terça-feira, 30 de abril de 2013

Frase


Fertilizantes: Pode a agricultura destruir nosso planeta?

N. Nitrogênio. Número atômico 7. Invisível e sem gosto. Mas está sempre em nosso estômago. Ele é o motor da agricultura, a chave da abundância em nosso mundo repleto de gente esfomeada
Sem esse elemento insociável, pouco propenso a se juntar a outros gases, não há como viabilizar o mecanismo da fotossíntese – nenhuma proteína pode se formar e nenhuma planta pode crescer. O milho, o trigo e o arroz, as safras de crescimento rápido das quais a humanidade depende para sobreviver, estão entre as plantas que mais absorvem nitrogênio. Na realidade, elas requerem mais nitrogênio do que a natureza consegue fornecer.
É aí que entra a química moderna. Depois de capturado por usinas gigantescas, o gás nitrogênio inerte na atmosfera é forçado a unir-se com o nitrogênio do gás natural – surgem assim os compostos reativos tão almejados pelas plantas. Esse fertilizante nitrogenado (do qual uma centena de milhões de toneladas são usadas a cada ano ao redor do mundo) é o que torna abundante as colheitas. Sem ele, a civilização humana em sua forma atual não existiria. O solo do planeta não poderia fornecer a todas as 7 bilhões de pessoas os alimentos a que estão acostumadas. Na verdade, quase metade do nitrogênio encontrado nos músculos e tecidos de nosso corpo surgiu em alguma fábrica de fertilizantes.
Todavia, esse milagre moderno tem um custo. O escoamento do excesso de nitrogênio sufoca a fauna silvestre em lagos e estuários, contamina os lençóis freáticos e contribui para o aquecimento global. Enquanto um mundo esfomeado se prepara para receber mais bilhões de bocas que precisam ingerir proteínas ricas em nitrogênio, o que restará de ar e água não poluídos em meio à crescente demanda por terras férteis?
O dilema do nitrogênio é explícito na China, um país que adora sua comida e teme a possibilidade de exaurir as fontes de abastecimento. Para um visitante, tal ansiedade soa despropositada. No restaurante San Geng Bi Feng Gang, nos arredores de Nanquim, acompanho, assombrado, o desfile de pratos: peixe no vapor, costeletas de carneiro fritas, sopa de flor de crisântemo e ovo, talharim com batata-doce, brócolis frito, inhame e vasilhas fumegantes de arroz.
“Você sempre se alimenta bem assim?”, pergunto ao cientista Liu Tianlong, um especialista em agricultura que está me apresentando aos cultivadores da vizinhança. O sorriso de menino desaparece e, de repente, uma sombra tolda suas feições. “Quando eu era pequeno, ficava contente ao receber três vasilhas de arroz."
Liu cresceu logo após a grande fome que assolou a China de 1959 a 1961, na qual se estima que tenham morrido 30 milhões de pessoas. A seca desempenhou um papel, mas o responsável pela catástrofe foi o presidente Mao, e seus caprichos. Promovido pelo líder chinês, o Grande Salto Adiante pressupunha a coletivização da produção agrícola e obrigou os camponeses a entregar as colheitas para uma burocracia centralizada.
Mesmo atenuada, a escassez de alimentos prosseguiu até o fim da década de 1970, quando os cultivadores retomaram o controle de suas safras. “No prazo de apenas dois anos, quase que da noite para o dia, havia comida em profusão”, relembra Deli Chen, que, menino, testemunhou essas reformas em um vilarejo produtor de arroz na província de Jiangsu. Hoje, ele é especialista em solo da Universidade de Melbourne, na Austrália.
No entanto, os lavradores chineses logo toparam com outra barreira: os limites das terras cultiváveis. A população da China incorporou 300 milhões de pessoas entre 1970 e 1990. Não foi nada fácil para a agricultura tradicional do país atender a essa demanda.
Song Linyuan, um lavrador idoso porém lépido de um povoado a nordeste de Nanquim, ainda se lembra da época em que mantinha seu meio hectare cultivável tão fértil quanto possível: fazia a compostagem do lixo doméstico e usava o esterco de seus porcos e galinhas. Isso significava o acréscimo de 110 quilos de nitrogênio por hectare ao ano. Ele colhia de 2 950 a 3 750 quilos de arroz por hectare. Essa é uma safra respeitável, uma produtividade melhor que em muitas regiões do globo. Mas hoje ele consegue o dobro disso: 8 170 quilos por hectare – resultado com que muitos produtores só conseguem sonhar.
adubo é crucial; outros consideram mais importantes as sementes melhoradas. Na verdade, as duas tecnologias estão associadas. As variedades de arroz e trigo de alta produtividade desenvolvidas nas décadas de 1950 e 1960 apenas poderiam exibir todo o seu potencial caso recebessem outra dose de nitrogênio.
O que fez a diferença? “Adubos melhores”, diz ele. Estamos sentados em uma loja em meio a outros agricultores. A resposta de Song Linyuan desencadeia uma discussão acalorada. Alguns concordam que o
As autoridades chinesas procuraram assegurar que essas safras fossem bem adubadas. Entre 1975 e 1995, construíram centenas de usinas de nitrogênio. A fabricação de fertilizantes foi quadruplicada pelo país, e a China transformouse no maior produtor mundial. Song Linyuan agora usa cinco vezes mais fertilizante que antes. Os campos estão saturados de ureia – uma forma seca de nitrogênio –, lançada em punhados de grânulos alvos como neve entre os brotos verdes. Isso equivale a 600 quilos de nitrogênio por hectare. Os cultivadores de legumes usam ainda mais fertilizante. Alguns chegam a aplicar 1 ou 2 toneladas por hectare.
Poucos agricultores acreditam que isso pode ser danoso, mas os cientistas contam outra história. “O adubo nitrogenado é usado em excesso, em uma proporção de 30% a 60%, em campos de cultivo de manejo intenso”, diz Xiaotang Ju, da Universidade Agrícola da China em Pequim. Aplicados na terra, os compostos nitrogenados se dispersam pelo ambiente, alterando nosso mundo, não raro de maneira indesejável. Parte do nitrogênio é carregada das plantações para os rios ou se dilui na atmosfera. Outra porção é ingerida, sob a forma de grãos, por seres humanos ou animais de criação, mas, em seguida, retorna ao ambiente como dejeto ou excremento.
Deli Chen lembra-se das pescarias que fazia quando pequeno. “O rio tinha água translúcida”, conta. Mas aí, por volta de 1980, “era impossível ver os peixes”. A turvação devia-se em parte à proliferação de fitoplâncton, um sinal de que a água se tornou eutrófica (sobrecarregada de nutrientes). Um levantamento de 40 lagos chineses constatou que metade deles apresentava quantidade excessiva de nitrogênio ou de fósforo – com frequência, o adubo com fósforo é o responsável pela proliferação de algas nos lagos.
National Geographic

Nave privada Virgin Galactic passa pelo primeiro teste de voo

A nave de passageiros Virgin Galactic, que tem planos de levar turistas ao espaço, realizou com sucesso nesta segunda-feira seu primeiro teste de motor em voo. "Foi um passo fundamental para o início do serviço comercial dentro de cerca de um ano", disse o proprietário da Virgin, Richard Branson.
A SpaceShipTwo (SS2) ligou o motor pouco depois de se soltar de um avião chamado WhiteKnightTwo, que a transportou até uma altitude de 14.000 metros acima do deserto de Mojave, na Califórnia (oeste dos Estados Unidos).
O motor permaneceu ligado por apenas 16 segundos, o que foi suficiente para impulsionar a SpaceShipTwo a 1,2 vez a velocidade do som, informou a companhia em nota divulgada em sua página na Internet. Nos próximos voos de teste, o motor será mantido ligado por mais tempo até que a nave tenha velocidade para alcançar os 100 quilômetros de altitude.
O teste foi realizado nesta segunda de manhã com os pilotos Mark Stucky e Mike Alsbury. O pouso aconteceu na pista do Mojave Air and Space Port, pouco depois das 8 horas (12 horas no horário de Brasília).
Mais de 500 pessoas já reservaram um lugar a bordo na SpaceShipTwo. Por um voo com duração de minutos, os interessados tiveram que antecipar o pagamento da passagem, que custa 200.000 dólares. A nave conta com dois pilotos e pode transportar seis passageiros. Branson e seus filhos pretendem ser os primeiros pilotos, após testes, a andar na nave espacial.
Prêmio — O modelo da SpaceShipTwo é baseado em um protótipo chamado SpaceShipOne, que em outubro de 2004 conquistou o Prêmio Ansari X, de 10 milhões de dólares.
Até agora, a Virgin Galactic e sua parceira, a Aabar Investments PJC, de Abu Dhabi, gastaram 500 milhões de dólares no desenvolvimento da SpaceShipTwo e esperam desembolsar mais 100 milhões de dólares antes de iniciar o serviço comercial.
A empresa pretende construir mais quatro naves e vários jatos de transporte WhiteKnight, que também serão utilizadas para uma empresa de lançadores de satélites. Além do voo de passageiros, a Virgin Galactic está negociando parcerias com entidades de pesquisas, incluindo a Nasa, para transportar experimentos, com ou sem os cientistas.
Veja.com

Furacão em saturno pode ajudar esclarecer fenômeno na Terra

Cientistas da agência espacial americana, Nasa, identificaram que uma tempestade no Polo Norte de Saturno é, na verdade, um furacão com um vórtice (região central do fenômeno) com largura equivalente a 20 vezes o tamanho do olho de um furacão na Terra. Seu tamanho é de 2 mil km, segundo a Nasa.
A tempestade, captada pela sonda Cassini, havia sido divulgada inicialmente em novembro do ano passado, mas somente agora a equipe revelou dados a respeito.
De acordo com os pesquisadores, a velocidade dos ventos do furacão de Saturno era quatro vezes mais rápida se comparada ao máximo que pode atingir um fenômeno terrestre.
Por aqui, a velocidade dessas tempestades é subdivida em cinco categorias de força pela escala Saffir-Simpson. Fenômenos classificados na categoria 1 têm ventos de até 152 km/h. Tempestades com ventos entre 153 km/h e 176 km/h estão na categoria 2.
Furacões com ventos entre 177 km/h e 207 km/h são classificados na categoria 3. Foram classificados neste patamar os fenômenos Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005, e matou 1.700 pessoas, e Glória, que 1985 atingiu a região da Carolina do Norte e Nova York e causou oito mortes.
Na categoria 4, os ventos têm velocidade entre 209 km e 250 km. Já os furacões classificados na categoria 5 são aqueles que registram ventos com velocidade acima de 251 km/h, de acordo com o meteorologista do Inmet.
A Nasa afirma que estudar o furacão no Polo Norte de Saturno pode auxiliar em descobertas sobre a formação deles na Terra. O fenômeno climático é resultado da combinação de alta temperatura na superfície do oceano, elevada quantidade de chuvas e queda da pressão do ar (sistema que favorece uma subida mais rápida do ar e uma constante evaporação da água do mar). Esse sistema costuma se formar em áreas próximas à Linha do Equador.
A missão Cassini-Huygens é um projeto de cooperação entre a Nasa, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Italiana (ASI). As duas câmeras a bordo da sonda foram projetadas, desenvolvidas e montadas no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, em Pasadena, na Califórnia. A equipe que trabalha com as imagens fica no Instituto de Ciência Espacial em Boulder, no Colorado.
G1
 

Marte pode ter vida subterrânea, diz pesquisador

A existência de vida fora da Terra é um tema que intriga cientistas e astrobiólogos. A NASA tem focado suas buscas por indícios de vida em Marte, mas existem outros locais no universo que podem estar em condições habitáveis.
Alexey Dodsworth faz mestrado em Filosofia e graduação em Astronomia, com os estudos voltados para a astrobiologia. O pesquisador é responsável pelo blog “Crônicas da Super Terra” e também é consultor da Unesco no Brasil, onde faz parte de um projeto que treina professores que dão aulas de Filosofia no Ensino Médio.
Nos últimos dois anos, Dodsworth participou de cursos sobre "vida alienígena" organizados pelo Instituto de Astrobiologia da NASA em parceria com a Universidad Internacional Menendez Pelayo, na Espanha. Em entrevista a INFO, Dodsworth fala sobre as possibilidades de vida extraterrestre.
Quando um astrobiólogo estuda vida em outros planetas busca algo bem mais simples do que vida inteligente, embora muitos projetos sejam focados na detecção de inteligência alienígena. A maioria dos astrobiólogos se contenta com a busca de organismos unicelulares, que são provavelmente abundantes no universo. Eu pesquiso os indícios de moléculas orgânicas em contextos alienígenas. Essas moléculas, base para a existência da vida, são abundantes em cometas e meteoritos.
- Quais as condições para a existência de vida em outros planetas?
Alexey Dodsworth - Há pelo menos treze planetas ou satélites no Sistema Solar onde é possível existir vida. Titã, lua de Saturno (citada no filme "Oblivion", em cartaz), é um destes lugares. Europa, lua de Júpiter (citada no filme "2010, o ano em que faremos contato"), é outro lugar. O planeta Marte muito provavelmente já abrigou vida, e não seria surpreendente descobrir que ainda abrigue vida microbiológica.
 Marte é mesmo um alvo para os astrobiólogos?
Alexey Dodsworth - Marte é, sem dúvida, um grande alvo de estudo dos astrobiólogos. É praticamente uma aposta generalizada que Marte já abrigou vida no passado distante. No curso de 2011 na Espanha, a NASA propôs que os estudantes escolhessem um setor de Marte para investigação da existência de fósseis de organismos vivos.
Das quatro equipes, três apostaram em Mawrth Vallis, uma região do planeta que já foi um grande oceano, num período do planeta que chamamos de "amazônico". Tenho quase certeza de que se investigarmos a fundo, encontraremos fósseis em Marte. Não duvido nada que ainda exista vida por lá, microbiológica e subterrânea.
Se Mawrth Vallis é uma das grandes apostas, o que o jipe-robô Curiosity faz na Cratera Gale?
Alexey Dodsworth - Ficamos frustrados ao ver que Mawrth Vallis não foi o lugar escolhido. Mas a Cratera Gale foi a segunda escolha dos alunos. A NASA teve, certamente, boas razões para escolher a Cratera Gale ao invés de Mawrth Vallis.
Os físicos Michio Kaku e Stephen Hawking já declararam que a humanidade precisará encontrar e se mudar para algum planeta em condições habitáveis se quiser sobreviver. Isso será possível no futuro?

Alexey Dodsworth - Kaku e Hawking têm razão. A humanidade, num futuro bem distante, precisará sair do planeta se quiser sobreviver. Como a regra da vida é a extinção - e não a preservação - nossas chances não são muito boas. Temos um diferencial em relação aos outros animais: somos as criaturas mais adaptáveis do mundo. Se nos organizarmos bem e ousarmos mais, seremos capazes de colonizar Marte ainda neste século e criar colônias humanas em vários pontos do Sistema Solar, e até mesmo em outros sistemas solares.
O que será necessário para a sobrevivência da humanidade em outros planetas?
Alexey Dodsworth - Achar um planeta similar a Terra não é tão difícil, e modificá-lo para que se torne uma nova Terra é teoricamente possível. Realizar modificações genéticas que permitam a sobrevivência em mundos muito diferentes também é teoricamente possível, apesar de eticamente polêmico.
Em Marte, por exemplo, a gravidade deste planeta é um terço da Terra. Nosso organismo se desenvolveu dentro das condições da Terra, e sofreria problemas sérios em Marte, por conta da gravidade baixa. Teríamos que criar elementos compensatórios, se não quisermos ter problemas de saúde vivendo lá. Ou, então, criar novos corpos para nossas inteligências.
Como funciona o processo em busca de vida em outros planetas?

Alexey Dodsworth - Quando falamos em condições para a vida em outros planetas, nos referimos à vida conforme a conhecemos. Como só temos como exemplo o nosso próprio planeta, buscamos similaridades.
Buscamos lugares com existência de água (em nosso Sistema Solar, diversos lugares atendem a este requisito: Marte, Enceladus, Io, Titã, Europa) e com moléculas orgânicas, algo abundante no universo. Também é importante que o corpo planetário se encontre numa zona habitável.
O que significa dizer que o planeta está em zona habitável?

Alexey Dodsworth - Antigamente, determinava-se esta zona como sendo uma distância específica do corpo planetário em relação à sua estrela, distância que permitiria a existência de água líquida. A Terra e Marte estão nesta zona. Atualmente, sabemos que um corpo planetário pode estar mais afastado, mas ainda assim ter água líquida, em razão de outras influências.
É o caso dos satélites de Júpiter e Saturno, que são afetados pela imensa gravidade destes planetas, o que possibilita movimentos intensos nos satélites e, assim, a água em estado líquido. É sabido, por exemplo, que o satélite Europa tem um oceano imenso debaixo de uma crosta superficial de gelo.
Entrevista publicada na revista Exame.com

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Frase


Plantas "reagem" ao aquecimento global e lançam gases que ajudam a moderar a temperatura

Os cientistas já previam que as temperaturas cada vez mais altas ao redor do globo poderiam fazer com que as plantas liberassem uma quantidade maior de gases, aumentando a formação de nuvens e esfriando a atmosfera. Eles só não sabiam qual era o tamanho exato desse efeito na compensação do aquecimento global. Um novo estudo publicado neste domingo na revista Nature Geoscience mostra que o vapor emitido pelas plantas realmente contribui para diminuir as temperaturas, mas de forma pouco intensa em escala global. O efeito é mais forte em regiões próximas a grandes florestas e distantes das cidades. "As plantas, ao reagir com as mudanças na temperatura, passam também a moderá-las", diz Pauli Paasonen, pesquisador da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e autor do estudo.
Pesquisa anteriores já haviam mostrado que algumas partículas emitidas na atmosfera — chamadas aerossóis — podem esfriar o clima na Terra ao refletir a luz solar e ao contribuir para a formação de nuvens, que refletem a luz de modo ainda mais eficiente. Os efeitos dos aerossóis emitidos pelas plantas, no entanto, ainda não haviam sido completamente entendidos. Os pesquisadores sabiam que eles poderiam reagir com outros aerossóis na atmosfera, criando partículas maiores e mais refletivas, mas não conseguiam provar sua existência em larga escala.
Na pesquisa atual, os cientistas coletaram dados de onze locais diferentes ao redor do mundo, medindo a concentração de aerossóis no ar, a emissão de gases pelas plantas, a temperatura e até a camada onde os gases reagem com as partículas na atmosfera. Como resultado, eles mostraram que esses gases realmente ajudam a diminuir as temperaturas no longo prazo e em escalas continentais — um efeito que é conhecido como feedback negativo.
Segundo o estudo, o efeito desse aumento na emissão de gases é pequeno em escala planetária, evitando apenas 1% do aquecimento global. Em escalas regionais, o efeito observado é maior, com redução de até 30% do aquecimento em áreas rurais e próximas às florestas. "Isso não nos salva do aumento nas temperaturas do planeta. O efeito dos aerossóis no clima é uma das grandes incertezas nos modelos climáticos. Entender esse mecanismo pode ajudar a reduzir essas incertezas e a fazer modelos melhores", diz Paasonen.
Veja.com

Concentração de CO2 se aproxima de limite aceitável e preocupa ONU

A funcionária da ONU responsável pelo clima, Christiana Figueres, expressou nesta segunda-feira preocupação e fez um apelo por uma ação "urgente", ante a evolução da concentração de CO2 na atmosfera, a ponto de superar o limiar simbólico dos 400 ppm (partes por milhão).
De acordo com o Observatório Mauna Loa, no Havaí, que depende da Agência americana Oceânica e Atmosférica (NOAA), a concentração de CO2 em nosso planeta chegou a 399,72 ppm em 25 de abril.
"Estamos perto de exceder o limite de 400 ppm", declarou Figueres às delegações de mais de 190 países reunidas para preparar a rodada anual de negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas, que terá lugar no final do ano em Varsóvia, de acordo com um comunicado da ONU.
Além disso, "recebo-os com grande ansiedade", lançou aos negociadores, expressando a necessidade "de um senso de urgência mais forte". Esta é a primeira reunião das delegações desde a conferência em Doha, no final de 2012.
A comunidade internacional fixou como meta chegar a um acordo até 2015 que exija todos os países, incluindo os dois maiores poluidores, China e Estados Unidos, a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEE). O acordo deveria entrar em vigor em 2020.
O objetivo é conter o aumento de 2°C acima dos níveis pré-industriais, o limite além do qual os cientistas acreditam que o sistema climático entrará em colapso.
Para se manter em uma temperatura entre 2°C e 2,4°C exigiria picos de concentração de CO2 entre 350 e 400 ppm (ou entre 445 e 490 ppm para todos os GEE), de acordo com o último relatório do grupo dos peritos da ONU sobre o clima, o IPCC.
Segundo o Scripps Institution of Oceanography, que trabalha com o Observatório de Mauna Loa, a concentração de CO2 poderá exceder 400 ppm em maio pela primeira vez na história humana.
Os primeiros dados registrados em março de 1958 situava-se em 316 ppm. Antes da era industrial e da utilização de combustíveis fósseis, a concentração de CO2 era estimada em 280 ppm.
O nível de CO2, o principal gás do efeito estufa, provavelmente era de 400 ppm durante o período geológico do Plioceno, entre 3,2 milhões e 5 milhões de anos atrás, quando a Terra marcava de 2 a 3 graus a mais, indica o Scripps em um comunicado.
Exame.com

Quem são os senhores mundiais do urânio

Carga atômica

Estoque para gerar energia em reatores nucleares chega a 7,1 bilhões de toneladas. Segundo a Agência Internacional de Energia, as reservas identificadas podem suprir a demanda atual por um século.
 No começo do ano, a China anunciou a retomada da construção da maior usina de energia nuclear do mundo. Em paralelo, outros países também estão desenvolvendo um apetite voraz por essa fonte – seja para alcançar segurança energética ou para diminuir a pressão sobre combustíveis fósseis. É o caso dos Emirados Árabes, Indonésia e até do Brasil, que voltou a discutir a instalação de novas usinas nucleares.
Não é só a demanda que cresce. O estoque de urânio, matéria-prima necessária para gerar energia em reatores nucleares, aumentou 12,5% entre 2008 e 2010, para 7,8 bilhões de toneladas. E o Brasil é um dos que lidera em novas descobertas. Para se ter uma ideia, as reservas nacionais de urânio cresceram 357%, entre 2001 e 2011, segundo dados do World Nuclear. Conheça a seguir, onde estão as maiores reservas de urânio do mundo.

1 - Austrália

Reservas comprovadas: 1,66 bilhão de ton
Participação mundial: 31%
Produção em 2011: 5,98 mil toneladas
Produção em 2001: 7,75 mil toneladas
Variação em 10 anos: - 30%

2 - Cazaquistão

Reservas comprovadas: 629 milhões de ton
Participação mundial: 12%
Produção em 2011: 19,45 mil toneladas
Produção em 2001: 2 mil toneladas
Variação em 10 anos: 848%

3 - Rússia

Reservas comprovadas: 487,7 milhões de ton
Participação mundial: 9%
Produção em 2011: 3 mil toneladas
Produção em 2001: 2,5 mil toneladas
Variação em 10 anos: 19,7%

4 - Canadá

Reservas comprovadas: 468,7 milhões de ton
Participação mundial: 9%
Produção em 2011: 9,2 mil toneladas
Produção em 2001: 12,5 mil toneladas
Variação em 10 anos: - 27%

5 - Nigéria

Reservas comprovadas: 421 milhões de ton
Participação mundial: 8%
Produção em 2011: 4,35 mil toneladas
Produção em 2001: 2,9 mil toneladas
Variação em 10 anos: 50%

6 - África do Sul

Reservas comprovadas: 279,1 milhões de ton
Participação mundial: 5%
Produção em 2011: 582 toneladas
Produção em 2001: 873 toneladas
Variação em 10 anos: - 33,3%

7 - Brasil

Reservas comprovadas: 276,7 milhões de ton
Participação mundial: 5%
Produção em 2011: 265 toneladas
Produção em 2001: 58 toneladas
Variação em 10 anos: 357%

8 - Namíbia

Reservas comprovadas: 261 milhões de ton
Participação mundial: 5%
Produção em 2011: 3,25 mil toneladas
Produção em 2001: 2,24 mil toneladas
Variação em 10 anos: 45,5%

9 - Estados Unidos

Reservas comprovadas: 207,4 milhões de ton
Participação mundial: 4%
Produção em 2011: 1,53 mil toneladas
Produção em 2001: mil toneladas
Variação em 10 anos: 52%

10 - China

Reservas comprovadas: 166,1 milhões de ton
Participação mundial: 3%
Produção em 2011: 1,5 mil toneladas
Produção em 2001: 655 toneladas
Variação em 10 anos: 130%

Exame.com
 

domingo, 28 de abril de 2013

Em busca de vida nas profundezas do Atlântico Sul


Um seleto grupo de cientistas brasileiros e japoneses está embarcado em alto-mar neste momento com a missão de mergulhar nas regiões mais frias, remotas e até hoje inexploradas do universo marítimo brasileiro. Milhares de metros abaixo da superfície, espremidos dentro de um pequeno submarino de pesquisa, eles serão os primeiros seres humanos a contemplar a vida nas profundezas extremas do leito oceânico do Atlântico Sul.
O que vão encontrar lá, não há como prever. Pode ser um monte de rocha e areia, pode ser um monte de espécies novas. O que eles esperam encontrar são ecossistemas chamados quimiossintéticos, onde a fonte primária de energia para sustentação da vida não é a fotossíntese, como realizada pelas plantas na superfície, mas a conversão de elementos químicos que estudam de fendas no assoalho oceânico, realizada por microrganismos especialmente adaptados às condições extremas de temperatura e pressão desses ambientes ultraprofundos.
A expedição faz parte de um grande projeto da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar (Jamstec), chamado Busca pelos Limites da Vida (Quelle 2013), que vai prospectar ambientes ultraprofundos ao redor do mundo ao longo de um ano, principalmente no Hemisfério Sul, onde há uma grande carência de informações científicas sobre esses ambientes, em comparação com o Hemisfério Norte. O Brasil é um dos quatro pontos de pesquisa nesta jornada de um ano, que já passou pelo Oceano Índico Central e vai passar ainda pelo Mar do Caribe (região das Ilhas Cayman) e pelo Pacífico (região de Tonga). Folder do projeto com mapa em português: Quelle2013brochure
“O plano é visitar ambientes extremos de águas profundas e observar a estratégia adaptativa de diferentes organismos. Com base nisso, queremos entender como a vida na Terra evolui e se diversifica, além de procurar por enzimas e outros compostos orgânicos que possam ser de interesse para os seres humanos”, disse o cientista chefe do projeto, Hiroshi Kitazato, em entrevista por e-mail do navio oceanográfico Yokosuka, previsto para chegar ao Rio de Janeiro no dia 6 de maio, onde será aberto para visitação pública.
O navio saiu da África do Sul no início do mês (já com cientistas brasileiros embarcados), cruzou o Oceano Atlântico, e agora está sobre a região da Dorsal de São Paulo, um precipício submerso que começa a 2,5 mil metros e vai até 4,2 mil metros de profundidade, no limite extremo da plataforma continental brasileira, a cerca de 700 km da costa. Seis pesquisadores brasileiros estão à bordo, incluindo quatro biólogos, das Universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Vale do Itajaí (Univali); e dois geólogos, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e da Petrobrás.
Os mergulhos são feitos com o Shinkai 6500, um minissubmarino com capacidade para três pessoas (dois pilotos e um cientista) embutidas em uma esfera pressurizada de titânio com 2 metros de diâmetro, 3 janelinhas de resina transparente e paredes com 7,3 centímetros de espessura. É o submersível tripulado, ou “veículo operado por humanos” (HOV, na sigla em inglês), com maior limite de profundidade no mundo, podendo chegar a 6,5 mil metros abaixo da superfície. A montanha mais alta do Brasil, o Pico da Neblina, para se ter uma ideia, não chega a 3 mil metros de altura.
O primeiro mergulho foi feito na última terça-feira, a 4,2 mil metros de profundidade, com o biólogo brasileiro Paulo Sumida à bordo.
Qualquer coisa que a expedição encontrar será inédita, já que ninguém nunca mergulhou a essa profundidades nessas regiões. “São áreas que nunca foram descritas, nem do ponto de vista biológico nem geológico”, destaca a pesquisadora Vivian Pellizari, também do IO-USP, coordenadora científica do lado brasileiro. Ela vai embarcar na segunda pernada da expedição, que incluirá mergulhos de até 3 mil metros na região do Platô de São Paulo, onde fica a Bacia de Santos. Nesta etapa, também participarão pesquisadores da Universidades Federais de São Paulo (Unifesp) e do Espírito Santo (UFES), que embarcarão quando o navio atracar no Rio de Janeiro. Ao todo, nove brasileiros terão a oportunidade de fazer ao menos um mergulho com o Shinkai 6500.
O mergulho será um sonho realizado para todos os pesquisadores brasileiros envolvidos. A Microbióloga marinha, ela está interessada principalmente nos micróbios (bactérias e arqueias) que vivem nesses ambientes quimiossintéticos de alta profundidade. “Não sabemos se esses ambientes existem aqui, quais organismos fazem parte deles, como eles vivem, se são diferentes dos organismos que compõem esses ambientes em outras partes do mundo; não sabemos nada”, diz ela.
O exemplo mais famoso desses ambientes quimiossintéticos são as fontes hidrotermais, ou “fumarolas”, em que água fervente escapa do leito marinho como se fosse uma fumaça preta, através de “chaminés” formadas pela precipitação de compostos metálicos, como ferro e manganês. Mas não é o que os pesquisadores esperam encontrar por aqui. A expectativa é encontrar uma outra versão dessas estruturas, chamadas “exsudações frias”, em que gases vazam lentamente por frestas no assoalho oceânico, sobre as quais se formam ecossistemas quimiossintéticos baseados em micróbios que se alimentam de elementos inorgânicos, como metano e enxofre.
Há várias características geológicas que sugerem que essas exsudações frias podem existir nesses locais de pesquisa, mas ninguém até hoje foi até o fundo mesmo para conferir.Caso elas sejam encontradas com o Shinkai 6500, será possível coletar amostras (de rochas, sedimentos e organismos) e trazê-las à superfície para estudos. “Tomara que se descubra muita coisa, para estimular mais pesquisas nessa área”, diz a microbióloga Cristina Nakayama, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que também está ansiosa para mergulhar na segunda pernada da expedição. Ela espera coletar algumas dessas bactérias e arqueias quimiossintéticas das profundezas para tentar cultivá-las em laboratório na superfície. “São organismos que vivem em condições muito extremas, que devem ter adaptações fisiológicas muito interessantes”, diz.
Algumas descobertas importantes já foram feitas na Dorsal de São Paulo, pela equipe que está embarcada agora, mas os detalhes só serão divulgados após uma avaliação científica mais criteriosa dos achados.
O plano original era de fazer os primeiros mergulhos da expedição na Elevação do Rio Grande, uma grande “chapada” submersa localizada a mais de mil metros da costa, já em águas internacionais, mas o mal tempo na região obrigou o navio a seguir direto para a Dorsal de São Paulo.
Geologia. Do ponto de vista geológico, a pesquisa na Elevação do Rio Grande tem importância não só científica como econômica e geopolítica. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) já realizou muito estudos na região – inclusive com o objetivo de identificar os melhores pontos de mergulho para o Shinkai –, que dão informações sobre os tipos de rocha que existem na Elevação, mas os mergulhos com o Shinkai permitiriam obter evidências diretas para determinar esse perfil geológico com uma precisão muito maior.
As únicas amostras de rocha da região são obtidas por meio de dragagem. “A dragagem é importante, mas quando as amostras chegam à superfície elas estão todas misturadas; não dá para saber de que ponto exato veio o material ou qual era a configuração original das rochas”, explica Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, que é uma das instituições parceiras da Jamstec no projeto, junto com a USP.
Apesar de a Elevação estar em águas internacionais, o Brasil está numa posição estratégica para explorar suas eventuais riquezas minerais – e precisa das informações científicas para assegurar essa vantagem. Segundo Ventura, o País pretende fazer uma solicitação ao órgão responsável da ONU (a International Seabed Authority) pelo direito de exploração mineral dessa formação. “França e Rússia, por exemplo, já requereram áreas no Atlântico Sul; e China e Coreia está fazendo pesquisas”, afirma Ventura. “A missão do Shinkai nos ajudará a visualizar com alta precisão algumas feições geológicas que já estamos estudando.”
Os dados biológicos são igualmente importantes, segundo Ventura, porque para fazer a solicitação de exploração mineral à ONU é preciso apresentar um detalhamento dos ecossistemas marinhos associados à região e um plano de gerenciamento dos eventuais impactos ambientais da atividade.
 
Estadão.com
 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Frase


DNA prova que suposto alienígena do Chile é humano

 DNA provou que um suposto alienígena, na verdade, é um ser humano. Ufólogos acreditavam que o corpo mumificado do humanoide de 15 centímetros era de um extraterrestre.
O resultado do teste aparece no documentário "Sirius", que foi lançado na noite de segunda-feira (22), nos Estados Unidos. O filme era aguardado com ansiedade pela comunidade ufóloga.
"Sirius" documenta as descobertas sobre o humanoide, apelidado de Ata. O corpo foi descoberto no Deserto do Atacama, no Chile, em 2003. O tamanho chamou a atenção dos ufólogos, que acreditavam que poderia ser um extraterrestre.
O documentário levou a pequena múmia para análises de DNA em um laboratório da Universidade de Stanford, no estado da Califórnia. O chefe da equipe responsável pela experiência, Garry Nolan afirmou ao Huffington Post que o corpo não é de um macaco nem de um alienígena, mas de um humano que viveu entre seis e oito anos.
O objetivo de Nolan a partir de agora é se aprofundar nas pesquisas para entender por que essa criança era tão pequena. O cientista afirmou que o humanoide tem traços de índios da região e provavelmente viveu no século passado.
O filme também explora o movimento de um grupo de pessoas que tenta obrigar o governo dos EUA a revelar o que supostamente sabe sobre OVNIs, extraterrestres e a disponibilidade de tecnologias avançadas que poderiam beneficiar a humanidade. A principal força por trás de "Sirius" é Steven Greer, um médico que fundou o Centro para o Estudo da Inteligência Extraterrestre (CSETI).
Exame.com

À beira do abismo climático

Enquanto governos e diplomatas não se entendem nas negociações climáticas globais, o mundo se aproxima perigosamente de um ponto na concentração de apenas um dos gases do efeito estufa na atmosfera que muitos cientistas acreditam que torna inevitável um aumento de pelo menos 2 graus Celsius na temperatura média da Terra, com graves consequências para a vida no planeta. Uma estação de monitoramento no topo da montanha Mauna Loa, no Havaí, deverá registrar pela primeira vez em maio um índice de 400 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono (CO2) no ar do Hemisfério Norte. A estação funciona desde 1958 e seu índice, conhecido como “Curva de Keeling”, é o mais longo registro ininterrupto da concentração do gás na atmosfera, sendo, por isso, considerado um padrão que é acompanhado de perto por cientistas climáticos de todo o mundo.
O limite em que hipoteticamente o aquecimento seria inevitável - de 400 ppm de CO2 equivalente, pois leva em conta também outros gases-estufa, como o metano e o ozônio - emergiu de modelos climáticos que servem de base para as discussões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que, por sua vez, norteiam as negociações diplomáticas sobre o corte nas emissões de poluentes que contribuem para o fenômeno. Segundo os cientistas, a última vez que a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera atingiu tal nível foi na época do Plioceno, entre 3,2 milhões e 5 milhões de anos atrás, quando o clima na Terra era de 2 a 3 graus Celsius mais quente do que hoje e o nível do mar 25 metros mais alto. Estima-se que há 200 anos, no início da Revolução Industrial, esta concentração estava em cerca de 280 ppm.
- Enquanto ficamos só falando, o mundo não espera e continua caminhando para concentrações cada vez mais altas de gases do efeito estufa na atmosfera - alerta Ralph Keeling, geofísico do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego e filho de Charles David Keeling, pioneiro no estudo dos gases-estufa e seus efeitos no clima global e responsável pela implantação da estação de monitoramento do Havaí. - O índice está se movendo tão rápido que vai chegar aos 400 ppm até o mês que vem e a concentração não vai parar por aí. As emissões de gases-estufa estão atingindo níveis recordes e os esforços para cortá-las não estão tendo resultados.
Esperança de impulso nas negociações
Segundo Keeling, dado o ritmo atual e a falta de medidas práticas para reduzir as emissões de gases-estufa, a curva que leva seu nome e do seu pai chegará a 450 ppm em no máximo duas décadas, avançando para 500 ppm em mais outros 20 anos. A este nível, alguns dos modelos climáticos usados pelo IPCC chegam a apontar um aumento de 6 ou mais graus Celsius na temperatura média global, com efeitos catastróficos que serão sentidos em todo o planeta.
- Certamente não é impossível para os seres humanos mudarem o planeta de uma maneira tão radical - diz o pesquisador. - E embora não saibamos se os 400 ppm são de fato o limite exato para um aquecimento inevitável, é um número para chamar a atenção de todos. Para pararmos e pensarmos sobre o que estamos fazendo com o planeta. Creio que, mesmo daqui a muitos anos, as pessoas que estão vivas hoje vão se lembrar de quando este índice foi ultrapassado. Ele será uma marca histórica
Diante disso, Keeling também espera que o recorde na concentração de CO2 sirva para dar um novo impulso nas negociações globais sobre o clima, seja diretamente, como um alerta para os governantes, ou indiretamente, por meio da pressão da opinião pública:
- O primeiro passo para uma atitude responsável é o conhecimento. A Terra está mudando e não podemos mais ficar só nas palavras.



Novas descobertas no canal do Panamá mudam História da América

O istmo centro-americano se fechou há 10 milhões de anos e não há 3,5 milhões como se pensava até agora, revelam achados encontrados nas obras de ampliação do canal do Panamá, uma descoberta que revolucionará os livros de História, anunciaram fontes especializadas esta sexta-feira.
"A maior parte da paisagem no Panamá se formou há 10 milhões de anos. Antes, acreditava-se que a paisagem tinha se formado há 3,5 milhões de anos", afirmou durante entrevista coletiva Carlos Jaramillo, cientista colombiano do Instituto Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais (STRI, na sigla em inglês).
Segundo os resultados das pesquisas feitas pelo STRI, as Américas do Norte e do Sul se uniram há 10 milhões de anos, quando emergiu o istmo centro-americano e acabou com os 400 quilômetros de oceano que separavam a região da Colômbia.
Até agora, os cientistas acreditavam que esta união continental teria provocado a glaciação do Ártico devido à mudança das correntes marinhas.
Mas, com as novas descobertas, a união do istmo centro-americano e a formação do Ártico teriam sido separados por milhões de anos.
"Antes se pensava que a termoalina (circulação de água salgada nos oceanos) e o Ártico estavam muito ligados, mas agora vemos que a termoalina começou muito antes e que não é uma condição necessária para pôr gelo no Ártico", acrescentou Jaramillo.
Os especialistas chegaram a estas conclusões após analisar os diferentes fósseis encontrados nas escavações que fizeram por mais de cinco anos, aproveitando as obras de ampliação do canal do Panamá.
As novas descobertas foram submetidas ainda a testes científicos especializados.
Segundo os especialistas, a formação do Panamá condicionou o clima na época e produziu uma grande migração de animais, que podiam se deslocar pelo continente através da América Central.
Os cientistas encontraram fósseis de camelos e cavalos em miniatura, de um rinoceronte, de um urso-cão gigante, além de espécies de cobras, jacarés e macacos que viveram no local há milhões de anos.
Também foram registrados os primeiros crânios de crocodilos e morcegos da América Central, além da jiboia mais antiga fora da América do Sul.
"Estes trabalhos são cruciais" porque os cientistas "não sabem quase nada da paleontologia e da biodiversidade pretérita nesta região", devido em parte à dificuldade de se fazer escavações, afirmou à AFP Bruce MacFadden, professor de Paleontologia no Museu de História Natural da Universidade da Flórida (Estados Unidos).
Segundo o STRI, nas escavações, onde foram coletadas mais de 6.000 amostras, foram encontradas 10 espécies até agora desconhecidas.
"É uma revolução. Encontramos coisas muito primitivas aqui no Panamá. Cada fóssil que encontramos é como o avô dos (animais) que existem", concluiu Jaramillo.
IstoÉ.com

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Frase


Vegetais inundam atmosfera terrestre

Um novo estudo estima que entre 80 e 90% do vapor d’água atmosférico proveniente dos continentes da Terra deriva da transpiração de plantas, e não de simples evaporação física.
Esse processo usa quase metade da energia solar absorvida pelas massas de terra do planeta e representa um importante componente do sistema climático terrestre. A descoberta pode ter implicações para investigações de outros mundos.
A recente descoberta de dois planetas potencialmente ‘habitáveis’, quase do tamanho da Terra, em um sistema de cinco planetas ao redor da distante estrela Kepler-62, reforça o fato de astrônomos estarem se aproximando cada vez mais de encontrar mundos que têm uma chance de se parecerem um pouco com o nosso.
Mas há tantas incertezas que é tremendamente difícil afirmar com qualquer grau de confiança como pode ser a superfície desses planetas, e menos ainda quais são as chances de existir vida e uma biosfera funcional por lá. Mesmo assim, o que essas descobertas de fato nos dão é um conjunto de novas perguntas.
Se conseguirmos estudar um planeta potencialmente equivalente à Terra com fidelidade suficiente para medir suas propriedades atmosféricas (e existem boas razões para acreditar que faremos isso na próxima década), por exemplo, precisamos saber o que procurar.
O desequilíbrio químico é uma impressão digital da vida em um planeta, mas a maneira com que o planeta reage às chamadas ‘forças externas’ também é. Se o planeta responde a estações, por exemplo, – a entrada energética conforme o planeta orbita sua estrela, e conforme gira em seu eixo – lenta ou rapidamente.
E essa é uma das razões de um resultado recém-publicado por Jasechko et al. na Nature ser particularmente fascinante para astrobiólogos. O estudo ‘Terrestrial water fluxes dominated by transpiration’ [NT: Fluxos de água terrestres dominados por transpiração, literalmente] usa vários dados sobre o fracionamento isotópico de oxigênio e hidrogênio na água das massas continentais da Terra, além de cuidadosos modelos matemáticos, para aprender sobre os processos através dos quais a água vai de líquido a vapor em nossa atmosfera.
Em poucas palavras, quando a água evapora fisicamente – como em uma poça que seca – as moléculas que se transformam em vapor consistem preferencialmente de isótopos mais leves (núcleos atômicos com menos nêutrons), deixando para trás os mais pesados por algum tempo.
Quando uma planta absorve água, a distribui por suas estruturas, e a expira como vapor através de seus estômatos [NT: stomata] – em outras palavras, quando transpira água – não faz distinção entre isótopos leves ou pesados, o que faz com que a composição do vapor que chega até a atmosfera seja igual à da forma líquida que se condensa sobre as plantas.
Em princípio, esses fatos permitem monitorar a quantidade de água que chega à atmosfera em decorrência da transpiração de plantas, ao contrário de simples evaporação.
Mas isso está longe de ser simples, porque a água volta para a superfície como chuva. Lagos cercados por terra. porém, podem oferecer amostras de misturas de isótopos – porque temos alguma esperança de criar modelos para descrever seu abastecimento e o destino posterior da água.
No fim das contas, é provável que 80 a 90% da água que sofre ‘evapotranspiração’ (a combinação de simples evaporação e transpiração de plantas) provem apenas da transpiração. A quantidade de água proveniente da transpiração equivale, assim, cinco a 10 vezes mais que através da evaporação direta, e até quatro vezes mais do que se pensava anteriormente.
Isso significa que, a cada ano, a vida vegetal transfere 62 mil quilômetros cúbicos de água das superfícies continentais do planeta para a atmosfera. Isso é muita água, o equivalente a uma gota gigante com 50 quilômetros de diâmetro. 
Mas a coisa mais interessante do ponto de vista de observar o funcionamento de um planeta é a energia envolvida. Esse estudo estima que aproximadamente metade da energia solar absorvida pela superfície continental da Terra sirva para induzir a transpiração vegetal. Isso é metade dos 70 watts por metro quadrado das massas de terra do planeta, o que se soma a aproximadamente cinco mil Terawatts de energia (5x1015 Watts, em média anual).
Uma enorme parte da maquinaria hidrológica da Terra é dirigida pela vida, vida que também é uma enorme devoradora de energia.
Nós humanos usamos energia a uma taxa de 15 Terawatts, o que mal chega a 0,016% dos 89 Petawatts médios de energia solar absorvidos por todos os continentes e oceanos. A transpiração poderia ser responsável por 5,6%, uma quantidade muito mais substancial.
As conclusões do estudo tem algumas implicações profundas para a maneira com que modelos climáticos lidam com o transporte de água impulsionado biologicamente.
Também pode ter algo a nos dizer sobre como um mundo rico em vida responde a vários inputs estelares, e o que podemos esperar detectar em sua atmosfera. Como a transpiração é afetada por um conjunto de características físicas, tanto de plantas como do ambiente – do número de folhas a temperaturas locais e condições de vento –, é tentador imaginar que um dia poderemos ser capazes de deduzir alguns desses detalhes em um exoplaneta simplesmente monitorando o vapor d’água em sua atmosfera.
É claro que isso supõe muitas coisas sobre a semelhança da vida vegetal vascularizada por todo o cosmos, o que é um pouco de exagero já que essas formas só surgiram na Terra há cerca de 400 milhões de anos, mas ainda podemos especular que mecanismos como a transpiração poderiam evoluir em outros lugares.
Scientific American

Civilização maia teve origem multicultural

A cultura maia não se formou sozinha, mas sofreu influência de vários pequenos povos pouco conhecidos da América Central. De acordo com um novo estudo realizado por uma equipe internacional de 30 pesquisadores, o intercâmbio cultural na região, ocorrido a partir do ano 1,5 mil a.C, foi determinante para que os maias pudessem elaborar seus templos grandiosos, a escrita sofisticada e o alto conhecimento em matemática e astronomia.
As escavações iniciadas em 2005 na Guatemala contribuíram para uma nova teoria sobre um dos grandes mistérios referentes à civilização maia: sua origem. Muito conhecidos por suas grandiosas pirâmides, pela queda de sua cultura e principalmente pela sua mal interpretada teoria do fim do mundo, ainda não há um consenso sobre como a civilização começou.
Até agora, duas teorias dominavam o debate de pesquisadores sobre a origem dos maias. Uma sugere que eles se desenvolveram quase que inteiramente sozinhos na região que hoje corresponde ao Sul do México, Guatemala e Belize. A segunda teoria defende que uma civilização mais antiga, chamada olmeca, teve uma influência dominante no desenvolvimento dos maias.             
Nosso estudo nos leva para uma terceira teoria, a de que importantes inovações, que incluem complexos cerimoniais com pirâmides, se formaram a partir da interação com vários outros povos”, disse Takeshi Inomata, da Universidade do Arizona (EUA), que liderou o estudo publicado nesta quinta-feira (25) no periódico científico Science.
Inomata explica que o intercâmbio ocorria entre povos das regiões de Chiapas, costa do Pacífico e das terras baixas maias. “Precisamos olhar para estes grupos menores e ver como eles interagiam”, disse. O palco principal dessa interação incluiu uma área entre a região tradicionalmente chamada de Olmeca e Maia. “Mas os nomes como "olmeca" e "maia" são algo que nós [pesquisadores] impomos aos povos antigos. Essas pessoas provavelmente não tinham uma identidade olmeca ou maia”.
Em coletiva de imprensa, o pesquisador explicou que após o declínio da civilização pré-colombiana San Lorenzo – que não construía pirâmides como os maias e nem era tão desenvolvida –, outros povos começaram a interagir e a se inspirar em San Lorenzo para então desenvolverem novas características culturais.
As escavações realizadas na Guatemala revelaram o mais antigo complexo cerimonial nas terras baixas maia do ano 1000 a.C.. Antes desta descoberta, o complexo mais antigo, descoberto no sítio arqueológico olmeca La Venta, era de 800 a.C.. “Algumas pessoas pensaram que tais complexos cerimoniais foram inventados em La Venta, e depois se espalhou para Chiapas, e, eventualmente, para as terras baixas maias. Mas, mostramos que um complexo cerimonial, foi construído no Ceibal antes de La Venta e se tornou centro de influência na região”, disse Inomata descartando a teoria de os olmecas teriam influenciado diretamente os maias. Ele defende que todos os teriam se influenciado mutuamente.
Agora a pesquisa, financiada pela National Geographic Society, vai examinar as condições climáticas e ambientais relacionadas com estas mudanças sociais. “O grupo vai ainda escavar as áreas residências de Ceibal para examinar como o cotidiano das pessoas mudou ao longo deste processo”, disse Inomata.
IGCiência 

Núcleo da Terra é muito mais quente do que se pensava

Cientistas europeus afirmaram esta quinta-feira que uma nova experiência em laboratório demonstrou que o núcleo da Terra provavelmente está muito mais quente do que há 20 anos.
Não significa que o centro ferroso do nosso planeta tenha aquecido, ao contrário, mas a técnica usada para estimar seu calor anteriormente falhou, afirmaram cientistas em artigo publicado na revista Science.
Novas técnicas permitiram a especialistas do Laboratório Europeu de Radiação Síncroton (ESRF, na sigla em inglês) determinar que a temperatura perto do centro da Terra seria de 6.000 graus Celsius.
Isso é cerca de 1.000ºC acima da estimativa do experimento realizado por cientistas alemães em 1993.
Cientistas analisam o núcleo do planeta, onde temperaturas extremas e pressões geram um centro duro de ferro, enquanto o ferro que o cerca a temperaturas mais baixas, de 4.000 graus centígrados, se mantém em estado líquido.
"Desenvolvemos uma nova técnica onde um intenso feixe de raios-X do síncroton pode sondar uma amostra e deduzir se é mais sólida, líquida ou parcialmente fundida em apenas um segundo, em um processo conhecido como difração", afirmou Mohamed Mezouar, do ESRF.
E é suficientemente rápido para manter a temperatura e a pressão constantes, e ao mesmo tempo evitar qualquer reação química", acrescentou.
Acredita-se que a técnica de raios-X seja superior à técnica óptica usada pelo alemão Reinhard Boehler, que reportou um resultado cerca de 1.000 graus menos quente, baseado na observação da recristalização, que foi interpretada como fusão.
"Estas medições confirmam modelos geofísicos segundo os quais a diferença de temperatura entre o núcleo sólido e a camada que o cerca deve ter pelo menos 1.500 graus para explicar porque a Terra tem um campo magnético", afirmou a equipe francesa ao comentar suas descobertas.
Exame.com

Descoberta dupla de estrelas que prova Teoria da Relatividade de Einstein

Cientistas do Observatório Europeu Austral identificaram uma dupla de estrelas a 7.000 anos luz da Terra que os ajudou a provar a Teoria da Relatividade de Einstein em um lugar até agora inédito e em condições de força de gravidade extremas, informou nesta quinta-feira a instituição científica em sua sede em Garching, sul da Alemanha.
A Teoria Geral da Relatividade, proposta por Albert Einstein há quase um século, é a mais aceita sobre como funciona a gravidade, mas a maioria dos cientistas acredita que só pode ser aplicada à Terra, onde a força da gravidade é relativamente fraca.
Agora John Antoniadis, do Instituto Max Planck de Radioastronomia em Bonn (Alemanha), pôde testar esta teoria em condições extremas, com o estudo desta estrela em massa de nêutrons - o tipo de estrela de maior densidade - com uma força de gravidade extremamente potente em sua superfície e que junto com sua companheira, uma anã branca, demoram cerca de duas horas e meia para orbitar uma à outra.
Em um sistema deste tipo, as órbitas se deterioram e ondas gravitacionais que diminuem a energia do conjunto são emitidas, que puderam ser medidas pelos astrônomos com o Telescópio VLT (Very Large Telescope) no Chile, o de Apache Point no México e o Herschel das ilhas Canárias (Espanha).
Os radiotelescópios Arecibo de Porto Rico e Effelsberg da Alemanha proporcionaram, além disso, dados vitais sobre as mudanças sutis na órbita desta dupla de estrelas, afirma o estudo, publicado nesta quinta-feira na revista 'Science'.
Sob as condições extremas deste sistema, batizado de PSRJO3480432, alguns cientistas pensaram que a Teoria Geral da Relatividade poderia não prever com precisão a quantidade de radiação gravitacional emitida e portanto o ritmo da deterioração da órbita.
'Pensamos que este sistema poderia ser suficientemente extremo para mostrar uma falha na Teoria Geral da Relatividade, mas em vez disso, as previsões de Einstein foram muito bem mantidas', assinalou outro dos autores, o português Paulo Freire, do Instituto Max Planck.
A Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que explica a gravidade como uma consequência da curvatura do espaço-tempo criada pela presença de massa e energia, superou todos os testes desde que foi publicada pela primeira vez há quase cem anos.
A estrela de nêutrons é um pulsar que emite ondas de rádio que podem ser captadas da Terra pelos radiotelescópios, o que a torna sem dúvida interessante mas, além disso, se trata de um laboratório único para testar os limites das teorias da Física.
Este pulsar, resultado de uma explosão de supernova, é duas vezes mais pesado que o Sol, mas tem apenas 20 quilômetros de tamanho, e a gravidade em sua superfície é mais de 300 bilhões de vezes mais forte que a da Terra.
Sua companheira, a estrela anã branca, é o resto brilhante de uma estrela muito mais leve que perdeu sua atmosfera e está esfriando lentamente.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Frase


Cientistas preveem aumento de colisões com detritos no espaço

 
Um novo estudo sugere que se o problema do excesso de detritos no espaço não for resolvido, algumas órbitas de satélites ficarão extremamente perigosas nos próximos 200 anos.
Os pesquisadores preveem a ocorrência de colisões catastróficas a cada período de entre cinco e nove anos em altitudes usadas principalmente para observar a Terra.
Os cientistas, que realizaram o estudo para o Comitê de Coordenação de Agências para Destroços Espaciais (IADC, na sigla em inglês), afirmaram que esta é uma previsão otimista, pois o problema poderá ser bem mais grave.
O IADC é um fórum global que envolve as principais agências espaciais do mundo, incluindo agências da Europa, do Japão, Índia, a agência espacial americana Nasa e a Agência Espacial Federal da Rússia, que discute o problema do lixo espacial - partes de foguetes abandonadas, satélites que já pararam de funcionar e seus fragmentos que já explodiram.
As agências espaciais contribuíram para esta pesquisa cada uma com seus especialistas e metodologia própria para criar um modelo do ambiente espacial no futuro.
Simulações Os cientistas envolvidos se concentraram em órbitas baixas da Terra (a menos de 2 mil quilômetros de altitude). Esta área é onde operam a maioria das missões que enviam dados de observação da Terra.
Todos os seis modelos criados pelos grupos de cada agência tiveram conclusões semelhantes, de que haverá um aumento constante do número de objetos de dez centímetros ou maiores em um período de 200 anos.
Este crescimento foi gerado principalmente pelas colisões entre objetos em altitudes entre 700 e mil quilômetros.
A projeção mais baixa foi de um aumento de 19% destas colisões, a previsão mais alta foi de um aumento que chega a 36%, médias conseguidas a partir de centenas de simulações.
O trabalho de simulações e projeções partiu de pressupostos otimistas.
Um deles foi de que os países seguirão em pelo menos 90% a chamada "regra dos 25 anos", o limite imposto para que as agências espaciais do mundo retirem da órbita os equipamentos que já completaram suas missões.
Outro é a suposição de que não haverá mais explosões de tanques de combustíveis ou de pressão que ainda tenham combustível ou de baterias velhas, uma das causas do aumento de destroços no espaço.
No entanto, um dos pesquisadores afirmou que a realidade pode ser outra.
Certamente ainda não alcançamos 90% de obediência à regra dos 25 anos e ainda vemos eventos de explosões, em média, três vezes por ano", explicou Hugh Lewis, que detalhou as descobertas da pesquisa na 6ª Conferência Europeia sobre Destroços Espaciais em Darmstadt, na Alemanha, na segunda-feira.
"É justo dizer que este é um olhar otimista para o futuro e a situação será pior do que nós apresentamos no estudo", afirmou à BBC Lewis, que representou a Agência Espacial da Grã-Bretanha.
"Então, uma mensagem de nosso estudo é que precisamos melhorar estas medidas de abrandamento (dos problemas causados) pelos destroços (...). Uma das opções obviamente é a remoção ativa dos destroços", acrescentou.
Arpão Grupos de pesquisa do mundo todo estão criando estratégias para para capturar foguetes velhos e satélites, para tirá-los de órbita.
Um dos conceitos, criado pelos britânicos, é de um arpão que seria disparado de uma distância curta contra o alvo a ser retirado.
Em outubro de 2012, a BBC informou que os primeiros testes deste modelo previam o disparo a apenas dois metros de distância.
Os últimos testes, mostrados em Darmstadt, mostraram o arpão disparado de uma distância muito maior e contra um alvo mais realista, rotativo.
"Nossos testes progrediram (...). Agora atualizamos para uma arma muito mais poderosa e disparamos o arpão a mais de dez metros, o tipo de distância que esperamos cobrir em uma missão de retirada de destroços real", afirmou Jaime Reed, da agência Astrium UK.
"Nosso arpão também tem agora absorção de choque para garantir que não penetre muito fundo dentro do satélite, e estamos disparando com corda. É um voo muito estável", acrescentou.
Atualmente existem cerca de 20 mil objetos feitos pelo homem em órbita e que são monitorados regularmente. Cerca de dois terços destes objetos estão na órbita baixa da Terra.
E estes são apenas os objetos mais fáceis de serem vistos. O número de partículas se movendo sem serem vistas é estimado em 500 mil, com tamanhos de variam entre um e dez centímetros e o número de partículas com menos de um centímetro pode ser de dezenas de milhões.
Todo este material está viajando a vários quilômetros por segundo, velocidade suficiente até para o menor fragmento causar danos se acertar uma missão espacial.
IGCiência
 

Instituto britânico alerta para riscos de extinção humana

Uma equipe internacional de cientistas, matemáticos e filósofos do Instituto do Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford, está investigando quais são os maiores perigos contra a humanidade.
E eles argumentam em um texto acadêmico recém-divulgado, Riscos Existenciais como Prioridade Global, que autores de políticas públicas devem atentar para os riscos que podem contribuir para o fim da espécie humana.
No ano passado, houve mais textos acadêmicos lançados a respeito de snowboarding do que sobre a extinção humana.
O diretor do instituto, o sueco Nick Bostrom, afirma que existe uma possibilidade plausível de que este venha a ser o último século da humanidade.
Boas notícias primeiro Mas primeiro as boas notícias. Pandemias e desastres naturais podem causar uma perda de vida colossal e catastrófica, mas Bostrom acredita que a humanidade estaria propensa a sabreviver.
Isso porque nossa espécie já sobrevieu a milhares de anos de doenças, fome, enchentes, predadores, perseguições, terremotos e mudanças ambientais. Por isso, as chances ainda estão a nosso favor.
E ao longo do espaço de um século, ele afirma que o risco de extinção em decorrência do impacto de asteróides e super erupções vulcânicas permanece sendo "extremamente pequeno".
Até mesmo as perdas sem precedentes autoimpostas no século 20, com duas guerras mundiais e epidemia de gripe espanhola, deixaram de prevenir a ascensão do crescimento da população humana global.
Uma guerra nuclear poderia causar destruição sem precedentes, mas um número suficiente de indivíduos poderia sobreviver e, assim, permitir, que a espécie continue.
Mas se existem todos esses atenuantes, com o que deveríamos estar preocupados?
Ameaças sem precedentes Bostrom acredita que entramos em uma nova era tecnológica capaz de ameaçar nosso futuro de uma forma nunca vista antes. Estas são "ameaças que não temos qualquer registro de haver sobrevivido".
O diretor do instituto compara as ameaças existentes a uma arma perigosa nas mãos de uma criança. Ele diz que o avanço tecnológico superou nossa capacidade de controlar as possíveis consequências.
Experimentos em áreas como biologia sintética, nanotecnologia e inteligência artificial estão avançando para dentro do território do não intencional e o imprevisível.
A biologia sintética, onde a biologia se encontra com a engenharia, promete grandes benefícios médicos, mas Bostrom teme efeitos não previstos na manipulação da biologia humana.
A nanotecnologia, se realizada a nível atômico ou molecular, poderia também ser altamente destrutiva ao ser usada para fins bélicos. Ele tem escrito que governos futuros terão um grande desafio ao controlar e restringir usos inapropriados.
Há também temores em relação à forma como a inteligência artificial ou maquinal possa interagir com o mundo externo. Esse tipo de inteligência orientada por computadores pode ser uma poderosa ferramenta na indústria, na medicina, na agricultura ou para gerenciar a economia, mas enfrenta também o risco de ser completamente indiferente a qualquer dano incidental.
Sean O'Heigeartaigh, um geneticista do instituto, traça uma analogia com o uso de algoritmos usados no mercado de ações.
Da mesma forma que essas manipulações matemáticas, argumenta, podem ter efeitos diretos e destrutitovs sobre economias reais e pessoas de verdade, tais sistemas computacionais podem "manipular o mundo verdadeiro".
Em termos de riscos biológicos, ele se preocupa com boas intenções mal aplicadas, como experimentos visando promover modificações genéticas e desmanter e reconstruir estruturas genéticas.
Um tema recorrente entre o eclético grupo de pesquisadores é sobre a habilidade de criar computadores cada vez mais poderosos.
O pesquisador Daniel Dewey, do instituto, fala de uma "explosão de inteligência", em que o poder de aceleração de computadores se torna menos previsível e menos controlável.
"A inteligência artificial é uma das tecnologias que deposita mais e mais poder em pacotes cada vez menores", afirma o perito americano, um especialista em super inteligência maquinal que trabalhou anteriormente na Google.
Efeito em cadeia Juntamente com a biotecnologia e a nanotecnologia, ele afirma que essas novas tecnologias poderiam gerar um "efeito em cadeia, de modo que, mesmo começando com escasos recursos, você pode criar projetos com potencial de afetar todo o mundo".
O Instituto do Futuro da Humanidade em Oxford integra uma tendência centrada em pesquisar tais grantes temas. O Instituto foi uma iniciativa do Oxford Martin School, que abrange acadêmicos de diferentes áreas, com o intuito de estudar os "mais urgentes desafios globais".
Martin Rees, ex-presidente da Sociedade Real de Astronomia britânica é um dos defensores do Centro de Estudos de Risco Existencial e afirma que "este é o primeiro século na história mundial em que as maiores ameaças provêm da humanidade".
Nick Bostrom afirma que o risco existencial enfrentando pela humanidade "não está no radar de todo mundo". Mas ele argumenta que os riscos virão, caso estejamos ou não preparados.
"Existe um gargalo na história da humanidade. A condição humana irá mudar. Pode ser que terminemos em uma catástrofe ou que sejamos transformados ao assumir mais controle sobre a nosa biologia. Não é ficção científica, doutrina religiosa ou conversa de bar".
IGCiência

LHC descobre assimetria em partícula subatômica

Os físicos do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, encontraram em um experimento a razão para a aparente falta de antimatéria no Universo.
Um grupo de cientistas, ao analisar dados do LHC, disse ter descoberto uma partícula subatômica que se degrada assimetricamente em matéria e antimátéria.
O laboratório europeu, que fica perto de Genebra, afirmou nesta quarta-feira que a partícula, chamada "B0s" é a quarta que demonstra preferir matéria a antimatéria.        
Em teoria, o Big Bang produziu no início do Universo quantidades iguais de ambas, mas os cientistas nunca conseguiram entender porque atualmente a matéria é mais predominante.
A descoberta da primeira assimetria matéria-antimatéria rendeu a dois cientistas do Laboratório Brookhaven de Nova York um Prêmio Nobel, em 1980.
O porta-voz do grupo Pierluigi Campana afirmou que o achado era previsto no modelo padrão da Física, mas que algumas discrepâncias interessantes devem ser ainda estudadas mais a fundo. 
IGCiência

terça-feira, 23 de abril de 2013

Frase


Robô encontra câmaras subterrâneas em templo mexicano

 
A exploração robótica do subsolo de um templo da cidade pré-colombiana de Teotihuacan, nos arredores da Cidade do México, revelou a existência de três câmaras que poderiam esconder segredos sobre rituais funerários de seus governantes, indicou nesta terça-feira um órgão oficial.
"A entrada do robô Tláloc II-TC no último trecho do túnel sob o Templo da Serpente Emplumada, em Teotihuacan, revelou a existência de, pelo menos, três câmaras", informou o Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah), em um comunicado.
A descoberta superou as expectativas dos arqueólogos, que esperavam encontrar apenas uma câmara, destacou o instituto.
Se for confirmada a existência de túmulos nestes espaços, que datam do princípio da nossa era, poderiam ser esclarecidos aspectos dos ritos de Teotihuacan, possivelmente relacionados ao sepultamento de seus governantes ou personalidades de alta hierarquia, indicou o arqueólogo Sergio Gómez, diretor da busca.
A exploração, que consta de um percurso de mais de 20 metros pelo túnel, é a terceira ocasião, em nível mundial, em que um robô ajuda a traçar estratégias de escavação, após o percurso do primeiro trecho deste mesmo túnel de Teotihuacan e de explorações arqueológicas no Egito.
 
 
O Tláloc II-TC é composto de um veículo capaz de transpor obstáculos e de um scanner que gera mapas detalhados do trajeto. Ele também conta com um "robô inseto", que leva uma câmera de infravermelho e desce ao nível do solo por meio de instruções enviadas de um computador.
A próxima etapa do projeto Tlalocan: Caminho sob a Terra consiste na retirada dos elementos que obstruem os últimos 30 metros do túnel.
Teotihuacan, que, na língua náhuatl, significa Cidade dos Deuses, foi uma das maiores cidades da Mesoamérica na época pré-colombiana, e declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Sua origem, no entanto, ainda não foi elucidada pelos especialistas.

Empresa produz 1ª unidade do avião civil mais rápido do mundo

A Cessna Aircraft Company – representada no Brasil pela TAM Aviação Executiva – anunciou nesta terça-feira a produção da primeira unidade do New Citation X, avião civil mais rápido do mundo, em sua fábrica em Wichita, nos Estados Unidos. O modelo tem velocidade máxima de cruzeiro de 1.115 km/h.
De acordo com a nota, o New Citation X é capaz de fazer voos de Nova York para Londres sem escalas. O modelo é equipado com três telas de LCD de 14 polegadas, quatro painéis de controle touch-screen, além de controles integrados. A altitude máxima é de 51 mil pés (15.554 m), permitindo que a aeronave voe acima do tráfego comercial.
Internamente, os passageiros podem regular a iluminação e a temperatura, as cortinas das janelas e ter acesso a uma central de entretenimento com acesso à internet, visualização do mapa de voo, filmes em Blu Ray, música e até envio de mensagens de texto

Como a inflação criou Hitler

De inflação, o Brasil entende. Mesmo assim é difícil até para a gente imaginar o que aconteceu na Alemanha do começo do século 20. Entre 1914 e 1923, os preços lá subiram 143 trilhões por cento. Seria como se um chope de R$ 5 passasse a custar R$ 12 trilhões em 2022. Para ter uma ideia do que isso significa, tenha em mente que há 12 trilhões de segundos, os Neandertais começavam as dar seus primeiros passos (dá 378.552 anos). E o Homo sapiens não estava nem no papel. Nossa espécie existe há 6 trilhões de segundos. Nunca subestime o trilhão.
Bom, os salários dos alemães também eram trilionários. Mas não adiantava nada. No círculo vicioso da inflação, os preços sempre sobem antes dos salários (numa economia saudável acontece o oposto). Hitler, que tinha 34 anos em 1923 e ainda era só um agitador de rua, discursava contra o absurdo de a Alemanha ter “bilionários miseráveis”. Para o sujeito, a culpa era dos comunistas, dos judeus, dos capitalistas, dos judeus, da frouxidão do governo com os judeus. E dos judeus também.
Mas o problema estava no lugar de sempre: na cabeça de quem imprime aquilo que a gente tem na carteira. No caso, os responsáveis pelo Reichsbank, o Banco Central de lá. A Alemanha tinha entrado na Primeira Guerra Mundial e precisava de mais dinheiro circulando para manter a economia viva, já que todo país em conflito precisa aumentar sua produção. O governo, via Reichsbank, injetou grana na praça, concedendo empréstimos a rodo, a juros baixíssimos, de 5% ao ano. Conseguir o dinheiro não era problema para o Banco Central. Era só ligar as impressoras de papel-moeda e mandar ver.
No começo deu certo. O Reichsbank inundou a economia alemã de dinheiro novo, mas a produção respondeu à altura. Ou seja, o governo imprimia papel-moeda para comprar aço a fim de fabricar armas, por exemplo, e as siderúrgicas alemãs produziram quase tanto aço a mais quanto a quantidade de dinheiro extra que foi impressa. Assim deu para segurar as pontas. O resultado foi uma inflação relativamente baixa ao longo da Primeira Guerra, uma média de 14% ao ano entre 1914 e 1918.
Na prática, os preços dobraram entre o começo e o fim da guerra. Era do jogo. O problema foi depois.
Quando o conflito acabou, com a Alemanha derrotada, a capacidade de produção do país foi parar na UTI. Eles tinham perdido 10% da população, 15% do território e todas as suas colônias na África e na Ásia. A extração de carvão caiu 30%; e a de minério de ferro, 75%. Para piorar, os Aliados exigiram 100 mil toneladas de ouro a título de reparação pelos danos da guerra – uma soma que hoje estaria na casa dos trilhões de dólares. Por mais que eles parcelassem, seria dureza – economistas respeitados da época, como o inglês John Maynard Keynes, achavam o valor completamente impagável, mas a imposição foi feita mesmo assim.
Agora a economia estava asfixiada. E o Reichsbank decidiu bombear oxigênio na forma de dinheiro. Continuou com sua política de emprestar a 5% ao ano. Aí voltou aquela equação do mal: pouca produção + muita moeda = inflação fora do controle. Em 1921, tudo estava dez vezes mais caro do que no fim da Primeira Guerra. Mas os salários, que sempre ficam para trás nessas horas, tinham subido nove vezes. O dinheiro comprava 10% menos que antes.
Esse foi o primeiro degrau.
Meses depois, veio o segundo: tudo o que custava 100 dinheiros em 1921 valia 2 mil dinheiros em 1922 – 1.900% de inflação numa paulada só. Desnecessário dizer que a renda da população não acompanhou. De um ano para outro, o poder de compra caiu pela metade. Mas os preços mal tinham começado a aumentar.
Entre a virada do ano e junho de 1923, a inflação foi de quase 1.000% ao mês. O poder de compra começava a se aproximar de zero. Uma piada da época tirava sarro da situação: “Um cara levou um carrinho de mão cheio de dinheiro para comprar pão. Aí chegou um ladrão, jogou o dinheiro fora e fugiu com o carrinho de mão!”.
Os sindicatos exigiram que os salários dos trabalhadores fossem corrigidos pela inflação, para acabar com as perdas. Conseguiram. Mas foi aí que as coisas degringolaram de vez. A correção monetária retroalimentou os aumentos de preços. Todo mundo sabia que todo mundo teria mais dinheiro no fim do mês, então todo mundo tentava aumentar os preços antes de todo mundo.
E todo mundo se dava mal.
No fim de 1923, um pãozinho de 50 gramas saía por 21 bilhões de marcos; uma passagem de bonde, 150 bilhões; um jornal, 200 bilhões. As impressoras do Banco Central trabalhavam 24 horas por dia para atender à demanda por dinheiro. Mas elas não davam conta. Passaram a fazer notas de bilhões de marcos, de centenas de bilhões e até a de 100 mil bilhões. Não adiantou. Então passaram a alugar impressoras particulares, de donos de jornais, por exemplo, para imprimir mais dinheiro.
E nem assim dava.
No dia 25 de outubro de 1923, por exemplo, o Banco Central produziu 120 mil trilhões de marcos em papel-moeda. Mas a demanda do sistema financeiro tinha sido de 1 quintilhão de marcos. O Reichsbank pediu desculpas e prometeu aumentar a tiragem de dinheiro o mais rápido possível.
Mesmo assim, ladrões de carrinhos de mão à parte, vários setores da economia resistiram bem. A indústria automobilística, maior símbolo da economia alemã tanto lá atrás como agora, organizou mais uma edição do Salão do Automóvel de Berlim normalmente, com a Mercedes e a Audi expondo seus modelos novos para 1924, como o bonitão aqui:
 
Àquela altura, o poder de compra do país tinha caído para 20% do que era antes da Primeira Guerra. Mas, para quem bebia marcos alemães direto da torneira do Reichsbank, aconteceu o oposto. Era só uma elite de empresários com acesso direto aos empréstimos de graça, mas, pelo menos, eles impulsionavam a economia em torno deles – uma desigualdade moralmente injustificável, mas ainda assim melhor para o país do que se não houvesse atividade econômica alguma.
O grupo que mais ganhava entre a elite era o dos exportadores. Do ponto de vista desse pessoal, quanto pior para a moeda, melhor para eles. É aquela lógica do câmbio que a gente acabou de ver. A inflação faz o valor das moedas estrangeiras subir com mais velocidade que os preços internos; e mais importante, numa economia inflacionada, a mera posse de moeda estrangeira costuma ser o melhor investimento. A procura por elas aumenta, e a cotação sobe mais ainda.
Um exemplo claro: entre outubro e novembro de 1923 a média dos preços na Alemanha aumentou 103 vezes. Dez mil por cento, para variar. No mesmo mês, o dólar aumentou 170 vezes. Uma nota de US$ 1,00 pulou de 25 bilhões de marcos para 4,2 trilhões. É aí que a porca torce o rabo: do ponto de vista de quem vivia nos EUA (ou em qualquer outro país com moeda forte), os preços na Alemanha não estavam subindo. Não. Estavam era despencando.
Só essa desvalorização em relação ao dólar que você viu aqui significava que o preço de qualquer produto alemão, do carvão aos Audis e Mercedes da época, tinha caído pela metade em um mês. Aí não tem erro: os estrangeiros vêm comprar mesmo, e os exportadores se dão muito, muito bem. Mas quem não pegou essa bocada não estava nada contente. Entre esses excluídos estavam os 3 mil membros do Partido Nacional-Socialista, também conhecido pela abreviação de Nationalsozialistische: Nazi.
Em novembro de 1923, a gangue dos nazistas invadiu uma choperia em Munique. Havia membros do governo reunidos ali. Os nazistas entraram, colocaram seus revólveres na cara deles, e Hitler subiu na mesa para avisar que estava tomando posse do lugar. Não da cervejaria, mas da Alemanha inteira.
O evento passaria para a história como o Putsch da Cervejaria, o golpe de Estado do chope. Hitler sairia do bar em marcha pelas ruas de Munique como o novo chefe de Estado alemão. E quem não gostasse da ideia que lidasse com seus cupinchas armados.
Mas não foi daquela vez. A polícia de Munique lidou com os tais sujeitos armados, matou 16 deles e prendeu Hitler. O problema é que a prisão do líder fortaleceria o partido. Meses depois, os nazistas conseguiriam suas primeiras cadeiras no Parlamento alemão, amealhando 2 milhões de votos. Era o primeiro passo para uma outra tragédia: a pior dos últimos 6 trilhões de segundos.
Superinteressante.com