindo, otimistas, mas você também sente a tensão no ar", disse Mark McCaughrean, consultor sênior da Esa.
O surpreendente lado ruim de ser inteligente
Alguns pesquisadores, como Colin Wilson, da Universidade de Oxford, estarão revivendo a ansiedade de 2003. Wilson controlava um sensor de vento na Beagle-2 e está voando mais uma vez a Marte com a Schiaparelli.
"É estressante. Eu construí esse instrumento há 14, 15 anos então tem sido uma longa espera. Sabemos que é um jogo arriscado, portanto precisamos nos envolver em várias missões", disse ele à BBC.

Aprendizado

Schiaparelli artwork
 
A Schiaparelli deve reunir dados metereológicos enquanto durarem suas baterias, o que deve ser alguns dias.
O ganho com a missão pode ser limitado cientificamente, mas significativo em termos de tecnologia.
Se tudo correr como o esperado, os procedimentos usados para pousar a Schiaparelli na superfície, aliados a alguns elementos-chave de sua tecnologia, serão copiados na missão de colocar um explorador de seis rodas em Marte em 2021.
O robô, movido a energia solar, passará vários meses perfurando a superfície em vários lugares para procurar a presença de microorganismos.
Tanto o pouso de 2016 quando o projeto de 2021 são parte do chamado ExoMars, um programa da Esa feito em parceria com a Rússia.
A agência espacial russa, Roscosmos, lançou a Schiaparelli e sua nave-mãe, a Trace Gas Orbiter (TGO), e também lançará os foguetes da futura expedição. Os cientistas russos também instalaram instrumentos nas espaçonaves.
Nesta quarta-feira, a imprensa e o público estarão de olho na Schiaparelli, mas a verdadeira atenção da Esa será a TGO. Enquanto a sonda estiver tentando pousar na superfície de Marte, o satélite estará tentando estacionar em órbita ao redor do planeta.

O modelo Schiaparelli em Darmstadt

A TGO deve passar os próximos anos estudando o comportamento de gases como metano, vapor de água e dióxido de nitrogênio na atmosfera marciana.
Apesar de estarem presentes apenas em quantidades pequenas, esses componentes - especialmente o metano - podem dar informações sobre o estado atual de atividade de Marte. E podem até dar indicações sobre a existência de vida no planeta.
 

O que diz o novo acordo para reduzir o efeito estufa - e o que ele tem a ver com sua geladeira

Delegados de 150 países chegaram neste sábado na cidade de Kigali, Ruanda, a um acordo que tem sido descrito como "monumental" e uma grande vitória para o clima.
Seu objetivo é remover gradualmente os gases hidrofluorocarbonetos (HFCs), que são amplamente utilizados em refrigeradores, condicionadores de ar e aerossóis e são considerados muito prejudiciais para o meio ambiente.
Na verdade, em termos práticos, o acordado na conferência em Ruanda fará com que futuros refrigeradores sejam fabricados para usar menos gases que causam o efeito estufa.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PENUMA), os hidrofluorocarbonetos são um dos maiores agentes geradores de efeito estufa e têm uma vida atmosférica longa.
Os delegados que estão na cidade africana aceitaram uma alteração complexa do Protocolo de Montreal de 1987 que obriga os países mais ricos a reduzir a utilização de HFCs a partir de 2019.
 
John Kerry
 
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que ajudou a concretizar o acordo durante uma série de reuniões, disse que foi uma grande vitória para a Terra e que estava confiante do impacto significativo na luta contra o aquecimento global.
"Este é um passo monumental que responde às necessidades das nações em particular e nos dá a oportunidade de reduzir o aquecimento do planeta em meio grau centígrado", disse Kerry em conversa com a BBC.
"Sinto-me muito positivo sobre onde nós estamos. Nós fizemos todos os cálculos e todos se sentem confiantes de que os fundamentos estão lá", disse.
"É uma grande vitória para o clima. Demos um grande passo no sentido de concretizar as promessas feitas em Paris em dezembro", disse o Comissário Europeu para a Energia e Ambiente, Miguel Arias Cañete.

Ricos primeiro

O novo acordo será composto de três padrões para diferentes países, pois o objetivo é que as nações ricas reduzam a utilização de hidrofluorocarbonetos de forma mais rápida do que as pobres:
 
Ar-condicionado
 
  • Economias mais desenvolvidas como as que integram a União Europeia e os Estados Unidos começarão a limitar a utilização de HFCs em poucos anos e a reduzir seu uso em pelo menos 10% a partir de 2019.
  • Algumas nações em desenvolvimento como a China e países da América Latina congelarão o uso de HFCs a partir de 2024.
  • Outras nações em desenvolvimento como a Índia, Paquistão, Irã, Iraque e os Estados do Golfo não congelarão seu uso até 2028.
  • China, o principal fabricante de HFCs, não começará a reduzir sua produção ou uso até 2029.
  • India começará a redução depois. Em 2032, se prevê que fará seu primeiro corte de 10%.

  • "É um dia histórico, certamente," disse Durwood Zaelke, membro do Instituto para o desenvolvimento sustentável e governabilidade (IGSD, na sigla em inglês), organismo que tem participado das negociações desde o Protocolo de Montreal.
    "Nós viemos com a ideia de conseguir a redução intermediária e vamos partir de Kingali com cerca de 90% das modificações feitas", disse o especialista.

    Comprando tempo

    Se o acordo for implementado na íntegra, vai fazer uma grande diferença no que diz respeito ao aquecimento global.
    "Os hidrofluorocarbonetos representam uma ameaça imediata para a segurança do clima devido à sua crescente utilização e alto potencial de causar o aquecimento global, que é milhares de vezes maior do que o dióxido de carbono", disse Benson Ireri, conselheiro sênior da organização britânica de ajuda
  • humanitária Christian Aid.
    "Ao acordar uma redução inicial de hidrofluorocarbonetos, estamos comprando um pouco mais de tempo para obter uma economia global de baixo carbono e para proteger as pessoas mais vulneráveis do mundo", acrescentou.

    O mercado

    Os defensores insistem que o acordo alcançado em Kigali vai ficar sobre o fundamento posto pelo Acordo de Paris, que foi assinado por mais de 190 países e entrará em vigência no início de novembro. O acordo foi firmado com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 graus Celsius.
  • Geladeira

  •  
    Também se destacam as conquistas do Protocolo de Montreal, que em seus 30 anos de história permitiu a eliminação de 100 gases fluorados.
    A premissa é que quando o regulamento for aprovado, a indústria desenvolva rapidamente alternativas.
    "O mercado vai inundar a Índia (que tem um prazo de adaptação mais longo) e isso fará com que o país faça a transição muito mais rapidamente do que tem sido planejado", disse Durwood Zaelke.
    "A eliminação gradual sempre conduziu a uma transição no mercado, levando os retardatários a se sentirem obrigados a se mover no ritmo do mercado."

    Questionamentos

    Mas alguns críticos indicam que o compromisso teria um impacto menor do que o esperado.

    Ar-condicionado

    Eles questionam as concessões dadas para Índia e China, porque elas, em sua opinião, enfraquecem o impacto global do acordo.
    "Eles precisavam chegar a um acordo aqui para que parecesse como legado de Obama. É por isso que a delegação dos EUA tem sido muito agressiva para que China e Índia a adiram ao acordo", disse Paula Tejon Carbajal, da ONG Greenpeace International.
    "É um passo na direção (redução) de 0,5 grau, mas ainda não foi alcançado. Eles dizem que o mercado vai trabalhar para nos levar até lá, mas nós não estamos lá ainda", acrescentou.
    Nas primeiras horas do sábado havia um certo sentimento de júbilo entre os delegados quando o negócio foi anunciado.
    "É muito importante o que aconteceu", disse um participante, "mas poderia ter sido maior."
    O que é o efeito estufa?
    O efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural que mantém a temperatura da Terra, ao reter parte da energia do sol. O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) a partir da queima de combustíveis fósseis levou à intensificação do fenômeno e ao consequente aumento da temperatura global, o derretimento do gelo polar e o aumento do nível do mar.

    terça-feira, 18 de outubro de 2016

    O Exército de crianças do Estado Islãmico



    Até agora pensava-se que os papagaios eram nocivos para as plantas porque supostamente destruíam as sementes das quais se alimentam, mas um estudo internacional descobriu o contrário: estas aves contribuem para expandir a araucária, uma árvore ameaçada pelo desmatamento das selvas tropicais.
    A pesquisa, realizada por várias universidades brasileiras e por cientistas do Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN) e da Estação Biológica de Doñana, ambos do CSIC, foi publicada nesta terça-feira na revista "Scientific Reports".
    O trabalho descreve pela primeira vez a relação simbiótica entre papagaios e a araucária (Araucaria angustifolia).
     
     O exército de crianças do Estado Islâmico (Foto: DW/J. Andert)
     
    Para atrair os consumidores e, por sua vez, os saciarem fazendo com que desprezem sementes viáveis sem terminar de consumi-la e ajudem assim a dispersão", especificou Blanco.
    Para este trabalho, os pesquisadores estudaram o comportamento de nove espécies diferentes de papagaios em várias áreas.
    Oito espécies consumiram 48% das sementes, mas 22,5% dessas sementes foram dispersadas porque as deixaram cair de seus bicos sem consumi-las totalmente ou inclusive sem prová-las.
    Cinco desses espécies dispersaram as sementes em uma média de 250 metros, uma distância muito similar à qual se observa em aves como gralhas neotropicais do gênero Cyanocorax, considerados excelentes dispersoras de sementes da araucária e outros espécies.
     

    Cientistas farão primeira circunavegação da Antártica

    Imagem divulgada pela agência espacial americana mostra o continente antártico. Estudo detectou que a temperatura de - 93º C foi registrada em 2010 (Foto: Nasa/Reuters)
     
    Cinquenta cientistas de 30 países formarão a primeira equipe científica a circunavegar a Antártica em uma tentativa de mensurar a contaminação e as mudanças climáticas, anunciaram os encarregados do projeto nesta segunda-feira (17).
    A equipe internacional viajará a bordo do navio científico russo "Akademik Treshnikov", que zarpará da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 20 de dezembro e voltará em 18 de março de 2017.
    Os organizadores da Expedição Circumpolar Antártica (ACE, na sigla em inglês) esperam intensificar a cooperação para entender melhor o impacto da humanidade no oceano Antártico.
    "Os pesquisadores trabalharão em uma série de campos interrelacionados, da biologia à climatologia, passando pela oceanografia, pelo bem do futuro deste continente", afirmaram os integrantes da expedição em um comunicado.
    "É essencial ter uma melhor compreensão da Antártica, não só para a sua preservação, mas para todo o planeta", acrescentaram.
    Projetos de pesquisa
    Os líderes da equipe convocaram no ano passado um concurso para eleger os projetos de pesquisas e após receber 100 propostas, selecionaram 22.
    Um dos projetos ganhadores é de uma instituição espanhola, o Instituto de Ciências do Mar de Barcelona, e consistirá em estudar e medir os gases e as partículas liberadas pelo oceano Ártico na atmosfera.
    Outros projetos estudarão o efeito da contaminação por plásticos na cadeia alimentar e mapearão baleias, pinguins e albatrozes.
    Os cientistas tomarão, ainda, amostras de gelo das profundezas para investigar as condições do continente branco antes da Revolução Industrial.
    O ACE é o primeiro projeto do recém-criado Swiss Polar Institute (SPI, Instituto Polar Suíço), uma iniciativa do país europeu para "estreitar as relações internacionais e a colaboração entre países, assim como para despertar o interesse pela investigação polar em uma nova geração de jovens cientistas".
    "A ideia é visitar as ilhas em torno da Antártica, o que de um ponto de vista cientista é muito interessante", explicou durante o lançamento do projeto, em Londres, o empresário Frederik Paulsen, fundador do SPI.
    "As mudanças que estão ocorrendo na Antártica são menos conhecidos que as do Ártico e as ilhas (...) são o termômetro do que está acontecendo", explicou.
    A viagem será dividida em três etapas, com paradas de abastecimento nas cidades australiana de Hobarth e na chilena de Punta Arenas.

    segunda-feira, 17 de outubro de 2016

    Este robô humanóide transpira para manter a temperatura

     
    O progresso é uma briga entre o que funciona melhor e o que é viável para se fabricar o mais barato possível em grande escala. Geralmente, a última opção ganha. É o motivo pelo qual o VHS venceu o Betamax e a maioria dos produtos industrializados não tem gosto nenhum. E também o porquê esses caras desenvolveram um robô humanoide que transpira.
    Um dos maiores desafios com os robôs é o calor, que começa a afetar a performance se não for dissipado corretamente. Existem diversos sistemas de resfriamento ativo que podem resolver esse problema ao bombear um líquido frio por meio de veias e artérias artificiais, mas costumam ser muito caros (sem dizer que são pesados). Para solucionar isso de forma mais barata mas não menos elegante, pesquisadores do JSK Lab da Universidade de Tóquio pegaram o conceito de suor emprestado para o robô Kengoro.

    A transpiração (água desionizada) escorre pelos 108 motores do Kengoro, os resfriando por meio da evaporação. Embora não seja tão efetivo quanto os sistemas de resfriamento ativos, o suor permite que o robô faça flexões por 11 minutos sem superaquecer. E ele consegue funcionar durante metade de um dia só com um copo d'água.

    O Kengoro, é claro, não tem pelo. Ele sua por seus ossos, uma alternativa bem inteligente e bastante inquietante de se imaginar. O esqueleto dele é feito por sinterização a laser, um processo similar à impressão 3D que permite que metal de vários densidades sejam desenvolvidos em formas complexas. Canais de alumínio menos denso são colocados na estrutura do robô e agem como uma esponja, retendo a água e certificando que o "suor" caia nos motores, em vez de cair no chão.

    Robôs que suam são o futuro. Esperamos que seja o único processo biológico que os torne mais eficientes.