segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Necrópole com 2 mil anos é descoberta no Egito

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Uma necrópole contendo 40 sarcófagos foi encontrada perto da cidade de Minia, no Vale do Nilo ao sul do Cairo. Um antigo complexo de túmulos da Época Ptolemaica foi descoberto pelos arqueólogos no Egito.
Um dos túmulos do cemitério, que supostamente data do início do primeiro milênio a.C., ou seja, do chamado Período Tardio do Egito ou Reino Ptolemaico, contém a múmia de um sacerdote do deus egípcio Thot, bem como os restos dos membros de sua família, informou a mídia.
Até agora, oito túmulos já foram descobertos no sítio arqueológico e espera-se que mais sejam encontrados, disse o chefe do Conselho Supremo do Ministério de Antiguidades do Egito, Mostafa Waziri.
No local foram encontrados diferentes artefatos, incluindo jarros canópicos, estátuas e outros itens funerários.
 
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"Precisaremos de, pelo menos, cinco anos para trabalhar na necrópole. Este é só o começo de uma nova descoberta", disse o ministro de Antiguidades egípcio, Khaled Al-Anani.
As escavações no local começaram no fim de 2017. Esta é a segunda grande descoberta arqueológica no Egito neste ano. No início de fevereiro foi anunciada a descoberta de um túmulo que provavelmente pertencia a uma Hetpet, uma mulher próxima da realeza egípcia antiga.
Jornal do Brasil

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Expansão do universo é mais rápida que previsto, diz pesquisa

 
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A velocidade de expansão do universo é 10% mais rápida do que se imaginava, informou um estudo publicado na revista científica "Astrohpysical Journal".    
Com isso, há a possibilidade de estudar um lado misterioso do cosmo, pois a descoberta fornece os primeiros indícios de uma "Nova Física", ou seja, uma física cujas regras não correspondem ao "Modelo Padrão" - teoria que descreve as forças e partículas fundamentais que constituem a matéria, dentre elas os "férmions" e "bósons".    
Os resultados se devem a um dos "pais" da descoberta de que a expansão está acelerando: o ganhador do Nobel da Física, Adam Riess. Contribuíram também para a descoberta o "Space Telescope Science Institute" e John Hopkins University. Mas, a descoberta também foi possível graças ao dados do telescópio espacial Hubble.
Para Antonio Masiero, vice-presidente do Instituto Nacional de Física Nuclear, o resultado "abre as portas a uma viagem no mistério". "Veremos sinais chegarem de qualquer mundo novo, mundo estes que não sabemos do que são feitos, nem onde se encontram", completou. 
Para calcular a velocidade de expansão do universo, mediu-se a distância de galáxias distantes observadas pelo telescópio da Nasa, o Hubble, e aquele da Agência Espacial Europeia (Esa). O Hubble observou estrelas pulsantes chamadas "Cefeide" - estrelas gigantes, maiores e mais brilhantes que o Sol e excelentes em medir distâncias extragalácticas. 
Contudo, as estrelas utilizadas estão 10 vezes mais distantes que da outra vez, quando os estudos na área começaram e permitiram calcular que as galáxias se afastam entre elas em um ritmo mais rápido que o previsto. Tudo indica que o "motor" que "empurra" o universo à expansão, ou seja, a energia escura - suposta força energética que está distribuída pelo espaço - ocuparia 75% do cosmo, e que ela afasta as galáxias uma da outra. 
Isso significa também que a aceleração poderia não ter um valor constante, mas variar com o tempo. Uma outra hipótese que surge é a existência de novas partículas, similares ao neutrino - partícula subatômica sem carga elétrica, mas ainda obscura - os chamados "neutrinos estéreis." 
Além da possibilidade de que a matéria escura - ou seja a matéria invisível que ocupa cerca de 25% do cosmo - interaja com a matéria visível mais fortemente do quanto se pensava.

As inquietantes perguntas que a inteligência dos neandertais nos desperta

 
 
Extinção dessa espécie humana é um dos grandes mistérios da pré-história
 
A extinção dos neandertais motiva uma pergunta inevitável: se eles desapareceram, por que nós continuamos por aqui? Até agora, a resposta era mais ou menos simples: porque nós somos mais preparados. Os neandertais são uma espécie humana que viveu na Europa durante pelo menos 200.000 anos e que desapareceu há 40.000, justamente quando a nossa própria espécie, o Homo sapiens, chegou ao continente. Trata-se de um intervalo de tempo descomunal: para efeito de comparação, a invenção da escrita, que marca o final da pré-história e o princípio da história, ocorreu há apenas 6.000 anos, uma fração mínima do tempo que nossos primos (ou irmãos) habitaram a Europa. Eles souberam se adaptar a mudanças climáticas gigantescas e, durante o último período de sua existência, sobreviveram durante milhares e milhares de anos às brutais condições da Idade do Gelo. Mas, em um período relativamente curto, desapareceram dos registros arqueológicos.
 
 
O descobrimento, anunciado nesta quinta-feira na revista Science, de que os neandertais foram capazes de produzir arte abstrata e complexa é algo gigantesco, mas não surpreendente. Nos últimos anos, graças entre outras coisas a escavações na península Ibérica, na caverna asturiana de Sidrón e nas gibraltarenses de Vanguard e Gorham, a ideia de que foram seres brutos e bastante ignorantes caiu por terra. Medicavam-se, cuidavam de seus idosos, decoravam seus corpos com cores e plumas, foram capazes de produzir desenhos geométricos e possuíam o gene FoxP2, que permite a linguagem.
Mas essa descoberta, amparada em uma nova datação de pinturas, vai além, porque os transforma em nós. A pergunta sobre o que faz com que sejamos humanos tem muitas respostas, mas uma das mais frequentes é justamente essa: a capacidade para produzir arte e contar histórias. Agora sabemos que eles também a tinham. Então, resta a pergunta mais inquietante. O que os levou a desaparecer depois de vagarem pela Terra durante tanto tempo? Certamente não existe uma resposta, e certamente não existe uma resposta única. Nós os matamos? É possível, embora também tenham desaparecido de lugares que os sapiens não tinham alcançado. Mudou seu ecossistema com a chegada de nossa espécie? Adaptavam-se pior às transformações? Será que os deixamos sem caça? Pode ser. Em todo caso, a confirmação da complexidade de sua inteligência constitui uma gigantesca advertência sobre a fragilidade de todas as espécies, incluída a nossa.
El País.com

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Avião hipersônico chinês vai precisar de apenas 2 horas para voar de Pequim a Nova York

 
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Um grupo de investigadores chineses desenhou um avião ultrarrápido capaz de transportar dezenas de pessoas e toneladas de carga entre Pequim e Nova York em somente duas horas. Os testes aerodinâmicos da versão modernizada da aeronave demonstraram resultados "surpreendentes".
O veículo voará a velocidades hipersônicas, isto é, mais de 6.000 quilômetros por hora, de acordo com os promotores que trabalham em um programa militar secreto chinês com as mesmas caraterísticas, informa a edição South China Morning Post.
Hoje em dia, um avião de passageiros costuma levar 14 horas para percorrer os cerca de 11 mil quilômetros que separam as duas cidades.
Os investigadores da Academia de Ciências da China testaram este modelo de avião em um túnel de vento que também tem sido utilizado para a avaliação aerodinâmica dos últimos protótipos de armas hipersônicas.
​O ensaio, realizado à velocidade sete vezes maior que a do som, revelou resultados surpreendentes: uma resistência baixa e uma sustentação alta, comunica um relatório publicado no portal Science China.
 
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A aeronave, batizada como I-plane, é um biplano com um desenho de asas baseado nos aviões da Primeira Guerra Mundial. As asas inferiores saem do meio da fuselagem. A asa superior, em forma de asas de morcego, se estende até à cauda do avião.
Segundo os autores do projeto, a forma da aeronave permitirá levantar cargas 25% maiores que as carregadas pelas atuais aeronaves de igual envergadura.
 
 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Irã considera reatores navais que respeitem acordo nuclear

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Irã fez um aviso diplomático contra Washington ao levantar a possibilidade de construir reatores nucleares para navios, ao mesmo tempo que permanecem dentro dos limites estabelecidos pelo acordo atômico com grandes potências, indicou nesta quinta-feira um relatório do órgão da Organização das Nações Unidas para monitoramento nuclear.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, há tempos tem se manifestado contra o acordo nuclear de 2015 por razões que incluem sua duração limitada e o fato de não cobrir o programa de mísseis balísticos do Irã. Ele ameaçou deixar o acordo a não ser que aliados europeus ajudem a "consertar" o acordo com uma nova proposta.
Desde que Trump assumiu, há mais de um ano, o Irã se manteve dentro dos limites em itens incluindo seu armazenamento de urânio de baixo enriquecimento imposto pelo acordo, que também suspendeu dolorosas sanções econômicas internacionais contra a República Islâmica.
Um relatório trimestral sobre o Irã da agência nuclear da ONU, que está policiando as restrições do acordo, indicou que o Irã permanecia complacente, mas também indicou que o Irã havia informado à agência sobre uma "decisão que foi tomada para construir propulsão nuclear naval no futuro".
Um relatório trimestral sobre o Irã da agência nuclear da ONU, que está policiando as restrições do acordo, indicou que o Irã permanecia complacente, mas também indicou que o Irã havia informado à agência sobre uma "decisão que foi tomada para construir propulsão nuclear naval no futuro".
Em 2016, o presidente Hassan Rouhani ordenou o início do planejamento para desenvolvimento de propulsões marítimas nucleares em reação ao que chamou de violações dos EUA ao acordo nuclear.
Rouhani se referia a falta de benefícios econômicos para o Irã a partir do acordo porque muitas companhias, incluindo grandes bancos do Ocidente, continuam evitando o país por temores de violar sanções financeiras separadas dos EUA, que permaneceram em vigor após outras sanções serem rescindidas.

Desmatamento na Amazônia está para atingir limite irreversível

Amazônia: nível de desmatamento está próximo de levar a mudanças irreversíveis na floresta
 
O desmatamento da Amazônia está prestes a atingir um determinado limite a partir do qual regiões da floresta tropical podem passar por mudanças irreversíveis, em que suas paisagens podem se tornar semelhantes às de cerrado, mas degradadas, com vegetação rala e esparsa e baixa biodiversidade.
O alerta foi feito em um editorial publicado nesta quarta-feira (21/02) na revista Science Advances. O artigo é assinado por Thomas Lovejoy, professor da George Mason University, nos Estados Unidos, e Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças climáticas.
um dos INCTs apoiados pela FAPESP no Estado de São Paulo em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – e pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“O sistema amazônico está prestes a atingir um ponto de inflexão”, disse Lovejoy à Agência FAPESP. De acordo com os autores, desde a década de 1970, quando estudos realizados pelo professor Eneas Salati demonstraram que a Amazônia gera aproximadamente metade de suas próprias chuvas, levantou-se a questão de qual seria o nível de desmatamento a partir do qual o ciclo hidrológico amazônico se degradaria ao ponto de não poder apoiar mais a existência dos ecossistemas da floresta tropical.
Os primeiros modelos elaborados para responder a essa questão mostraram que esse ponto de inflexão seria atingido se o desmatamento da floresta amazônica atingisse 40%. Nesse cenário, as regiões Central, Sul e Leste da Amazônia passariam a registrar menos chuvas e ter estação seca mais longa. Além disso, a vegetação das regiões Sul e Leste poderiam se tornar semelhantes à de savanas.
Nas últimas décadas, outros fatores além do desmatamento começaram a impactar o ciclo hidrológico amazônico, como as mudanças climáticas e o uso indiscriminado do fogo por agropecuaristas durante períodos secos – com o objetivo de eliminar árvores derrubadas e limpar áreas para transformá-las em lavouras ou pastagens.
A combinação desses três fatores indica que o novo ponto de inflexão a partir do qual ecossistemas na Amazônia oriental, Sul e Central podem deixar de ser floresta seria atingido se o desmatamento alcançar entre 20% e 25% da floresta original, ressaltam os pesquisadores.
O cálculo é derivado de um estudo realizado por Nobre e outros pesquisadores do Inpe, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da Universidade de Brasília (UnB), publicado em 2016 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
“Apesar de não sabermos o ponto de inflexão exato, estimamos que a Amazônia está muito próxima de atingir esse limite irreversível. A Amazônia já tem 20% de área desmatada, equivalente a 1 milhão de quilômetros quadrados, ainda que 15% dessa área [150 mil km2] esteja em recuperação”, ressaltou Nobre.

Margem de segurança

Segundo os pesquisadores, as megassecas registradas na Amazônia em 2005, 2010 e entre 2015 e 2016, podem ser os primeiros indícios de que esse ponto de inflexão está próximo de ser atingido
Esses eventos, juntamente com as inundações severas na região em 2009, 2012 e 2014, sugerem que todo o sistema amazônico está oscilando. “A ação humana potencializa essas perturbações que temos observados no ciclo hidrológico da Amazônia”, disse Nobre.
“Se não tivesse atividade humana na Amazônia, uma megasseca causaria a perda de um determinado número de árvores, que voltariam a crescer em um ano que chove muito e, dessa forma, a floresta atingiria o equilíbrio. Mas quando se tem uma megasseca combinada com o uso generalizado do fogo, a capacidade de regeneração da floresta diminui”, explicou o pesquisador.
A fim de evitar que a Amazônia atinja um limite irreversível, os pesquisadores sugerem a necessidade de não apenar controlar o desmatamento da região, mas também construir uma margem de segurança ao reduzir a área desmatada para menos de 20%.
Para isso, na avaliação de Nobre, será preciso zerar o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir o compromisso assumido no Acordo Climático de Paris, em 2015, de reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas no país, das quais 50 mil km2 são da Amazônia.
A fim de evitar que a Amazônia atinja um limite irreversível, os pesquisadores sugerem a necessidade de não apenar controlar o desmatamento da região, mas também construir uma margem de segurança ao reduzir a área desmatada para menos de 20%.
Para isso, na avaliação de Nobre, será preciso zerar o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir o compromisso assumido no Acordo Climático de Paris, em 2015, de reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas no país, das quais 50 mil km2 são da Amazônia.
“Se for zerado o desmatamento na Amazônia e o Brasil cumprir seu compromisso de reflorestamento, em 2030 as áreas totalmente desmatadas na Amazônia estariam em torno de 16% a 17%”, calculou Nobre.
“Dessa forma, estaríamos no limite, mas ainda seguro, para que o desmatamento, por si só, não faça com que o bioma atinja um ponto irreversível”, disse.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Encontrada civilização perdida no Caribe

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Parque indígena dos tainos
 
Graças a uma descoberta arqueológica, um grupo internacional de cientistas revelou que os tainos — primeiros americanos indígenas que sentiram o impacto da colonização europeia, ainda têm descendentes no Caribe.
A cultura taina predominava nas Grandes Antilhas, partes das Pequenas Antilhas e nas Bahamas. Entretanto, muitos cientistas pensavam que esses indígenas se extinguiram devido às enfermidades, escravidão e outras consequências da colonização europeia.
Um dente milenar encontrado em uma caverna na ilha de Eleuthers, nas Bahamas, permitiu aos cientistas sequenciar o primeiro genoma humano antigo completo do Caribe. Como resultado, foi obtida a primeira prova clara de que há um certo nível de continuidade entre os povos indígenas do Caribe e as comunidades contemporâneas da região, informou Science Daily.
O dente pertencia a uma mulher que viveu entre os séculos VIII e X, pelo menos 500 anos antes da chegada de Colombo às Bahamas.
Ao comparar o genoma antigo das Bahamas com o dos habitantes contemporâneos das ilhas do Caribe, os cientistas descobriram que os porto-riquenhos têm uma ligação mais estreita com os antigos tainos que qualquer outro grupo indígena das Américas.
"É uma descoberta fascinante", comentou um dos autores do estudo, Hannes Schroeder, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
"Sou sinceramente grato aos pesquisadores. Embora para eles possa ter sido uma questão de indagação científica, para nós, os descendentes, é verdadeiramente libertador e inspirador", disse Jorge Estévez, do Museu Nacional do Índio Americano em Nova York, descendente taino.
Além disso, o estudo revelou a origem genética dos povos caribenhos indígenas, demonstrando que estavam diretamente relacionados com as comunidades de línguas aruaques que vivem em algumas regiões da América do Sul hoje em dia. Portanto, a origem de uma parte das pessoas que emigrou ao Caribe pode ser rastreada até as bacias da Amazônia e do Orinoco, onde surgiram as línguas aruaques. ( Jornal do Brasil)

Fenômeno com "3 sóis" aparece em cidade russa

Fenômeno com '3 sóis' aparece em cidade russa 
 

Residentes da cidade russa de São Petersburgo presenciaram um fenômeno visual raríssimo conhecido como "halo". Surpreendidos pelas incríveis imagens, várias fotos foram postadas nas redes sociais por internautas.
O evento atmosférico é uma ilusão ótica, que representa pontos brilhantes em torno do Sol que criam a ilusão da presença de três corpos celestes simultaneamente.
"É muito lindo. Agradeço pela oportunidade de presenciar essa beleza", exclama um dos internautas.
"Provavelmente, o autor da foto realizará seus desejos", comentou Gulya Alimova.
"No caminho para casa, observei esse fenômeno atmosférico", compartilhou klimentiybritter com seus seguidores.
"Halo" é um fenômeno ótico que se forma ao redor de potentes fontes de luz. Pode ser observado graças a reflexão e refração da luz em cristais de gelo suspensos na atmosfera. A forma e a orientação desse efeito ótico variam de acordo com a posição dos cristais.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Nasa está se preparando para lançar novo satélite caçador de alienígenas

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A NASA planeja adicionar um satélite avançado para caça orbital de exoplanetas já em abril. O satélite será lançado do Cabo Canaveral no estado da Flórida, EUA, e promete grandes descobertas.
O projeto da agência espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) chegou ao Centro Espacial Kennedy na Flórida para preparativos finais antes do lançamento.
Segundo um porta-voz da NASA, assim que o TESS for posicionado na órbita terrestre, vai usar quatro câmaras de vasto campo para monitorar constantemente mais de 200.000 estrelas brilhantes, focando-se em escuridões causadas pelo movimento dos planetas, pois o método é útil na identificação de exoplanetas relativamente pequenos.
Em dois anos de monitoramento da visível vizinhança da galáxia, a NASA espera identificar milhares de exoplanetas. Assim que identificados, os exoplanetas serão escaneados para descobrimento de vida extraterrestre pelo telescópio James Webb Space (JWST, na sigla em inglês).
Este aparelho cósmico a bordo da nave espacial vai identificar os planetas do tamanho da Terra e gigantes gasosos em meio a uma grande variedade estrelar e distâncias orbitais. Na declaração da NASA é salientado que nenhuma pesquisa realizada da Terra seria capaz de fazer o mesmo.
"O TESS vai detectar os planetas de montanhas e gelo que circulam em meio a um enorme leque de tipos estelares e que cobrem vários períodos orbitais, incluindo mundos montanhosos nas zonas habitáveis de suas estrelas anfitriãs", diz-se na declaração.
Inicialmente, o lançamento do TESS estava marcado para 20 de março de 2018, mas foi adiado a pedido da companhia SpaceX, porque o satélite será lançado para a órbita em um dos foguetes reutilizáveis Falcon 9 da empresa aeroespacial.
Em 6 de fevereiro, a SpaceX lançou o foguete mais potente do mundo – o Falcon Heavy, inspirado e desenhado pelo fundador da companhia Elon Musk.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Como escravos entravam na justiça e faziam poupança para lutar pela liberdade

Cena urbana no Rio de Janeiro escravocrata do século 19, pintada por Jean-Baptiste Debret
 
Em 1883, Rita entrou com uma ação na Justiça da Imperial Cidade de São Paulo contra o Tenente Julio Nunes Ramalho. Poderia ser mais um processo qualquer, não fosse um fato notável: Rita não era considerada cidadã pela lei brasileira. Era escrava. Já o Tenente Ramalho era seu proprietário. O objeto do caso era o interesse de Rita de comprar sua liberdade.
De Rita, a Justiça sabia pouco. Não tinha sobrenome, nem idade certa - "38 anos aproximadamente". As informações eram apenas que possuía aptidão para o trabalho e era cozinheira, escravizada por Ramalho.
Por não ser livre, Rita não tinha direito a procurar a Justiça diretamente e precisou de um intermediário para representá-la. Tendo obtido uma doação de 200 mil réis "em moeda corrente deste Império", queria comprar sua alforria. Pedia, então, que seu proprietário fosse intimado para declarar se aceitava ou não a quantia. Seu representante conclui o pedido dizendo que o fazia "a rogo da suplicante, que não sabe escrever".
O Brasil estava mudando. Depois de mais de três séculos, a escravidão se aproximava do fim. Em 1850, havia sido proibido o tráfico negreiro. Em 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que estabeleceu a liberdade para filhos de mulheres escravas nascidos dali em diante - como o menino Benedito, a quem Rita deu luz três anos após a lei.
Além disso, a Lei do Ventre Livre deu aos escravos o direito de juntar dinheiro - fosse fruto de doações, do próprio trabalho ou de economias - e, com ele, comprar sua própria alforria, independentemente da autorização do seu proprietário.
Essa alteração legal multiplicou nos tribunais as chamadas ações de liberdade. A de Rita é uma delas. Está armazenada no Acervo Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, junto com dezenas de outros processo centenários, em papel envelhecido e texto manuscrito, movidos por pessoas escravizadas contra seus senhores. Além de São Paulo, há casos semelhantes em diversos pontos do país.
"A ação de liberdade quebra a autoridade senhorial, porque passa a existir uma forma de se libertar da escravidão independentemente da vontade do senhor", afirma a historiadora Keila Grinsberg, professora da Unirio e da New York University, e uma das maiores especialistas neste tema no Brasil.
"Isso quebra o mito de que a alforria era apenas uma forma de reconhecimento do senhor (aos seus escravos). Nada disso! Eles também foram para a Justiça para conquistar sua liberdade", completa Lúcia Helena Silva, professora da Unesp, que pesquisou as ações de liberdade em Campinas.
Porém, as ações de liberdade não eram um caminho fácil. "Apenas a minoria das pessoas escravizadas conseguia entrar na justiça. A maioria dos escravos nascia e morria escravos", pondera Grinsberg.

Pilha de ações impetradas por pessoas escravizadas no final do século 19, parte do Acervo do Tribunal de Justiça de São Paulo

Negociação na Justiça

Junto ao pedido de Rita, foi anexado um atestado médico: "Atesto que a preta Rita sofre de anemia e de artrite crônica, moléstias que por muitas vezes a inabilitam para qualquer trabalho". A informação tinha um objetivo estratégico. "Normalmente, o escravo usava a estratégia de se desvalorizar", explica Lúcia Helena Silva.
"Já o senhor fazia tudo possível para dizer que seu escravo valia muito". No caso de Rita, o Tenente Ramanho respondeu à intimação dizendo que não aceitava os 200 mil réis oferecidos. "Considero ser de maior valor a minha escrava. Há três meses, a comprei pela quantia de 800 mil réis".
Quando não havia concordância sobre o valor da liberdade, como no caso entre Rita e Ramalho, não era o fim do processo. Cabia ao Estado fazer a arbitragem do preço, que as duas partes seriam obrigadas a aceitar. Para isso, o primeiro passo era a pessoa escravizada ser mandada para uma avaliação.
"Depois de haverem examinado a dita escrava Rita, tendo em consideração a idade, saúde e profissão da mesma, (os avaliadores) apresentam os seguintes laudos: Salvador avaliava-a em 500 mil réis. Fernando em 320 mil réis. Em consequência da divergência havida, foi aceito o laudo de 320 mil réis".
O resultado da avaliação foi uma vitória para Rita. O valor estava mais próximo dos 200 mil réis que ela tinha proposto do que dos 800 mil réis pedidos por seu senhor. Por intermédio de seu representante livre, Rita apresentou à Justiça os 120 mil réis que estavam faltando e requereu "que lhe fosse passada a carta de liberdade".
Depois de três meses na Justiça, Rita, que nasceu escrava no Brasil, se tornou finalmente uma mulher livre.

Pintura de Jean-Baptiste Debret retrata desembargadores chegando ao Palácio de Justiça no Rio de Janeiro

Redes de apoio nas cidades

"Apesar de o Estado e suas leis abrirem portas para dar visibilidade a questões dos escravos, não era fácil iniciar um processo judicial e, menos ainda, terminá-lo", explica a historiadora Heloísa Maria Teixeira, que pesquisou a compra de alforrias em Mariana, Minas Gerais.
Em geral, os escravos que recorriam à Justiça viviam nas cidades. Ali, tinham mais acesso a informação. Também podiam receber apoio de redes de solidariedade, formadas por outras pessoas escravizadas e libertas, além de terem contato com ideias e movimentos abolicionistas. Já para aqueles escravizados na zona rural, entrar na Justiça era muito mais difícil.
Ao consultar os documentos mineiros, Heloísa encontrou o caso da menina Eva, escrava de "mais ou menos 14 anos", nascida na década de 1850. Sua história mostra como o fato de estar na cidade facilita o surgimento de uma rede de apoio.
A madrinha de Eva, que não tinha dinheiro, passou a pedir esmolas na cidade com o intuito de libertar a menina. O processo de Eva, inclusive, elenca uma lista de pessoas que participaram da arrecadação de fundos para compra de sua liberdade. Ao final, a madrinha conseguiu reunir 120 mil réis em dinheiro. O valor foi complementado por um burro entregue pelo pai da menina, no valor de 80 mil réis. Com os 200 mil réis totais, foi comprada a carta de alforria de Eva.

Capa da ação de liberdade da escrava Rita contra o Tenente Ramalho

Além de processos de compra de alforria, houve no Brasil diversas ações de liberdade baseadas na ilegalidade da escravidão. Em 1883, por exemplo, Antonio - também sem sobrenome - entrou na Justiça de São Paulo argumentando que sua matrícula de escravo informava ser ele africano e ter 51 anos.
Logo, Antonio teria nascido na África em 1832. Porém, uma lei brasileira de 1831 declarou que era livre todo o escravo vindo de fora do Império do Brasil a partir daquela data. Foi a primeira legislação a tentar coibir o tráfico de pessoas escravizadas para o Brasil. Desta forma, como Antonio nasceu depois da lei, ele havia sido trazido para o país de forma ilegal. Por consequência, sua escravidão também era ilegal.
Seu proprietário tentou contra-argumentar. Afirmou que a matrícula do escravo estava errada e que, na verdade, ele tinha nascido cinco anos antes da lei. Em termos práticos, isso faria com que Antonio não tivesse direito à liberdade. Por outro lado, essa linha de argumentação implica o reconhecimento de que um menino de até 5 anos tivesse sido transportado nos navios negreiros e vendido ainda criança no Brasil.
Mas a argumentação do dono de Antonio não foi bem sucedida. O juiz do caso concedeu a carta de liberdade ao "africano". Mas sob a condição estabelecida pelo proprietário: de que o agora ex-escravo prestasse serviços por mais quatro anos para seu antigo senhor e sua esposa. Assim, Antonio ficaria livre apenas em 1887 - um ano antes da Lei Áurea ser sancionada pela Princesa Isabel, decretando oficialmente o fim da escravidão no Brasil.
"Esses juízes e tribunais não eram abolicionistas. Tomavam a decisão baseados naquele caso específico. Ninguém ali estava defendendo o fim da escravidão", diz Grinsberg.

Pintura de Jean-Baptiste Debret retrata pessoas negras realizando serviços de cabeleireito, barbeiro e vendedora, no Rio de Janeiro do século 19

Dificuldade para juntar dinheiro

Os escravos urbanos também tinham mais possibilidade de juntar dinheiro para comprar sua liberdade. Alguns deles, além do trabalho forçado, realizavam pequenos serviços remunerados. As mulheres, por exemplo, vendiam quitutes, hortaliças, eram babás, amas-de-leite, lavadeiras. Os homens eram sapateiros, barbeiros, carregadores.
Nas cidades, também eram mais comuns os chamados escravos de ganho - quando as pessoas escravizadas prestavam serviços para terceiros, sendo obrigadas a entregar o dinheiro para seus proprietários, ficando apenas com uma pequena parte.
Ainda assim, não era nada fácil que esses trabalhos rendessem o suficiente para comprar a alforria. Em geral, no final do século 19, o preço da liberdade variava de 200 mil réis a 2 contos de réis (equivalente a 2 milhões de réis). "A maior parte das pessoas não deve ter conseguido juntar o suficiente. Depois que o tráfico foi proibido, o preço do escravo subiu ainda mais", explica Grinsberg.
E onde os escravos guardavam dinheiro? Uma das possibilidades era colocar na poupança.
Documentação histórica da Caixa Econômica, ainda pouco estudada, mostra diversas cadernetas pertencentes a escravos. Fundada em 1860, a Caixa não permitia que pessoas não livres fossem depositantes. Mas, após a Lei do Ventre Livre, em 1871, isso mudou.

Caderneta de poupança de Judas, escravo, com 24 mil réis

A caderneta de poupança número 43 da Caixa Econômica de São Paulo, datada de 1875, pertencia a Judas, escravo de Manuel de Andrade. O formulário do banco trazia a palavra "senhor" antes do nome do depositário. Mas, no caso de Judas, a palavra foi riscada. Afinal, sua condição de pessoa escravizada impedia que fosse tratado por "senhor". Por isso também, Judas não tinha sobrenome reconhecido.
Judas tinha 54 anos, era hortelão, morava em São Paulo, era casado e não sabia ler e escrever. Naquele ano, tinha juntado na poupança 24 mil réis. Muito distante dos preços praticados pela liberdade naquela época.
"Pelos valores depositados nas poupanças, a gente vê era que era muito difícil comprar alforria com base nesse dinheiro. Mas existe, sim, uma relação entre poupanças e compra de alforria, embora seja pouco", fala Grinsberg.
"De toda forma, era algo significativo, porque mostra outras formas de resistência à escravidão. Os escravos conseguiam brechas para entrar no sistema financeiro e juntar dinheiro, apesar de tudo que era imposto a eles", considera o historiador Thiago Alvarenga, professor da Universidade Federal Fluminente, um dos responsáveis por resgatar o arquivo de cadernetas de poupança do século 19 da Caixa Econômica.
Na sua pesquisa, Alvarenga encontrou um caso intrigante: um homem escravizado que tinha uma poupança de 4 contos de réis, valor que seria mais que suficiente para comprar sua liberdade. "Pode ser que estivesse juntando dinheiro para libertar várias pessoas da sua família", considera o historiador.
Já outras cadernetas de poupança da Caixa mostram a saída de dinheiro para comprar a alforria. Um dos casos é o de Margarida Luíza, escrava de Joaquim José Madeira, cuja conta foi encerrada três anos depois de criada, retirando os 353 mil réis acumulados para obter sua liberdade.
Embora a historiografia já tenha desvendado muito sobre as diferentes formas de resistência das pessoas feitas escravas no Brasil, ainda há perguntas sem respostas e espaço para novas pesquisas.
"O que não falta é documento da escravidão. Eles estão espalhados pelo Brasil em cartórios, igrejas, tribunais, bancos, e precisam ser salvos, literalmente. E isso se faz com política pública. São arquivos importantíssimos! Sem eles, a gente perde a chance de conhecer melhor nossa história", afirma Keila Grinsberg.
BBC

Etiópia luta para salvar maior lago do país de espécie invasora originária do Brasil

Uma espécie de planta aquática flutuante originária do Brasil está ameaçando o maior lago da Etiópia.


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Muito encontrado na região amazônica, o jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) está se alastrando pelo Lago Tana, que é fonte de sobrevivência para muitas pessoas que vivem na região de Amhara, no noroeste do país.
Imagens áreas mostram uma imensidão verde cobrindo parte de sua superfície, que tem 84 km de comprimento e 66 km de largura.
Para o cientista ambiental Ayalew Wolde, “a nossa falta de conhecimento e as mudanças climáticas produziram essa imensa tragédia”.
O rápido crescimento do jacinto-de-água é resultado especialmente de dois fatores: ele praticamente não tem predadores naturais no lago e tem a reprodução favorecida pelas altas temperaturas da região.
Em paralelo à sua expansão, o nível de água caiu. "De 25 metros para 15 metros", lamenta um barqueiro.

Lago Tana
 
"A produção de peixes também caiu. A possibilidade de perdermos o Lago Tana é alta", diz ele.
"Não podemos usar produtos químicos para destruirmos a planta porque as pessoas usam água do lago para beber. E o gado também", completa.
Voluntários vêm removendo toneladas das plantas.
Moradores de outros vilarejos também decidiram colaborar nos esforços.
A menos que uma solução inovadora surja, o futuro do maior lago da Etiópia permanece cercado de dúvidas.
BBC Brasil

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O que faz a Áustria se negar a proibir o cigarro de bares e restaurantes

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Comunidade médica local pede que o governo volte atrás na decisão de liberar o tabaco, cujo banimento estava previsto para maio; para especialista, gestão 'transformou a Áustria no cinzeiro da Europa'.
Muitos países ocidentais - inclusive o Brasil - já baniram o  cigarro dos bares e restaurantes. Mas a Áustria se nega a seguir essa tendência.
O movimento contra o banimento foi capitaneado por Heinz-Christian Strache, líder do Partido da Liberdade e atual vice-chanceler da Áustria. Ele, que é fumante, disse ao parlamento do país que o objetivo era garantir a liberdade de escolha.
Segundo o vice-chanceler, os restaurantes devem ter a liberdade de decidir se querem ou não manter alas para fumantes, nas quais "um cidadão tenha a possibilidade de fumar um cigarro ou cachimbo enquanto toma seu café".

Quais foram as reações?

A medida horrorizou a comunidade médica da Áustria. Para Manfred Neuberger, que é professor emérito da Universidade de Medicina de Viena, trata-se de "um desastre de saúde pública".
"A decisão é irresponsável. Foi uma vitória da indústria do tabaco. O novo governo transformou a Áustria no cinzeiro da Europa", diz Neuberger.
O professor afirma que a Áustria já tem taxas "vergonhosamente altas" de tabagismo entre os jovens, "principalmente em comparação com outros países de alta renda".
Um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2013 constatou que a Áustria tinha a maior taxa de tabagismo entre adolescentes de 15 anos de idade, dentre os 26 lugares pesquisados. O país lidera esse ranking desde 1994.
A Câmara de Medicina de Viena e outras entidades médicas lançaram uma petição para que o governo reconsidere a decisão.
Segundo o presidente da Câmara, o médico Thomas Szekeres, a comunidade "não entende o porquê de o governo ter voltado atrás e permitido o fumo".
"Sabemos que o tabagismo está por trás de casos graves de ataque cardíaco e de câncer. Nos países em que o fumo é proibido em bares e restaurantes, os funcionários ficaram mais protegidos e houve uma melhora na saúde da população", diz.

Como é hoje


Muitos dos famosos cafés do centro de Viena já baniram o cigarro. Em parte, estavam se antecipando à proibição que deveria entrar em vigor em maio. Mas havia também a intenção de atrair turistas.
Outros estabelecimentos, porém, continuam esfumaçados.
Restaurantes maiores são obrigados a criar áreas separadas para fumantes e não fumantes - mas a obrigação de deixar a porta fechada entre um local e outro costuma ser ignorada. Estabelecimentos menores podem optar por permitir ou não o fumo.
No Kleines Café, por exemplo, o tampo de mármore de cada mesma traz um cinzeiro, e o ar fica azulado com a fumaça do tabaco.
Um cliente, Peter Noever, diz que a cidade é um pouco retrógrada. "Os vienenses se acham muito especiais. Acreditam que fumar é parte da cultura deles", diz.

Divididos pela fumaça

 Peter Dobcak, da Câmara de Comércio de Viena, se diz pessoalmente favorável à decisão do governo que derrubou o banimento.
Mas admite que há uma divisão entre os donos de restaurantes - alguns são contra o fumo.
"Temos vários restaurantes que preferem deixar os clientes fumarem", diz. "Restaurantes mais caros geralmente são favoráveis ao banimento. Já os bares, discotecas e boates são favoráveis ao fumo. O banimento forçaria as pessoas a fumar do lado de fora... o que poderia gerar barulho nas ruas tarde da noite", diz.
O Café Hummel, em uma área nobre da cidade, baniu o fumo há cerca de um ano.
A dona, Christina Hummel, diz ter perdido cerca de 5% da receita após a proibição. Mas diz ter feito este movimento para tentar atrair uma nova clientela, mais jovem.
"Pelo lado positivo, vemos que mais famílias têm vindo aqui para tomar café da manhã com os filhos. O desafio é mudar o conceito da empresa", diz ela.
A decisão de Christina divide as opiniões dos consumidores. Gerhard Lammerer é um cliente frequente e, mesmo não sendo fumante, se disse contrário à proibição.
 

A gripe que agora ataca os EUA virá para o Brasil

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A instalação de tendas de atendimento na área externa do Hospital Lehigh Valley, em Allentown, no estado americano da Pensilvânia, é o retrato da gravidade da atual epidemia de gripe no Hemisfério Norte. O número de pessoas em busca de auxílio foi tão grande que a instituição teve de improvisar em caráter emergencial um esquema de assistência. Pelo quadro observado até a semana passada, trata-se do mais sério e perigoso surto que surge nos EUA desde 2009, quando o vírus da gripe suína espalhou-se pelo mundo – e, o temor maior, é que a situação do presente se torne tão letal como a pandemia de nove anos atrás, quando cerca de cinquenta mil pessoas morreram.
No território americano, 63 crianças haviam falecido até a quinta-feira 15, a taxa de hospitalização em razão da enfermidade alcançou 60 pessoas a cada 100 mil e 10% dos óbitos foram decorrentes de pneumonia resultante de complicações da doença. No Reino Unido, os serviços de emergência estão superlotados e, também na quinta feira, já chegava a 231 o total de mortos. O subtipo do Influenza (vírus da gripe humana) predominante é o H3N2, com enorme capacidade de mutação – com isso ele engana o nosso sistema imunológico e escapa também da cobertura vacinal (a taxa de imunização não ultrapassa os 10%, índice bem abaixo do padrão). Inevitavelmente o H3N2 afetará pesadamente o Brasil no outono e inverno, não sendo aceitável, portanto, que as autoridades da área da saúde pública aleguem, no final do mês que vem, que foram apanhadas de surpresa. Um importante (e preocupante) sinal de alerta veio na quinta-feira 15: a China anunciou o registro do primeiro caso conhecido de um tipo de vírus (gravíssimo) causador de gripe aviária. Sua identificação pela ciência: H7N4 (H e N são as proteínas que o compõem). Sua ação: devastadora.
10%
das mortes foram em decorrência de pneumonia originada pela gripe
63 crianças morreram de gripe (vírus H3N2) nos EUA desde outubro do no passado

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Byung-Chul Han, o filósofo coreano que ataca as redes e se tornou viral

Byung Chul-Han em Barcelona.
 
Entenda os motivos do sucesso de Byung Chul-Han, um dos maiores críticos do uso da Internet e da sociedade contemporânea:
 
Fala da alienação e dominação, do inferno do igual, da sociedade do cansaço e da exploração a que nos submetemos. É um filósofo de origem sul-coreana que fez sua carreira na Alemanha e em alemão, inspirado na obra de alguns dos mais célebres – e mais difíceis – pensadores desse país, de Hegel a Martin Heidegger. Tem um livro, inclusive, chamado No Enxame: reflexões sobre o digital, que é uma crítica demolidora do papel das redes sociais na sociedade atual. Não parecem argumentos para o sucesso viral e, entretanto, a matéria sobre o pensamento de Byung Chul-Han publicada na quarta-feira pelo EL PAÍS teve mais de meio milhão de usuários únicos nos dois primeiros dias e foi o conteúdo mais visto do site durante mais de 30 horas.
A versão em português também se transformou na matéria mais lida do jornal em toda a América Latina. Conversamos com outros filósofos e escritores para falar dos motivos do sucesso do pensamento de um autor cujas principais obras – A Sociedade do Cansaço, A Sociedade da Transparência e a Agonia do Eros – estão traduzidas ao português.

Algo parecido já aconteceu à época com a morte de Zygmunt Bauman e o surgimento de Slavoj Zižek, conhecido como o filósofo viral. Em maior ou menor grau, são todos eruditos, controversos e politicamente incorretos. “É uma leitura crítica do mundo acelerado que tem a ver com a transparência e as tecnologias e isso para ele funciona e gera cumplicidade. É o tipo de pensamento que acompanha as solidões”, explica o filósofo e jornalista Josep Ramoneda.
“Existem quatro aspectos essenciais”, comenta o professor de Filosofia Contemporânea da Universidade de Barcelona Manuel Cruz. “Por um lado, acertou no formato. Esses textos de intervenção curta e clara são fundamentais. Além disso, há o estilo. Tem um modo de colocar as coisas especialmente atrativo. Parte de um conceito intuitivamente aparente – a transparência, por exemplo – ou uma metáfora – a sociedade do cansaço – e consegue um grau de acessibilidade muito grande. Também está muito preocupado pela experiência. Por último, afiança solvência. Você pode ou não gostar, mas não pode dizer que ele é um charlatão”.

Contra o mito das redes

Quase sete em cada dez leitores da matéria do EL PAÍS, tanto em espanhol como em português, chegaram a ela através das redes sociais, fundamentalmente o Facebook. É quase uma ironia, porque Han ataca com dureza o papel das redes e se pergunta se no final será o algoritmo a construir o homem e não o inverso.
A ensaísta Remedios Zafra, autora de El Entusiasmo (O Entusiasmo), um estudo sobre a precariedade e a desilusão, reflete sobre a pertinência da análise de Han: “Na vida contemporânea (online) são tão poucos os tempos vazios que não é fácil ativar a consciência, o que prima é a inércia. A vida tal como a conhecíamos parece estar em risco, fagocitada por trabalhos e tarefas derivados da conexão permanente. Que grande parte dessas tarefas tenham a ver com a própria visibilidade e com o protagonismo do eu na vida digital está muito relacionado com o mecanismo que faz a conexão. O que não tenho claro é até que ponto essa “autoexploração” sugerida por Han é promovida pelo próprio indivíduo”.
A aparente simplicidade é outra de suas virtudes. “Han utiliza uma linguagem inteligível, também simplificando muito. Daí a enganosa sensação de que tudo pode ser explicado, algo que reconforta muito. Acho que o sucesso de Han se deve em boa parte a esse fator reconfortante”, afirma Cecilia Dreymüller, tradutora especializada em literatura alemã e escritora. “São livros muito curtos, isso é importante nos tempos atuais. Bastante contundentes e fáceis de se ler”, acrescenta Ramoneda. “É uma mistura de profundidade filosófica (principalmente à base de citações indiscriminadas de toda a filosofia ocidental) com questões da cotidianidade mais comum. Tudo reconhecível. E esse é outro grande fator de seu sucesso”, diz Dreymüller.
Por trás da fama de Byung Chul-Han há uma carreira de fundo contra a lógica da vida. Nascido em 1959 em Seul, Han decidiu ir à Alemanha após abandonar seus estudos de metalurgia. Em 1994 se doutorou pela Universidade de Munique com uma tese sobre Heidegger e pouco depois começou a trabalhar como professor universitário. Surpreendente para alguém que dominava alemão quando chegou. “É assombroso o domínio do idioma de Han, verdadeiramente. Mas uma pessoa disciplinada e inteligente como ele consegue fazê-lo com muita aplicação. Parece ter uma enorme força de vontade. Ele adora poesia, recita Goethe de memória assim como Leopardi – em italiano”, afirma Dreymüller.

El País



Febre amarela: os enigmas que a ciência ainda não consegue explicar

A até agora inexplicável explosão de casos de febre amarela em regiões onde o vírus era pouco atuante há décadas trouxe um desafio para saúde pública brasileira. Até o momento, não se sabe quais os fatores que influenciaram esta dispersão do vírus. Nem por qual motivo os mosquitos da zona urbana, como o Aedes aegypti, ainda não o transmitem, mesmo tendo a capacidade para isso.
"Não é a primeira vez que a febre amarela se desloca. De tempos em tempos, há surtos fora da área amazônica. Mas o que vemos é que ao longo dos últimos 20 anos ela vem descendo. Neste ano, o surto de 2018 é a continuidade daquele que teve início em 2016 em Minas Gerais, com um impacto muito grande em 2017", explica Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)."O vírus não desce sozinho. Ou ele desce por meio do deslocamento dos primatas ou por meio de pessoas que moram nas florestas e descem para o Sudeste. Muitas vezes, elas estão com uma infecção sem sintomas ou com manifestações clínicas sutis e não sabem que estão doentes", continua Venâncio.
A febre amarela é uma doença endêmica da região amazônica (ou seja, que circula naturalmente nesta região). Por isso, ela já faz parte da rotina de vacinação. Com a ampla cobertura vacinal, a população do Norte está quase toda protegida e são poucos os casos da doença que atualmente acontecem por ali. Por isso,os 353 casos confirmados no país no ultimo ano até a última quarta-feira, aconteceram no Sudeste (com exceção de um ocorrido no Distrito Federal). O padrão é semelhante ao do ano anterior, quando 777 casos da doença foram confirmados, 764 no Sudeste.
No Sudeste e no litoral do país, como a doença não é endêmica, a população estava pouco vacinada. Por isso, houve uma explosão de casos e a desesperada corrida a postos de saúde em busca da vacina. Em 2016, o ressurgimento do vírus nesta parte do Brasil causou o maior surto da doença das últimas décadas.
Pesquisadores procuram entender o que poderia ter mudado este padrão de infestação e porque ele ganhou esta velocidade nos últimos dois anos. "Há pesquisas que estudam se o aquecimento global estaria mexendo com o habitat dos primatas. Outras falam sobre a ampliação da fronteira agrícola do país para áreas do Norte e Centro-oeste não cultivadas antes ou onde a criação de gado foi substituída pelo plantio de soja e milho, que usam agrotóxico. Isso causa uma movimentação gigantesca de um ecossistema que estava quieto por muitos anos e a natureza dá a resposta", destaca o coordenador de vigilância da Fiocruz.
O Centro de Informação em Saúde Silvestre da fundação busca descobrir desde o ano passado quais alterações ambientais podem ter provocado a dispersão atual da doença. São analisados 7.200 parâmetros para isso. A bióloga Marcia Chame, coordenadora do programa, afirma que os surtos fora da Amazônia estão relacionados com fragmentos de matas muito pequenos, reforçando o argumento da correlação do aumento da doença com a degradação ambiental.
Outros cientistas também analisam como o surgimento de uma linhagem moderna do vírus pode ter ajudado neste novo padrão de dispersão da doença. Esta nova linhagem surgiu no final da década de 1970, provavelmente em Trinidad e Tobago, afirma uma pesquisa conjunta dos Laboratórios de Aids e Imunologia Molecular, de Biologia Molecular de Flavivírus, de Mosquitos Transmissores de Hematozoários e de Genética Molecular de Microrganismos da Fiocruz. Segundo os pesquisadores, ela foi a responsável pelo recente surto, que começou em 2016 em Minas Gerais.

Mosquitos

Todos os casos ocorridos no país são do tipo silvestre da doença, transmitido dentro de área de mata nativa pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Este tipo de inseto prefere as copas das árvores para a reprodução e, por isso, pica preferencialmente macacos, se alimentando de seu sangue. O homem, quando se infecta, é por acidente, porque entrou na área de mata e o mosquito desceu para se alimentar por não ter alimento na parte de cima da árvore. O ciclo urbano da doença é transmitido por outros mosquitos. O principal deles é o Aedes aegypti, que também espalha dengue, chikungunya e zika. O ciclo urbano, apesar da forte presença deste mosquito na cidade, não acontece desde 1942 no país.
Isso também se transformou em um outro enigma para os cientistas. Por que até agora, mesmo com tantos casos de febre amarela silvestre em áreas próximas a grandes metrópoles, ainda não surgiram casos do tipo urbano da doença? O Aedes teria perdido a competência para transmitir a doença? Estaria com a capacidade esgotada por conta de tantos outros vírus competindo por um único hospedeiro? Outra pesquisa da Fiocruz comprovou que quatro espécies de mosquito, dois deles urbanos, sendo um o Aedes, podem, sim, transmitir a doença. Eles foram infectados em laboratório com sangue com vírus e os cientistas puderam comprovar que o vírus chegava à saliva de boa parte dos mosquitos. Quando o mosquito pica, ele cospe em sua vítima saliva, que possui substâncias analgésicas e anticoagulantes que o ajudam a não ser notado. É neste momento que partículas do vírus são injetadas na corrente sanguínea.
"O mosquito tem competência para transmitir o vírus. Mas o ciclo urbano não está ocorrendo. Por que? Isso é o que todo mundo está se perguntando", afirma a entomologista Dinair Couto Lima, pesquisadora do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários da Fiocruz e uma das autoras da pesquisa. Segundo ela, uma das hipóteses para que a transmissão urbana ainda não tenha acontecido é que o controle do Aedes nas cidades, apesar de problemático, está mais controlado. Com uma população de mosquitos menor, a transmissão pode estar controlada. "As pessoas se vacinando também criam uma barreira muito importante", destaca ela.
Rivaldo Venâncio também destaca que o período de viremia (quando o vírus está no sangue do homem e pode transmiti-lo para um mosquito não infectado, continuando a cadeia de transmissão) é muito pequeno no caso da febre amarela. "O vírus fica entre um e dois dias na corrente sanguínea. O da chikungunya, por exemplo, fica entre sete e oito dias", destaca ele. "A febre amarela silvestre não deixará de existir, pois não tem como acabar com o ciclo entre o macaco e mosquito. Por isso é importante vacinar a população urbana, para que ela seja mantida em um nível sustentado entre os humanos. A tendência é que a médio prazo, entre quatro a cinco anos, todo o Brasil seja área de vacinação, inclusive nestas áreas onde hoje a vacina não é aplicada na rotina.
Esporadicamente vai haver alguém que não se vacinou e corre o risco", conclui ele.
El País