quarta-feira, 31 de julho de 2019

Inteligência artificial aumentará expectativa de vida

 
 
 
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A inteligência artificial (IA) disparará a produtividade, tornará o mundo mais eficiente e seguro, aumentará a expectativa de vida e servirá para prever o futuro, prevenir catástrofes e combater a mudança climática. As empresas que desenvolvem esta nova era baseada em algoritmos e big data a apresentam como o Santo Graal e passam na ponta dos pés pelos evidentes perigos que ela também traz. Porque, segundo diferentes estudos e análises, entre 14% e 40% dos postos de trabalho atuais correm o risco de desaparecer devido ao efeito combinado desses sistemas e da robótica.
A reportagem é de Zigor Aldama, publicada por El País, 28-07-2019.
“O ser humano será forçado a ter uma formação contínua para não ficar obsoleto”, afirma Robin Li, CEO e cofundador do Baidu. Mas existe um cenário no qual nem mesmo esse aprendizado contínuo seria suficiente para garantir os postos de trabalho: o da singularidade tecnológica. Embora ainda seja um conceito mais apropriado para histórias de ficção científica, essa hipótese traça um futuro no qual os avanços tecnológicos desembocam em uma superinteligência que supera de longe a do ser
humano. E não faltam cientistas que a considerem uma possibilidade menos remota do que muitos outros querem acreditar.

O futuro

Será que o futuro pode superar a ficção? Principalmente na China, o país que se propôs a liderar o desenvolvimento da inteligência artificial: já é o que mais investe no setor, o que tem mais instituições públicas fazendo pesquisas e o que mais registra patentes: 57% do total, em comparação com 13% dos EUA e 7% da União Europeia, segundo o relatório de 2018 Artificial Intelligence, a European Perspective, da Comissão Europeia. E conta com 17 das 20 instituições de pesquisa mais relevantes no âmbito da IA, segundo um estudo da Organização Mundial da Propriedade Intelectual. “Embora eu gostasse que os EUA ganhassem a corrida da IA, se tivesse de apostar, apostaria na China”, afirma Thomas H. Davenport, autor de The AI Advantage (“A vantagem da inteligência artificial”). “A China tem muitas vantagens: um Governo determinado, uma fonte inesgotável de dinheiro, um número crescente de cientistas inteligentes e uma enorme população que adora o digital”, argumenta.
Também é o país com menos barreiras éticas e legais. Isso permite que os científicos entrem em terrenos que outros países consideram pantanosos. “Sempre pensamos que era impossível copiar a inteligência humana e agora sabemos que algum dia poderemos compreendê-la suficientemente bem para replicá-la. Isso significa que ela não é insubstituível”, afirma Wu Shuang, cientista-chefe da Yitu, uma das empresas de IA mais avançadas da China e doutor em Física pela University of Southern California. “Ainda estamos na fase de dotar as máquinas da capacidade de percepção e longe de passar às de raciocínio e de tomada de decisões. Mas estou convencido de que as máquinas acabarão adquirindo senso comum e de que serão capazes de tomar decisões cotidianas melhor do que os humanos”, acrescenta Wu, especializado em aprendizagem automática e redes neuronais profundas.
Wu coça a cabeça depois de 50 minutos de entrevista e reconhece não saber se o ser humano vai se dar bem nesta nova etapa na qual está se aprofundando. E não é o único. “Sempre quisemos acreditar que o ser humano é o centro do universo. Depois percebemos que vivemos em um pequeno planeta de um sistema solar que não está nem mesmo no centro da galáxia”, aponta. “Também achamos que temos um intelecto superior, criativo e capaz de raciocinar. Ainda não sabemos exatamente como funciona, mas acredito que acabaremos entendendo todos os seus mecanismos. Isso nos ajudará a melhorar, mas também demonstrará que pode existir uma inteligência superior.”
Chen Haibo tem uma opinião semelhante. O fundador e presidente da DeepBlue, outra grande empresa chinesa do setor, acredita que nem mesmo a imaginação será sempre uma capacidade exclusiva do Homo sapiens. “A tecnologia avançou em dois séculos mais do que nós em milhares de anos. Não vejo por que deixaria de fazer isso − portanto, é inevitável que as máquinas terminem superando nossa inteligência”, afirma.

Indícios de superinteligência?

“Esta superinteligência vai chegar e talvez nem percebamos que está chegando”, acrescenta Brian Subirana, diretor do Auto-ID Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT) [entrevistado por Jaime Susanna na Cibecom, a Cúpula Ibero-Americana de Comunicação Estratégica].
Ele cita como exemplos alguns passos que já estão sendo dados nessa direção: “O reconhecimento de imagem nos últimos sete anos superou o do ser humano. Por isso, nos controles de imigração as câmeras podem reconhecer melhor do que os agentes os rostos. É uma tecnologia utilizada também na medicina. No caso dos tumores de retina, descobriu-se que o computador sabe distinguir se uma retina é de homem ou de mulher, algo que nenhum médico sabe fazer. Esse seria um exemplo de superinteligência no qual o computador vê coisas que escapam ao olho humano”.
Por outro lado, a potência da computação cresce exponencialmente ao mesmo tempo em que os chips ficam menores. Peter Abbeel, professor da UC Berkeley e cientista-chefe da Embodied Intelligence, concorda: “Ainda não existe uma máquina com poder de computação para reproduzir o cérebro humano, mas isso pode ser conseguido na nuvem, com uma rede de computadores”.
Na opinião de Abbeel, esse não é o maior problema. “À medida que os chips forem avançando, eles também ficarão cada vez mais baratos. Uma máquina com a capacidade de computação de uma pessoa poderia até custar menos do que o salário mínimo”, assinala. José Dorronsoro, professor de Ciência da Computação e Inteligência Artificial na Universidade Autônoma de Madri e pesquisador sênior do Instituto de Engenharia do Conhecimento, concorda: “Há quem diga que os microprocessadores quânticos são difíceis de controlar e que se demonstrará que a Lei de Moore, que diz que a cada dois anos o poder der cálculo dobra, está errada porque os chips enfrentarão barreiras físicas intransponíveis. Eu, no entanto, acredito que surgirão novas propostas tecnológicas e considero viável que a capacidade de computação do cérebro possa ser replicada em um tempo razoável”.

Os céticos

O Projeto Cérebro Humano da União Europeia busca algo semelhante, mas de uma perspectiva mais ampla, com a Plataforma de Simulação do Cérebro. Embora Abbeel considere que estes avanços podem ser o primeiro passo no caminho para uma superinteligência, Dorronsoro não acredita que ele se tornará o germe da singularidade tecnológica. “Uma máquina pode fazer muitos cálculos a uma velocidade enorme, mas precisa de uma estrutura conceitual para ir mais longe. Temos de entender o cérebro também do ponto de vista neurofisiológico”, argumenta.
A posição de Dorronsoro é semelhante à de Ramón López de Mántaras, diretor do Instituto de Pesquisa de Inteligência Artificial do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC, na sigla em espanhol), um dos cientistas que veem o conceito de superinteligência com mais ceticismo: “A capacidade de computação se compara com a atividade elétrica dos neurônios, mas no cérebro há mais células gliais do que neuronais. Hoje sabemos que têm um papel importante, mas não
 como reproduzi-las”. López de Mántaras assinala que será possível criar uma rede neuronal comparável à do cérebro quanto a seu número de unidades de processamento, mas alerta que só estará sendo modelada a atividade elétrica, esquecendo-se a química, que é fundamental para processar informações. “Ou seja, em nenhum caso será um cérebro”, sentencia.

IA: sem memória nem ética

Um obstáculo adicional está na capacidade de aprendizagem da IA e no esquecimento catastrófico que ela sofre. Como diz López de Mántaras, “sistemas como o DeepMind têm uma aprendizagem que não é incremental nem relaciona um conhecimento novo com os que tinha antes. Se você o ensinar a jogar xadrez, ele fará isso. Mas se você o reprogramar para fazer outra tarefa, ele se esquecerá de jogar. Por enquanto, não sabemos como conseguir que uma máquina aprenda mais ao longo de toda sua vida, como faz uma pessoa”.
Dorronsoro também ressalta os dilemas éticos que a inteligência artificial tem de resolver antes de poder dar o salto para a superinteligência. O primeiro, aponta ele, chegará com os veículos autônomos. “Terão de reagir diante dos imprevistos e, portanto, precisarão tomar decisões que tenham uma vertente ética. Porque não haverá tempo para que o carro envie uma mensagem com o dilema surgido para um centro de controle no qual seres humanos decidam o que fazer. Atropelo a senhora ou jogo o carro pelo barranco?”.
López de Mántaras também se preocupa com as armas autônomas. Ele foi um dos primeiros signatários de uma petição para proibi-las. Não só os drones dos exércitos, mas também os diferentes robocops que estão sendo desenvolvidos. “Distinguir entre uma pessoa que porta uma arma, mas tem uma atitude de rendição, e outra que ameaça alguém com ela é muito difícil. Assim como determinar se um ferido armado está no chão pedindo ajuda e não em uma atitude agressiva. Há muitos exemplos de que a inteligência artificial em armas autônomas não é confiável e não deve ser usada”,
ressalta. Como se isso não bastasse, López de Mántaras apresenta um argumento moral: “É indigno delegar a uma máquina a decisão de matar”.
A programação desses sistemas pode estabelecer alguns precedentes importantes. “Não vamos dar capacidade de julgamento às máquinas, mas dotaremos de ética os algoritmos, que não deixam de ser receitas mecânicas. E depois teremos de ver como se lidará juridicamente com suas consequências”, aponta Dorronsoro. Só quando essas questões forem respondidas é que poderá ser dado um novo passo em direção ao que atualmente é ficção científica: dar sentimentos às máquinas. “Não podemos dizer que nunca ocorrerá. Mas isso tornaria a humanidade completamente obsoleta, porque as máquinas seriam capazes de fazer tudo: da pesquisa científica à arte. Seria o pós-humanismo”, afirma López de Mántaras.

A guerra comercial pela IA

Além disso, Subirana aponta outro obstáculo, derivado da estrutura que criou o sistema capitalista: “Caso se chegasse à superinteligência, não haveria apenas uma: existiram várias, lideradas por diferentes empresas, e poderiam ocorrer lutas entre algoritmos para ver quem ganha”. O cientista do MIT pega seu iPhone para uma demonstração simples: pede à Siri que toque uma música no Spotify e o sistema de IA se recusa porque a Apple bloqueia esse serviço; Subirana diz “ok, Google” e a Siri ri dele. Literalmente.
No fim das contas, os algoritmos respondem a interesses comerciais que criam muros para separar uns dos outros. O interesse público é o que menos importa quando as inteligências artificias têm logotipo. “Deveria ser iniciado um diálogo social transparente e mais ativo para debater seu funcionamento. E os Governos, que até agora têm sido reativos, devem ser proativos e regulamentar tudo isso muito mais rápido”, afirma o cientista. Todos os entrevistados para esta reportagem concordam com a necessidade de regulamentar a inteligência artificial para impor um limite para os
Além disso, Subirana aponta outro obstáculo, derivado da estrutura que criou o sistema capitalista: “Caso se chegasse à superinteligência, não haveria apenas uma: existiram várias, lideradas por diferentes empresas, e poderiam ocorrer lutas entre algoritmos para ver quem ganha”. O cientista do MIT pega seu iPhone para uma demonstração simples: pede à Siri que toque uma música no Spotify e o sistema de IA se recusa porque a Apple bloqueia esse serviço; Subirana diz “ok, Google” e a Siri ri dele. Literalmente.
No fim das contas, os algoritmos respondem a interesses comerciais que criam muros para separar uns dos outros. O interesse público é o que menos importa quando as inteligências artificias têm logotipo. “Deveria ser iniciado um diálogo social transparente e mais ativo para debater seu funcionamento. E os Governos, que até agora têm sido reativos, devem ser proativos e regulamentar tudo isso muito mais rápido”, afirma o cientista. Todos os entrevistados para esta reportagem concordam com a necessidade de regulamentar a inteligência artificial para impor um limite para os
excessos das grandes corporações antes que seja tarde demais.
Independentemente de que seja alcançada ou não a singularidade tecnológica, nenhum deles duvida que a inteligência artificial terá um profundo efeito na sociedade. Eles afirmam que ainda estamos na infância dessa tecnologia e não temos certeza do que estamos buscando. Deveríamos nos concentrar em utilizá-la “para resolver os problemas sociais existentes e não só para obter ganhos econômicos”, adverte Yang Xueshan, professor da Universidade de Pequim e ex-vice-ministro da Indústria e Tecnologias da Informação da China.

Concentração perigosa de poder

“Temos de desenvolver a IA de uma forma que sirva aos nossos interesses e se preocupe conosco”, afirma Abbeel. O problema é que, em um mundo polarizado, esse “conosco” não engloba toda a humanidade, e sim pequenos grupos de poder. Assim, Dorronsoro aponta a ameaça representada pela concentração de poder em um pequeno número de gigantes tecnológicos, “como Google, Facebook e Netflix”. Chen e Wu destacam a disrupção que a soma da inteligência artificial com a robótica vão provocar no mercado de trabalho. E López de Mántaras acrescenta que isso pode aprofundar a crescente desigualdade econômica “provocada por um neoliberalismo que está destruindo a classe média”.
Subirana, por outro lado, mostra sua preocupação com o perigo crescente representado por hackers em um mundo hiperconectado e controlado por algoritmos manipuláveis. “Eles podem explorar as vulnerabilidades dos sistemas com consequências muito mais graves, porque não existe 100% de proteção”, analisa. “O que aconteceria se, por exemplo, um milhão de micro-ondas fossem ligados ao mesmo tempo e ocorressem milhares de incêndios nos quais morressem centenas de pessoas?”, pergunta.
Além disso, na opinião de Brian Subirana, o rastro de dados que deixamos − biométricos, de GPS, correio eletrônico, compras na Internet − em poder das multinacionais também pode ser utilizado para explorar fraquezas dos indivíduos, dos quais é possível saber quase tudo. “Por exemplo, podem ser oferecidas bebidas a quem sofre de alcoolismo quando o algoritmo determina seu momento mais vulnerável. E a Amazon já está fazendo perfis dos clientes escutando tudo o que acontece em suas casas”, assinala o cientista do MIT.

A força da empatia humana

Embora a maioria dos cenários pareça apocalíptica, todos os cientistas entrevistados destacam que não são pessimistas quanto ao futuro. Pelo contrário, consideram que a IA será um poderoso motor de desenvolvimento. “O bom caminho é o dos cobots, sistemas de IA que nos permitirão fazer melhor nosso trabalho”, diz López de Mántaras.
O pesquisador do CSIC volta ao terreno médico para dar um exemplo. “Os sistemas de diagnóstico melhoram substancialmente a eficiência dos médicos. Mas o médico é insubstituível, porque a máquina não tem empatia. O contato humano de quem coloca a mão no seu ombro e diz que vai curar você não pode ser reproduzido, ainda, por um robô. E há um efeito placebo brutal. Por enquanto, tudo que requer socialização está fora do alcance das máquinas.”
A Yitu é uma das empresas que desenvolvem algoritmos de IA e sistemas de reconhecimento de imagem para diagnósticos médicos, mas Wu também prevê um bom futuro para os médicos − “se você lhes der uma ferramenta muito poderosa para que façam melhor seu trabalho”. Ele destaca a melhoria que significam no mundo em desenvolvimento, onde a demanda por serviços de saúde cresce mais rápido do que a capacidade de formar novos médicos: “Na radiologia também não há profissionais suficientes, por isso nossos sistemas − capazes de fazer um diagnóstico a partir de exames visuais, como tomografias e ressonâncias magnéticas − suprem essa carência porque permitem que os especialistas existentes façam seu trabalho mais rápido: podem examinar 50 tomografias por dia, em vez de 10”.
Chen Haibo também é otimista. “Pode ser que os chips cheguem a superar a imaginação humana, mas devemos trabalhar para que o futuro não seja mutuamente excludente. Temos de concentrar nossos esforços em aprender a conviver com máquinas que podem nos superar em diferentes habilidades”, assinala o fundador da Yitu. “Não devemos ter medo, porque já fizemos isso antes. Passamos de uma era em que quase toda a humanidade trabalhava no campo para outra na qual era empregada nas fábricas. E daí para uma sociedade de serviços”, acrescenta.

A resistência

López de Mántaras prefere olhar para a Suécia, onde se experimentou uma redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, para sustentar sua tranquilidade. “A automatização está destruindo empregos há muito tempo. Basta pensar nos caixas eletrônicos. Mesmo assim, as sociedades mais automatizadas não são as que têm mais desemprego”, assinala. Mas o cientista também diz que tudo dependerá do modelo de IA que predominar. “A Europa deve ser a resistência.”
Resultado de imagem para fotos da inteligencia artificialResultado de imagem para fotos da inteligencia artificialCientistas do nível de Stephen Hawking e empresários como Elon Musk alertaram que um modelo equivocado poderia representar a maior ameaça para a humanidade. Embora Hawking tenha reconhecido que a IA mais rudimentar, a que existe na atualidade, é muito prática, ele assinalou que desenvolvê-la mais do que isso poderia levar à singularidade tecnológica. “Ela poderia acabar redesenhando a si mesma. Os humanos, incapazes de se desenvolver biologicamente na mesma velocidade, seriam substituídos.” No entanto, todos os entrevistados para esta reportagem acreditam que não se chegará a esse ponto. Dorronsoro diz até mesmo, entre risos, que essa possibilidade lhe importa tanto quanto a superpopulação de Marte: “Pode acontecer? Pode, mas não é uma preocupação imediata”.
 

Quais são as doenças de inverno e o que fazer para evitá-las

Mulher gripada
 
O inverno chega e com ele também vêm algumas doenças. Ao longo dos meses mais frios, consultórios e hospitais ficam cheios de pacientes com problemas respiratórios, infecções, dores no corpo, febre e nariz entupido. Isso acontece, principalmente, por dois motivos:
1. Durante essa época do ano, para esquentar os ambientes, temos o hábito de fechar todas as janelas, impedindo a circulação do ar e facilitando a transmissão de organismos nocivos de uma pessoa para outra.
2. O ar seco e poluído e as baixas temperaturas, característicos da estação “agridem a mucosa respiratória, propiciando uma maior facilidade para que vírus e bactérias se alojem e desenvolvam infecções”, afirma o dr. Flávio Sano, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Mas quais são essas infecções a que estamos tão vulneráveis? E o que fazer para evitar as doenças? Nós conversamos com alguns especialistas de várias áreas da medicina e respondemos essas e mais perguntas sobre o assunto.
 
 Mas quais são essas infecções a que estamos tão vulneráveis? E o que fazer para evitar as doenças? Nós conversamos com alguns especialistas de várias áreas da medicina e respondemos essas e mais perguntas sobre o assunto.

Gripe e resfriado

Os grandes vilões que, quando não tratados corretamente, podem desencadear outras doenças.
Apesar de serem diferentes, a gripe e o resfriado são infecções virais. “Transmitidos oralmente, os vírus se propagam mais facilmente no inverno, período em que as pessoas passam mais tempo em locais fechados e têm maior contato”, diz a infectologista. Marinella Della Negra, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Os sintomas, em geral, são parecidos, mas a gripe os apresenta de maneira abrupta e com febre alta (coriza, congestão nasal, tosse e dores no corpo são os sintomas comuns).
Para evitar a gripe, tome a vacina! “A vacinação é fundamental para a prevenção. Se a doença pode ser evitada por meio de vacinas, não tem motivo para não tomar”, ressalta a especialista da SBI.
Outras atitudes preventivas são evitar ficar em ambientes completamente fechados – abra pelo menos um pouco a janela para deixar o ar circular – e lavar bem as mãos sempre.

Pneumonia

A doença acontece quando os agentes infecciosos (vírus, bactérias ou fungos) que circulam pelo ar se alojam nos alvéolos pulmonares, onde há a troca do ar oxigenado pelo ar rico em gás carbônico que expiramos. Daí vem a dificuldade para respirar, dor no peito, fadiga, febre e tosse com ou sem muco.
Muitos dos casos de pneumonia acontecem após uma gripe ou resfriado que não foi curado completamente, pois essas infecções enfraquecem o sistema imunológico, deixando-o mais suscetível aos agentes que atacam o pulmão.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Senador americano pede investigação do FaceApp: quais são os riscos de enviar o aplicativo de envelhecimento?

Quem conhece e usa o FaceApp há algum tempo sabe que o filtro "idade" existe desde que este aplicativo foi lançado para os sistemas iOS e Android.
 
Homem usa o Face App para se ver mais velho
Mas nos últimos dias, o aplicativo chegou ao topo da lista de downloads em lojas virtuais pelo mundo. Tudo porque uma atualização do seu filtro "idade" melhorado agora permite ao usuário "transformar" o rosto de uma pessoa e ver como ela ficaria na velhice.
Surgiram então milhares de imagens de usuários do filtro no Facebook, Instagram e Twitter, além de figuras famosas, como políticos e jogadores de futebol, com uma aparência de 70 ou 80 anos.
Afinal, é aconselhável ceder ao aplicativo informações pessoais, como foto, localização e páginas visitadas na internet, em troca de um pouco de diversão?
Em meio a questionamentos sobre privacidade e coleta de dados, o senador democrata americano Chuck Schumer pediu que o FBI e a Federal Trade Comission investiguem o FaceApp, sob responsabilidade de uma empresa russa.
No Twitter, Schumer chamou de "muito preocupante" o fato de dados pessoais de cidadãos americanos estarem talvez sendo enviados a uma "potência estrangeira hostil".
A Wireless Lab, uma empresa sediada em São Petersburgo, diz que não armazena imagens permanentemente e não envia informações para a Rússia.
Mas como o aplicativo funciona de fato e como ele trata os dados coletados?

O que faz o FaceApp?

O aplicativo se apresenta como um serviço para alcançar a "selfie perfeita", com "qualidade de capa de revista com um par de toques".
Um usuário pode tirar uma selfie ou fazer upload de uma foto de seu rosto, ou de outra pessoa, e em poucos segundos obter o retrato dela em idade avançada por meio de algoritmos com uso de inteligência artificial.
Lançado há alguns anos pela russa Wireless Lab, o FaceApp foi alvo de controvérsias no passado recente porque dois filtros destacavam estereótipos físicos raciais.
 
Exemplos de filtros do FaceApp
 
Um deles, chamado de "hot" (sexy, atraente), deixava a pele dos usuários mais clara. Outro permitia a mudança de raça, fazendo o usuário parecer negro, indiano, asiático ou caucasiano.
O presidente da empresa, Yaroslav Goncharov, pediu desculpas e retirou os filtros do ar à época.
Segundo ele, no caso do filtro "hot" houve um "efeito colateral infeliz da rede neural subjacente". A "rede neural" a que ele se referiu é o conjunto de algoritmos de inteligência artificial usado "para modificar um rosto em qualquer foto ao mesmo tempo em que mantém uma foto realista", explicou Goncharov na época.

Quais dados o FaceApp coleta?

Os termos de serviço do FaceApp não são muito diferentes dos de outros aplicativos.
O aplicativo informa que pode coletar "conteúdo do usuário (por exemplo, fotos e outros materiais) que publica através do serviço".
O aplicativo também realiza um "monitoramento" da atividade do usuário, incluindo "as páginas da Web visitadas" e sua localização, e coleta "metadados" sobre como o usuário interage com o serviço.
"Não alugaremos nem venderemos suas informações para terceiros fora da FaceApp", diz o aviso de privacidade.
Mas um aspecto que os analistas destacaram é que o FaceApp indica que ele pode levar as informações para uma jurisdição diferente do país onde o usuário está.
"Por favor, perceba que podemos transferir informações, incluindo dados pessoais, para um país e jurisdição que não têm as mesmas leis de proteção de dados que a sua jurisdição", ele avisa.

O que o FaceApp diz?

Diante das perguntas que foram geradas entre os usuários, a FaceApp divulgou um comunicado que foi publicado pelo portal TechCrunch.
No documento, a empresa afirma que usa apenas as fotos que o usuário deseja editar. "Nós nunca transferimos qualquer outra imagem do telefone para a nuvem."
Ele diz que, embora as fotos possam ser armazenadas na nuvem, "a maioria é excluída de nossos servidores 48 horas depois de terem sido carregadas".

Ilustração de uma pessoa fazendo reconhecimento facial

O FaceApp também afirma que aceita solicitações de usuários que desejam que seus dados sejam removidos de seus servidores, embora afirme que sua equipe de suporte técnico está atualmente "sobrecarregada".
A empresa explica que o aplicativo pode ser usado sem registro e que 99% dos usuários o utilizam dessa forma.
Portanto, ele afirma que eles não têm "acesso a qualquer informação com a qual uma pessoa possa ser identificada". A empresa também nega transferir os dados coletados para a Rússia.

Reconhecimento facial

Houve controvérsia semelhante com o Facebook no início deste ano com o chamado #10YearsChallenge. Era o desafio de fazer o upload de uma foto de 10 anos atrás, como uma corrente para contemplar a passagem do tempo.
Alguns especialistas dizem que isso pode ser útil para plataformas, como o Facebook, que "treinam" suas ferramentas de reconhecimento facial — usando isso tanto para fins comerciais (com a venda de publicidade) quanto para vigilância (privada ou governamental).
A forma como é tratada a privacidade de usuários de aplicativos móveis e redes sociais e mesmo cidadãos em espaços públicos tem sido o centro do debate depois de casos como o algoritmo de Cambridge Analytica ou dos sistemas de vigilância baseada no reconhecimento facial no Reino Unido ou na China.
Especialistas em segurança cibernética alertam que, para um usuário, é muito difícil saber se o reconhecimento facial está sendo usado em aplicativos e para quais fins.
E assim como na China, o governo russo estabeleceu, nos últimos anos, controles específicos da internet que podem ser encarados de modo diferente ao conceito de "rede sem fronteiras" que predomina no resto do mundo.
Do outro lado do mundo, o Facebook também esteve envolvido em problemas de gerenciamento de privacidade de seus usuários, como no caso da Cambridge Analytica.
A organização britânica em defesa da privacidade Big Brother Watch descreveu no passado o uso da tecnologia de reconhecimento facial como "perigosamente autoritária".
"Monitorar pessoas inocentes em público é uma violação dos direitos fundamentais à privacidade, à liberdade de expressão e ao direito de reunião", disse a organização depois de um teste de monitoramento facial feito por autoridades em Londres.
"Estamos lutando contra isso por todos aqueles que não querem se tornar cartões de identidade em uma nação sob vigilância", alertou.
BBC

Apollo 11: A célebre sala de controle da missão que levou o homem à lua pela primeira vez

Sala de controle da Nasa
 
Alguns dos momentos mais dramáticos da história humana moderna, como o primeiro pouso em solo lunar, o resgate da Apollo 13 e o acidente do ônibus espacial Challenger, foram supervisionados numa sala de controle da Nasa, a agência especial americana, localizada no terceiro andar do Centro Espacial Johnson, em Houston, nos EUA.
Para comemorar nesta sexta-feira (20) os 50 anos da missão Apollo 11, quando pela primeira vez o homem pisou na Lua, a Nasa reformou esse local histórico, que acompanhou 43 incursões no espaço por um quarto de século - da Gemini 4 em 1965, que marcou a primeira caminhada espacial americana até os primeiros lançamentos de ônibus espaciais.
"O lugar era feito para isso, era mais ou menos como colocar uma luva feita sob medida", diz Gerry Griffin, diretor de voo das missões Apollo.
"Quando volto lá agora, parece mais como uma catedral - um lugar quase de reverência."

A reforma

A BBC Future visitou a sala antes de a reforma ser concluída, em 28 de junho deste ano. Ao passar pela porta de entrada, ficava claro que essa "catedral" já havia vivido dias melhores. Embora a sala tenha sido preservada como monumento histórico nacional, sua condição se deteriorou desde que foi usada para operações pela última vez no início dos anos 1990.

Não é à toa que foi classificada recentemente como "ameaçada". Os emblemáticos consoles de controle estavam estragando e suas paredes estavam ficando desbotadas e gastas.
Agora, no aniversário de 50 anos da chegada do homem à Lua, o centro de controle da missão da Apollo está restaurado - parece novo e pronto para ser usado.

Sala de controle da Nasa em reforma

Antes da reforma, os monitores estavam desligados, não havia revestimento no teto, as paredes estavam vazias e o carpete, manchado e esfarrapado. Adesivos de post-it numerados estavam colados nas superfícies onde antes havia objetos.
As cadeiras e alguns consoles haviam sido levados para restauração, enquanto outros estavam cobertos por películas protetoras de plástico.
No entanto, mesmo antes da reforma, havia algo de especial na sala.
"Você pode dizer que foi feita história aqui, você sente isso", disse, na ocasião, a agente de preservação histórica da Nasa, Sandra Tetley, que supervisionou o projeto de restauração.
"A ideia é que, quando você entre na sala de observação na parte de trás, volte no tempo. Vai parecer que os controladores de voo acabaram de deixar seus consoles", explica.
"Luzes piscando, relógios funcionando, projeções nos monitores, objetos nos consoles, como como manuais, café e pontas de cigarro nos cinzeiros."

Sala de controle da Nasa após reforma

Cigarros e café

Em um ambiente marcado pelo estresse e alto risco das missões espaciais na década de 1960, o café e o cigarro tinham um papel importante.
"Todo mundo fumava, todo mundo tomava café", diz Gerry Griffin, diretor de voo das missões Apollo.
"Você podia ver a fumaça na sala - e o cheiro era horrível, mas nós não percebíamos porque passávamos o dia todo lá."
Preservar um pouco dessa atmosfera foi um dos objetivos da restauração.

Sandra Tetley

"O teto original era branco, mas ao longo dos anos o alcatrão do cigarro fez ficar amarelado", diz Tetley.
"Deixamos todas essas marcas para que você ainda possa ver essa cor amarelada."
As paredes também foram restauradas de acordo com o padrão original.
"O plano inicial era não ter papel de parede, mas depois encontramos um fragmento do papel de parede original atrás de um extintor de incêndio."
Os restauradores foram atrás do fabricante, e este conseguiu encontrar um rolo do papel de parede original. Por isso, conseguimos recriá-lo."
O mesmo ocorreu com o carpete - fragmentos do original foram recuperados debaixo dos consoles.

Sala de controle da Nasa após reforma

Ao remover os consoles, os restauradores também encontraram um sistema de tubos pneumáticos, que era usado pelos controladores de missão para se comunicar com suas equipes de apoio espalhadas pelo complexo de Houston.
"Eles enviavam e recebiam mensagens (que chegavam dentro de caixas). Os controladores de voo diziam que uma das coisas mais interessantes nessa sala era ouvir esse barulho - shuum, shuum - dos tubos pneumáticos funcionando", diz Tetley.
Dentro dos tubos foram encontrados tanto cachorros-quentes quanto ratos.

'Batcaverna'

Os vídeos e os dados exibidos na sala eram projetados a partir de uma sala escondida e sem janelas, que ficava atrás das telas, conhecida como "Batcaverna".
Como parte da restauração, e da completa reformulação com aparelhos eletrônicos modernos, esses telões e os relógios localizados acima deles voltaram à ativa.
A sala de controle de simulação, à direita dos telões, também foi reconstruída. O espaço era usado para simular problemas que poderiam ocorrer durante as missões.
Sala de controle da Nasa
 
"A equipe de simulação nos mostrava uma possível falha para ver como lidaríamos com a situação", diz Griffin.
"Havia uma porta, que eles chamavam de porta de fuga do supervisor de simulação - porque o clima costumava ficar tenso entre os controladores de voo e os simuladores, que conseguiam escapar pela porta dos fundos."

'Crianças em uma loja de doces'

Até pouco tempo atrás, os visitantes podiam sentar nas cadeiras e brincar de ser diretor de voo.
Com a restauração, os consoles não estão mais ao alcance do público - as restrições ao acesso têm o intuito de ajudar a preservar a sala para a posteridade.
 
Sala de controle da Nasa após reforma
 
Agora, os visitantes podem ver a sala por meio do vidro da galeria nos fundos, como se estivessem assistindo ao vivo ao andamento de uma missão espacial.
As últimas pessoas que tiveram a honra de sentar nos consoles eram controladores originais da missão.
"Eles são como crianças em uma loja de doces", compara Tetley.
"Não tiram o sorriso do rosto, lembrando o que fizeram aqui - é muito emocionante para mim ver a satisfação deles com o que estamos fazendo."
BBC

segunda-feira, 15 de julho de 2019

O que é o urânio enriquecido e por que ele está no centro da tensão entre EUA e Irã

Ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reúnem nesta segunda-feira (15) em Bruxelas para tentar salvar o acordo nuclear com o Irã, firmado em 2015, no qual o país se compromete a suspender seu programa atômico em troca do relaxamento de sanções econômicas contra ele.
 
  Desfile militar no Irã
 
 
O embaixador do Irã nas Nações Unidas (ONU), Majid Takht-Ravanchi, afirmou que seu país continuará a exceder os limites permitidos para o enriquecimento de urânio, a menos que a Europa apresente alguma forma de compensar as perdas econômicas provocadas pelas sanções que os Estados Unidos impõem a Teerã.
Segundo Takht-Ravanchi, o Irã não quer se retirar do pacto nuclear firmado pelo país com várias potências mundiais em 2015.
O acordo, entretanto, está à beira de um colapso desde que o governo de Donald Trump decidiu, no ano passado, abandoná-lo e reintroduzir as sanções contra o Irã.
Essa situação está sendo vigiada de perto pela agência que monitora o uso da energia nuclear no mundo, a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA).
Ao enriquecer o urânio a níveis mais altos, o Irã viola os compromissos que havia assumido no pacto.

Hassan Rouhani, presidente do Irã

No acordo, o Irã concordou em limitar suas atividades nucleares mais sensíveis e permitir a entrada de inspetores internacionais para tarefas de monitoração.
Mas por que os limites do enriquecimento de urânio são tão importantes?

O que é urânio enriquecido?

Os átomos de urânio têm diversas variantes, chamadas de isótopos. Todas elas têm o mesmo número de prótons no núcleo, mas diferentes números de nêutrons. O urânio encontrado na natureza tem uma concentração de 99,27% da variante chamada U-238 e 0,72% da variante U-235, que é usada como combustível e para produção de armas.
O urânio enriquecido é o que tem alta concentração da variante U-235.

centrífuga

O enriquecimento é feito pela adição de gás hexafluoreto de urânio às centrífugas que separam o isótopo mais adequado à fissão nuclear, o U-235.
O urânio com baixa concentração de U-235 (de 3% a 5%) é usado para a produção de combustível de usinas nucleares. O de concentração de pelo menos 20% é normalmente utilizado para pesquisas. Já o urânio com 90% de U-235 pode ser usado para a produção de armas nucleares.
Segundo o acordo de 2015, o Irã só pode enriquecer o urânio até 3,67% de U-235. Também não pode armazenar mais do que 300 quilos do elemento ou ter mais de 5.060 centrífugas.
Outra parte do pacto limita a 130 toneladas a quantidade que o país pode armazenar de água pesada - que contém átomos de hidrogênio mais pesados ​​que a água comum. O Irã também não pode redesenhar seu reator nuclear de água pesada na cidade de Arak - o combustível irradiado de um reator de água pesada contém plutônio, que também pode ser usado para fabricar uma bomba nuclear.

Homens trabalhando em enriquecimento de urânio

O que o Irã tem feito?

Em 1º de julho, a Agência Internacional de Energia Atômica afirmou que o Irã tinha ultrapassado o limite permitido de suas reservas de urânio enriquecido.
Seis dias depois, o país confirmou que tinha retomado o enriquecimento acima dos 3,7% de concentração de U-235 permitidos. O país rompeu as regras, disse o governo, para sanar "necessidades".
Um porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, disse que, inicialmente, o país enriqueceu urânio até o patamar de 5% com o objetivo de abastecer a central elétrica de Bushehr, província no sul do país.
Kamalvandi assinalou que, "nesse momento", o Irã não precisa aumentar a concentração de U-235 até 20% para alimentar o reator de pesquisas de Teerã.
Gráfico sobre processo de enriquecimento de urânio

Por que essa discussão é importante?

Especialistas da Associação de Controle de Armas, um grupo ativista baseado nos Estados Unidos, afirmaram que a quebra do limite de armazenamento de 300 kg de urânio enriquecido não representa um risco a curto prazo.
A entidade diz que o Irã precisaria de aproximadamente 1.050 quilos de urânio enriquecido a 3,67% para conseguir fabricar uma bomba nuclear.
Por outro lado, os especialistas alertam que, caso o Irã retome o enriquecimento em níveis mais altos, haveria um corte no chamado tempo de ruptura - o tempo estimado para chegar ao combustível nuclear necessário para fabricar uma bomba.
Isso porque o tempo usado para mudar o estado natural do urânio - ou seja, uma concentração de 0,7% de U-235 - para o nível de 20% representa cerca de 90% do esforço para obter o material necessário para fabricar uma bomba nuclear.
Antes do acordo nuclear ser implementado, em 2016, o Irã tinha uma quantidade considerável de urânio enriquecido a 20% e um número de centrífugas que permitia um tempo de ruptura estimado entre dois e três meses.
A estratégia que o país adotou pode levar a uma posição de "violação material" do acordo nuclear, o que permitiria aos outros signatários do pacto "reaplicar" as sanções da ONU e da União Europeia que haviam sido abolidas anteriormente.
Nenhum membro do Conselho de Segurança da ONU poderia vetar uma medida como essa.

Mapa do Irã mostra pontos onde urânio é enriquecido

Porque o Irã parou de cumprir seus compromissos?

A economia iraniana despencou desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear, em maio de 2018, e começou a restabelecer as sanções contra o Irã.
Trump disse que o acordo falhou e que ele queria forçar o governo iraniano a renegociar seus termos, o que o Irã se recusou a fazer.
As outras partes do acordo - Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia - criticaram a decisão de Trump e disseram que iriam manter o compromisso com o pacto firmado em 2015.
Em maio deste ano, porém, a Casa Branca aumentou a pressão sobre o Irã ao acabar com as isenções a sanções secundárias para países que ainda estavam comprando o petróleo iraniano.
Trump também eliminou as isenções a países que compravam estoques de água pesada do Irã ou forneciam um concentrado mineral não enriquecido conhecido como "bolo amarelo" (óxido de urânio) em que troca de excedentes de urânio de baixo enriquecimento do país persa.
Essas transferências permitiram que o Irã continuasse a produção de ambos os materiais sem exceder os limites de armazenamento estipulados pelo pacto.

Ilha de Khark, no Irã

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, posteriormente disse que retaliaria as sanções dos EUA e suspender seu compromisso de cumprir os limites de reservas.
As autoridades iranianas indicaram que o artigo 36 do acordo nuclear permite a uma das partes "deixar de cumprir os seus compromissos total ou parcialmente" em caso de "não cumprimento significativo" por parte dos restantes signatários. O Irã afirma que os Estados Unidos violaram o acordo há um ano e que os países europeus não conseguiram fornecer os benefícios econômicos prometidos.
A União Europeia estabeleceu um mecanismo para facilitar o comércio entre o Irã e o bloco, conhecido como Instex, que essencialmente permite a troca de mercadorias entre empresas iranianas e estrangeiras sem transações financeiras diretas. O sistema começou a operar em 29 de junho, mas o Irã disse que ele não atende a suas necessidades.

Substância conhecida como Bolo amarelo

O Irã quer ter uma bomba nuclear?

O Irã afirma que nunca tentou desenvolver uma arma nuclear.
A comunidade internacional, no entanto, não acredita na afirmação e usa como base a evidência compilada pela AIEA, que sugere que, até 2003, o Irã realizou "uma série de atividades relacionadas ao desenvolvimento de um artefato explosivo nuclear".
Algumas dessas atividades continuaram até 2009, segundo a entidade.
No ano passado, Israel divulgou arquivos obtidos clandestinamente do Irã e que provariam que Teerã, depois de 2015, continuou a pesquisar sobre como fabricar armas nucleares. O governo do Irã negou a acusação, chamando-a de "ridícula".
Em janeiro, sistemas de inteligência dos Estados Unidos, no entanto, afirmaram que o Irã "não está atualmente realizando as principais atividades de desenvolvimento de armas nucleares que acreditamos serem necessárias para produzir um dispositivo nuclear".