Os oceanos são azuis porque as moléculas de água refletem luz do comprimento de onda corresponde à cor azul, absorvendo o resto. Outras coisas, como os animais, algas e bactérias que vivem no oceano, refletem luz de outras cores, o que é capaz de alterar ligeiramente o resultado cromático final (afinal, os oceanos são realmente repletos de seres vivos).
Um dos grandes coadjuvantes na definição da cor dos oceanos – e, por tabela, da aparência da Terra vista do espaço – é o fitoplâncton: o nome genérico dado a um conjunto abundante de organismos microscópicos que fazem fotossíntese e fornecem boa parte do oxigênio que nós respiramos. Eles são esverdeados, graças à clorofila.
Uma pesquisa divulgada pelo MIT nesta segunda-feira (4) e publicada no periódico Nature Communications procurou prever, usando uma simulação computadorizada, de que maneira as mudanças climáticas vão interferir nas comunidades de fitoplâncton dos oceanos, mudando, desta forma, a cor do planeta como um todo.
A principal conclusão foi que, até 2100, mais de 50% dos oceanos terrestres terão mudado ligeiramente de cor graças às alterações no clima. O azul das regiões azuladas se tornará mais profundo, e o tom ligeiramente esverdeado presente nas regiões mais próximas aos polos se tornará mais verde.
Os cientistas não estão preocupados com o que possíveis alienígenas vão pensar da paleta de cores do nosso planeta, é claro. A ideia é usar as mudanças de cor para conseguir avaliar como o aquecimento global está afetando o fitoplâncton. Esses microorganismos fotossintetizantes ocupam diferentes faixas de água de acordo com a temperatura a que estão acostumados. Os que gostam de calor ficam mais próximos da superfície, os que preferem o frio afundam para profundidades maiores.
Conforme as águas se aquecem, os que gostam de frio morrem, os que gostam de calor se proliferam, a natureza da reflexão da luz muda e a Terra, em última instância, fica ligeiramente diferente vista de longe. Simulando um aumento de 3ºC na temperatura até 2100 (que os cientistas esperam que acontecerá se pouca coisa mudar em nossas emissões de gases estufa), os comprimentos de onda que serão mais intensificados serão justamente os azuis e os verdes. “O legal desse modelo é que podemos usá-los como um laboratório, um lugar para experimentar e ver como nosso planeta vai mudar”, disse Dutkiewicz.
O mais preocupante são as consequências ecológicas. “Pode ser potencialmente bem sério”, alerta Dutkiewicz. “Pois também vão mudar as cadeias alimentares que eles suportam.” Em outras palavras: o fitoplâncton é um negócio importante. A mudança de cor pode significar que a ecologia dos oceanos foi alterada, com alguns organismos se reproduzindo descontroladamente e outros entrando em extinção. Torça para a Terra ficar da cor que está.
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