O que é o urânio enriquecido e por que ele está no centro da tensão entre EUA e Irã
Ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reúnem nesta segunda-feira (15) em Bruxelas para tentar salvar o acordo nuclear com o Irã, firmado em 2015, no qual o país se compromete a suspender seu programa atômico em troca do relaxamento de sanções econômicas contra ele.
O embaixador do Irã nas Nações Unidas (ONU), Majid Takht-Ravanchi, afirmou que seu país continuará a exceder os limites permitidos para o enriquecimento de urânio, a menos que a Europa apresente alguma forma de compensar as perdas econômicas provocadas pelas sanções que os Estados Unidos impõem a Teerã.
Segundo Takht-Ravanchi, o Irã não quer se retirar do pacto nuclear firmado pelo país com várias potências mundiais em 2015.
O acordo, entretanto, está à beira de um colapso desde que o governo de Donald Trump decidiu, no ano passado, abandoná-lo e reintroduzir as sanções contra o Irã.
Essa situação está sendo vigiada de perto pela agência que monitora o uso da energia nuclear no mundo, a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
Ao enriquecer o urânio a níveis mais altos, o Irã viola os compromissos que havia assumido no pacto.
No acordo, o Irã concordou em limitar suas atividades nucleares mais sensíveis e permitir a entrada de inspetores internacionais para tarefas de monitoração.
Mas por que os limites do enriquecimento de urânio são tão importantes?
O que é urânio enriquecido?
Os átomos de urânio têm diversas variantes, chamadas de isótopos. Todas elas têm o mesmo número de prótons no núcleo, mas diferentes números de nêutrons. O urânio encontrado na natureza tem uma concentração de 99,27% da variante chamada U-238 e 0,72% da variante U-235, que é usada como combustível e para produção de armas.
O urânio enriquecido é o que tem alta concentração da variante U-235.
O enriquecimento é feito pela adição de gás hexafluoreto de urânio às centrífugas que separam o isótopo mais adequado à fissão nuclear, o U-235.
O urânio com baixa concentração de U-235 (de 3% a 5%) é usado para a produção de combustível de usinas nucleares. O de concentração de pelo menos 20% é normalmente utilizado para pesquisas. Já o urânio com 90% de U-235 pode ser usado para a produção de armas nucleares.
Segundo o acordo de 2015, o Irã só pode enriquecer o urânio até 3,67% de U-235. Também não pode armazenar mais do que 300 quilos do elemento ou ter mais de 5.060 centrífugas.
Outra parte do pacto limita a 130 toneladas a quantidade que o país pode armazenar de água pesada - que contém átomos de hidrogênio mais pesados que a água comum. O Irã também não pode redesenhar seu reator nuclear de água pesada na cidade de Arak - o combustível irradiado de um reator de água pesada contém plutônio, que também pode ser usado para fabricar uma bomba nuclear.
O que o Irã tem feito?
Em 1º de julho, a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou que o Irã tinha ultrapassado o limite permitido de suas reservas de urânio enriquecido.
Seis dias depois, o país confirmou que tinha retomado o enriquecimento acima dos 3,7% de concentração de U-235 permitidos. O país rompeu as regras, disse o governo, para sanar "necessidades".
Um porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, disse que, inicialmente, o país enriqueceu urânio até o patamar de 5% com o objetivo de abastecer a central elétrica de Bushehr, província no sul do país.
Kamalvandi assinalou que, "nesse momento", o Irã não precisa aumentar a concentração de U-235 até 20% para alimentar o reator de pesquisas de Teerã.
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