Pouco mais de oito dias. Exatamente, 212 horas. Esse foi o tempo de vida da primeira planta a germinar na Lua, um broto de algodão. A germinação foi considerada um marco na exploração espacial.
O feito havia sido obtido pela missão chinesa Chang'e-4, uma sonda não tripulada, a primeira a pousar e explorar o lado oculto da Lua, aquele que não pode ser visto do nosso planeta. Como a rotação da Lua é sincronizada com seu movimento de translação ao redor da Terra, esse lado está sempre posicionado de costas para nosso planeta.
A planta havia germinado a partir de sementes levadas pela sonda e estava vivendo em um recipiente especial.
Não foram encontrados só dois micróbios. Os testes sugerem que são mais de 10 mil células bacterianas por milímetro de água.
Jonh Priscu, chefe da expedição na Antártica e professor de ecologia na Universidade de Montana, disse ao Live Science acreditar na existência de outras formas de vida que sejam até maiores do que os micróbios encontrados. No entanto, a pesquisa em campo só será retomada dentro de dois meses. Priscu diz que os diferentes lagos subterrâneos do continente podem estar interligados entre si e que podem abrigar vida, mesmo sendo ambientes hostis.
Mas o broto de algodão não sobreviveu à noite lunar, que dura até duas semanas (no tempo da Terra) e cujas temperaturas podem cair a -170 graus Celsius. Durante esse período noturno, toda a sonda chinesa entra em modo de hibernação, para poupar energia.
Não foi um erro ou um fracasso, pelo contrário, já estava previsto que isso poderia ocorrer. O professor Xie Gengxin, da Universidade Chongqing, que liderou o planejamento do experimento, afirmou a um jornal chinês que sua equipe já havia antecipado que a planta teria uma vida curta.
Outros experimentos
Além de sementes de algodão, a sonda chinesa levou para a Lua sementes de batata e arabidopsis - uma planta da família da mostarda, usada em experimentos de botânica - e ovos de moscas de fruta.
A expectativa era criar um microecossistema, em que as plantas produziriam oxigênio, necessário para as moscas. Essas, por sua vez, produziriam dióxido de carbono, necessário para a fotossíntese.
Durante a noite lunar, era esperado que as temperaturas dentro desse microecossistema caíssem abaixo dos 52 graus Celsius negativos. Nessas condições, os organismos entrariam "em estado de congelação", disse a universidade chinesa, em um comunicado na terça-feira. Já à medida que as temperaturas voltassem a aumentar, no próximo mês, os organismos poderiam se "decompor lentamente".
"Alguns dos resultados (dos experimentos) excederam nossas expectativas", explicou Xie Gengxin para a TV estatal chinesa.
Por que isso é importante?
A capacidade de cultivar plantas na Lua é vista como essencial para as missões espaciais tripuladas com longa duração, pois isso significaria que os astronautas poderiam potencialmente cultivar sua própria comida no espaço, reduzindo a necessidade de voltar à Terra para reabastecer. Seria o caso de viagens a Marte, por exemplo, que podem levar até dois anos para chegar até o destino.
BBC News
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