segunda-feira, 28 de outubro de 2019

A curiosa origem do Dia das Bruxas

O Dia das Bruxas é conhecido mundialmente como um feriado celebrado principalmente nos Estados Unidos, onde é chamado de Halloween.
Mas hoje em dia é celebrado em diversos outros países do mundo, inclusive o Brasil, onde hábitos como o de ir de porta em porta atrás de doces, enfeitar as casas com adereços "assustadores" e participar de festas a fantasia vêm se tornando mais comuns.
Mas sua origem pouco tem a ver com o senso comum atual sobre esta festa popular. Entenda a seguir como ela surgiu.

De onde vem o nome?

O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve".
"Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro.
Mas uma coisa é a etimologia de seu nome, outra completamente diferente é a origem do Halloween moderno.
 Como a festa começou?
 
Getty
 
Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão").
O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita.
O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados.
A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf". Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também.
Em meados do século 8, o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio - a data do festival romano dos mortos - para 1º de novembro, a data do Samhain.
Não se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain.
Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.
O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.
Fogueiras tornaram-se especialmente populares a partir no Halloween. Elas eram usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain), como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste negra.
Outro costume de Halloween era o de prever o futuro - previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome do futuro marido ou mulher.
Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve formas com as quais uma pessoa jovem podia descobrir quem seria seu grande amor.
Muitos destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, uma pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.
Outros incluíam pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e a leitura de cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada.
Comer era um componente importante do Halloween, assim como de muitos outros festivais. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.
Igrejas de paróquias costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era tão incômoda que o rei Henrique 3º e a rainha Elizabeth tentaram bani-la, mas não conseguiram. Este ritual prosseguiu, apesar das multas regularmente aplicadas a quem fizesse isso.
 
EPA
 
Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a "Grande Fome", 1 milhão de pessoas foram forçadas a imigrar para os Estados Unidos, levando junto sua história e tradições.
Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado "inglês".
A princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita americanos. As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou "doughnuts" em inglês.
O milho era uma cultura importante da agricultura americana - e acabou entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. Tanto que, no início do século 20, espantalhos - típicos de colheitas de milho - eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.
Foi na América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino Unido, o legume mais "entalhado" ou esculpido era o turnip, um tipo de nabo.
Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween americano, marcado pelas cores laranja e preta.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição moderna de "doces ou travessuras". Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a partir dos anos 1920.
As brincadeiras podiam acabar ficando violentas, como ocorreu durante a Grande Depressão, e se popularizaram de vez após a Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento de alimentos acabou e doces podiam ser comprados facilmente.
Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com doces.
Ele veio após a transmissão pelo rádio de Guerra do Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, gerou uma grande confusão quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938.
Ao concluí-la, o ator e diretor americano Orson Wells deixou de lado seu personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.
E quanto ao Halloween moderno?
 
 
 
Hoje, o Halloween é o maior feriado não cristão dos Estados Unidos. Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados e a Páscoa como a data em que mais se vende chocolates. Ao longo dos anos, foi "exportado" para outros países, entre eles o Brasil.
Por aqui, desde 2003, também se celebra neste mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.
Em sua "era moderna", o Halloween continuou a criar sua própria mitologia. Em 1964, uma dona de casa de Nova York chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava velhas demais para brincar de "doces ou travessuras". Logo, espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.
Atualmente, o festival tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério norte. Ao mesmo tempo, vem ganhando novas formas e dado a oportunidade para que adultos brinquem com seus medos e fantasias de uma forma socialmente aceitável.
Ele permite subverter normais sociais como evitar contato com estranhos ou explorar o lado negro do comportamento humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja este o motivo de sua grande popularidade.
BBC

Por que o buraco da camada de ozônio está no menor tamanho já registrado

A agência espacial americana (Nasa) anunciou uma boa notícia sobre o buraco na camada de ozônio: o tamanho dele atualmente é o menor já registrado desde que foi descoberto, em 1985.
Mas essa redução no buraco não se deve ao impacto de medidas internacionais para conter a degradação do ozônio, mas a um fenômeno climático incomum na Antártica.
 
Ilustração mostra o buraco na camada de ozônio em outubro de 2019
 
O buraco na camada de ozônio em cima do continente antártico é um fenômeno sazonal, que atinge seu maior tamanho em setembro e outubro e desaparece em dezembro.
Em 8 de setembro deste ano, a fissura atingiu um tamanho máximo de 16,4 milhões de quilômetros quadrados, mas foi reduzida para 10 milhões de quilômetros quadrados no restante de setembro e outubro.
Normalmente, o buraco atinge cerca de 20 milhões de quilômetros nesses meses, uma quantidade inferior aos cerca de 25 milhões registrados em 2006.
Essa redução "é uma grande notícia", disse Paul Newman, cientista do Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa.
"Mas é importante reconhecer que o que estamos vivendo neste ano se deve a um aumento de temperaturas na estratosfera. A redução não é um sinal de que o ozônio atmosférico está em um caminho de rápida recuperação", afirmou Newman.

Alterações na camada de ozônio em setembro de 2019

Reações em cadeia

O ozônio é uma molécula altamente reativa composta por três átomos de oxigênio.
Entre 11 e 40 km acima da superfície da Terra, em uma faixa da atmosfera chamada estratosfera, o ozônio funciona como um filtro solar que protege o planeta da radiação ultravioleta — nos seres humanos, essa radiação pode causar efeitos como câncer de pele, catarata e suprimir o sistema imunológico.
Quando a radiação solar começa a se intensificar no início da primavera, começam a se formar as condições para uma série de reações químicas, produzidas a partir de cloro e brometo de produtos industriais presentes na região.
Essas reações químicas ocorrem em partículas nas nuvens que se formam nas camadas frias da estratosfera. Quando a temperatura está mais quente, formam-se nuvens polares menos estratosféricas — e essas persistem por um curto período de tempo. Portanto, o processo de destruição do ozônio fica menor nesses momentos.
É a terceira vez nas últimas quatro décadas que mudanças no clima e na temperatura reduzem a destruição da camada de ozônio, de acordo com Susan Strahan, cientista do centro Goddard, da Nasa. Reduções por causas semelhantes também ocorreram em 1988 e 2002.

Fotos de lapso de tempo da liberação de uma sonda para o estudo do ozônio na estação Amundsen-Scott, no Pólo Sul

"É um fenômeno estranho que ainda estamos tentando entender", afirmou Strah.
A uma altitude de 20 km, as temperaturas ficaram 16ºC mais quentes que o previsto.
O vórtice polar, um turbilhão de ventos frios ao redor dos polos, também ficou mais fraco, e a velocidade do vento caiu de uma média de 259 para 107 km por hora.
Em meados de outubro, o buraco na camada de ozônio permaneceu estável e deve se dissipar gradualmente nas próximas semanas.

Compostos industriais

Em 1997, vários países assinaram o Protocolo de Montreal, que proibia o uso e a produção de clorofluorcarbonos (CFCs), produtos químicos de origem artificial que contêm cloro e são utilizados em aerossóis, embalagens de espuma e materiais de refrigeração.
Mas esses compostos têm um tempo de vida bastante longo. E a presença deles na atmosfera continuou a aumentar até o ano 2000.
Desde 2000, os níveis de clorofluorcarbonos vêm caindo, mas ainda são altos o suficiente para produzir destruição significativa no ozônio.
Segundo a Nasa, a expectativa é que o buraco continue a diminuir nos próximos anos, mas o retorno ao nível em que ele estava em 1980 só vai acontecer por volta de 2070.
BBC

Como a invenção do laser gerou um conflito que durou 30 anos

Quem é o inventor de algo: o autor da ideia inicial, quem recebe a patente ou quem acaba transformando essa ideia em realidade?
 
Raios laser
No caso da invenção dos raios laser, até hoje, não há uma resposta clara a esse respeito: se você pesquisar, encontrará várias pessoas descritas como 'inventoras do laser'.
Tudo começou com uma sugestão feita por Albert Einstein em uma pesquisa intitulada "Sobre a teoria quântica da radiação", em 1917, quando ele deu as bases para produzir o raio de luz que usamos hoje – seja em delicadas cirurgias, ou para medir a distância entre a Terra e a Lua.
A partir de então, vários cientistas de diferentes partes do mundo começaram a explorar o que Einstein havia antecipado.
Mas foi somente nas décadas de 1940 e 1950 que os físicos encontraram uma maneira de colocar o conceito em prática.

Um dia em 1957

Na noite de 13 de novembro de 1957, um cientista chamado Gordon Gould não conseguia dormir em sua cama em Nova York

Gordon Gould

De repente, uma ideia lhe veio à cabeça. Ele pegou um caderno e começou a preenchê-lo com esboços, equações e cálculos.
Depois de uma semana de intenso trabalho, com seu caderno em mãos, ele foi a uma loja de doces, na qual pediu ao proprietário – que também era notário público – para selar cada uma das 9 páginas nas quais estava registrado o produto de seu trabalho.
O título que ele escolheu foi "Alguns cálculos aproximados sobre a viabilidade de um LASER: amplificação de luz por emissão estimulada de radiação".
Ele cunhou a palavra, que era um acrônimo de "Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation".

Um outro dia em 1957

Simultaneamente, também em Nova York, um físico de 34 anos chamado Charles Townes pensava intensamente sobre o mesmo assunto.
 
Charles Townes
 
Em outro dia em 1957, ele discutiu suas ideias com um colega, amigo e cunhado Arthur Schawlow, que encontrou a chave para fazer um laser: colocar os átomos que ele queria estimular em uma cavidade longa e estreita com espelhos refletivos para fortalecer o processo de emissão de fótons (partículas de luz), produzindo uma reação em cadeia.
Mas acontece que essa ideia foi a mesma que Gordon Gould teve.
Só que, diferentemente de Gould, Townes e Schawlow sabiam que, para patentear algo nos Estados Unidos, você não precisava efetivamente fabricar sua invenção: bastava provar que era possível fabricá-la.
Então foram eles que a patentearam.

Três décadas de disputas

Nas décadas seguintes, indústrias inteiras foram construídas em torno do laser.
Em 1964, Townes dividiu o Prêmio Nobel de Física com os russos Aleksandr M. Prokhorov e Nicolai G. Basov pelo desenvolvimento dessa invenção.

Arthur Schawlow posando com laser em um laboratório em Stanford, Estados Unidos

Schawlow ganhou o mesmo prêmio em 1981 por seus avanços no uso de lasers.
Enquanto isso, embora Gould tivesse sido o primeiro a descobrir como fazer um laser e cunhar o termo, ninguém acreditava nele.
Foram necessários 30 anos, muitas batalhas judiciais, milhões de dólares e uma luta épica com o governo dos Estado Unidos e a indústria do laser antes de alcançar o reconhecimento de uma das invenções mais revolucionárias do século 20.

Uma dívida enorme

O problema era que, se o que Gould alegava fosse declarado válido, todos os que haviam fabricado ou usado um laser anteriormente lhe seriam devedores. E quanto mais tempo levasse para o caso ser decidido, maior seria a dívida.

Gordon Gould

Em 1977, 20 anos após o caderno de Gould ser registrado, o Escritório de Patentes dos EUA declarou que ele primeiro teve a primeira ideia de um tipo de laser, o que lhe dava o direito de cobrar royalties de todas as empresas que o fabricavam.
Em 1979, ele venceu outra batalha, e a decisão final veio em 1985, quando a Justiça negou provimento aos casos de reexame da patente de Gould.
Ele tinha vencido. E, embora tivesse apenas 20% dos direitos sobre suas patentes, ele se aposentou com US$ 46 milhões.

O primeiro

Desta forma terminou uma das maiores guerras de patentes da história.

Theodore Maiman

Em 2013, os Estados Unidos mudaram seu sistema de conceder a patente ao primeiro a inventar para entregá-la ao primeiro a arquivar a ideia, em parte para evitar casos retroativos de décadas, como o de Gould.
Foi a última nação industrializada a mudar para esse sistema.
E deve-se notar que nem Gould, nem Townes, nem Schawlow foram os primeiros a fabricar a máquina a laser: quem conseguiu torná-la realidade foi outro físico chamado Theodore Maiman, em 1960.
Então, ele deveria levar o título de inventor do laser?

Um processo, não um ato

"Uma opinião comum entre os historiadores de ciência e tecnologia é que geralmente é um erro tentar vincular uma invenção ou uma descoberta científica a um único indivíduo ou instante no tempo", escreveu a historiadora Joan Lisa Bromberg, autora de "O Laser nos Estados Unidos, 1950-1970 ".

Imagens do filme 007 contra Goldfinger

Ela citou Hugh GJ Aitken, professor da Universidade Americana de Amherst, em Massachusetts, que escreveu: "Nós tendemos a pensar na invenção como um ato, ao invés de um processo devido ao viés incorporado às nossas leis de patentes".
"Para garantir os direitos de propriedade de uma nova descoberta, é importante poder estabelecer prioridades ao longo do tempo... No entanto, esse viés não deve corromper nossas interpretações históricas... a invenção (é) um processo com uma duração considerável no tempo, em que muitos indivíduos contribuem de maneira substancial."
O caso da invenção do laser é um bom exemplo disso.
Para Bromberg, nem Gould, nem Townes, nem Schawlow, nem Theodore Maiman fabricaram um laser por conta própria. O laser foi criado devido a todas as suas contribuições – e também às de outros cientistas.
 
Ilustração de raio laser
 
Apesar da longa disputa, o laser rapidamente capturou a imaginação do público, talvez por causa de sua semelhança com os "raios de calor" da ficção científica. Mas as aplicações práticas levaram anos para serem desenvolvidas.
Uma jovem física chamada Irnee D'Haenens, enquanto trabalhava com Maiman no laser, brincou que o dispositivo era "uma solução em busca de um problema"... e que finalmente encontrou vários.
Mas a verdade é que hoje vivemos em um mundo em que o laser é tão onipresente que é difícil imaginá-lo sem ele.
BBC

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Segredos do Triângulo das Bermudas revelados

 Slide 1 de 21: O Triângulo das Bermudas é uma das áreas mais temidas do planeta devido a histórias assustadoras de navios e aviões que se aventuraram na região e desapareceram sem deixar rastro.
Esses desaparecimentos geralmente são atribuídos a forças paranormais, como alienígenas, monstros marinhos e cidades míticas que se encontrariam dentro de suas águas. Mas cientistas argumentam que forças naturais e erros humanos são provavelmente as causas. 
Assim como o Monstro do Lago Ness, há gente que jure de pés juntos que o mistério do Triângulo das Bermudas de fato existe.

Acontece que a ciência até hoje não encontrou hipóteses que sustentem a teoria de que a região triangular caribenha cujos vértices são compostos pela Flórida, Porto Rico e pela Ilha das Bermudas, localizada no Oceano Atlântico, seja de fato um ponto em que aviões e navios desapareçam.
Sim, claro, alguns incidentes ainda sem explicações aconteceram pelo local, mas aviões caem e navios naufragam em outros lugares ao redor do mundo.

Nenhuma organização científica no mundo – inclusive o órgão Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), nos Estados Unidos – reconhecem o Triângulo das Bermudas. Estatisticamente, na verdade, aviões e navios não têm maior ou menor probabilidade de enfrentar alguma catástrofe naquela área.

Acontece, porém, que o termo Triângulo das Bermudas voltou a aparecer Acontece, porém, que o termo Triângulo das Bermudas voltou a aparecer em portais de notícias e em rodas de conversa devido ao lançamento do documentário The Bermuda Triangle Enigma (O Enigma do Triângulo das Bermudas, em tradução livre), feito pelo canal televisivo britânico Channel 5.
A produção reúne cientistas que se propõem a sugerir possíveis hipóteses por que a região ganhou essa sua fama misteriosa, muito mais do que comentar sobre problemas técnicos em equipamentos de controle ou até em falha humana.

Um dos entrevistados foi o oceanógrafo Simon Boxall, da Universidade de Southampton (Reino Unido). Segundo o especialista, a área do Triângulo das Bermudas pode ser uma região propensa às tempestades, o que significa que uma tempestade que cai ali pode provocar ondas enormes.

Essas ondas enormes têm um nome: vagalhões. Elas são definidas como movimentos de água gigantescos que se formam em alto-mar de maneira aleatória e podem chegar até 30 metros de altura. Tamanha envergadura seria capaz de afundar barcos com relativa facilidade – o que foi comprovado durante testes realizados com réplicas do USS Cyclops, um navio que desapareceu na área no início do século 20.

Essas ondas gigantescas por muito tempo eram vistas como boatos, até que especialistas do NOAA as classificarem como eventos reais. O formato e movimento que elas produzem são imprevisíveis, além de o mecanismo que causa sua formação ainda ser ambíguo e incerto, já que é difícil de observá-las.
Por enquanto, há duas possibilidades para o surgimento dos vagalhões. A primeira é que as cristas de ondas individuais coincidentemente se chocam e se reforçam mutuamente através de um fenômeno conhecido por interferência construtiva. A segunda opção é que ondas geradas por tempestades costumam se concentrar em correntes de água submersas, como a Corrente do Golfo.

E como é possível imaginar, fortes tempestades podem afundar navios. Deve-se se salientar, também, que o design do navio Cyclops o tornava vulnerável a tombar no mar, assim como tantos outros navios da época.
Essa teoria dá um passo à frente em relação as anteriores, que não traziam nenhuma comprovação científica para a região, como era o caso da ideia das grandes bolhas de metano que saiam de reservas no fundo do mar e chegavam à superfície derrubando barcos. Nenhuma pesquisa geológica jamais encontrou tais reservas de metano.
Rev.Galileu

Hubble faz nova foto de visitante interestelar



Hubble faz nova foto de visitante interestelar

Imagem obtida em 12 de outubro mostra o cometa 2I/Borisov em sua viagem de aproximação ao Sistema Solar .

Em 12 de outubro, o Telescópio Espacial Hubble, da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA), fez uma nova foto do 2I/Borisov (também conhecido como C/2019 Q4), o primeiro cometa interestelar conhecido já identificado. O objeto estava na ocasião a quase 420 milhões de quilômetros da Terra, a caminho de passar pelo Sistema Solar.
A nova imagem revelou uma concentração central de poeira em torno do núcleo do 2I/Borisov.
Descoberto pelo astrônomo amador ucraniano Gennady Borisov em 30 de agosto de 2019, o 2I/Borisov segue um caminho hiperbólico ao redor do Sol e atualmente viaja a mais de 150 mil quilômetros por hora. Ele passará pela eclíptica (o plano no qual a Terra e os outros planetas orbitam o Sol) em 26 de outubro. Sua aproximação máxima do Sol deverá ocorrer em 7 de dezembro, quando o cometa ficará a cerca de 293 milhões de quilômetros da nossa estrela.
O 2I/Borisov é o segundo objeto interestelar conhecido a passar pelo Sistema Solar. O primeiro foi descoberto em 2017: um objeto denominado Oumuamua, que chegou a 38 milhões de quilômetros do Sol antes de sair do Sistema Solar.
“Enquanto Oumuamua parecia uma rocha nua, o 2I/Borisov é realmente ativo, mais como um cometa normal”, disse David Jewitt, astrônomo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e líder da equipe do Hubble que observou o cometa.
O 2I/Borisov fornece várias informações valiosas para os cientistas. Ele dá pistas, por exemplo, da composição química, da estrutura e das características de poeira de um bloco de construção planetário presumivelmente forjado há muito tempo em um diferente sistema estelar distante.
 

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Por que andar devagar pode ser sinal de envelhecimento rápido

A rapidez com que as pessoas caminham após completar 40 anos é um sinal do quanto o cérebro e o corpo estão envelhecendo, apontam cientistas.
 
Pessoas caminhando rapidamente
Ao fazer um teste simples da velocidade dessas pessoas, pesquisadores compilaram dados suficientes para medir o processo de envelhecimento pelo qual elas passam.
Não apenas o corpo daquelas que caminham mais lentamente envelhece de forma mais rápida, apontaram os cientistas, mas também o rosto delas parecia mais velho. E tinham cérebros menores.
Na opinião da equipe internacional de cientistas envolvida no estudo, as descobertas representam uma "surpresa extraordinária".
Os médicos costumam medir a velocidade da marcha para avaliar a saúde geral de um paciente, principalmente naqueles que têm mais de 65 anos de idade. Trata-se de um bom indicador de força muscular, função pulmonar, equilíbrio, força da coluna e visão.
Velocidades mais lentas no caminhar durante os anos de velhice também são associadas a um maior risco de demência e declínio das funções do corpo.

'Sinal de problemas'

Nesse estudo, que avaliou 1 mil pessoas na Nova Zelândia — nascidas na década de 1970 e acompanhadas regularmente até os 45 anos —, o teste de velocidade de caminhada foi realizado muito mais cedo, em adultos ainda na meia-idade.
Os participantes da pesquisa também fizeram testes físicos e de funções cerebrais. Além disso, ainda durante a infância, os indivíduos passaram por testes cognitivos a cada dois anos.
"Esse estudo mostra que caminhar lentamente já é um sinal de problemas desde décadas antes de a velhice chegar", disse a psicóloga especializada em envelhecimento Terrie E. Moffitt, autora principal da pesquisa, ligada ao King's College, de Londres, e à Duke University, nos Estados Unidos.
Mesmo aos 45 anos, houve uma grande variação nas velocidades de caminhada — o movimento mais rápido foi de pouco mais de 2 metros por segundo na velocidade máxima (sem correr).
Em geral, as pessoas que caminham mais lentamente apresentaram maiores sinais de "envelhecimento acelerado" — seus pulmões, dentes e sistema imunológico estavam em piores condições do que aqueles que, nos testes, demonstraram andar mais rapidamente.
A descoberta que mais surpreendeu os pesquisadores foi a de que quanto mais lentamente as pessoas caminham, maior a probabilidade de terem também cérebros mais velhos.
E os pesquisadores descobriram que podiam prever a velocidade com que pessoas na faixa dos 45 anos caminhavam, ao avaliar os resultados dos testes de inteligência, linguagem e habilidades motoras de quando elas tinham três anos de idade.
As pessoas que, ao chegarem à idade adulta, caminhavam mais lentamente (média de 1,2 metro por segundo) tinham um QI, em média, 12 pontos menor que aquelas que, ao chegar aos 40 anos, se tornaram as mais rápidas (ritmo de caminhada de 1,75 metro por segundo).

Estilo de vida

A equipe internacional de pesquisadores — que publicou o estudo na revista mensal da Associação Médica dos Estados Unidos — afirmou que as diferenças nas condições físicas e no QI entre os grupos de pessoas podem ser tanto consequência do estilo de vida escolhido pelos participantes quanto um reflexo de um melhor estado de saúde em seus primeiros anos.
Mas os cientistas sugerem que, já no início da vida, é possível verificar sinais de quem terá uma melhor saúde nos anos seguintes.
Os pesquisadores afirmam que medir a velocidade da caminhada desde mais cedo do que se costuma fazer hoje pode auxiliar na elaboração de tratamentos para retardar o envelhecimento.
Atualmente, diversos tratamentos estão sendo investigados, de dietas de baixa caloria ao uso de drogas como a metformina (medicamento usado contra diabetes).
Testar a rapidez das caminhadas desde cedo pode servir também como um indicador precoce da saúde do cérebro e do corpo, para que as pessoas possam mudar seu estilo de vida enquanto jovens e saudáveis, afirmam os pesquisadores.
BBC

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Sete tendências perigosas para 2020 que precisam de atenção

Uma nova iniciativa está testando formas de produzir alimentos em um mundo afetado pelas mudanças climáticas.
 
Enxame de drone
 
A fazenda flutuante atracada perto do porto de Roterdã, na Holanda, abriga 32 vacas.
A embarcação tem três níveis. No porão, são cultivadas frutas para saborizar os produtos lácteos, que são processados no andar intermediário.
Os animais ficam no nível superior, sob painéis solares – e seus excrementos são transformados em fertilizante natural.
As vacas comem feno, restos de alimentos de restaurantes da cidade e grama cortada de campos de futebol. Máquinas ficam a cargo da alimentação, ordenha e higienização.
“Estamos buscando locais que possam se adaptar à mudanças climáticas”, diz o fazendeiro Peter Van Wingerden.
“Não importante o quanto chova ou quanto o mar se eleve, continuaremos a produzir alimentos essenciais e saudáveis.”
Mas nem sempre essas tecnologias são usadas para o bem. Em artigo no Pulse em seu blog do LinkedIn, Bernard Marr, especialista de performance em negócios, aponta sete tecnologias que devem estar em alta no ano que vem, mas que podem ser perigosas e precisamde atenção.
Veja quais são as tecnologias emergentes e potencialmente nocivas para 2020:

1- Drones

As Forças Armadas de várias potências, como China e Estados Unidos, estão investindo em drones que trabalham interconectados em operações militares. Sendo assim, poderemos ver "enxames" de drones em combates.

Imagem: Reprodução

"Enxames de drones podem se organizar sozinhos com base na situação e interagirem para conquistar um objetivo", diz o especialista. A tendência do crescimento da tecnologia é grande, mas, pensando nos perigos que ela pode causar, talvez os países que estão investindo na medida demorem um pouco mais para torná-la menos nociva.

2- Dispositivos de casa inteligente

Aparelhos que mantêm a casa conectada, definitivamente, são de bom uso para o dia a dia, principalmente para quem quer mais praticidade em hábitos de rotina. Porém, de acordo com Marr, adicionando alguns serviços em alto-falantes inteligentes, por exemplo, o usuário está permitindo que a empresa proprietária do produto colete dados sobre suas atividades diárias, como o horário em que a pessoa chega ou sai de casa, entre outros detalhes.

Imagem: Reprodução

Na teoria, como o especialista conta, os assistentes virtuais precisam de uma palavra para acordar, como "Alexa" ou "Siri", mas o sistema pode pensar que o comando foi dito e começar a fazer a gravação indevida. Vários dispositivos podem fazer essa coleta de informação, como consoles de videogame, Smart TVs, smartphones, tablets, entre outros.

3- Reconhecimento facial

Os sistemas de reconhecimento facial estão dando o que falar neste ano, principalmente na China, onde o povo está se revoltando contra a falta de privacidade que a tecnologia traz. Não só no país asiático, como também na Rússia, esses sistemas estão sendo usados para identificar criminosos. E, mesmo que haja um banco de dados potente, sempre existe a chance de enganos.

4- Clonagem com inteligência artificial

Cibercriminosos conseguem clonar a voz de alguém apenas com a tecnologia de inteligência artificial, coletando poucos dados necessários.

Reprodução: Jason Reed/The Daily Dot

O especialista comenta ainda o crescimento dos deepfakes, que fazem o mapeamento do rosto de uma pessoa, exploram o aprendizado de máquina e a inteligência artificial para criar representações online de uma pessoa real, de forma quase que perfeita. Ou seja: não vai mais dar para acreditar que um vídeo recebido nas redes sociais é mesmo real, pois as pessoas que aparecem nas imagens podem ter sido vítimas dos deepfakes.

5- Ransomware e outras chantagens virtuais

Os ramsonwares, ataques virtuais que exigem pagamentos para a devolução dos conteúdos de um computador, estão a cada dia mais elaborados. Estes perigosos ataques acontecem quando aplicativos maliciosos são baixados, e-mails falsos são abertos, entre outras táticas. É uma tendência que, de fato, precisará receber mais atenção em 2020.

6- Smart dust, a poeira inteligente

A poeira inteligente é, basicamente, um sistema eletromecânico do tamanho de um grão de sal que possui sensores, mecanismos de comunicação, fontes autônomas de alimentação e câmeras.

Reprodução: RF Wireless World
A tecnologia é muito bem usada para a segurança e para a medicina, mas também pode representar uma ameaça, visto que pode ser usada para espionagem e invasão da privacidade do cidadão.

7- Bots de notícias falsas

Nada diferente do que já estamos acompanhando neste ano, sistemas de inteligência artificial são capazes de escrever artigos completos apenas com um tema em "mãos". A empresa OpenAI, de Elon Musk, criou deepfakes para textos que criam notícias e ficções com tanta perfeição que o correto a se fazer foi não abrir o projeto para o público, tamanho perigo que a tecnologia poderia representar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Mancha de petróleo avança no Nordeste e biólogos temem que afetem reprodução de baleias

Grandes manchas pretas e gosmentas arrastadas pelo mar chegam a todo momento às areias claras do litoral do Nordeste brasileiro.
Sua origem é desconhecida, mas seus efeitos já são devastadores. São mais de 132 pontos com registros de óleo em 61 cidades de nove Estados diferentes: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ao menos oito animais morreram sufocados pelo material de origem ainda desconhecida.
Biólogos temem que a poluição se espalhe ainda mais e chegue a prejudicar a reprodução de animais - entre eles, golfinhos e baleias jubarte.

 
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) informou que tomou uma série de medidas, em parceria com os Corpos de Bombeiros dos Estados atingidos, para minimizar os danos desde o dia 2 de setembro, quando foram identificadas as primeiras manchas.
Junto com a Marinha e Petrobras, o grupo de técnicos também tenta identificar a origem e os responsáveis pelo despejo de petróleo cru no mar. O Instituto Tamar suspendeu a soltura de tartarugas marinhas por conta do problema.
O primeiro resultado dessa força-tarefa aponta que a substância encontrada nos litorais não é nenhum tipo de derivado de petróleo, como gasolina ou querosene, mas sim o produto em sua forma bruta, não processado.
A Petrobras anunciou que suas análises indicam que o material que está poluindo as praias não é produzido no Brasil. Na tarde desta segunda-feira (07/10), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal identificou um possível responsável pelo vazamento.
"Pode ser algo criminoso, pode ser um vazamento acidental. Pode ser um navio que naufragou também. Agora, é complexo. Temos no radar um país que pode ser o da origem do petróleo e continuamos trabalhando da melhor maneira possível", disse o presidente.
A Petrobras contratou moradores das regiões afetadas pelo óleo para trabalhar na limpeza das praias. O número de contratados, porém, vai depender da quantidade de pessoas treinadas para atuar em situações desse tipo em cada região atingida.

Avanço rumo ao sul

O presidente do Instituto Biota de Conservação, Bruno Stefanis Santos Pereira de Oliveira, que atua em Alagoas, disse que a mancha está avançando de maneira significativa em direção ao sul do país.
"A gente não tem ideia do que está boiando por aí, de onde vem, nem a proporção que tomará. A previsão é aumentar. O que a gente sabe é que as manchas começaram no norte e hoje estão no Estado todo, e cada vez maiores", disse Oliveira.

Resultado de imagem para fotos de baleias mortas no nordeste
 
Ele conta que nos primeiros dias os moradores observavam apenas pequenas manchas e que neste domingo foi vista a maior quantidade de óleo. No mesmo dia, membros do instituto resgataram uma tartaruga com metade do corpo coberto pelo material.
"Fizemos o primeiro socorro e acionamos o Ibama para que a tartaruga recebesse os próximos atendimentos. Quando isso acontece, uma equipe de veterinários faz uma cuidadosa lavagem manual com detergente e água morna, e uma bateria de exames para saber se o animal está bem fisicamente. Depois de limpas, são analisadas todas as cavidades do animal, como boca e narinas, para saber se alguma delas está bloqueada pelo óleo", explicou Oliveira.
O coordenador de pesquisa do Instituto Baleia Jubarte teme que a expansão das áreas atingidas pelo petróleo prejudique até a reprodução das baleias no litoral da Bahia e do Espírito Santo.
"Não tivemos o registro de nenhuma baleia ou golfinho atingido pelo óleo, mas pode acontecer, pois o que a gente vê é um avanço constante do óleo", afirmou.

Dimensões incertas

Questionados pela reportagem da BBC News Brasil, o Ibama e o governo federal não souberam informar o tamanho da mancha de óleo próxima ao litoral brasileiro. Também não disseram se tomarão medidas emergenciais para conter o avanço do petróleo em direção à costa ou para que ele se espalhe pelo oceano.
O Instituto Biota de Conservação, porém, conta com um "exército" de moradores para se manter informado.
A ONG especializada em pesquisa científica e conservação da fauna e ecossistemas marinhos criou uma rede de informações por meio da ajuda de moradores para monitorar a costa alagoana.
Dessa forma, eles monitoram desde as praias mais movimentadas até as mais desertas e pouco urbanizadas sem a necessidade de estar presente fisicamente em todas elas.
Por meio do aplicativo BiotaMar, os moradores podem registrar ocorrências por meio de fotos e solicitar apoio especializado.

Resultado de imagem para fotos de áreas com oleadas no nordeste
 
"Isso nos ajuda a monitorar uma faixa muito maior do que poderíamos normalmente. Os moradores estão na praia quase 24 horas por dia e a gente conta com eles para alertar os órgãos ambientais e fazer os resgates no menor tempo possível. A população é o nosso maior parceiro", disse Bruno Oliveira, da ONG que desenvolveu o aplicativo.
Para especialistas, o mais importante é cuidar para evitar que o óleo se espalhe e cause mais danos. A intenção é evitar que animais e pessoas tenham contato com o óleo para que as pessoas não se contaminem. Uma pessoa relatou ter passado mal após ter comido um peixe que ingeriu óleo.
"Nossa intenção é evitar qualquer contato. É mais fácil identificar e evitar ingerir animais maiores porque são mais evidentes, mas os menores podem ser ingeridos e entrar na cadeia alimentar sem ser percebidos", disse Oliveira
O Estado do Sergipe decretou situação de emergência e pediu para que nenhum morador use as praias e não entre em contato com o óleo, mesmo que tenha a intenção de ajudar. Em caso de emergência, a recomendação é acionar os órgãos responsáveis.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobrevoou o litoral sergipano durante cerca de 30 minutos nesta segunda-feira para avaliar a extensão das manchas.
Sem entender a dimensão da mancha de óleo, os especialistas ouvidos pela reportagem dizem que é difícil prever o que pode acontecer no Brasil.
A preocupação dos ambientalistas é que tenha ocorrido um desastre de proporção semelhante à explosão da plataforma Deepwater Horizon, que deixou 11 trabalhadores mortos.
BBC

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Cientistas descobrem estrelas-bebês em um 'pretzel cósmico'



Duas estrelas-bebê foram encontradas no sistema [BHB2007] 11 – o membro mais jovem de um pequeno aglomerado estelar na nebulosa escura Barnard 59, integrante das nuvens de poeira interestelar denominadas nebulosa Pipe. O estudo foi publicado na revista “Science”.
Observações anteriores já haviam mostrado a estrutura externa desse sistema binário. Agora, com a contribuição do telescópio Atacama Large Millimeter/submilimeter Array (ALMA), uma equipe internacional de astrônomos, liderada por cientistas do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre (MPE) na Alemanha, é possível ver a estrutura interna desse objeto.
Os dois discos circum-estelares estão rodeados por um disco maior, com uma massa total de cerca de 80 massas de Júpiter. Esse disco exibe uma complexa rede de estruturas de poeira distribuídas em formas espirais, comparáveis a anéis de pretzel (rosquinha típica de países de língua alemã).
Primeira visualização
“Finalmente, visualizamos a estrutura complexa de jovens estrelas binárias com seus filamentos de alimentação conectando-as ao disco em que nasceram”, afirmou Paola Caselli, diretora administrativa da MPE, chefe do Centro de Estudos Astroquímicos e coautora do estudo. “Isso fornece restrições importantes para os modelos atuais de formação de estrelas.”
As estrelas-bebês acumulam massa do disco maior em dois estágios. O primeiro é quando a massa é transferida para os discos circum-estelares individuais em belos anéis giratórios, que é o que a nova imagem do ALMA mostrou. A análise dos dados também revelou que o disco circum-estelar menos massivo, porém mais brilhante (o da parte inferior da imagem) acumula mais material. No segundo estágio, as estrelas acumulam massa a partir de seus discos circum-estelares.
“Esperamos que esse processo de acréscimo em dois níveis conduza a dinâmica do sistema binário durante sua fase de acréscimo em massa”, acrescentou Alves. “Embora o bom entendimento dessas observações com a teoria já seja muito promissor, precisaremos estudar mais sistemas binários jovens em detalhes para entender melhor como se formam várias estrelas.”
 

Nasa agenda primeira caminhada espacial só com mulheres

Momento histórico deveria ter acontecido em março deste ano, mas foi frustrado pela falta de trajes adequados.
 
Diretora da Nasa para programas de voos espaciais, Tricia Mack.
 
A Nasa, agência espacial estadunidense, agendou a primeira viagem ao espaço com uma equipe formada apenas por mulheres. A missão faz parte de uma série de cinco caminhadas espaciais anunciadas na última sexta-feira, 4, com o objetivo de trocar baterias de uma estação espacial. As astronautas Christina Koch e Jessica Meir, ambas nascidas nos Estados Unidos, viajam em 21 de outubro.
A viagem histórica deveria ter sido feita em março, mas foi frustrada pela falta de trajes adequados para uma das astronautas. Koch também estava escalada para a missão, junto com Anne McClain. Elas fariam uma intervenção em um dos canais de fornecimento de eletricidade da Estação Espacial Internacional, que recebeu seus primeiros ocupantes no ano 2000.
Elas integram a Expedição 61, composta por cinco caminhadas cujo objetivo é trocar algumas das baterias da estação internacional. "As baterias de níquel-hidrogênio existentes serão trocadas por baterias de íons de lítio mais novas e potentes. Elas serão enviadas à estação a bordo do veículo de transferência H-II japonês", explicou a Nasa, agência espacial americana, em um comunicado. A agência disse ainda que esses trabalhos são parte da atualização geral do sistema de energia da estação que começou em janeiro de 2017.
A primeira das cinco caminhadas anunciadas foi feita no domingo, 6, por Christina Koch e Andrew Morgan. Ambos farão uma nova jornada em 11 de outubro para dar sequência à troca de baterias. A terceira viagem está programada para o dia 16 e será conduzida por Morgan e Jessica Meir. Cinco dias depois, Christina e Jessica vão protagonizar a primeira caminhada espacial feita apenas por mulheres. A missão será concluída em 25 de outubro por Jessica e pelo astronauta italiano Lucas Parmitano. A Nasaa antecipou que uma segunda sequência de caminhadas estará centrada nas reparações do Espectrômetro Magnético Alfa da estação espacial, em data a definir. 
 
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Teleofobia, esse medo de fazer planos causa mais problemas do que você imagina

As pessoas com teleofobia se sentem aterrorizadas com os planos de médio prazo.

Um amigo liga para o outro e anuncia que dentro de dois meses passará por sua cidade e que gostaria de vê-lo, talvez lhe pergunte inclusive sobre a possibilidade de se hospedar na sua casa durante o fim de semana e fazerem planos juntos.
Partindo da ideia de que ambos se dão muito bem, o normal é que o segundo se alegre com a notícia; mas a reação é muito diferente se a pessoa sofrer de teleofobia, ou seja, a sensação de medo ou temor perante planos definidos. Então sua mente começará a se sentir incomodada com esta obrigação que aparece em um deserto de encontros e compromissos, e pensará em tudo o que poderia fazer (na verdade nada de concreto) se esse inconveniente não tivesse surgido em seu horizonte. Anteverá todo tipo de problemas relacionados com seu amigo e sua estadia. Talvez tenha mudado e já não seja o mesmo, ou não goste do quarto onde será alojado. Recordará que não tinham gostos iguais e vislumbrará pequenas discussões na hora de fazer planos para o fim de semana e, se sua imaginação for poderosa, coisa que costuma ocorrer nestes casos, chegará até a temer que a amizade acabe por uma bobagem qualquer. Passar 48 horas juntos não é tarefa fácil!
A pessoa acometida de teleofobia começa a dar excessiva importância a esse pequeno acontecimento, e se sua ansiedade continuar aumentando ela pode chegar a inventar uma desculpa para anular o compromisso e evitar assim qualquer tipo de desastre. Porque quem tem a personalidade desse tipo foge de planos como o diabo da cruz, porque a mera perspectiva de ter que marcar com alguém ou ir a um evento lhes causa um enorme desassossego.

Mas a teleofobia não alcança apenas a dimensão social (festas, reuniões, encontros, aniversários), pois o desgosto com se comprometer afeta também a vida profissional e pessoal. Medo de optar por um trabalho melhor, com a responsabilidade que isso acarreta, ou incapacidade de se decidir a comprar uma casa, ter filhos, adotar um cachorro ou ir morar em outro país, com melhores oportunidades. O futuro planejado não aparece com boa cara aos olhos destas pessoas, mas sim como um lugar inseguro, sombrio e cheio de ameaças. Daí que muitos se gabem de viver no presente, base do mindfulness e o único tempo que existe realmente (o passado já se foi, e o que está por vir é só uma ideia, mas não uma realidade). A diferença entre eles e os que estão perto de alcançar a paz é que os primeiros escolhem o aqui e agora, única e Mas a teleofobia não alcança apenas a dimensão social (festas, reuniões, encontros, aniversários), pois o desgosto com se comprometer afeta também a vida profissional e pessoal. Medo de optar por um trabalho melhor, com a responsabilidade que isso acarreta, ou incapacidade de se decidir a comprar uma casa, ter filhos, adotar um cachorro ou ir morar em outro país, com melhores oportunidades. O futuro planejado não aparece com boa cara aos olhos destas pessoas, mas sim como um lugar inseguro, sombrio e cheio de ameaças. Daí que muitos se gabem de viver no presente, base do mindfulness e o único tempo que existe realmente (o passado já se foi, e o que está por vir é só uma ideia, mas não uma realidade). A diferença entre eles e os que estão perto de alcançar a paz é que os primeiros escolhem o aqui e agora, única e exclusivamente por medo, não por outra coisa.

A ansiedade que há por trás de toda teleofobia

Alguém já disse que a depressão é um excesso de passado, e a ansiedade, um excesso de futuro. Segundo Javier Garcés, psicólogo e presidente da Associação de Estudos Psicológicos e Sociais, “eu não qualificaria essa síndrome como fobia, eu lhe poria outro nome, tipo ‘o radical de personalidade irresponsável’, porque é mais um traço da personalidade, que se vê exacerbado pela ansiedade, que é o que está por trás deste comportamento. Hoje em dia se fala muito em viver o presente, mas todo mundo antecipa o futuro de alguma forma, a diferença é como se faz isso, se de uma forma saudável ou com medo, e a pessoa que sofre de teleofobia o que faz é evitar esse mal-estar que provocado por planos de médio-longo prazo”.
A sociedade do cansaço, que enche nossas agendas com compromissos profissionais e familiares, nos deixa exaustos para o fim de semana, momento que se supunha de lazer e diversão, embora muitos comecem a considerá-lo como uma UTI que permite se recuperar para a semana seguinte. “Até as férias passaram a ser angustiantes para muitos, num mundo tão competitivo, onde tudo o que fizermos, inclusive o lazer, precisa estar rodeado de excelência”, sentencia Garcés, que continua: “A diferença entre um depressivo e alguém que sofre de teleofobia é que o primeiro dirá que não a qualquer convite ou proposta, já que esta doença se caracteriza por uma falta de energia e a sensação de que qualquer mínima coisa exige muito esforço; já o segundo se debaterá entre a ideia de que deve ir, porque tem que continuar mantendo uma vida social, e a ansiedade que o acontecimento lhe produz”.
Daniela, 43 anos, moradora em Palma da Mallorca (leste da Espanha), adorava fazer planos de longo prazo, especialmente para viagens. “Sempre dizia que o melhor de viajar era planejar tudo antes, emitir as passagens aéreas, procurar hotel, ler e se informar sobre o destino. Era uma tarefa muito atraente, mas comprovei como, num período da minha vida que tinha muita ansiedade, se transformou em algo ameaçador. Já não via o lado bom, e sim os inconvenientes e problemas, e jamais saía de férias sem um seguro médico. Felizmente, voltei a recuperar minha paixão pela aventura quando minha situação pessoal mudou para melhor.”

Outros motivos para temer os planos no horizonte

“A verdade é que este transtorno ainda está muito pouco identificado”, observa a psicóloga espanhola Marisol Delgado, especialista em psicoterapia pela Federação Europeia de Associações de Psicólogos (EFPA, na sigla em inglês). “Ninguém vem para a terapia por este problema, mas ele pode vir à tona durante as sessões, embora, geralmente, não incomode muito a quem sofre dele, mais ao seu cônjuge e a quem está ao seu redor. Além disso, às vezes se vê como algo positivo, mais relaxado, no lado oposto das personalidades que querem ter tudo controlado.”
Embora a ansiedade, a saturação e o cansaço sejam os grandes protagonistas por trás desse comportamento, nem sempre são os únicos. Segundo Delgado, “o medo de não cumprir com o combinado, com o que alguém se propôs, de falhar consigo mesmo, pode ser outro motivo. Planejar é, em certa medida, correr riscos, e há pessoas muito rígidas que, diante do medo de decepcionar, preferem não fazer nada. Poderia ser o caso da comemoração do próprio aniversário. Muitas pessoas, diante da perspectiva de organizar uma festa e que dê errado, ou que os convidados previstos não apareçam, ou inclusive que chova, preferem não fazê-la. No fundo toleram mal a frustração e têm pouca autoestima”.
Outro motivo que leva as pessoas a não gostarem dos planos é, segundo essa psicóloga, “a ideia de ‘sentir-se livre’, não se comprometer com ninguém e escolher na última hora a opção que mais lhes convenha. Uma atitude que está muito aparentada com a falta de maturidade e com uma ideia distorcida de um hedonismo exacerbado”.
Neste universo de mentes infantiloides, as novas tecnologias são o álibi perfeito para se negar a fazer planos ou não marcar nada concreto. “Vamos nos falando por WhatsApp”, dizem muitos, evitando responder à proposta de forma clara. Tentar marcar com alguém a uma hora determinada, inclusive no mesmo dia, já virou uma operação impossível, em que é muito provável que você seja tachada de antiga. “Gente, mas se temos celular. Depois te mando mensagens dizendo onde estou para você aparecer por lá!”, sugerem os que estão convencidos de que seu tempo é imensamente mais valioso que o dos outros.

A preocupação produtiva, o futuro amável

“O mundo onde vivemos propícia em parte esse tipo de transtornos. A insegurança constante, as mudanças repentinas às quais assistimos, as notícias, o encarecimento da vida… tudo faz respirarmos insegurança por todos os poros e vermos o futuro como algo impossível de predizer”, diz Marisol Delgado, “mas, embora viver no presente seja uma recomendação muito sã, todos precisamos nos mover sob certas diretrizes e ter linhas pelas quais queremos que nossa vida transcorra, mesmo que depois isso não ocorra. É como quando você sai para uma caminhada. Deve saber que trilha seguir, mesmo que depois mude de trajetória, porque, se não, ficará só dando voltas”.
“A chave está em diferenciar a preocupação vazia da produtiva”, observa Javier Garcés, “porque 95% das coisas que nos preocupam com relação ao futuro são fruto de nossa imaginação e nunca ocorrem no mundo real. Quando algo nos preocupa devemos deixar o prefixo pré e, se for possível, nos ocupar em procurar soluções para esse problema e tentar planejar sem angústia. Um truque que recomendo a meus pacientes é que, se houver algo que lhes causa medo a respeito do seu futuro (por exemplo, você tem que dar uma palestra e falar em público), dedique só uma hora do dia a isso. Nessa hora você pode sofrer e se preocupar o quanto quiser, mas depois deve esquecer o tema até o dia seguinte”.
Como último recurso, os acometidos de teleofobia devem saber que, mesmo que tudo dê errado, sempre lhes resta um último cartucho. Dizer não. Mesmo depois de chegar a um evento, sentindo-se mal ou desconfortável, você pode arrumar uma desculpa e ir embora. O mundo continuará girando tão bem ou inclusive melhor.
 
 

terça-feira, 1 de outubro de 2019

70 anos da Revolução Comunista na China: como país pobre e rural se tornou potência mundial em 4 décadas

Quando Mao Tsé Tung (ou Zedong) chegou ao poder em 1949, a China estava dominada pela pobreza e devastada pela guerra.
 
Homem com fantasia e maquiagem típicas da China
Nesta terça-feira (1º), quando se completam 70 anos do triunfo dos comunistas, o país está radicalmente diferente: é uma potência mundial de primeira grandeza e aspira chegar ao topo da economia global.
Mas seu "milagre econômico", único na história, não se deve necessariamente ao "Grande Timoneiro", mas a uma campanha impulsionada por outro líder comunista, Deng Xiaoping.
A chamada "Reforma e Abertura" conseguiu tirar 740 milhões de pessoas da pobreza, segundo dados oficiais.
Sob a ideia de um "socialismo com traços chineses", Xiaoping rompeu com o status quo e implementou uma série de reformas econômicas, centradas na agricultura, num ambiente liberal para o setor privado, na modernização da indústria e na abertura da China para o comércio exterior.
Esse percurso afastou o país do comunismo de Mao Tsé Tung e "rompia as correntes" do passado, nas palavras do atual presidente chinês, Xi Jinping.

Um país pobre

loja da Apple em registro de 2017
 
A mudança de curso começou em 1978.
À época, a China era uma nação bastante diferente do que vemos hoje, em que equipara-se ao nível dos Estados Unidos e da União Europeia.
Era um país pobre, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 150 bilhões e uma população de 800 milhões de pessoas. Hoje, são 1,38 bilhão de habitantes e um PIB de US$ 12 trilhões, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Mao, o histórico fundador da República Popular da China, havia morrido anos antes das mudanças de Xiaoping, deixando um controverso legado.
Entre seus grandes projetos estão o Grande Salto Adiante (1958-62), que buscava transformar a economia agrária do país e provocou uma escassez de alimentos que levou à morte de ao menos 10 milhões de pessoas (fontes independentes falam em até 45 milhões de mortos); e a Revolução Cultural (1966-76), uma campanha de Mao contra os partidários do "capitalismo", que também levou a milhões de mortos e paralisou a economia nacional.

Mao e Deng Xiaoping

Foi nesse cenário de pobreza e fome que Deng Xiaoping, então secretário-geral do Partido Comunista da China), propôs suas reformas.

Nova fórmula

Xiaoping optou pelas chamadas "quatro modernizações" e uma evolução da economia na qual o mercado teria um protagonismo crescente.
Para ele, não importava se o sistema econômico chinês era comunista ou capitalista, mas sim se funcionava. "Não importa se o gato é preto ou branco desde que cace ratos", afirmou o chinês em um discurso na conferência da Liga da Juventude Comunista da China.
Seu programa foi ratificado em 18 de dezembro de 1978 por parte do comitê central do Partido Comunista da China e tornou a modernização econômica sua principal prioridade.
Nos anos seguintes, foram colocadas em prática mudanças que até então eram consideradas bastante ambiciosas e enfrentaram resistência da ala mais conservadora do partido no poder.

Ciclistas na avenida ChangAn em Pequim, em 1978.

O setor agrícola, por exemplo, abandonou progressivamente o sistema maoísta de economia rural planificada, que permitiu incrementar a produtividade e tirar regiões do país da pobreza, fomentando a migração de mão de obra para zonas urbanas.
Também floresceram as cadeias do setor privado e, pela primeira vez desde a criação da República Popular em 1949, o país se abriu para investimentos estrangeiros.
Se na economia planificada o Estado determina o tipo, a quantidade e o preço das mercadorias que serão produzidas, na economia de mercado são as forças da oferta e da demanda que estabelecem o que é comprado e vendido.
Em sua cruzada para modernizar e fazer crescer a economia, o líder chinês incentivou sua equipe a aprender com as potências ocidentais.
Foram criadas também zonas econômicas especiais, como a da cidade de Shenzhen, que sofreu uma transformação incrível e hoje é conhecida como o Vale do Silício chinês.

Gráfico com evolução do índice de pobreza na China

Essa abertura ao exterior contribuiu para aumentar a capacidade produtiva da China e fomentar novos métodos de gestão.
Depois de um longo processo, as mudanças permitiram que a China conseguisse entrar na Organização Mundial do Comércio em 2001, ingresso que lhe abriu definitivamente as portas para a globalização e catalisou seu progresso econômico.
Assim, em 2008, quando a crise econômica global estourou e o Ocidente saiu em busca de novos mercados, a China conseguiu se destacar entre todos os outros e se converteu na "fábrica do mundo".
Gráfico com evolução das emissões de carbono na China
Apesar do boom econômico, a China luta agora para se descolar dessa função: quer deixar a manufatura para trás e se tornar um país conhecido pela inovação.
À medida que o gigante asiático amadureceu, o crescimento do seu PIB desacelerou significativamente.
Se em 2007 era de 14,2%, em 2018 esse percentual de expansão foi reduzido para 6,6%.
Mas se olharmos mais para trás, desde 1980, o tamanho da economia chinesa foi multiplicado por 42.
Até 2030, os economistas estimam que o crescimento do país será reduzido a aproximadamente um terço do percentual atual.
Mas ainda assim seria suficiente para superar os Estados Unidos como a maior economia do mundo.

E as mudanças políticas?

A despeito do progresso econômico, as reformas trouxeram também consequências negativas para o país, como a alta desigualdade social e a grave contaminação do ar em diversas cidades chinesas.
Mas, segue intacto o rígido sistema de governo de partido único no país inaugurado com a revolução.
Críticos e ativistas denunciam uma crescente repressão dos direitos humanos e uma concentração de poder ainda maior em torno do atual presidente Xi Jinping, responsável por restringir ainda mais as liberdades da população.
Desde que ele aboliu o limite temporal de sua Presidência, no ano passado, as notícias sobre descontentamentos com o governo cruzaram as fronteiras chinesas.
Seus críticos o acusam de concentrar ainda mais o poder e de promover uma campanha de culto a sua personalidade em nível inédito desde os tempos de Mao.
O mandatário também tem estado sob a mira da comunidade internacional por conta das denúncias sobre sistemas de vigilância massiva da população, de queixas de trabalhadores por jornadas laborais desmedidas e de detenções de membros da minoria muçulmana em campos de detenção na região de Xinjiang.

Discurso de Xi Jinping é exibido em telão

No aniversário de 40 anos da "Reforma e Abertura", em dezembro passado, o mandatário chinês enfatizou a importância da "liderança" do Partido Comunista Chinês em seu discurso no Grande Palácio do Povo de Tiananmen, praça de Pequim onde o Exército reprimiu com violência manifestações a favor de reformas políticas, deixando um número desconhecido de mortos.
Esse obscurso capítulo da história recente da China segue sendo um tabu, como qualquer crítica ao sistema político chinês.
 

Cientistas descobrem planeta gigante "que não deveria existir"

Os astrônomos descobriram um planeta gigante que, segundo eles, não deveria existir, de acordo com as teorias atuais.
 
O mundo gasoso e sua estrela estão a cerca de 30 anos-luz da Terra
O planeta, semelhante a Júpiter, é extraordinariamente grande em comparação com sua estrela-mãe, contradizendo um conceito amplamente aceito sobre a forma como os planetas se formam.
A estrela, que fica a 284 trilhões de quilômetros de distância, é uma anã vermelha do tipo M - o mais comum em nossa galáxia.
Uma equipe internacional de astrônomos relatou suas descobertas na revista Science.
"É emocionante, porque há muito tempo nos perguntamos se planetas gigantes como Júpiter e Saturno podem se formar em torno de estrelas tão pequenas", diz Peter Wheatley, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, que não participou do estudo mais recente.
"Acho que a impressão geral foi de que esses planetas simplesmente não existiam, mas não podíamos ter certeza porque as estrelas pequenas são muito fracas, o que as torna difíceis de estudar, mesmo sendo muito mais comuns que estrelas como o Sol", disse Wheatley à BBC News.

A estrela foi descoberta usando o observatório Calar Alto na Espanha

Pesquisadores usaram telescópios na Espanha e nos Estados Unidos para rastrear as acelerações gravitacionais da estrela que podem ser estimuladas por planetas em órbita.
A anã vermelha tem uma massa maior que seu planeta em órbita - chamado GJ 3512b. Mas a diferença entre seus tamanhos é muito menor do que entre o Sol e Júpiter.
A estrela distante tem uma massa que é, no máximo, 270 vezes maior que o planeta. Para comparação, o Sol é cerca de 1.050 vezes mais massivo que Júpiter.
Os astrônomos usam simulações de computador para testar suas teorias de como os planetas se formam a partir das nuvens, ou "discos", de gás e poeira orbitando estrelas jovens. Essas simulações preveem que muitos planetas pequenos devem se reunir em torno de pequenas estrelas-anãs do tipo M.
"Em torno dessas estrelas só deve haver planetas do tamanho da Terra ou super-Terras um pouco mais massivas", disse um dos coautores do estudo, Christoph Mordasini, professor da Universidade de Berna, na Suíça.
Um exemplo da vida real de um sistema planetário que está de acordo com a teoria é o de uma estrela conhecida como Trappist-1.
Esta estrela, situada a 369 trilhões de quilômetros (39 anos-luz) do Sol, abriga um sistema de sete planetas, todos com massas aproximadamente iguais à da Terra, ou ligeiramente menores.
"A GJ 3512b, no entanto, é um planeta gigante com uma massa cerca da metade do tamanho de Júpiter e, portanto, pelo menos uma ordem de magnitude mais massiva que os planetas previstos pelos modelos teóricos para essa estrela tão pequena", disse o professor Mordasini.
A descoberta desafia a ideia amplamente difundida de formação de planetas, conhecida como acreção.
Geralmente pensamos em planetas gigantes que começam a vida como um núcleo de gelo, orbitando um disco de gás ao redor da estrela jovem e depois crescendo rapidamente, atraindo gás para si", disse Wheatley.

Planeta

"Mas os autores argumentam que os discos ao redor de pequenas estrelas não fornecem material suficiente para que isso aconteça. Em vez disso, consideram mais provável que o planeta tenha se formado repentinamente quando parte do disco entrou em colapso devido a sua própria gravidade".
Os autores do artigo da Science propõem que esse colapso pode ocorrer quando o disco de gás e poeira tem mais de um décimo da massa da estrela-mãe. Sob essas condições, o efeito gravitacional da estrela se torna insuficiente para manter o disco estável.
A matéria do disco é puxada para dentro para formar um aglomerado gravitacional, que se desenvolve ao longo do tempo em um planeta. A ideia prevê que esse colapso ocorra mais longe da estrela, enquanto os planetas podem se formar por acúmulo de núcleo muito mais próximo.
Wheatley foi coautor de um estudo em 2017 que descreveu um gigante de gás chamado NGTS-1b, encontrado em telescópios liderados pelo Reino Unido no Chile. O NGTS-1b também é muito grande comparado ao tamanho de sua estrela-mãe - outra anã vermelha do tipo M, que fica a 600 anos-luz (cinco quatrilhões de quilômetros) de distância da Terra.
"A estrela-mãe é pequena, mas não tão pequena quanto este novo exemplo (GJ 3512). Pode ser que a NGTS-1 represente a menor estrela que pode formar planetas próximos por meio de acreção por núcleo, e que estrelas menores apenas formam planetas gigantes mais distantes pelo modelo de colapso gravitacional", disse Wheatley.
"Esses tipos de previsões são inestimáveis ​​para direcionar futuras pesquisas, permitindo testar esses modelos".
De fato, os autores do estudo na Science sugerem que o GJ 3512b deve ter migrado por uma longa distância para sua posição atual abaixo de 1 unidade astronômica (150 milhões de quilômetros).
Com sua órbita oval de 204 dias em torno da estrela, a GJ 3512b passa a maior parte do tempo mais perto da anã vermelha do que a distância de Mercúrio ao Sol. A órbita excêntrica do gigante gasoso aponta para a presença de outros planetas gigantes que orbitam mais longe, o que poderia ter distorcido sua órbita.
Um dos coautores do estudo, Hubert Klahr, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, afirmou: "Até agora, os únicos planetas cuja formação era compatível com as instabilidades do disco eram um punhado de planetas jovens, quentes e muito massivos, longe de suas estrelas-mães.
"Com o GJ 3512b, agora temos um candidato extraordinário para um planeta que poderia ter surgido da instabilidade de um disco em torno de uma estrela com muito pouca massa. Essa descoberta nos leva a revisar nossos modelos", diz Klahr.
BBC