segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Nossas plantas podem estar alimentando a Lua com oxigênio

 
Cientistas que analisavam os dados da sonda japonesa SELENE, apelidada de Kaguya, descobriram que há oxigênio, possivelmente vindo de plantas da Terra, atingindo a Lua. A descoberta foi feita a partir da coleta de dados da Kaguya, com seus sensores de partículas, enquanto orbitava 99,7 quilômetros acima do satélite natural, entre 2007 e 2009. A  Lua, assim como a Terra, recebe diariamente radiação solar de alta energia. Mas, cinco dias por mês, ela fica à sombra do campo magnético da Terra.
Mas como o oxigênio de nosso planeta teria feito seu caminho até à Lua? Bom, o campo magnético da Terra deixa um longo funil de partículas eletricamente carregadas em seu rastro. Um funil muito mais fino com maior densidade de partículas, chamado de lençol de plasma, fica no centro. O estudo, publicado nesta segunda-feira na Nature Astronomy, descobriu íons O+ (átomos de oxigênio menos um elétron) de maior energia quando a Kaguya passou pelo lençol de plasma. Este oxigênio de alta energia não era detectado quando a Lua estava fora da magnetosfera da Terra.

Após a análise, a equipe estava certa de que esses íons O+ não vieram de ventos solares, mas sim da atmosfera da Terra, o que significa que as plantas provavelmente os produziram durante a fotossíntese. Os íons também provavelmente ficaram presos na poeira lunar. “Uma consequência dessa descoberta é que toda a superfície lunar pode ser contaminada com oxigênio terrestre biogênico, produzido por fotossíntese ao longo de bilhões de anos.”

Já sabíamos que há uma “defecação” da Terra sobre a Lua, e não estamos falando do que nosso humanos deixaram lá. Mas não havíamos visto esse processo de troca entre a Terra e a Lua pelo oxigênio, e é bem incrível que a Kaguya tenha conseguido “sentir o cheiro” de tão longe.

Outros cientistas acharam a análise sensata. A lua Iapetus, de Saturno, também reúne material coletado de outras luas, contou ao Gizmodo Alexander Mustill, pós-doutor em física teórica na Universidad Autónoma de Madrid. Ainda assim, “a parte mais empolgante deste estudo está nas possíveis implicações: a possibilidade de reconstrução, a partir de depósitos na Lua, da história da atmosfera da Terra”, afirmou, em um email. Entretanto, tanto Mustill quanto os cientistas japoneses reconhecem que, no momento, não há um jeito de dizer quando um íon de oxigênio atinge a Lua, então seria difícil traçar um cenário  da história atmosférica da Terra apenas com esses dados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário