A sonda espacial Rosetta, que permitiu o pouso histórico do robô Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em novembro de 2014, vai terminar sua missão com uma nova e empolgante aterrissagem, anunciou nesta quinta-feira a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). Em 30 de setembro, a sonda vai se reunir a Philae sobre a superfície do cometa, para concluir uma viagem de 12 anos que permitiu incontáveis avanços no conhecimento a respeito desses corpos celestes.
“Para ambos será o fim da missão mais bela que se pode imaginar, com a possibilidade de realizar novas medições e imagens o mais próximo possível do cometa”, disse Jean-Yves Le Gall, presidente da agência espacial francesa (CNES, na sigla em francês) em comunicado.
O pouso de Rosetta era discutido pela comunidade científica desde junho do ano passado, quando foi tomada a decisão de ampliar a missão. A jornada de Rosetta deveria ter sido concluída em dezembro de 2015, mas os astrônomos decidiram estender o período para aproveitar ao máximo a energia solar e todas as capacidades da sonda e também de Philae.
A nova aterrissagem, que será feita de forma controlada pela sonda que está em órbita ao redor do cometa, vai permitir que seus instrumentos obtenham dados e imagens ainda mais detalhados de 67P, informações que poderão ser enviadas à Terra antes que sua energia termine.
A comunicação cessará quando a sonda fizer o pouso. A ESA informou que nas últimas horas de descida será possível “realizar várias medições únicas, incluindo imagens de altíssima resolução, que aumentarão o retorno científico da missão com dados de grande valor”.
A mudança de sua trajetória começará em agosto e os cientistas, que ainda não decidiram em qual área do cometa Rosetta descerá, reconhecem que a nova fase final será complexa e arriscada. O responsável pela missão, Patrick Martin, admite que pode haver imprevistos.
Embora estejamos fazendo todo o possível para garantir a segurança da Rosetta até este momento, esses quase dois anos de experiência com o cometa nos mostraram que as coisas podem não sair segundo o planejado”, afirmou, em comunicado.
Origem da vida – Os cometas são importantes objetos de estudo por serem considerados “restos” da formação do sistema solar, que continuam vagando pelo Universo. De acordo com algumas teorias, podem ter sido os responsáveis por trazer a água, ou até mesmo vida, à Terra.
Uma das principais razões pelas quais a sonda Rosetta foi enviada em uma cinematográfica missão ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko era verificar se a água desse corpo celeste era a mesma da Terra. Um resultado positivo reforçaria a teoria de que a água foi trazida até aqui pelos cometas. No entanto, a ideia perdeu força no início de dezembro de 2014, quando um estudo publicado na revista Science mostrou que a água do 67P é diferente da existente no planeta azul.
Isso só foi possível porque, durante as primeiras 64 horas em que Philae conseguiu estudar o cometa, ela coletou informações importantes. Os dados se transformaram em uma série de estudos publicados em janeiro e abril de 2015 e, com o prolongamento da missão e o novo pouso, os pesquisadores pretendem conseguir obter ainda mais informações sobre os cometas e, consequentemente, das origens do Universo.
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