sexta-feira, 29 de junho de 2018

Temperaturas do lugar mais frio do planeta são ainda mais baixas do que se pensava

Buracos localizados na camada de gelo da Antártida ajudaram os cientistas a descobrirem que a temperatura na área é cinco graus menor do que haviam identificado em 2013.


  1. No estudo anterior, os especialistas explicam as condições necessárias para que as temperaturas caiam tão drasticamente.
    Eles concluíram que ventos leves e céu limpo não são os únicos fatores-chave. Ventos extremamente secos, que se mantenham constantes durante vários dias, também desempenham um papel crucial.
  2. Para chegar aos novos resultados, os cientistas observaram pequenas depressões ou buracos rasos na camada de gelo da Antártida, onde o ar frio, denso e descendente se acumula e pode permanecer por vários dias.
    Isso faz com que a superfície e o ar acima dela se resfriem ainda mais, até que as condições claras, calmas e secas terminem e o ar se misture com um outro mais quente na atmosfera.
Os especialistas já desenvolvem novos instrumentos para medir possíveis temperaturas mais baixas
 
"Nesta área, vemos períodos de ar extremamente seco, e isso permite que o calor da superfície da neve se irradie para o espaço com mais facilidade", disse Ted Scambos, principal autor do estudo, em um comunicado.

Ainda mais gelado?

O novo recorde de -98°C pode ser superado de novo se as condições ambientais necessárias se mantiverem constantes por várias semanas, embora Scambos considere muito pouco provável que isso ocorra.
Apesar dessa improbabilidade, a equipe de pesquisadores já trabalha na concepção dos instrumentos que lhes permitam sobreviver e trabalhar em lugares ainda mais frios, além de medir as temperaturas do ar e da neve.
Os especialistas esperam ter esses meios de trabalho prontos dentro de dois anos.
 


'Cérebro voador' é enviado à Estação Espacial Internacional

Resultado de imagem para fotos cérebro voador enviado a estação espacial internacional
 
Um robô com inteligência artificial e em forma de bola, apelidado "cérebro voador" e treinado para interagir com um astronauta alemão, foi lançado nesta sexta-feira (29) para a Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo da nave Dragon, da companhia SpaceX.
Às 5h42 hora local da Flórida (6h42 de Brasília), o foguete Falcon 9 decolou de Cabo Canaveral na 15ª missão de abastecimento da SpaceX.
Integrada ao foguete Falcon 9, a cápsula Dragon leva 2.700 quilos de material e é parte do contrato que a SpaceX assinou com a Nasa no valor de 1,6 bilhão de dólares.
A primeira fase do lançamento transcorreu sem inconvenientes até que a Dragon se separou do foguete, depois de dez minutos, e abriu seus painéis solares.
No próximo dia 2, deve alcançar a ISS, a 400 quilômetros de altitude.
Não é a primeira viagem desse foguete, nem desta nave de carga. Em 2016, a Dragon foi lançada ao espaço e, há dois meses, esse mesmo foguete foi usado para colocar um satélite da Nasa em órbita.
- Experimento histórico para a IA -
Uma peça-chave do material transportado pela Dragon é um aparelho do tamanho de uma bola de basquete chamado CIMON, a sigla em inglês para Companheiro Móvel Interativo da Tripulação.
Manfred Jaumann, diretor da Airbus, batizou o aparelho de "cérebro voador".
A ativação do CIMON representará um momento histórico, pois será o primeiro robô de seu tipo a interagir com pessoas no espaço, informou o diretor de projetos no Centro Aeroespacial Alemão (DLR), Christian Karrasch.
O CIMON foi treinado para reconhecer a voz e o rosto de Alexander Gerst, um geofísico da Agência Europeia Espacial de 42 anos.
Flutuando à altura dos olhos dos astronautas, o CIMON pode detectar com sua câmera frontal se a pessoa na sua frente é Gerst, ou outro astronauta.
Também foi instruído para interpretar o estado emocional do astronauta Gerst.
O "cérebro voador" conta com mais de dez propulsores que o ajudam a evitar tropeçar, enquanto estiver flutuando no módulo Columbus do laboratório espacial.
Apesar de os seis membros da tripulação poderem falar com CIMON (que também pode se comunicar em inglês), ele foi treinado para trabalhar melhor com Gerst.
O principal objetivo deste voo será demonstrar se esta tecnologia funciona, pois o robô deve ser capaz de guiar Gerst em vários procedimentos, inclusive mostrando fotos e vídeos necessários.
O astronauta Gerst também poderá questionar sua IA pessoal sobre outros temas, além do simples procedimento de que estejam tratando no momento.
Jornal do Brasil

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Brasileiras contam como foi 1° dia de mulheres ao volante na Arábia Saudita

Quando o relógio marcou meia-noite de sábado para domingo, a geógrafa brasileira Alice Ferreira Souza, de 35 anos, pegou o carro e deu uma volta no quarteirão. Foi um passeio curto, mas cheio de simbolismo. Alice mora em Al Khobar, na Arábia Saudita. Até sábado, o país era o único no mundo onde as mulheres não podiam dirigir. No domingo, o decreto que acaba com essa proibição passou a valer oficialmente.
 
Alice no carro
Até então, sauditas que fossem flagradas dirigindo estavam sujeitas à prisão – e algumas ativistas de fato foram detidas por desafiarem a lei. O fim do veto, anunciado em setembro de 2017, faz parte de uma série de medidas de modernização que vêm sendo introduzidas no país pelo príncipe Mohammed bin Salman.
Alice não foi a única a ir às ruas durante a madrugada. Fotos e vídeos divulgados nas redes sociais mostram mulheres sauditas ao volante. Elas também fizeram questão de exercer o novo direito já nos primeiros minutos.
A geógrafa, que trabalha com petróleo e mora no país desde 2015, conta que até sábado, dependia do marido ou de motoristas particulares para se deslocar. "Me sinto totalmente presa. Aqui não tem metrô nem ônibus. Deixo de fazer quase tudo porque é muito chato ter que ligar para um motorista, esperá-lo chegar, chamar um táxi em cada parada quando vou a mais de um lugar", explica.
Na verdade, Alice vai ter que aguardar um pouco para ir além da voltinha no quarteirão. Por enquanto, a validação da carteira internacional só está disponível, entre as estrangeiras, para americanas e inglesas, informa ela.
"Todo dia entro no sistema para ver se vão liberar para nós", conta. "Com a carteira, minha vida vai mudar. Se eu quiser sair para almoçar em algum lugar, tomar um café com alguém ou resolver qualquer coisa, vai ser muito mais simples", afirma.

Gabriela perto de placa sinalizando placa de estacionamento para mulheres

A brasileira, que ficou "chocada" com as restrições às mulheres quando se mudou para o país, afirma que nos últimos anos as transformações na sociedade saudita são nítidas.
"Hoje a mulher pode votar, as empresas são obrigadas a contratar trabalhadoras do sexo feminino. Nos eventos de petróleo, já vejo mulheres com a abaya (veste longa obrigatória) aberta, mostrando a roupa, algo que antes não acontecia", diz.

Mulheres na academia

Também moradora de Al Khobar, a gaúcha Gabriela Lirio Delfino, 29, é outra brasileira que vivencia as mudanças no país árabe. Personal trainer numa academia para mulheres, ela diz que até dois anos atrás quase não existiam lugares para as sauditas se exercitarem, por exemplo.
Sobre o fim do veto à direção, Gabriela afirma que há tempos existia um rumor de que iria acontecer.
"As pessoas estavam desacreditadas, porque todo ano falavam que iam permitir e nada", lembra. "Mas hoje eu cheguei ao trabalho e me emocionei. Minhas alunas estão super felizes. Uma delas disse que já veio de carro para a academia. E os policiais estão distribuindo flores para as mulheres na direção", relata.
Ela se mudou para a Arábia Saudita há três anos, acompanhando o marido, que é químico em uma petroleira. Diz que está gostando do país, apesar das restrições:
"Tudo tem um lado bom e um ruim. Aqui abri minha cabeça, tenho contato com uma cultura diferente. Tento compensar as limitações indo para o Bahrein, que fica a uma hora de carro. Lá tem muito mais liberdade. Eu e meu marido vamos ao cinema, as mulheres dirigem normalmente."

Huda al-Badri em carro em Riad

Em seu blog Pra lá de Bagdá, onde conta seu dia a dia no país, Gabriela fez um post com o passo a passo de como validar a carteira internacional com a nova lei.
Ela também fez um vídeo e tirou fotos em um dos estacionamentos com vagas específicas para mulheres que foram criados após o anúncio do fim da proibição.
Para se deslocar, atualmente a brasileira usa táxi, Uber e um concorrente desse aplicativo muito utilizado na região, o Careem. Para ir e voltar do trabalho, sua empresa envia um motorista particular.

Motoristas privativos

Na Arábia Saudita, muitas famílias contratam motoristas para ficarem à disposição das mulheres – em geral, são trabalhadores paquistaneses ou indianos levados para lá com esse objetivo. Segundo o jornal local Arab News, o número de famílias com chofer privativo supera 80%.
 
Por isso, muitas sauditas não têm pressa de tirar a carteira para dirigir. "Tem mulheres que nem vão querer dirigir. E tem algumas que agora querem contratar motoristas mulheres, algo que antes não era possível", conta a mineira Herika Santos, 30, que mora na capital saudita, Riad, há dois anos com o marido canadense.

Estacionamento para mulheres em Al Khobar, na Arábia Saudita

Muçulmana, ela comemora a nova lei. "Dirigir ou não tem que ser uma escolha da mulher, assim como usar o hijab (lenço que cobre a cabeça). No Islã não existe base para esse tipo de proibição. É uma questão política", afirma.
Segundo Herika, muitos homens sauditas apoiam o fim do veto: "A geração mais jovem é mente aberta. E vai aliviar para eles, porque não vão ter que pagar motorista ou ficar levando e buscando a esposa em todo lugar".
O trânsito caótico do país é outro fator que tem impedido algumas sauditas de assumir o volante. "É uma bagunça. Os motoristas aqui não são muito civilizados, não respeitam as leis, não dão sinal", diz Gabriela Delfino, acrescentando que algumas de suas alunas preferiram esperar um pouco para ver como vai ser a nova lei na prática, até porque existe um receio de que as mulheres ao volante sejam hostilizadas.
"Vou comprar um carro bem duro, tipo um jipe usado, porque sei que eles vão se jogar em cima de mim, ainda mais eu sendo mulher", confirma Alice Souza. À medida que foi se aproximando o domingo do início da nova lei, ela recebeu diversas mensagens de concessionárias de veículos oferecendo "test drives".
O fim do veto à direção feminina é tido também como uma estratégia do príncipe Salman para aquecer a economia. Além dos novos carros que serão vendidos, a aposta é de que haverá mais consumo de combustível, mais mulheres poderão trabalhar livremente, novos negócios surgirão e o gasto que antes as famílias destinavam aos motoristas particulares estrangeiros será investido em outros setores dentro do país.
BBC

O que são os perigosos 'cabelos de pele' que tormaram as praias do Havaí após erupção do Kilauea

Fibras de vidro basáltico
 
O poderoso vulcão Kilauea está em erupção há mais de um mês e continua a mostrar seu poder aos habitantes de Ilha Grande, no Havaí.
Há algumas semanas, moradores relataram "praias quase tingidas de verde", cobertas com "pedras preciosas", que se revelaram ser fragmentos de olivina, um mineral muito comum em áreas vulcânicas.
Outro dos efeitos espetaculares do Kilauea são objetos semelhantes a cabelos que podem ser vistos ao redor do vulcão.
 
Fragmentos de olivina, um mineral muito comum em áreas vulcânicas
 

Deusa do fogo

Os "cabelos" são conhecidos como "cabelos de Pele", uma referência à deusa do fogo e dos vulcões na mitologia havaiana.
Esses cabelos são fios de vidro basáltico formado em fontes de lava.
Os filetes são produzidos quando as bolhas de gás dentro da lava explodem em sua superfície, esticando o material.

Perigo

Algumas dessas fibras são muito finas. Leves como são, podem ser espalhadas pelo vento por toda a ilha.
Mas os "cabelos", apesar da aparência interessante, podem ser tóxicos para pessoas e animais caso se quebrem ou se misturem à água potável.
"Imagine respirar pequenos estilhaços de vidro. Esse é o cabelo de Pele", disse Don Swanson, geólogo do Observatório de Vulcões do Havaí.
"O cabelo de Pele pode inflamar e irritar qualquer coisa que entre em contato com ele", acrescentou Swanson.
Também não é recomendado tocar nos fios sem luvas, pois, como são muito frágeis e afiados, pequenos fragmentos podem penetrar na pele.

Lágrimas de Pele

Os cabelos de Pele não ocorrem apenas no Havaí. Eles podem ser encontrados em outros vulcões, como o Etna, na Itália, e o Masaya, na Nicarágua.
Junto aos filetes também podem ser encontradas as chamadas lágrimas de Pele, partículas de vidro basáltico em forma de gota que se formam quando o material ejetado por uma fonte de lava se solidifica no ar.
As "lágrimas" podem estar ligadas a uma das extremidades de um cabelo de Pele.

'Não tínhamos visto nada parecido'

O vulcão Kilauea entrou em erupção em 3 de maio e já expeliu cerca de 250 milhões de metros cúbicos de lava, a quantidade necessária para encher 100 mil piscinas olímpicas, segundo a imprensa americana.

Lava de vulcão avançando em rua no Havaí

"Não tínhamos visto nada parecido na história recente", disse Wendy Stovall, vulcanologista do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, da sigla em inglês).
A erupção atual, que superou as de 1955 e 1960, causou, até agora, a destruição de quase 600 casas e forçou a evacuação de mais de 2 mil pessoas.

Duas pessoas se consolam em um abraço, com a erupção do vulcão visível ao fundo

BBC

Pesquisadores brasileiros fabricam fogão solar para substituir botijão de gás

Num dos corredores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), um equipamento cheio de espelhos reflete a luz do sol. O objeto, que lembra uma antena parabólica, é um fogão solar.
Além dele, existem outras peças semelhantes espalhadas no ambiente. São protótipos de fornos, fogões e secadores desenvolvidos no laboratório de máquinas hidráulicas do curso de Engenharia Mecânica, coordenado pelo professor Luiz Guilherme Meira de Souza, que pesquisa a energia solar há 40 anos - 37 deles, na UFRN.
Os equipamentos, construídos com sucata, espelhos e outros materiais de baixo custo, podem ser alternativas viáveis para substituir o botijão de gás, assegura o pesquisador. Nos últimos 12 meses, o preço do botijão de gás aumentou muito acima da inflação e já consome até 40% das rendas das famílias mais pobres.
A ideia do fogão é simples: transformar a radiação solar em calor, criar um efeito estufa e usar esse calor para aquecer água, cozinhar, secar ou assar os alimentos.
Um dos experimentos, por exemplo, é um forno que teve um custo total de R$ 150 reais - valor equivalente a cerca de duas recargas de botijões de gás. O equipamento assou nove bolos ao mesmo tempo em uma hora e meia, somente com a energia captada da luz solar. Um forno convencional seria vinte minutos mais rápido, mas não teria capacidade para tantas assadeiras.
Idealizado pelo engenheiro Mário César de Oliveira Spinelli, 31 anos, o forno foi feito com MDF - uma chapa com fibras de madeira - espelhos e uma placa de metal, combinação de resina sintética com malha de ferro.
"A grande questão era: com essa área tão grande será que a gente vai conseguir assar todos os alimentos? Porque a carga também era muito grande. E a gente colocou e foi perfeito. Vimos que era viável", pontuou Spinelli, que fez da experiência seu objeto de mestrado na UFRN em 2016.
 

Sustentabilidade

Há cinco anos, o engenheiro Pedro Henrique de Almeida Varela também defendeu o tema "Viabilidade térmica de um forno solar fabricado com sucatas de pneus" em sua dissertação de mestrado na universidade potiguar. Além dos pneus, Varela também utilizou latinhas vazias de cerveja e uma urupema, espécie de peneira indígena, para fazer o protótipo solar.
Durante os testes, foram assados vários alimentos: pizza, bolo, lasanha e até empanados. O resultado foi satisfatório.

Fogão de energia solar, desenvolvido por pesquisadores da UFRN

"Quando eu fiz o primeiro bolo, eu comi e fiquei realizado. Porém, é uma decepção ser mais um projeto que ficou na prateleira da universidade. Mas só em saber que dá certo, deixa a pessoa com a sensação de que é uma alternativa viável feita com produtos que estavam sendo descartados."
Varela destacou na pesquisa que em países da África e da Ásia o governo tem incentivado o uso de fogões solares pela população para diminuir o consumo de lenha e os impactos ambientais.

Viabilidade

De acordo com o professor Luiz Guilherme, no Brasil, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) conseguiu levar essa ideia para algumas comunidades pobres.
Afinal de contas, se há viabilidade econômica, técnica e ambiental, se o país possui condições climáticas favoráveis, por que os experimentos feitos na UFRN não saem das salas acadêmicas e ganham visibilidade e uso doméstico?
"A energia solar é uma energia social porque está disponível para todos, mas é a que menos tem investimentos porque o modelo de sociedade que nós temos sempre busca concentrar a energia e produzir pra vender e nosso trabalho não está na geração de energia pra vender", justifica o professor Luiz Guilherme.
Para o pesquisador, o produto poderia ser fabricado em escala se o Brasil investisse em pesquisas de tecnologia social. Mas os estudos que são realizados esbarram, na opinião dele, no desinteresse político, industrial e até acadêmico.
 
Fogão de energia solar, desenvolvido por pesquisadores da UFRN
 

Sem investimentos

"As bolsas e pesquisas financiadas não existem para tecnologia social. No departamento de Engenharia Mecânica, por exemplo, como chefe do laboratório, eu não recebo verba pra sustentar esse trabalho", diz o professor Luiz Guilherme.
O dinheiro para custear os projetos, garante, é tirado do próprio salário e das bolsas de pesquisa dos alunos.
Há outra sobrecarga no setor. Desencantados com a falta de incentivo, muitos pesquisadores de energia solar redirecionaram seus estudos para outras áreas onde havia incentivo financeiro, como o petróleo.
Foi o que aconteceu na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que era a maior referência de energia solar no Brasil. "Lá tem pesquisadores de grande nome, de grande potencial nessa linha. Muitos deles migraram para outras áreas. Fazer pesquisa para pobre não dá dinheiro".
Apesar disso, as pesquisas no setor gerido pelo professor Luiz Guilherme continuam. Uma das últimas criações do laboratório de máquinas hidráulicas é um fogão com quatro focos construído com resíduos industriais e com fibras de juta, fibra têxtil vegetal utilizada nos sacos de estopa.
O pesquisador garante que é o único no mundo. "Esse fogão é inédito. A literatura não mostra outro. É uma criação nossa, de um aluno de pós graduação. Esse fogão permite cozinhar quatro tipos de alimentos ao mesmo tempo", assegura Guilherme.
É importante ressaltar que o fogão ou forno só funcionam satisfatoriamente em boas condições solares, das 09h da manhã às 14h. Alguns cuidados fundamentais também são necessários durante o manuseio, como o uso de óculos escuros para que a luz não reflita nos olhos.
Nenhum dos pesquisadores tem forno ou fogão solar em casa. Mas todos eles afirmam categoricamente que os produtos são efetivos e se predispõem a implantar projetos-pilotos em comunidades socialmente desassistidas.
"Um trabalho, um estudo existe. Está aqui a comprovação da viabilidade. Ela existe, está catalogada. A vontade de repassar estas tecnologias também existe.
Eu nunca patenteei nada, nunca produzi pra ganhar nada, não é meu interesse. Eu não sou um empresário. Eu sou um professor", finaliza o pesquisador da UFRN.
BBC

Descoberta arqueológica em Minas Gerais revela práticas funerárias pré-históricas no Brasil

Esqueleto em sítio arqueológico
 
A descoberta de 39 esqueletos humanos, com idades entre 8 mil e 11 mil anos na região metropolitana de Belo Horizonte, está ajudando a redefinir o que se sabia sobre os primeiros brasileiros. O achado ocorreu na Lapa do Santo, uma pequena caverna no município de Matozinhos.
São os ossos mais antigos do Brasil e revelam que, ao contrário do que se pensava até agora, os povos que viviam no local naquela época eram complexos e tinham práticas funerárias altamente elaboradas.
A novidade é resultado do projeto Morte e vida na Lapa do Santo: uma biografia arqueológica dos povos de Luzia, coordenado pelos pesquisadores André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), e Rodrigo de Oliveira, do Instituto de Biociências (IB), ambos da Universidade de São Paulo (USP).
É um trabalho de pesquisa interdisciplinar, que tem como objetivo caracterizar como viviam as populações que estavam no Brasil central durante o Holoceno Inicial (Holoceno é o período geológico que começou há 11.500 anos e se estende até o presente).
De acordo com Strauss, os esqueletos descobertos eram de idosos, crianças, homens e mulheres. "Todos tinham sinais de rituais mortuários", revela.
"Alguns estavam queimados, outros pintados de vermelho e alguns combinavam crânios de crianças com corpos de adultos, ou dentes de uma pessoa com a arcada de outra. O que chamou a atenção também é que esses sinais variavam dependendo da idade arqueológica dos ossos. Isso pode significar que os povos que habitavam a região alteraram sua forma de tratar os corpos dos mortos ao longo do tempo. Essa descoberta é inédita na arqueologia brasileira."
 
Técnico limpa esqueleto em sítio arqueológico
 
A região onde trabalham os arqueólogos, Lagoa Santa, está entre as mais ricas em restos de culturas pré-históricas do Brasil. Ali, dezenas de sítios arqueológicos vêm sendo escavados e pesquisados desde 1843, quando o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), considerado o pai da paleontologia brasileira, descobriu ossadas humanas misturadas com as de animais já extintos. Desde então, centenas de crânios e outros ossos humanos foram desenterrados do local.
Entre eles, o mais antigo de que se tem registro no Brasil, com 11.300 anos, descoberto em 1974, pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, no sítio chamado Lapa Vermelha 4, que fica no município de Pedro Leopoldo.
Como era de um indivíduo do sexo feminino, o esqueleto foi batizado de Luzia pelo bioantropólogo Walter Alves Neves, também da USP, que foi orientador de Strauss e Oliveira, que agora dão continuidade ao seu trabalho.
Em 1995, ele fez medidas antropométricas do crânio, que mostraram que Luzia tinha mais a ver com os africanos do que com os índios atuais.
Com base nisso e em outras descobertas, ele elaborou sua hipótese para a ocupação das Américas, apresentada no livro O povo de Luzia - em busca dos primeiros americanos, em coautoria com o geógrafo Luís Beethoven Piló.
A hipótese propõe que os primeiros americanos chegaram ao continente em duas levas migratórias, uma há 14 mil anos e a segunda há 11 mil, vindas da Ásia pelo estreito de Bering. A primeira seria composta por uma população com traços semelhante aos dos africanos e aborígenes australianos. A segunda era de indivíduos parecidos com asiáticos e índios americanos atuais.
Ao longo do tempo, os dois povos se miscigenaram no novo mundo.
Para outros estudiosos, no entanto, os indígenas atuais ou ameríndios e os primeiros que chegaram à região de Lagoa Santa fazem parte de um mesmo tipo, cujas diferenças morfológicas podem ser explicadas pela variabilidade natural que existe dentro de qualquer população. A pesquisas de Strauss e Oliveira poderão ajudar a elucidar a questão.
Segundo Strauss, o projeto segue em pleno andamento com a escavação da Lapa do Santo e a análise do material encontrado. "Isso inclui estudos morfológicos, de microvestígios, isótopos, datação, antropologia virtual, micromorfologia e DNA", conta.
"Até o momento, nossos estudos não dialogam diretamente com o tema dos primeiros americanos. Quando sair o resultado do DNA poderemos determinar se o modelo dos dois componentes está correto ou não."

Práticas funerárias surpreendentes

Arqueólogos trabalham em sítio
 
As escavações realizadas até agora já revelaram, no entanto, vários aspectos dos grupos que eram desconhecidos até agora. "Apesar das centenas de esqueletos exumados em Lagoa Santa em quase dois séculos de pesquisa, muito pouco foi discutido em relação às práticas funerárias na região", diz Strauss.
"De acordo com as poucas descrições disponíveis na literatura, elas sempre foram caracterizadas como simples e homogêneas, incluindo apenas enterros primários de um único indivíduo e sem nenhum tipo de acompanhamento funerário."
As descobertas de Strauss e Oliveira mudam radicalmente esse quadro. De acordo com eles, os sepultamentos da Lapa do Santo tinham uma alta variabilidade, o que contradiz a visão tradicional sobre as práticas mortuárias na região.
"Além dessa retificação histórica, a diversidade delas no local ganha relevância, porque contraria a homogeneidade de outros componentes do sítio, tais como os artefatos de pedra, os remanescentes faunísticos, a morfologia craniana e a própria composição da matriz sedimentar."
Segundo Strauss, os sepultamentos também permitem inferir que ao longo do Holoceno Inicial grupos distintos que, possivelmente, não se reconheciam como parte de um mesmo povo habitaram a região. "Na ausência de mais datações diretas para os esqueletos, não é possível descartar a hipótese de que, em um mesmo momento, diferentes povos tenham ocupado a região", acrescenta.
Simplificando, ele diz que é possível que, durante o Holoceno Inicial, não tenha existido "um único 'povo de Luzia'", expressão cunhada por Walter Neves para se referir aos grupos humanos que habitaram a região de Lagoa Santa na época, "mas sim muitos 'povos' e muitas 'Luzias', cada um único em suas idiossincrasias simbólicas, culturais e, por que não, linguísticas".
"Assim, o registro funerário da Lapa do Santo contribui para retratar uma pré-história plural e dinâmica, onde a diversidade é a regra e elemento interpretativo fundamental", diz.
BBC

sábado, 23 de junho de 2018

Conheça a cidade que foi o Vale do Silício do século 15

A cidade alemã de Mainz fica às margens do rio Reno. É conhecida por sua catedral, pelos vinhos e por ser a terra natal de Johannes Gutenberg, pioneiro da imprensa na Europa.
 
 
Embora as três informações pareçam a princípio desconectadas, aqui elas se sobrepõem, se misturando e influenciando umas às outras.
Elas convergem principalmente nos dias de feira, quando produtores locais e vinicultores vendem suas mercadorias na praça principal em torno da Catedral de São Martin. Na diagonal oposta, fica o Museu Gutenberg, uma homenagem ao mais ilustre cidadão, que nasceu na cidade por volta de 1399 e morreu em 1468 - há 550 anos.
Foi Gutenberg quem inventou a primeira máquina de impressão com tipos móveis da Europa, dando início à revolução que marcaria a transição da Idade Média para a História Moderna no mundo ocidental.
Os chineses usavam, desde muitos séculos antes, um método de impressão com blocos de madeira - o primeiro livro deles teria sido impresso em 868. Mas a técnica com tipos móveis nunca foi muito popular no Oriente, devido à importância da caligrafia, à complexidade dos manuscritos e ao grande número de caracteres.
A prensa de Gutenberg se adequava bem, no entanto, ao sistema de escrita europeu. E seu avanço se deu sob forte influência da região onde surgiu.
 
Mainz
 
Na Idade Média, Mainz era um dos principados eclesiásticos mais importantes do Sacro Império Romano-Germânico - sua diocese e arcebispos eram o centro do poder e da dominação política.
Gutenberg, um aristocrata instruído e empreendedor, teria identificado a necessidade da Igreja de modernizar sua técnica de reprodução de manuscritos, até então copiados à mão pelos monges. Um processo extremamente trabalhoso e lento, que não acompanhava a crescente demanda por livros na época.

A criação da imprensa

No livro Revolutions in Communication: Media History from Gutenberg to the Digital Age ("Revoluções na Comunicação: História da Mídia, de Gutenberg à Era Digital", em tradução livre), Bill Kovarik, professor de comunicação da Universidade de Radford, nos EUA, introduz o conceito de "mão de obra do monge". Segundo ele, "um monge" equivale a um dia de trabalho - cerca de uma página - para uma copiadora de manuscritos. A criação de Gutenberg ampliou a produtividade de um monge em 200 vezes.
No Museu Gutenberg, assisti à demonstração de uma página sendo impressa em uma réplica de sua invenção. Primeiro, uma liga de metal é aquecida e derramada sobre uma matriz (molde usado para fundir os caracteres). Quando a liga esfria, as pequenas letras de metal são organizadas em palavras e frases, compondo o conteúdo de uma página, e revestidas com tinta. Finalmente, um papel é colocado em cima do molde. Na sequência, uma placa pesada faz pressão sobre ele, como uma prensa de uva para produção de vinho.
Qualquer semelhança talvez não seja mera coincidência: acredita-se que, de fato, Gutenberg se inspirou na prensa de vinho. Desde que os romanos começaram a produzir vinho na região, a área ao redor de Mainz é um dos principais polos vinícolas da Alemanha, com variedades de uvas famosas, como riesling, dornfelder e silvaner.
A página impressa para os visitantes do museu reproduz o estilo original (com fonte gótica e 42 linhas), o mesmo usado na Bíblia de Gutenberg - o primeiro grande livro a ser impresso usando tipos móveis no mundo ocidental. Trata-se da primeira página do Evangelho de São João, que começa assim: "No princípio, era o verbo…".
 
Réplica da prensa de Gutenberg no museu

A escrita é frequentemente considerada a primeira revolução da comunicação, enquanto a prensa de Gutenberg é associada à revolução da comunicação de massa. Após cerca de 15 anos de desenvolvimento - e um enorme aporte de capital -, Gutenberg publicou sua primeira Bíblia em 1455.
"A Bíblia de Gutenberg é um trabalho extraordinário de habilidade", diz Kovarik.
Segundo ele, é possível notar uma forte motivação religiosa na perfeição de seu trabalho.
"Isso não era incomum na época. Por exemplo, um escultor tentaria fazer uma estátua perfeita em um canto remoto de uma das grandes catedrais, não para as pessoas cultuarem, mas como uma expressão de fé pessoal."

Revolução impressa

Da tiragem original de cerca de 150 a 180 Bíblias, apenas 48 existem até hoje. Dois exemplares estão em exibição no Museu Gutenberg. E ambos são ligeiramente diferentes. Após a impressão, as páginas eram levadas para serem rubricadas à mão por calígrafos especializados, que pintavam determinadas letras de acordo com o gosto dos clientes. As Bíblias de Gutenberg acabaram se tornando best-sellers.
Inicialmente, a Igreja recebeu bem a oportunidade de disponibilizar bíblias impressas e outros textos religiosos. A impressão permitia propagar a mensagem cristã e levantar dinheiro em forma de "indulgências" - documentos que concediam o perdão divino a quem pagasse. No entanto, o poder subversivo da palavra impressa logo ficou evidente.
Na década de 1470, todas as cidades europeias tinham gráficas e, nos anos 1500, cerca de 4 milhões de livros já tinham sido impressos e vendidos. Com a rápida difusão da tecnologia de impressão, novas ideias - muitas vezes contraditórias às da Igreja - começaram a ser propagadas, como as 95 teses de Martinho Lutero, que criticava a venda de indulgências.
Dizem que Lutero pregou o texto na porta da Igreja de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. Poucos anos depois, 300 mil cópias haviam sido impressas e distribuídas, levando à Reforma Protestante e a um cisma permanente na Igreja.
 
Bíblia de Gutenberg

Mas, apesar do amplo alcance e do impacto de sua invenção, pouco se sabe sobre o próprio Gutenberg - a história do cidadão mais ilustre de Mainz segue envolta em mistério.
Uma placa mostra o lugar em que ele nasceu, na esquina da rua Christofs, mas a casa original já não existe mais. Hoje, é um edifício moderno, onde funciona uma farmácia.
Outra tabuleta, do lado de fora da Igreja de São Cristóvão, nas redondezas, indica o local onde ele provavelmente foi batizado. A igreja foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e permanece em ruínas, como memorial de guerra. Mas a pia batismal original, do tempo de Gutenberg, ainda está intacta.
O cemitério onde sepultaram seu corpo foi pavimentado. E, apesar de haver estátuas dele em toda a cidade, não se sabe exatamente sua fisionomia. Em geral, Gutenberg é representado com barba, mas é pouco provável que usasse uma. Ele era de família aristocrata e, naquela época, apenas peregrinos e judeus usavam barba, de acordo com a guia Johanna Hein.
Na verdade, o homem que todo mundo conhece como Johannes Gutenberg nasceu Johannes Gensfleisch (que se traduz como "carne de ganso"). Se não fosse pelo costume do século 14 de adotar como sobrenome o local em que a família residia, talvez estivéssemos nos referindo hoje à "Prensa de Gensfleisch".

Estátua de Gutenberg

Mas, apesar de Gutenberg quase não ter deixado rastros físicos, sua influência pode ser observada por toda parte - seja em um anúncio publicitário de cosméticos, em uma mulher lendo o jornal em um café ou no cardápio de um restaurante.
Além disso, a revolução da comunicação em curso atualmente, viabilizada pela internet, a tecnologia digital e a mídia social é mais uma etapa dos avanços que começaram com Gutenberg.
"Toda vez que o custo da mídia diminui rapidamente, você permite que mais pessoas se manifestem, e você tem uma diversidade maior de vozes", afirma Kovarik, explicando como isso afeta a distribuição de poder na sociedade e provoca mudanças sociais.
Paradoxalmente, no entanto, a revolução digital também pode ser vista como um retorno à era pré-impressão. É o que diz a Teoria do Parêntese de Gutenberg, desenvolvida por Thomas Pettitt, professor na Universidade do Sul da Dinamarca.
"A impressão conferiu estabilidade ao discurso: obras em livros eram oficiais; notícias impressas eram verdadeiras. Na ausência da impressão, a notícia perdeu sua autenticidade e, como na Idade Média, é sinônimo de boato. Estamos agora na fase da pós-notícia, onde provedores de fake news podem acusar a imprensa legítima de propagar notícias falsas e escapar impunes", explica Pettitt.
Seja qual for o impacto da revolução digital do século 21, podemos fazer um prognóstico: assim como aconteceu na revolução da imprensa, seus efeitos vão repercutir por centenas de anos.
BBC

Nasa revela vulnerabilidades em sistema de proteção de asteroides

Agência afirmou que chances de localizar asteroides vindos de certa direção do espaço são limitadas, o que aumenta riscos de 'incidentes' inesperados.
 A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) revelou a 'vulnerabilidade' em sua rede de observação de asteroides passam "próximos" ao planeta Terra, o que pode permitir que uma rocha espacial fique sem identificação – e consequente análise – pela equipe de astrônomos.
Durante uma teleconferência com a imprensa nesta quinta-feira (21), o oficial de defesa planetária da Nasa , Lindley Johnson, disse que havia uma chance 'limitada' de localizar asteroides vindos de certa direção no espaço. Segundo ele, é muito fácil rastrear objetos grandes, mas os menores podem aparecer no horizonte pouco antes de 'causar um estrago'.  
No início deste mês, por exemplo, uma pequena rocha espacial chamada 2018 LA foi identificada algumas horas antes de explodir sobre a República Botsuana. Felizmente, o asteroide era tão pequeno que causou poucos danos ao irromper no céu.
O 2018 LA é o terceiro asteroide identificado em um trajeto de grande impacto para a Terra. Ele também marca a segunda vez que um evento como esse foi descoberto tão ‘em cima da hora’”, conforme pontuou o gerente do Centro de Estudos de Objetos Terrestres da agência, Paul Chodas.

Nasa quer reforçar sistema de controle e identificação  de asteroides

Nasa afirmou que rede de observação de asteroides criada especialmente para proteger o planeta Terra possui limitações

Durante a coletiva, a agência afirmou que fará ajustes para melhorar o programa "Estratégia e Plano de Ação Nacional de Preparação de Objetos Terrestres", que tem como objetivo definir medidas de identificação e deflexão de asteroides no espaço.
Johnson ressaltou que, atualmente, a equipe tem investido em equipamentos tecnológicos potentes, como os telescópios. Porém, pontuou que, como são usados para observar o céu durante a noite, não garantem um monitoramento completo, já que as rochas podem se aproximar de um “lado diurno”, o qual os cientistas têm dificuldades em registrar.
"Se a rocha espacial entrar no Sistema Solar e se aproximar do planeta Terra durante a noite, vai ser fácil localizá-la e impedi-la de cair em nosso planeta. Entretanto, se isso ocorrer pela manhã, nossas chances de identificação diminuem muito. O mesmo acontece com o tamanho dos asteroides, uma que, quanto menor ele for mais próximo da Terra terá de chegar para que o detectemos. Assim, estamos estudando ajustes para aumentar a eficácia do sistema”, concluiu o oficial de defesa planetária da Nasa .

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Como o uso de ar-condicionado está deixando o mundo mais quente

Qual a melhor forma de permanecer fresco num mundo cada vez mais quente?
 
Conforme o clima no mundo fica mais quente, sistemas de ar-condicionado estão se tornando cada vez mais populares. Mas será que a energia consumida para deixar nossas casas e escritórios mais frescos vai acabar acelerando a mudança climática, ou alterações no design dos aparelhos conseguirão evitar isto?
Ao contrário do que dizem os teóricos da conspiração, o mundo está sim ficando mais quente: 16 dos 17 anos mais quentes já registrados ocorreram desde 2001, dizem os climatologistas.
Assim, não surpreende que a demanda por ar-condicionado seja cada vez maior. A energia consumida por esses aparelhos deve triplicar de hoje até o ano de 2050, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Isto significa que, até 2050, os aparelhos espalhados pelo mundo estarão usando toda a capacidade elétrica dos Estados Unidos, Europa e Japão, somados.
Cientistas e empresas de tecnologia estão, portanto, tentando tornar os sistemas mais eficazes.
Pesquisadores da Universidade de Stanford, por exemplo, desenvolveram um sistema que usa materiais de ponta e se ampara nos princípios de uma área da ciência ainda pouco explorada, a nanofotônica.
A equipe de Stanford criou um material altamente reflexivo, que dissipa o calor mesmo sob a luz solar direta. E a energia térmica infravermelha que resulta do processo é refletida num comprimento de onda que ultrapassa a atmosfera da Terra e chega ao espaço, ao invés de ficar confinada no planeta.
 
Invento da Skycool Systems em teste num telhado
 
Em testes, os cientistas descobriram que o material pode ser usado para resfriar a água que circula em canos abaixo dos painéis. Uma vez resfriada, a água (que fica alguns graus abaixo da temperatura do ar) pode ser usada para resfriar um prédio.
E o processo todo funciona sem eletricidade.
Os pesquisadores registraram uma empresa - batizada de SkyCool Systems - para tentar levar a nova tecnologia ao mercado.
"É bem possível que os futuros aparelhos de ar-condicionado sejam duas vezes mais eficientes do que os atuais", afirmou Danny Parker, do centro de energia solar da University of Central Florida.
Parker e seus colegas passaram os últimos anos tentando encontrar formas de tornar os sistemas de refrigeração mais eficazes.
Em 2016, por exemplo, o grupo descobriu que dispositivos refrigerados com vapor de água podiam ser conectados a aparelhos convencionais de ar-condicionado - tornando o ar resultante ainda mais frio.
 
Ar-condicionado é essencial em Nova Déli (Índia), onde as temperaturas podem chegar a 50º C
 
Com a modificação, os aparelhos tradicionais de ar-condicionado faziam menos esforço para abaixar a temperatura do ar. Os pesquisadores calcularam que sistemas como este poderiam melhorar a eficácia da refrigeração de 30% a 50%, dependendo do clima local.
Uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Samsung, desenvolveu uma tecnologia chamada "wind free", ou "sem vento", em tradução livre. A ideia é ir repondo lentamente a massa de ar frio dentro do cômodo depois que a temperatura desejada for atingida - sem a necessidade de ventiladores com alto consumo de energia operando o tempo todo.
A empresa garante que aparelhos que usam a nova técnica são 32% mais eficazes que os ar-condicionados tradicionais.
A verdade é que já existem alguns dispositivos bastante eficientes no mercado - inclusive modelos A longo prazo, um aparelho com um inversor acaba sendo mais eficaz que um modelo mais simples, que funciona sempre à mesma potência, e por isso precisa ser ligado e desligado para que seja mantida a temperatura no cômodo.
"Quando não estão rodando na potência máxima (os aparelhos com inversores) são muito mais eficientes", diz Parker.
"Muitas pessoas em países em desenvolvimento podem não optar por gastar um dinheiro a mais comprando aparelhos com inversores, mas se o fizessem, isto representaria uma diferença no aumento do consumo de energia para refrigeração", diz Brian Motherway, da IEA.
"É realmente importante fazer as pessoas pensarem em comprar os aparelhos mais eficientes", diz ele. "A solução já está disponível nas prateleiras das lojas".
Esta "solução" pode ser difícil de vender em locais como a China, diz Iain Staffell, especialista em energia do Imperial College de Londres.
"As pessoas buscam um aparelho que seja o mais barato possível, e não estão muito preocupadas com o gasto que terão na conta de luz no futuro, uma vez que a energia é muito barata na China", diz ele.
Mesmo assim, grupos dedicados a questões de energia lançaram uma campanha no começo deste ano, cujo objetivo é etiquetar os produtos no mercado quanto à eficiência energética. A iniciativa é similar às etiquetas que os brasileiros já conhecem em seus eletrodomésticos.
 
O aplicativo desliga os aparelhos quando ninguém está em casa

terça-feira, 19 de junho de 2018

Os pinguins que derrubaram dois ministros

A Reserva Nacional Pinguim de Humboldt, último grande bastião da espécie

"Já comi pinguim, em escabeche”, diz o pescador Salvador Vergara, de 49 anos, gritando para conseguir ser ouvido por causa do barulho do motor de sua embarcação. “Com cebolinha é delicioso”, recorda. Vergara circunavega a ilha chilena de Choros, no coração da Reserva Nacional Pinguim de Humboldt, o último grande bastião da espécie no planeta. Em 1990, quando a reserva foi criada, esses pequenos pinguins, com uma faixa preta no peito, eram servidos refogados ou em escabeche e estavam à beira da extinção. Hoje se recuperaram até chegar a 16.000 exemplares e sua força é tamanha que conseguiram algo inédito: a demissão de dois ministros.
Vergara vive em Punta de Choros, uma tranquila comunidade de pescadores na costa norte do Chile. É um lugar único no mundo. Por suas águas passa a corrente de Humboldt, uma estrada submarina que carrega nutrientes da Antártida até o Equador. Diante das três ilhas que formam a Reserva Nacional Pinguim de Humboldt, a água das ricas correntes profundas ascende à superfície, dando de presente um banquete para um grande número de espécies oceânicas. Na reserva vivem golfinhos-nariz-de-garrafa, lontras felinas (uma lontra bem pequena) e leões marinhos. E por suas águas passa o gigante do mar: a baleia azul, de até 180 toneladas, acompanhada por baleias-comuns e baleias-jubarte. Mas esse paraíso, segundo alerta Vergara, está ameaçado. “Vivemos da pesca e do turismo. Se vier o Dominga, ficaremos de braços cruzados”, afirma.
 
O pescador Salvador Vergara circunavega a ilha chilena de Choros
 
Dominga é um projeto da empresa chilena Andes Iron para criar uma gigantesca mina a céu aberto, capaz de produzir por ano 12 milhões de toneladas de concentrado de ferro e 150.000 toneladas de concentrado de cobre, que abasteceriam o voraz mercado chinês por meio de um novo porto com um atracadouro de 1,2 quilômetro. A palavra Dominga está pintada em todas as paredes de Punta de Choros: “Vamos proteger o mar do projeto assassino Dominga”, “Não ao Dominga: Punta de Choros não se vende”. Caminho de passagem dos povos do interior, a apenas alguns quilômetros da costa o discurso sofre uma metamorfose. Sobre o asfalto da Rodovia Panamericana – que cruza o Chile de norte a sul – há faixas penduradas nas pontes: “Mineração e meio ambiente podem coexistir. Sim ao Dominga”, “Contra a desnutrição, sim ao Dominga”.
A comuna de La Higuera, à qual pertence a reserva de pinguins, está dividida em duas. A população da costa vive da pesca e dos 80.000 turistas que visitam o lugar todos os anos. A mina, denunciam, acabaria com seu modo de vida; os habitantes do interior, mais pobres, veem o projeto de mineração como uma tábua de salvação. Na Comuna de La Higuera, com 4.600 habitantes, o porcentual de população em situação de pobreza supera 22%, quase o dobro do restante do país. A mina de ferro, com um investimento de 2,5 bilhões de dólares (9,8 bilhões de reais), daria trabalho a cerca de 1.500 pessoas durante sua vida útil, uns 27 anos.
“Obviamente, poderia haver um derramamento de hidrocarbonetos ou de óleos, poderiam ser introduzidas espécies exóticas invasoras, e isto poderia afetar a nidificação deste pinguim e a vida dos mamíferos marinhos”, alerta Pablo Arróspide, administrador da Reserva Nacional Pinguim de Humboldt. “A reserva é um motor econômico bastante importante para a região, já que o turismo cresceu exponencialmente nos últimos anos”, festeja.
 
Cartaz contra a mina Dominga na localidade de Punta de Choros
 
A mina Dominga passou a ser uma ameaça constante, com assédio, com pressões a nossos associados, oferecendo-lhes alguns benefícios, como motores e barcos, e praticamente dividindo a nossa comunidade. Fez um trabalho de dividir para poder reinar”, afirma o pescador Óscar Avilez, enquanto passeia por uma praia coberta por conchas de loco, um suculento molusco da região. Avilez é porta-voz da Cooperativa Pesqueira Punta Norte. Sua organização, com 150 associados, exporta todos os anos um milhão de unidades de loco, principalmente para o mercado asiático, segundo suas cifras.
Sobre um barco azul e rodeado pelas duas filhas e um peludo filhote de cachorro, Josué Ramos, presidente da Cooperativa Los Chorros, também é taxativo: “Nós como pescadores somos contra este projeto da mineradora Dominga porque eles contemplam um megaporto. E no Chile a história dos megaportos que abastecem as mineradoras tem puras catástrofes em nível nacional”.
O geólogo Armando Siña, vice-presidente da Andes Iron, sorri quando escuta as enormes críticas a seu projeto. “Antes de mais nada, estamos a 30 quilômetros da Reserva Nacional Pinguim de Humboldt. É uma distância bastante considerável”, afirma no lugar desabitado no qual a mina seria criada. A empresa organizou uma campanha publicitária com o slogan “O melhor projeto de mineração do mundo”. No porto de Dominga, argumenta Siña, só chegariam 56 barcos por ano, sem carregar nem descarregar combustível. “A 10 quilômetros da costa já há uma rota de navegação pela qual passam 1.600 navios por ano”, diz.

Lugar em que seria construída a mina Dominga, na Comuna de La Higuera

A Reserva Nacional Pinguim de Humboldt se converteu no epicentro de uma guerra mundial: a travada entre o desenvolvimento econômico e a conservação do meio ambiente. Em agosto de 2017 houve sangue nessa batalha. Depois de uma série de vereditos contraditórios das diferentes autoridades ambientais, a mina Dominga chegou ao Comitê de Ministros. O Governo da socialista Michelle Bachelet rejeitou o projeto, mas dois ministros – Rodrigo Valdés, da Fazenda, e Luis Felipe Céspedes, da Economia – anunciaram sua demissão imediata como sinal de protesto. “Alguns não têm o crescimento dentro das prioridades mais altas e lhes custa, às vezes, compatibilizar isso com outros objetivos que são muito importantes também”, declarou Valdés.
“Tudo isso causou um grande alvoroço no Chile porque no fundo se interpreta que essa rejeição tem razões mais políticas do que técnicas ou ambientais”, afirma o diretor da Andes Iron. A organização de conservação marinha Oceana divulgou os vínculos entre o projeto de mineração e a família do político conservador Sebastián Piñera, rival de Bachelet e novo presidente do Chile desde 11 de março de 2018. A própria mineradora reconheceu que a família Piñera “participou passivamente” no início do projeto, em 2010, por meio de um fundo de investimentos. Hoje, 75% da Andes Iron pertence à família do empresário chileno Carlos Alberto Délano, amigo de Piñera há 40 anos.

No total, 22% da população da Comuna de La Higuera está em situação de pobreza

O futuro da mina, e da Reserva Nacional Pinguim de Humboldt, segundo os mais pessimistas, depende agora da Justiça. Em abril, o Tribunal Ambiental de Antofagasta anulou a decisão de rejeitar o projeto, ante a existência de irregularidades no procedimento. Mas os advogados da Oceana e de outras organizações de ecologistas e pescadores apresentaram em 16 de maio um recurso extraordinário na Corte Suprema solicitando uma nova rejeição à mina Dominga.
Magaly Báez, uma jovem da Comuna de La Higuera, resume o desespero dos partidários da mina: “Meu pai é pescador e eu sou a favor do projeto Dominga, porque nós precisamos de desenvolvimento na comuna. Estamos abandonados há mais de 40 anos pelo Governo. E vemos uma oportunidade de desenvolvimento e de trabalho para as pessoas, para nós e para nossos filhos”.
 
El País

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Copa do Mundo 2018: Como o futebol pode ajudar Putin a melhorar imagem da Rússia

Todos os holofotes estão postos sobre a Rússia. Desta vez, porém, a atenção que o país ganha não tem a ver com acusações de envenenamentos de espiões, interferência em eleições e outros pontos de tensão com a comunidade internacional.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em discurso na abertura da Copa
O motivo é o futebol, o Mundial, o novo grande aliado de Vladimir Putin.
Embora o presidente russo admita não ser entusiasta desse esporte, ele tem se dedicado à causa na Copa do Mundo que começou na quinta-feira, tendo o seu país como sede.
Não em vão, é a vitrine perfeita para melhorar a imagem global da Rússia em um momento de isolamento, segundo analistas consultados pela BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
A guerra na Síria, o conflito na Ucrânia, o caso do ex-espião russo envenenado junto com a filha, no Reino Unido, ou a suposta interferência em processos eleitorais nos Estados Unidos e em outros países s são algumas das questões que vinham causando duras críticas à Rússia e causando um desgaste considerável a sua imagem no cenário internacional.
É nesse contexto que, para o correspondente da BBC em Moscou, Steve Rosenberg, a Copa do Mundo é uma oportunidade de ouro para Putin.
"É o primeiro dia, mas eu já posso revelar o vencedor desta Copa do Mundo: Vladimir Putin", disse o jornalista após a abertura do torneio na quinta-feira.
O fato de o maior campeonato de futebol do mundo estar ocorrendo no país já é uma vitória para o Kremlin, destaca Rosenberg, e apesar de alguns críticos no Ocidente terem pedido um boicote ao evento, o fato é que "suas equipes e seus seguidores também estão" no país, participando.

'Um país moderno e aberto'

A expectativa é que meio milhão de pessoas visitem a Rússia para a Copa do Mundo e Putin está ciente disso.
Depois da apresentação do cantor britânico Robbie Williams na abertura do torneio em Moscou e antes da Rússia marcar 5 gols contra a Arábia Saudita na partida de abertura, o presidente expressou sua satisfação e aproveitou a oportunidade para se dirigir ao mundo.
"Nós amamos o futebol aqui. A Rússia é um país aberto, hospitaleiro e amigável", disse Putin em seu discursou.
 
"Desde a invasão da Crimeia em 2014" - logo após os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi (Rússia) - "os países do Ocidente têm concentrado parte de suas políticas em isolar a Rússia e esse isolamento tem afetado o prestígio do país", explica o cientista político Andrew Radin, da consultoria independente RAND, dos Estados Unidos.
"A Copa do Mundo é uma oportunidade para reorientar a imagem internacional da Rússia e destacar que o país é uma sociedade moderna e desenvolvida com história e cultura ricas."
"Uma das maneiras de fazer isso é abrir-se ao exterior: não apenas acolhendo os torcedores com o melhor sorriso, mas convidando artistas estrangeiros, como Robbie Williams, ou outras personalidades para fazerem parte da celebração.", diz Alina Polyakova, especialista em Rússia do Instituto Brookings.
"Tudo para mostrar que a Rússia é um país semelhante ao Reino Unido, à França ou aos Estados Unidos, e não o regime autoritário como aparece na imprensa, algo que é claro que é. É possível ser as duas coisas: uma nação moderna e um regime autoritário", acrescentou ela à BBC News Mundo.
O evento também pode servir para manter a popularidade de Putin dentro do país, diante das reformas que vem realizando para enfrentar os problemas econômicos do país.
Na quinta-feira, o governo anunciou que aumentaria o imposto sobre consumo - equivalente ao ICMS no Brasil - e a idade de aposentadoria para homens e mulheres, uma decisão impopular que evitou tomar por anos e que só foi divulgada algumas horas antes do início da Copa do Mundo.

Uma mudança?

A questão agora é: a posição da Rússia mudará em âmbito global graças à Copa do Mundo? Os especialistas acham difícil.
"Eu não acredito que isso será um ponto de virada (para a relação entre a Rússia e o Ocidente)", diz Jeff Mankoff, especialista em Rússia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
"Os chefes de Estado dos principais países do Ocidente não foram a Moscou para a abertura da Copa do Mundo, e eu acho que a evidência é de que a relação segue como antes", analisou ele em entrevista à BBC News Mundo.

Robbie Williams

"As disputas sobre a guerra na Síria, o conflito na Ucrânia, a suposta interferência nas eleições em todo o mundo ou as sanções contra Moscou continuarão a fazer parte da conversa entre as elites políticas durante o campeonato", diz Mankoff, e "voltarão ao primeiro plano quando terminar."
"Muita gente pode ficar impressionada com a gestão russa da Copa do Mundo, mas geralmente essas impressões têm uma recompensa limitada", diz Stephen Sestanovich, ex-embaixador extraordinário dos EUA para os novos países que surgiram com o colapso da União Soviética e membro do grupo de analistas do think tank Conselho de Relações Exteriores.
Em sua opinião, há apenas uma maneira pela qual a Copa do Mundo pode propiciar uma mudança: se Putin realmente quiser que aconteça e utilizar a boa atmosfera do futebol para dar um passo atrás nos grandes conflitos.
"Ele vai fazer isso? Aí está a oportunidade, se quiser aproveitá-la", diz Sestanovich. "Mas não estou tão certo de que Putin seja tão criativo."
BBC Brasil

4 missões do Summit, o super computador mais poderoso do mundo que acaba de entrar em operação

Mal entrou em funcionamento e já está sendo chamado de o supercomputador mais poderoso do mundo. Esse é o Summit, que é duas vezes mais rápido do que o chinês Sunway TaihuLight, tido até então como que a máquina mais veloz do planeta.
 
Summit
Desenvolvido nos Estados Unidos por meio de uma parceria entre a IBM e a Nvidia, o Summit, que fica no Laboratório Nacional de Oak Ridge, no Tenessee, o supercomputador tem capacidade para 200 quatrilhões de cálculos por segundo.
É composto por fileiras de servidores do tamanho de geladeiras que, juntos, pesam 340 toneladas e ocupam uma área de 520 m² - o equivalente a duas quadras de tênis. O Summit está conectado com mais de 300 quilômetros de cabos.
O computador trabalha como um monstro sedento que consome mais de 4 mil galões de água a cada minuto para manter seu sistema de refrigeração funcionando.
Segundo os criadores, a máquina é tão eficiente que já funcionava enquanto ainda estava sendo montada.
"Imagine dirigir um carro de corrida enquanto trocam os pneus", disse Thomas Zacharia, diretor do laboratório onde a supermáquina foi montada.

Um chip do Summit

A princípio, o computador será usado para criar modelos científicos e fazer simulações baseadas em inteligência artificial e automatização de padrões para acelerar descobertas em áreas como saúde, energia, desenvolvimento de materiais e astrofísica.

Superpoderes

  • 200 quatrilhões de cálculos em um segundo. Se uma pessoa consegue fazer um cálculo por segundo, levaria 6,3 bilhões de anos para calcular o que o Summit executa em um piscar de olhos.
  • Se os 7,4 bilhões de habitantes do mundo fizessem um cálculo por segundo, demoraria 305 dias para realizar uma operação que para o Summit é instantânea.
  • O sistema de armazenamento do Summit é capaz de armazenar 250 petabytes de dados, o que equivale a 74 milhões de anos de vídeo de alta definição.
línea
Veja como o poderoso "cérebro" do Summit poderá ajudar a conseguir avanços nessas áreas:

1. Astrofísica

O Summit vai permitir simular cenários de explosões de estrelas mil vezes maiores que as que vinham sido recriadas até agora. Também vai poder rastrear 12 vezes mais elementos que os atuais projetos.
Pesquisadores esperam conseguir coletar pistas sobre como elementos pesados, incluindo ferro e ouro, se formaram na Terra.

Imagem do espaço

2. Materiais

Entender como as partículas subatômicas se comportam é um conhecimento tido como chave no desenvolvimento de novos materiais para produzir, armazenar e transformar energia.
O Summit promete multiplicar por 10 a capacidade de simulação desses comportamentos, o que deve acelerar a descoberta de materiais que podem conduzir energia de forma mais eficiente.

cidade à noite iluminada

3. Acompanhamento do câncer

Médicos e cientistas usam ferramentas automatizadas para extrair, analisar e classificar informações na tentativa de identificar fatores relacionados ao câncer, como genes, características biológicas e meio ambiente.
O Summit ajudará a cruzar essas informações com relatórios e imagens de diagnósticos. Assim, ajudará a obter um panorama mais completo da população que sofre de câncer, com um nível de detalhe que normalmente só se obtém de pacientes que fazem parte de pesquisas clínicas.

Cientistas num laboratório

4. Biologia

O Summit usará inteligência artificial para analisar dados com informação genética e biomédica.
A ideia é que, por meio dos cálculos feitos pelo supercomputador, pesquisadores consigam identificar padrões de comportamento das células humanas.
Essa análise de informações em grande escala pode ajudar a entender melhor algumas doenças, como o Alzheimer, e também a compreender fatores que levam à toxicodependência.
BBC

O vulcão Kilaue transformou parte da costa do Havaí em uma cena de filme apocalíptico

 
 
Já faz seis semanas que as fissuras de lava começaram a irromper no Havaí, e aparentemente não há previsão de término para o fenômeno. Novos vídeos capturados pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos revelam a extensão da reformulação da paisagem e de como a lava tem transformado as praias em uma pilha de lixo vulcânico.
 
 
A devastação parece não ter fim, mas o trecho afetado tem cerca de um quilômetro de extensão. E a coisa é bem feia: pequenas explosões costeiras quando a lava atinge o oceano podem ser vistas.
 
Um segundo vídeo liberado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos mostra o que está rolando na cratera Halemaumau, que faz parte do Parque Nacional de Vulcões do Havaí. As imagens foram capturadas por drones no dia 13 de junho e oferecem uma vista única do vulcão, que começou a entrar em erupção no meio de maio.

A parte mais profunda da cratera está a cerca de 300 metros abaixo da borda. A parte plana no fundo da cratera é a antiga superfície interior de Halemaumau, que afundou pelo menos 100 metros nas últimas semanas.
Rachaduras no solo perto da borda da cratera podem ser vistas cortando a região em que funcionava um estacionamento (que foi fechado em 2008).
As cenas parecem horríveis, mas a boa notícia é que essa região acabará se recuperando assim que o Kilauea se estabilizar. As belas ilhas do Havaí não existiriam se não fossem esses processos vulcânicos.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Por que o tempo parece passar mais rápido a cada ano?

O que acontece quando você entra em um quarto escuro onde há uma vela acesa? Você logo nota a chama, certo?
 
Desenho de uma balança com três pesos de um lado e uma lâmpada do outro
E se o local estiver completamente iluminado? Provavelmente, você levará mais tempo para se dar conta de que a vela está acesa.
O mesmo ocorre com peso. Uma pessoa pode distinguir perfeitamente a diferença entre um peso de 100 gramas e outro de 120 gramas, mas não é tão fácil diferenciar um de 200 gramas de outro de 220 gramas.
São os mesmos 20 gramas de diferença no dois casos, mas nossa percepção é alterada - e a ciência explica isso, por meio da Lei de Weber.

Um algoritmo

Ernst Heinrich Weber (1795-1878) foi um renomado médico alemão que, no século 19, desenvolveu um importante trabalho nos campos da fisiologia e da psicologia.
Ele foi o primeiro a se dar conta desse fenômeno e a traduzí-lo em uma equação. A fórmula foi melhorada por um psicólogo da mesma época, o também alemão Gustav Theodor Fechner (1801-1887).
A lei diz que, quando são comparados dois estímulos pequenos, basta uma diferença mínima para distinguí-los perfeitamente. Agora, se sua dimensão é maior, os dois elementos devem ser muito diferentes entre si para nos darmos conta.
Por isso, com os pesos, ainda que sejam 20 gramas de diferença em ambos os casos, é mais fácil distinguir a diferença de peso das peças menores. O mesmo se dá com a vela em um quarto escuro.
 
Pesos de balança
 
Essa lei também se aplica à passagem do tempo e explica por que isso parece se acelerar à medida que ficamos mais velhos.
"Ainda que um ano tenha a mesma duração, a relação entre a duração de um ano e o tempo total que você já viveu fica cada vez menor", explica a matemática Hannah Fry em um vídeo do Numberphile, um canal do YouTube especializado na ciência dos números.
Isso significa que não se trata de uma evolução linear e cada ano que passa acrescenta perceptivelmente menos ao total da nossa vida do que a passagem de um ano quando somos pequenos, e é por isso que, quando ficamos mais velhos, temos a sensação de que o tempo passa mais rápido.
Fry usa como exemplo as penas de prisão. "Você sente menos um período de três meses atrás das grades do que um de seis meses. Mas o mesmo não se aplica a uma pena de 20 anos e uma de 20 anos e três meses", explica.

Dibujo de un cerebro con un reloj

A conclusão é que, ao aumentar a quantidade e o tamanho, cada vez menos percebemos as diferenças de tempo ou peso.

A Lei de Weber no comércio

De acordo com Fry, essa técnica é aplicada pelas empresas em seus negócios.
Por exemplo, argumenta a especialista, é mais difícil notar um aumento substancial do preço de produtos muito caros como eletrodomésticos ou imóveis do que de produtos bem baratos, como um litro de leite ou um pacote de pão.
Da mesma forma, a Lei de Weber seria usada, garante Fry para reduzir gradualmente o tamanho de produtos, como uma barra de chocolate, e manter o mesmo preço.
O consumidor não perceberia, assim, a alteração, nem que está pagando o mesmo valor por algo menor.
BBC

A Carta que Colombo escreveu após chegar às Américas e que os EUA acabam de devolver à Espanha

A história dessa carta pode muito bem ser o roteiro de um filme. E não só pelo seu conteúdo, mas também pela viagem que fez desde que foi entregue ao seu primeiro proprietário.
Esta é uma das cópias impressas feitas no século 15 da missiva original que Cristóvão Colombo escreveu depois de chegar à América, o "Novo Mundo" que o navegador acreditava serem as Índias Orientais.
Recentemente, a carta foi devolvida a mãos espanholas por autoridades dos EUA, após uma viagem bizarra e uma investigação internacional que durou sete anos.
É "um patrimônio cultural de enorme valor histórico e documental, já que apenas 16 exemplares dessas cartas impressas estão armazenadas em várias bibliotecas ao redor do mundo", disse o embaixador da Espanha em Washington, Pedro Morenés, na cerimônia oficial realizada na cidade para devolver a carta para a Espanha.

Uma trilha e vários roubos

Tudo começa em 2004 ou 2005, quando o manuscrito foi roubado da Biblioteca Nacional da Catalunha, em Barcelona, sem que ninguém percebesse.
Os ladrões colocaram uma cópia em seu lugar e conseguiram pegar o original, no qual Colombo relata aos Reis Católicos, Fernando e Isabel, sua experiência nas Américas.
O "escambo" foi descoberto anos mais tarde, em 2012, quando as autoridades dos EUA obtiveram uma pista inesperada: várias cópias do manuscrito tinham sido roubadas em várias partes da Europa e substituídas por falsificações extremamente profissionais.
Foi aí que as autoridades americanas começaram a atuar, como explicaram durante a cerimônia oficial de entrega à Espanha, realizada em Washington.
O agente Especial Mark Olexa descobriu que duas cartas semelhantes haviam sido roubadas e substituídas por falsificações em bibliotecas em Florença e no Vaticano.
Em seguida, ele viajou para Barcelona com um professor da Universidade de Princeton (EUA) para confirmar suas suspeitas de que a carta que estava sob sua custódia tampouco era original, informa a agência de notícias EFE.
Quando chegaram, verificaram que um roubo também ocorrera em Barcelona, em uma data não especificada de 2004 ou 2005.
Descobriram, então, que a carta mudara de mãos várias vezes.
Os pesquisadores verificaram que a cópia de Barcelona fora vendida por dois interceptadores italianos por 600 mil euros (R$ 2,6 milhões em valores atuais) em 2005 e depois revendida em 2011 por 900 mil euros.
A busca chegou ao Brasil, onde Olexa encontrou o detentor da carta, um colecionador de São Paulo cujo nome não foi identificado.
Após longas negociações, o proprietário devolveu o manuscrito em 2014 às autoridades americanas.
E, na semana passada, finalmente voltou ao destinatário original.