quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O que é o novo neurônio que está fascinando os cientistas

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A descoberta foi chamada de "neurônio rosehip", ou rosa mosqueta, em tradução literal – uma planta silvestre cujo formato lembra uma rosa que perdeu as pétalas.A expectativa dos pesquisadores é que ele ajude a responder por que muitos tratamentos experimentais para doenças do cérebro têm funcionado em camundongos, mas não em pessoas.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Nature Neuroscience. Um grupo internacional de 34 cientistas participou do trabalho, por meio de colaboração entre a Universidade de Szeged, na Hungria, e o Instituto   Allen para a Ciência Cerebral, com sede em Seattle, nos Estados Unidos. Os pesquisadores afirmam que os resultados abrem as portas para um novo redesenho do cérebro humano.
O neurônio rosa mosqueta foi encontrado na camada 1 do cérebro, também chamada de neocórtex, a mais externa e responsável pela consciência, uma característica considerada exclusivamente humana e de extrema importância.
Danos ao neocórtex podem afetar seriamente as habilidades cognitivas de um ser humano, ou seja, as capacidades de aprender e assimilar informações, por exemplo.Ainda falta, porém, esclarecer qual seria a sua função específica.
Neurônios inibidoresO rosa mosqueta faz parte de um subtipo de neurônios chamados inibidores, aqueles que impedem a ação de outros organismos celulares cerebrais.
Sua morfologia tem intrigado aos cientistas, já que parece que a união com seu ''parceiro celular" é feita apenas por meio de uma parte muito específica de sua massa.
"Isso pode significar que eles controlam o fluxo de informações de uma maneira muito específica", explica o neurologista Gábar Tamás, da Universidade de Szeged, na Hungria, e coautor do estudo. Segundo os pesquisadores, nunca antes um corpo celular com essas características.
"Ele é especial por sua forma, por suas conexões e também por causa dos genes que contém", explicou Trygve Bakken, coautora da pesquisa e neurocientista do Instituto Allen, dos EUA.

Experimentos, segundo os cientistas que conduziram o estudo, o fato de essas células não terem sido encontradas, entre outros, nos animais mais estudados pelos laboratórios – os camundongos – poderia explicar por que muitos dos experimentos realizados posteriormente em humanos não tiveram os mesmos resultados atingidos com os roedores.
Eles identificaram o neurônio incomum em células de tecidos cerebrais doados por dois adultos do sexo masculino enquanto catalogavam células com base em suas impressões digitais anatômicas e genéticas.
A descoberta pode levar à criação de modelos mais precisos e ajustados do nosso órgão mais importante."Se quisermos entender como o cérebro humano funciona, precisamos estudar os seres humanos ou espécies que estejam estreitamente relacionadas", disse Bakken em um comunicado.Os próximos passos do estudo serão explorar o córtex externo de primatas e, em seguida, em pessoas que sofrem de distúrbios neuropsiquiátricos, para comprovar se apresentam alterações.
UOL

As conexões cerebrais que explicam por que algumas pessoas preferem deixar tudo para depois

Você é do tipo procrastinador, que costuma deixar tudo para depois, ou proativo?
 
Homem em frente a teclado de computador
A resposta pode estar relacionada à maneira como as suas conexões cerebrais funcionam, sugere um estudo recente.
A pesquisa, publicada na revista científica Psychological Science, identificou duas áreas do cérebro que determinam se somos mais propensos a executar logo uma tarefa ou a adiá-la continuamente.
Os cientistas mediram o grau de proatividade de 264 pessoas, que responderam a questionários e tiveram seus cérebros escaneados.
De acordo com especialistas, o estudo enfatiza que a procrastinação está mais relacionada com o gerenciamento das emoções do que do tempo.

Amígdala, a culpada

A pesquisa mostrou que a amígdala – uma estrutura em forma de amêndoa no lobo temporal (lateral), que processa nossas emoções e controla nossa motivação – era maior em procrastinadores.
Nesses indivíduos, as conexões entre a amígdala e uma parte do cérebro chamada córtex cingulado anterior dorsal (DACC, na sigla em inglês) também eram mais pobres e deficientes.
O DACC usa informações da amígdala e decide que atitude o corpo vai tomar. Isso ajuda a manter a pessoa focada, bloqueando emoções e distrações que podem competir com o que ela está fazendo.
"Indivíduos com uma amígdala maior podem ser mais ansiosos em relação às consequências negativas de uma ação – eles tendem a hesitar e adiar as coisas", explica Erhan Genç, um dos autores do estudo, da Ruhr University Bochum, na Alemanha.
Os pesquisadores sugerem que os procrastinadores têm mais dificuldade de filtrar emoções e distrações que interferem na realização de uma determinada atividade porque as conexões entre a amígdala e o DACC deles não são tão boas quanto a de indivíduos proativos.

O controle da mente

O professor Tim Pychyl, da Universidade de Carleton, em Ottawa, no Canadá, que vem estudando o fenômeno da procrastinação nas últimas décadas, acredita que é muito mais uma questão de administrar as emoções do que o tempo.
"Este estudo fornece evidências fisiológicas do problema que os procrastinadores têm em controlar as emoções", diz ele.

Cérebro

"Mostra como os centros emocionais do cérebro podem sobrecarregar a capacidade de autorregulação da pessoa."
Pychyl acredita, no entanto, que é possível mudar a forma como o cérebro atua.
"Pesquisas já mostraram que a meditação mindfulness ("atenção plena") está relacionada ao encolhimento da amígdala, à expansão do córtex pré-frontal e ao enfraquecimento da conexão entre essas duas áreas", explica.
A pesquisadora Caroline Schluter, principal autora do estudo, acrescenta:
"O cérebro é muito responsivo e pode mudar ao longo da vida."

Como evitar a procrastinação

Moyra Scott, especialista em produtividade, acha que precisamos levar em conta nossa personalidade quando tentamos nos motivar a executar determinada tarefa.
"Precisamos reconhecer quando estamos procrastinando, e há 'truques' que podemos usar para lutar contra isso", diz ela.
Algumas dicas são:
- Se você não tiver um prazo externo, use um timer ou cronômetro para focar durante períodos definidos – por exemplo, 25 minutos seguidos de trabalho, com intervalos de 5 minutos e uma pausa maior a cada 90 minutos.
- Escreva uma lista de tarefas, mas desdobre em outras menores e mais específicas. Isso faz com que as tarefas sejam mais fáceis de serem realizadas.
- Tente minimizar as interrupções, como notificações de email. Colocar o telefone em modo avião ou ir trabalhar em algum lugar onde você não será perturbado também ajuda.
- Estar "ocupado" é uma boa desculpa para evitar fazer algo que não gostamos. Em vez de executar logo a tarefa, nos enganamos dizendo que não temos tempo. Você tem tempo. Só precisa se dedicar a isso.
BBC

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Nasa vai à Lua

Equipe da Nasa afirmou que está otimista com nova missão lunar devido à descoberta de camadas de gelo no satélite
 
A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) anunciou uma nova missão tripulada à Lua que deverá ocorrer até 2024. Durante uma coletiva de imprensa na última semana em Houston, Estados Unidos, o administrador da equipe, Jim Bridestine, disse que o intuito é levar astronautas para testar uma pequena estação espacial em órbita lunar, que será usada também para futuras missões a Marte.
Bridestine relembrou os feitos das missões Apollo 11 e 17, que permitiram que um humano pisasse na Lua pela primeira vez. Ainda na coletiva, ele afirmou que a Nasa já havia esboçado planos para a estação espacial Orbital Platform-Gateway, que funcionaria como um ponto de partida para visitar a superfície lunar.
"Estamos nos preparando para uma visita ao nosso satélite terrestre, mas, dessa vez, será diferente. Não queremos apenar deixar pegadas, acreditamos que esse é o momento ideal para estabelecermos uma presença permanente na Lua”, acrescentou o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, no evento.
 
Vice-presidente dos EUA Mike Pence disse que estação espacial lunar  da Nasa possibilitará estadia humana no espaço
 
Vice-presidente dos EUA Mike Pence disse que estação espacial lunar da Nasa possibilitará estadia humana no espaço
No ano passado, a fim de estruturar o projeto, a agência começou a trabalhar com fabricantes para projetar o sistema de propulsão do Gateway, garantindo os 500 milhões de dólares  necessários para concluir a missão.
"Nosso governo está trabalhando para colocar uma tripulação americana a bordo da Plataforma Orbital Lunar antes do final de 2024. Queremos retornar à Lua, queremos levar os americanos até Marte e pretendemos ainda explorar as profundezas do espaço sideral", ressaltou Pence.
O “portal lunar” será essencial para que a agência atinja as metas de voos espaciais estabelecidas na "Diretiva de Políticas Espaciais 1", assinada pelo presidente dos Estados Unidos,  Donald Trump , em dezembro de 2017. No período, a  diretiva traçou planos para o retorno à Lua e para o envio de astronautas a Marte.
Os cientistas afirmaram estar otimistas com a missão da Nasa e com a possibilidade da presença de humanos no satélite, já que recentemente descobriram camadas de gelo na Lua, o que aumenta as estimativas relatadas por Mike Pence durante a coletiva. Os pesquisadores concluíram que há pelo menos alguns milímetros de gelo que poderiam ser usados ​​como um recurso para futuras expedições ou até para estadias de longa duração no satélite. 
Terra.com

Irã ajudará a reconstruir a Síria

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O governo iraniano anunciou nesta segunda-feira (27) que chegou a um acordo de cooperação para reconstrução do exército e da indústria militar da Síria. O comunicado foi feito pelo ministro da Defesa do país, Amir Hatani, que fez visita de dois dias a Damasco, segundo a rede de televisão árabe al-Mayadeen.
    Os detalhes do acordo não foram divulgados. Hatami disse que o Irã atua na Síria a convite do governo do presidente sírio, Bashar al-Asad. O país persa é um dos principais aliados do governo sírio na guerra civil do país, iniciada em 2011, provendo consultores, suprimentos militares e treinando milhares de milicianos para combaterem ao lado do exército sírio. Grupos de monitoramento dizem que o conflito já matou mais de 400 mil pessoas e causou danos materiais de US$ 300 bilhões.
    Desde que o Irã e a Rússia intervieram em favor do governo, as forças leais a Bashar al-Asad retomaram espaço no conflito.
 A decisão iraniana acontece em meio a sanções do governo norte-americano, que exigiu que o país deixe o conflito na Síria como condição para o fim das sanções aplicadas no começo do mês ao país persa. Israel também foi contra a decisão e disse que não vai tolerar a presença de forças armadas iranianas perto da fronteira.




Como evitar que o acesso de uso de celular e de computador afete nossa coluna

 
Deixe o celular na bolsa por um tempo e olhe a sua volta. Certamente, vai perceber pelo menos uma pessoa (número bastante econômico) com a cabeça curvada, de olho no smartphone, esteja você no meio de transporte a caminho do trabalho, num restaurante, na praia, ou em qualquer outro lugar. Se trabalha de frente para o computador, confira a sua própria postura e a dos colegas ao lado. Muito possivelmente, a sua cadeira — ou a deles — está baixa demais ou o monitor do computador, em posição errada. Esses hábitos automatizados estão deixando nossa coluna em frangalhos, e cada vez mais cedo os consultórios médicos estão cheios de pessoas jovens com incômodos e dores, principalmente na região do pescoço e dos ombros, onde fica a região cervical.
O ortopedista Orlando Righesso Neto, coordenador da Comissão de Campanhas da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), tem olhado com atenção para a tarefa de criar materiais de conscientização. A entidade está preocupada, sobretudo, com os jovens, cujo os hábitos de trabalho e comunicação estão sobrecarregando o corpo.

O Globo.com

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

"As pessoas são apenas um invólucro com micróbios"

A imunologista Yasmine Belkaid.
 
“Se você se acha uma pessoa muito importante, lembre-se que a maior parte dos seus genes pertence a micróbios. E a maioria das funções de seu corpo é realizada por micróbios. Somos apenas um invólucro.” Yasmine Belkaid sorri enquanto reflete sobre o que é realmente um ser humano. Uma pessoa está composta por 30 trilhões de células humanas, sendo 84% delas glóbulos vermelhos, encarregados de transportar o oxigênio pelo sangue. Mas “não estamos sozinhos”, como salienta Belkaid. Em um corpo humano há também pelo menos 39 trilhões de micróbios. A proporção é de 1,3 células microbianas para cada célula humana. “Estamos colonizados por tudo aquilo que nos ensinaram a ter medo: bactérias, vírus, arqueas, protozoários, fungos”, enumera. Até os nossos olhos estão cobertos por uma multidão de micróbios.
Belkaid sabe do que fala. Dirige o Programa de Microbioma do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, dedicado a entender as interações entre os 30 trilhões de células humanas e os 39 trilhões de micróbios. É uma tarefa descomunal. Uma pessoa tem seu genoma, o DNA de suas próprias células. Mas também abriga um segundo genoma: o microbioma, o DNA de todos os micro-organismos que vivem no seu interior. A equipe de Belkaid demonstrou que os micróbios da pele e dos intestinos desempenham um papel crucial para controlar as defesas de um ser humano. Na pele, por exemplo, as bactérias benéficas se aliam ao sistema imunológico para acelerar a cura das feridas. A vida de uma pessoa depende dos sinais que seus inquilinos microscópicos enviam.
O caminho de Belkaid até o ápice da ciência mundial não foi muito intuitivo. Nasceu em Argel, a capital de Argélia, em 1968. Lá estudou Bioquímica na Universidade Houari Boumediene. Em 1995, fazia doutorado no Instituto Pasteur de Paris quando terroristas islâmicos mataram o seu pai numa praça de Argel. Era Aboubakr Belkaid, um ex-ministro socialista comprometido com a democracia e a modernização do seu país. No dia seguinte, o jornal Liberté estampou um título que cobria toda a página: “Por quê?”.
Belkaid, apesar de tudo, guarda uma grande lembrança de seu país natal. “A Argélia onde cresci era, na minha opinião, uma sociedade bastante positiva para as mulheres. Na universidade, muitos professores eram mulheres. E também havia um grande número de médicas. Acho que a Argélia da minha infância foi, em muitos aspectos, mais avançada que o que encontrei em outros países nos últimos anos. Acho que conheci mais professoras na Argélia que nos EUA”, afirma a cientista, que participou em Madri de um congresso organizado pelo Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO), com apoio da Fundação La Caixa.
Em 2013, a pesquisadora foi coautora de uma importante descoberta: os micróbios dos intestinos são capazes de aumentar ou reduzir a eficácia de alguns modernos tratamentos contra o câncer, baseados numa imunoterapia que estimula as defesas naturais do organismo. Agora, um dos objetivos de Belkaid é aprender a regular esse complexo equilíbrio entre a dieta, os micróbios e as defesas do corpo humano.
“O que sabemos com certeza, e não há discussão, é que a flora microbiana é absolutamente necessária para o sistema imunológico”, explica Belkaid. “A flora, não só no intestino, e sim na pele ou nos pulmões, é essencial para que o sistema imunológico se desenvolva e funcione. O que ainda não sabemos em humanos é de quais micróbios vamos necessitar em diferentes cenários”, acrescenta.
A pesquisadora, entretanto, é otimista. “Em 10 ou 20 anos seremos capazes de manipular os micróbios. E isto poderá ser possível acrescentando novos micro-organismos ou com mudanças nutricionais”, vaticina. Belkaid, porém, aconselha a não criar falsas esperanças e muito menos confiar nos charlatães que prometem dietas anticâncer. “São muito perigosos. Não deveriam se aproveitar das desgraças das pessoas para vender produtos cuja eficácia não foi demonstrada.”
A imunologista argelina sabe que derruba preconceitos. Seu currículo está cheio de publicações nas melhores revista científicas do mundo, como Nature e Science. “Para mim é muito emocionante transmitir uma imagem diferente na Argélia, mas também nos EUA, onde vivo agora e onde as pessoas com uma origem muçulmana claramente não são muito bem vistas.”
El País.com

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

As novas evidências "definitivas" da NASA para existência de água na Lua

Dados de missão indiana que explorou a Lua em 2008 e 2009 permitiram identificar água congelada nos polos do satélite; esse gelo poderia ser transformado em água potável para ocupantes de uma base lunar.
 
Cientistas acreditam que gelo encontrado na Lua poderia ser transformado em água potável para ocupantes de uma base lunar, ou até ser usado como combustível de foguete
 
Dados coletados pela missão indiana Chandrayaan-1, que explorou a Lua entre 2008 e 2009, estão sendo classificados por pesquisadores como "evidência definitiva" de que existe água em forma de gelo na superfície lunar.
Esses depósitos de gelo estão nos polos Norte e Sul do nosso satélite natural e, segundo cientistas, estão distribuídos de maneira fragmentada.
 
Imagem considerada a comprovação de que gelo foi encontrado nos polos norte e sul da Lua
 
Detalhes da descoberta foram divulgados na publicação acadêmica PNAS.
Um aparelho chamado Mapa da Mineralogia Lunar (M3) identificou reflexos de luz próprios do gelo. O M3 também foi capaz de medir como as moléculas de gelo absorvem luz infravermelha.

Água na escuridão

As temperaturas na Lua podem atingir 100ºC durante o dia, o que não oferece as melhores condições para conservar o gelo na superfície lunar. Mas, por causa da inclinação de cerca de 1,5 grau no eixo de rotação da Lua, há lugares em seus polos que não nunca veem a luz solar.
Os pesquisadores estimam que as temperaturas nas crateras que ficam permanentemente na escuridão não superam os 157ºC negativos. Isso criaria um ambiente favorável à existência de depósitos estáveis - por longo período - de gelo de água.
Essa descoberta apoia os resultados de algumas observações indiretas que previamente já haviam sugerido a presença de gelo no polo sul da Lua.
 
O gelo é conservado onde não há luz
 
Segundo os autores desse novo estudo, se há gelo suficiente nos primeiros milímetros da superfície lunar, esta água poderia ser usada como recurso para futuras missões tripuladas à Lua.
Acredita-se, inclusive, que o gelo poderia ser transformado em água potável para os ocupantes de uma base lunar, ou "dividido" em hidrogênio e oxigênio para ser usado como combustível de foguete. O oxigênio dividido também poderia, tecnicamente, ser usado pelos astronautas para respirar.
Gelo de superfície já foi encontrado em outros corpos celestes do Sistema Solar, como o polo Norte do planeta Mercúrio e no planeta anão Ceres.
BBC
 



Por que o dedaõ foi a última parte do pé a se desenvolver quando viramos bípedes

Cientistas descobriram recentemente que nosso dedão foi uma das últimas partes do pé a evoluir à forma atual.
Quando nossos ancestrais começaram a caminhar, ainda passavam parte do tempo sobre as árvores, usando os pés para se fixar nos galhos. Andavam sobre o solo de forma diferente de como fariam mais tarde, mas conseguiam se locomover com bastante agilidade.
Foi a evolução do dedão - que fez com que o pé se apoiasse melhor e desse impulso com mais facilidade - que permitiu uma locomoção mais eficiente, mostra um estudo da universidade americana de Marquette divulgado na última semana no Proceedings of the National Academy of Sciences, publicação da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Bipedismo

Os cientistas estudaram imagens em 3D de ossos dos dedos dos pés de fósseis de humanos primitivos e de primatas atuais, como chimpanzés.
Em seguida, compararam essa informação com ossos humanos atuais e com a árvore evolutiva dos primatas.

Chimpanzé

A principal descoberta é que a forma atual dos ossos do dedão - o hálux, na terminologia médica - evoluiu mais tarde do que os demais ossos investigados.
A constatação é importante porque "nossa habilidade de caminhar e correr como bípedes é uma característica crucial, que permitiu aos seres humanos chegar ao que são hoje em dia", disse à BBC Peter Fernandez, pesquisador da Universidade Marquette, em Milwaukee, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo.
Para que tudo pudesse funcionar em conjunto, os ossos do pé precisaram evoluir para acomodar as demandas particulares da biomecânica do bipedismo, segundo o cientista.
"Do ponto de vista mecânico, os dedões do pé são muito importantes para caminhar. No nosso estudo demonstramos que ele chegou à sua forma moderna muito depois que os outros dedos dos pés."

Dedo paralelo

Ilustração de Ardipithecus ramidus
 
O modo de vida de nossos antepassados também pode ter retardado essa evolução. Eles ainda passavam bastante tempo nas árvores, e o dedão era útil para a função de agarrar, acrescenta o cientista.
"Os seres humanos têm mais estabilidade ao caminhar devido à orientação do dedão, paralela aos outros dedos. Mas, como resultado disso, nossos pés não têm tanta destreza como os de um macaco."

Mistério

A razão pela que em determinado momento nossos ancestrais se aventuraram a ficar de pé e caminhar ainda é um mistério, ainda que haja várias hipóteses.
Uma possibilidade é que caminhar permitiu aos seres humanos primitivos liberar as mãos para carregar e usar ferramentas.
 
Outra hipótese é a de que as mudanças climáticas levaram à redução das florestas, o que tornou imperativo buscar alimentos em outros lugares. Uma terceira hipótese é de que nossos ancestrais já usavam seus membros superiores se segurando em galhos, enquanto usavam os pés para galhos mais finos.
Este e outros estudos indicam que os seres humanos primitivos começaram a caminhar de pé na época do fóssil Ardipithecus ramidus, há 4,4 milhões de anos.
Mas acredita-se que a transição à forma atual de caminhar tenha acontecido muito depois, e se deu no grupo ao que pertencem os seres humanos atuais, Homo.
O novo estudo, junto com outros trabalhos, confirma que os primeiros humanos a caminhar, os hominídeos, ainda usavam seus pés para agarrar objetos.
Reações
William Harcourt-Smith, professor do departamento de antropolgia da City University, em Nova York, comenta que "os autores sugerem que um dos primeiros hominídeos, Ardipithecus, já estava se adaptando numa direção que se distanciava da morfologia do ancestral comum mais antigo dos chimpanzés e dos seres humanos, mas não ia na direção dos seres humanos modernos."
"A meu ver, isso implica que houve várias linhagens distintas dentro dos hominídeos que faziam experimentações com o bipedismo de maneiras diferentes."
Fred Spoor, especialista na anatomia humana do Museu de História Natural em Londres, afirmou que se surpreendeu ao ver que "os hominídeos ainda tinham um dedão que lhes permitia agarrar, já que se pensava que isso era incompatível com um bipedismo efetivo."

Passos graduais

Fernandez disse à BBC que espera agora analisar outros ossos da parte dianteira do pé para completar sua pesquisa.
 
Pés de bebê
 
Os pés dos primeiros hominídeos tinham um conjunto de funções variadas e versáteis, ressalta o pesquisador.
Tornar-se humano não foi um "passo gigante", mas o resultado de uma série de mudanças graduais, incluindo uma das mais importantes, a evolução do dedão do pé.
O ser humano é o único primata em que o hálux está alinhado paralelamente aos outros dedos, sendo esse um fator-chave para a locomoção bípede.
BBC

terça-feira, 21 de agosto de 2018

A mochila high-tech que pode "coletar do ar" 40 litros de água por hora

Deserto da Namíbia

Em um cenário contemporâneo marcado por aquecimento global e sucessivas crises hídricas, muitos são os cientistas que buscam alternativas para a obtenção de água potável. E todos são unânimes em um ponto de vista: as soluções, neste quesito, jamais são concorrentes; elas se somam e precisam ser adotadas dentro de parâmetros de consciência ambiental e uso sustentável dos recursos do planeta.
Uma novidade neste campo é a proposta apresentada nesta terça-feira (21) pelo engenheiro mecânico Shing-Chung Josh Wong, professor da Universidade de Akron, nos Estados Unidos. Em um evento promovido pela American Chemical Society, ele demonstrou a viabilidade de uma engenhoca que promete servir para "coletar" partículas de água da atmosfera. Em forma de uma mochila, seria capaz de obter até 40 litros de água limpa e potável por hora, mesmo em ambientes áridos.
"O nosso mecanismo simplesmente miniaturiza o mecanismo natural, já que partículas atmosférica de água no ar são a maior fonte de abastecimento de água fresca no planeta", explicou o cientista à BBC News Brasil. "Graças à nanotecnologia, fornecemos uma grande área superficial por unidade de volume, coletando a água eficientemente da atmosfera com o mínimo de energia, sob diferenciais de pressão e temperatura."
O modelo desenvolvido pela equipe de Wong, que ainda não saiu do papel, é semelhante a uma mochila. De acordo com o cientista, a inspiração veio de um curioso inseto, o besouro-da-namíbia. O bicho, que habita o hiperárido deserto do país africano que lhe empresta o nome, retira toda a água de que necessita para viver graças a um sistema de absorção de partículas do ar em sua carapaça.
"Tive a ideia quando estava visitando a China, que tem um problema de escassez de água doce. Há investimento em tratamento de águas residuais, mas pensei que era preciso somar esforços em outras frentes", contou o cientista.

Técnica

Coletar a água do ar não é uma novidade. Milhares de anos atrás, o princípio já era utilizado pelos incas, que coletavam o orvalho das madrugadas nos Andes e o canalizavam para cisternas. Mecanismos semelhantes já eram adotados há pelo menos 2 mil anos em desertos do Oriente Médio.
Hoje em dia, com tecnologia de ponta, há equipamentos que aproveitam a neblina da manhã sobretudo em regiões secas nos Andes e na África.
O avanço do mecanismo proposto por Wong é justamente o que permite eficiência em um equipamento relativamente pequeno: a tecnologia do material. "Usar a nanotecnologia para 'colher' água da atmosfera é algo que ainda está na infância", disse. "Meu objetivo é estimular interesses nesse campo, de modo que a sociedade possa investir mais recursos nessa direção de energia renovável, em vez de usar apenas a tradicional dessalinização ou o tratamento de água de esgoto, cujos trabalhos já foram maximizados."
 
Mochila que coleta água
 
O pesquisador acredita que, no futuro, um programa semelhante poderia ser uma "solução viável" para locais afetados pela seca, como o Estado americano da Califórnia, a região noroeste da China, diversas regiões africanas, partes da Austrália e do Brasil.
"Acredito que governos ou companhias possam criar algum programa para financiar tal mecanismo", disse Wong, que está em busca de financiamento para transformar o protótipo em um produto consolidado.
O cientista não crava o valor que o produto custaria, mas acredita que a mochila coletadora, em escala, possa ser produzida a custo acessível.

Nanotecnologia

O material utilizado por Wong e sua equipe foram os polímeros obtidos a partir de eletroforese. O resultado são fibras que variam de poucas dezenas de nanômetros até um micrometro, ou seja, com entrelaçamento microscópico. Tais polímeros oferecem uma relação superfície-volume incrivelmente alta, muito maior do que as fornecidas pelos destiladores de água que existem no mercado.
Essa mochila coletadora de água, de acordo com os cientistas, funcionaria até em ambientes desérticos - justamente por conta da eficiência desse material, que ainda por cima atrai partículas de água. O consumo de energia também seria baixo. "Com os recentes avanços nas baterias de íons de lítio, penso em um dispositivo menor, do tamanho de uma mochila", comentou.
 
Nanofibra
 
As nanofibras absorvem a água do ar e a filtram. Para otimizar o fluxo do ar e, assim, tornar a captação mais eficiente, o projeto precia ser alimentado por uma bateria.
O consumo de energia seria baixo, faria uso de "recentes avanços nas baterias de íons de lítio".
Graças aos poros microscópicos, até micróbios são filtrados. O mecanismo obteria, portanto, uma água limpa e livre de poluentes. "E imediatamente potável", garantiu o cientista.
"É a primeira vez que uma coletadora portátil de água será projetada e fabricada por membranas de polímero de eletroforese, com uma abordagem bioinspirada", resumiu.
 
Cantareira

Escassez de água

Wong aproveita sua pesquisa para fazer um alerta sobre o problema mundial da escassez de água. Conforme ele ressalta em seu estudo, de toda a água disponível no planeta, apenas 2,5% é doce. E três quartos desse total está em forma de gelo, nos polos Norte e Sul.
"A maior parte dos esforços de pesquisa sobre sustentabilidade da água são direcionados para o abastecimento, a purificação, o tratamento de águas residuais e a dessalinização", enumerou, no estudo. "Pouca atenção ainda é dada para os mecanismos de captação de água a partir de partículas atmosféricas."
BBC

Inversão dos polos magnéticos da Terra pode estar próximo

Os polos magnéticos da Terra poderão se inverter mais cedo e de modo mais rápido do que se pensava, aponta um estudo divulgado por pesquisadores chineses nesta terça-feira (21/08).
 
 
 
 
Até agora, os cálculos dos geofísicos indicavam que esse fenômeno fosse ocorrer em algumas centenas de anos, mas novas evidências sugerem que a última mudança geomagnética, no final da da última era do gelo, levou apenas 144 anos para acontecer, ou seja, num prazo 30 vezes mais rápido do que se imaginava.
Os polos magnéticos do nosso planeta resultam dos metais líquidos existentes no núcleo da Terra. Quando essas substâncias começam a se movimentar em direções diferentes, podem gerar um impacto de grandes proporções no campo magnético do planeta.
Os pesquisadores apontam várias razões que levaram a crer que a próxima mudança no magnetismo dos polos poderá ocorrer em breve. O campo magnético da Terra estaria em torno de 10% mais fraco se comparado aos registros de 175 anos atrás, o que significaria que o fenômeno estaria próximo de ocorrer.
Além disso, os polos magnéticos estão se movendo de maneira bastante rápida. O Polo Norte se localiza atualmente no gelo polar ao norte do Canadá. Entretanto, a cada ano é registrada uma mudança de cerca de 50 quilômetros em direção à Sibéria.
Para os cientistas, o argumento mais significativo para justificar essa tendência seria de que a reversão nos polos magnéticos estaria bastante atrasada. Esse fenômeno ocorre, em média, a cada 200 mil ou 300 mil anos, e a última inversão completa ocorreu há cerca de 780 mil anos.
Desde então, o planeta teve diversas vezes as chamadas "excursões" geomagnéticas, que não acarretam mudanças permanentes nos polos magnéticos, mas resultam em desvios temporários, com a ocorrência de reversões completas, mas de curto prazo.
O pesquisador Jürgen Matzka, do Instituto de Ciências Ambientais e da Terra em Potsdam, afirmou que essas excursões ocorrem com frequência dez vezes maior do que anteriormente. Segundo afirma, essas ocorrências são, a princípio, indistinguíveis das verdadeiras mudanças nos polos.
Apesar dessas reversões não representarem qualquer ameaça à humanidade, os especialistas alertam que poderão gerar falhas nos satélites que orbitam a Terra. Esse risco, porém, não chega a ser uma novidade, pois o enfraquecimento do campo magnético terrestre já deixa os satélites mais vulneráveis aos danos provocados pela radiação solar e a partículas lançadas pelo Sol.
Os cientistas conseguiram analisar as flutuações dos campos magnéticos ao examinarem estalagmites em cavernas de rochas calcárias. Muitas destas ainda estão magnetizadas, o que permite calcular a idade desses minerais com facilidade.
 

A curiosa trajetória da cor rosa ao longo da história

Lady Hamilton

O rosa é uma faca de dois gumes. Enquanto o vermelho é estridente e picante e o branco é afetado e puro, o rosa corta para ambos os lados. Muito antes da palavra "rosa" ser ligada à matiz pastel bonita e delicada como a definimos hoje, o submundo londrino usava a palavra "pink'd" como algo bem menos perfumado e afetado no século 17: para denotar que alguém foi esfaquedo com uma lâmina afiada.
Não se sabe com certeza em que ponto a palavra "rosa" (pink em inglês) passou a designar o suave pigmento em vez da facada fatal. Mas a matiz em si, seja qual for o nome por qual era conhecida antes de entrar como 'rosa' na escala de cores no século 18, provocava rubor desde a antiguidade. Ela pode ser sedutora, pode ser inocente, mas também feliz, tímida, pudica e dengosa.

Bailarinas em Rosa (1880-1885) de Edgar Degas

Se você retirar o rosa da paleta da história da arte, uma considerável naco será perdido. As Bailarinas em Rosa de Edgar Degas perderiam a graça e o período rosa de Pablo Picasso não existiria.

A cor da carne

Um momento-chave na emergência do rosa como elemento essencial no desenvolvimento da pintura é A Anunciação - feita pelo pintor da Renascença Fra Angelico em meados do século 15 em seu famoso afresco no convento de San Marco em Florença, na Itália - que mostra o momento no Novo Testamento em que a Virgem Maria é informada pelo Arcanjo Gabriel que se tornará mãe de Cristo. Colocada no topo de uma escada que é iluminada diariamente por monges devotos, a pintura de Fra Angelico convida o observador a levitar.

Afresco de Fra Angelico

Crucial para levantar essa decolagem mística do afresco é o retrato do etéreo arcanjo - ele mesmo cruzou planos ao pular para o campo material em que Maria estava. Sem contar as asas policromáticas, o que é mais surpreendente sobre a representação de Gabriel é a decisão de Fra Angelico de cobri-lo com pregas fofas de um rosa suntuoso.
Nós sabemos, a partir do manual de um artista contemporâneo que ensina como misturar pigmentos (Il libro dell'arte, de Cennino Ceninni, publicado em italiano algumas décadas antes de Fra Angelico pintar seu afresco), que o rosa era tradicionalmente reservado para a representação de carne. "Feito a partir da mais bela e leva sinopia (um tipo de pigmento terroso) encontrada, misturada e suavizada com o branco", explica Cenini, "esse pigmento é útil quando você quiser usá-lo para pintar rostos, mãos e nus em paredes".
Ao vestir Gabriel com o mais luxuoso dos rosas, Fra Angelico expõe o arcanjo como sendo feito de corpo e sangue, quebrando a distinção entre o espírito sagrado e a carne efêmera. Rosa humaniza o paraíso. Ninguém jamais veria a cor da mesma forma de novo. Nos próximos séculos, artistas invocariam o rosa como um atalho para borrar limites.
 

Os cravos de Jesus

No centro da ação no famoso quadro Madonna dos Cravos, do mestre renascentista Rafael, o ramo de cravos entregues à Virgem Maria por um Cristo bebê pode não parecer digno de nota à primeira vista. Na verdade, esse ramo equivale a um milagroso nó no tempo. De acordo com a tradição religiosa, dianthus (o nome grego da planta, que significa "flor de Deus") não havia aparecido ao mundo até o momento do choro de Maria durante a crucificação de seu filho.

Madonna dos Cravos

Portanto, a aparência anacrônica da flor na cena de Rafael, tingida com o sangue futuro do bebê que o segura, estabelece misteriosamente um nó rosa no desenrolar linear do universo.
Com o tempo, o rosa floresceu além das pétalas de teologias complexas para refletir uma variedade de personalidades seculares enquanto manteve seu fascínio fugaz e sua capacidade de provocar. No século 18, o rosa se tornou a cor escolhida para pintar amantes famosas, desafiando observadores a negar sua legitimidade como cor respeitável.
Retratos famosos feitos pelo retratista do rococó francês Maurice Quentin de La Tourda Madame de Pompadour e pelo artista inglês George Romney de sua musa Emma, Lady Hamilton (a última amante do Lorde Nelson), posando como uma bacante mitológica, revelam como a cor conseguiu fazer a transição do sagrado para o secular.

Madame de Pompadour

O retrato em tons pastéis da amante oficial do rei Louis 15 da França é uma mistura de rosas suaves que se espalham por cada centímetro da tela e ameaçam sufocar seu objeto. Aqui, o rosa é uma energia que vibra da cadeira até os assuntos seculares com os quais Pompadour se cercou - música, astronomia e literatura.

Rosa porcelana

Patrona do comércio de porcelana, Pompadour inspirou a confecção de um novo tom de rosa delicadamente amalgamado com tons de azul e preto, criado pela fábrica de porcelana Sevres. Para Pompadour, o rosa não era mais um mero acessório, mas um parceiro de crime - uma segunda pele com a qual ela crescia intelectualmente e emocionalmente. Ela se tornava sua cor.
Nenhuma pintura incorpora o movimento pendular gradual do rosa do espiritual para o secular com tanta vida do que o exuberante O Balanço, do artista francês Jean-Honoré Fragonard, pintado por volta de 1767, entre os trabalhos de La Tour e de Romney. Aqui, um rompante fantástico de rosa flutuante é congelado nos movimentos de uma menina que se balança, cercada de rosa, com um sapato de seda caindo e atraindo a atenção de vários olhares masculinos escondidos nos arbustos em volta dela. Aqui estamos bem distantes do sussurro rosa dos anjos.
Mais recentemente, o rosa continua a ser usado por artistas que querem confundir nossas expectativas sobre quais impressões ou mensagens o pigmento pode transmitir. Tendo mantido uma ótima reputação em meados do século 20 em uma primeira geração de expressionistas abstratos, e tendo se afastado completamente de objetos figurativos nos anos 1950, o artista americano nascido no Canadá Philip Guston usou o rosa como uma volta dramática à arte representativa no fim dos anos 1960.
Na época, a cor em si havia passado por uma transformação comercial na cultura de varejo americana, tendo começado o século como uma cor mais associada a meninos e masculinidade do que princesas e bonecas de meninas. Mas no momento em que Guston começou a introduzir as figuras cartunescas inspiradas em membros da Ku Klux Klan, com os capuzes pontudos de rosa pálido que ainda atordoam a imaginação popular até hoje, a cor foi recomercializada como delicada e feminina. Ao usar o rosa para suas cenas inquietantes de uma cultura americana decadente, Guston dá um tapa na cara da Barbie.
No mesmo momento em que o rosa provocante de Guston dava uma dedada no olho do mundo da arte, estudos científicos eram desenvolvidos por Alexander Schauss, diretor do Instituto Americano de Pesquisa Biosocial, para determinar se as manipulações de cor poderiam ajudar a controlar o comportamento de indivíduos cercados por ela. O investigação de Schauss resultou na criação do pigmento conhecido como o "rosa Baker-Miller", nomeado em homenagem a dois generais do Instituto de Correções Navais de Seattle, onde o pigmento foi testado com sucesso nas paredes das celas de presos, tendo se revelado como poderoso "calmante".
Apesar de fazer as pessoas ficarem mais dóceis, o rosa ainda causa brigas, desafiando nossas percepções a um duelo estético. Ao descobrir que o artista britânico Anish Kapoor havia assinado um contrato dando a ele direitos exclusivos sobre uma cor conhecida como vantablack (o tom mais escuro jamais criado) e o direito de proibir qualquer outro artista de usá-la, o artista Stuart Semple ficou furioso.
Revoltado com o embargo ao preto de Kapoor, Semple começou a criar um rosa extremamente fluorescente que ele diz ser "o mais rosa dos rosas" ("ninguém jamais viu um rosa mais rosa", insiste). E deu uma cutucada em Kapoor disponibilizando sua cor por um preço módico a qualquer um no mundo que não seja Anish Kapoor nem amigo o suficiente do artista para compartilhar a cor com ele.
BBC