quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A manipulação de imagens pelos soviéticos, muito antes da era das 'fake news'

Stalin
 
"Nós vivemos na era das 'fake news'. Mas elas não foram inventadas com o Twitter ou o YouTube - foram usadas nos anos 1930 para fazer pessoas reais desaparecerem", diz Natalia Sidlina, curadora de uma exposição aberta no fim do ano passado no museu Tate Modern, em Londres, chamada "Red Star Over Russia" ("Estrela Vermelha Sobre a Rússia", em português).
A exposição, lançada no centenário da Revolução de Outubro - e em cartaz até 18 de fevereiro -, tem como tema as poderosas imagens criadas na Rússia e na União Soviética entre 1905 e 1955, inevitavelmente permeadas pela política.
A relevância das imagens hoje é clara. "Nós planejamos a exposição para que coincidisse com o aniversário da Revolução de Outubro, e ainda assim ela parece provocar comparações com o que está acontecendo no mundo agora", diz o diretor de exposições do Tate Modern, Matthew Gale.

Soldados soviéticos

Uma das salas da exposição apresenta um forte contraste entre as explosões de cores e projetos gráficos arrojados que marcam as instalações que estão nas paredes e uma mesa no centro cheia de fotos em preto e branco.
Algumas mostram presos políticos enviados aos Gulags, campos de trabalho forçado, ou condenados à morte durante o período que ficou conhecido como Grande Expurgo, movimento de repressão política capitaneado por Joseph Stalin.
Outras parecem ser um conjunto de fotos de funcionários e estagiários do governo, mas uma observação mais rigorosa revela que eles compõem na verdade uma lista de alvos, com "x" sobre corpos, rostos rasurados e a frase "inimigo do povo" rabiscada em tinta.
 
Retrato de Stalin
 
Uma série de instantâneos mostra uma linha do tempo de arrepiar a espinha: na primeira foto (acima), Stalin aparece cercado de quatro camaradas; na próxima, datada de 23 anos mais tarde, três deles desapareceram; na terceira, ele aparece sozinho em um cartão postal.
Os que faziam parte do seleto círculo interno que perderam a simpatia do líder foram simplesmente apagados das imagens oficiais: a manipulação fotográfica era chave para reescrever a história soviética. "É uma das nossas preocupações hoje - as imagens são muito convincentes, mas elas também são facilmente manipuláveis", diz Gale.
Ele vê um paralelo entre algumas das fotos da exposição e o meme do século 21. "A relação entre essas maneiras de tirar as pessoas da história e a imagem 'photoshopada' é bem significativa, e um aviso para nós neste momento.
Ela mostra o poder das imagens e, de certa forma, parte da história por trás dessa história que estamos desenhando… é exatamente isso, olhar para o poder das imagens no espaço público e para que tipo de informação elas produzem".
 

Apontar e atirar

O tema da influência persuasiva da imagem aparece por toda a exibição - não apenas na sala cheia de fotos, mas também nos banners vibrantes e nas litografias. Muitas vezes era isso o que dava o poder a essas imagens de propaganda, segundo Gale.
"Há uma combinação entre a abstração e a figura concreta, geralmente mas não exclusivamente através da montagem de fotos, que é uma novidade decisiva dos anos 1920 e 1930. A imagem fotográfica reconhecível se mistura com uma composição abstrata - algo que na época é visto, ao mesmo tempo, como compreensível e avant-garde e que hoje continua sendo extremamente influente em termos de design", diz.

"As Olimpíadas de Moscou"

"Mesmo no período dos anos 1930, quando, sob Stalin, o Realismo Socialista se tornou a única modalidade aceitável e as pessoas consideradas avant-garde viviam sob suspeita, ainda assim essa maneira de pensar sobre composição ainda é muito prevalente e empresta dinamismo à forma como as obras eram produzidas naquele período".
A imagem usada para o pôster da exibição é um bom exemplo disso. "A imagem de Adolf Strakhov da mulher emancipada consegue realizar várias coisas ao mesmo tempo", diz Gale. "É essencialmente monocromática, mas usa o vermelho de maneira bastante dramática, então de um ponto de vista colorístico, é extraordinário. Tem esse incrível comando gráfico que chega perto do fotográfico - e comunica uma imagem que é fundamental para a forma como a sociedade foi reformada sob os bolcheviques".
 
"A Mulher Emancipada: Construa o Socialismo!" (1926)
 
O rosto da mulher passa uma sensação de proximidade, enquanto o fundo dá um sentimento épico. Essa é uma combinação encontrada em muitos outros trabalhos da exposição, que foram cedidos da coleção do designer gráfico David King.
Elas operam em um nível pessoal - tentando convencer os cidadãos soviéticos a apoiar a causa comunista - e ao mesmo tempo exploram ideais coletivos.

Copos cor de rosa

Muitas das imagens em exibição são de mulheres. Segundo Sidlina, o governo usava muitos desses pôsteres em sua estratégia de propaganda para arregimentar apoio no combate ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial.
"Não havia o rosto de Stalin - era muito difícil inspirar as pessoas a irem à guerra e a morrerem pelo líder do Partido Comunista", diz ela. "Uma imagem de uma mãe ou de uma filha funcionaria muito melhor".
 
"Fascismo: O Mais Diabólico Inimigo das Mulheres", de 1941
 
Ainda assim, a imagem de Strakhov revela algo mais, diz Gale. "Muitas coisas absolutamente horríveis aconteceram, mas a forma como eles se atuaram em relação à igualdade entre os sexos era pioneira na Europa naquela época: dar às mulheres o direito ao voto, pressionar pela alfabetização, por creches - eles eram idealistas, assim como tiranos".
Essas obras trazem uma importante faceta do idealismo - uma que é ecoada na arte de tempos mais antigos.
"Você só precisa ver a cabeça gigante de Constantino no Museu Capitolino para saber que se trata de propaganda e também de arte extraordinária - ou os tetos pintados a óleo das igrejas católicas", diz Gale. "O que é fundamental por trás disso é maravilhar as pessoas com imagens muito diretas que podem trazer certeza, ao menos no futuro - de que estamos no caminho certo e de que é isso mesmo".

Composição de Valentina Kulagina

Elas também compartilham algo em composição com imagens religiosas.
Segundo Gale, essa linguagem visual "começa com uma população com muito analfabetismo, dependente de imagens, e então isso vira uma iconografia que se repete". Ele escolhe um entre os vários retratos de Vladimir Lênin. "Quando você olha para a maneira como Lênin é representado, há cerca de seis diferentes poses para ele, e se torna um vocabulário que, por mais que ele pareça ou não a pessoa de verdade, torna-se reconhecível - a iconografia cristã funciona exatamente da mesma maneira".
 
"Um Pesadelo Está Assombrando a Europa, o Pesadelo do Comunismo" (1928)
 
É uma estratégia que permitia que imagens criadas por artistas fossem espalhadas entre a população junto a ferramentas de propaganda como "trens agitpro"', que eram decorados com murais e viajavam o país disseminando informação com panfletos, filmes e relações públicas.
"Artistas que dedicavam seu trabalho ao apoio do regime viam a arte não mais como algo exclusivo, mas que poderia estar voltado ao povo", diz Gale.

Arte de rua

"A premissa de fazer arte em primeiro lugar era a de que eles estavam levando seu programa artístico para as ruas. Depois de passar pela excitação da abstração e do construtivismo, pessoas como Aleksander Rodchenko e El Lissitzky se dedicaram para aumentar a disponibilidade disso o máximo possível, com pôsteres, transportes ferroviários, nos vagões, nos jornais e nas revistas."
 
"A Tarefa da Imprensa é a Educação das Massas" (1928)
 
Eles fizeram isso em um momento de virada da arte. "Vkhutemas, a escola de arte em Moscou, era dedicada sobretudo ao que eles chamavam de método produtivista, o design por uma causa, em vez de simplesmente para proveito estético, o que está alinhado com a escola de Bauhaus na Alemanha no mesmo período".
 
"Domine os Brancos com o Martelo Vermelho"
 
Na União Soviética, esse propósito virou trazer uma imagem apoiada pelo partido - uma mensagem que, de acordo com Gale, poderia "mudar radical e inesperadamente se as pessoa que estavam no poder subitamente perdessem o poder e fossem derrubadas.
Então o apagamento de rostos de pessoas de uma maneira incrivelmente sinistra mostra tanto o poder da imagem como também a importância da política como a condutora por trás da produção desse material".
Essas mudanças eram aplicadas tanto a artistas quanto aos políticos: em 1938, Gustav Klutsis - que usou fotomontagem no design politicamente carregado de pôsteres e arte de rua - foi preso sob acusações falsas e executado. Sua esposa Valentina Kulagina, outra artista, foi em seguida classificada como "inimiga do povo" e perdeu todas as comissões oficiais que recebia até então.
 
"Levante Mais Alto a Bandeira de Marx, Engels, Lênin e Stalin!" (1933)
 
Ainda que as imagens da exposição sejam impactantes e que seu legado sejam percebi nos dias de hoje, elas não foram necessariamente criadas como obras de arte.
"Está claro que os artistas avant-garde que estavam no centro de muito da atividade nos anos 1920 e 1930 na Rússia estavam conscientemente fazendo propaganda", diz Gale. "Nós podemos apreciar os movimentos artísticos que moldaram essa cultura visual - mas a política nunca está longe deles. Como disse Sidlina, "isso nos lembra da responsabilidade e do poder da imagem na história".
BBC Brasil

Mapa-mundi de 500 anos ( e três metros) é montado pela primeira vez

mapa-digitalizado

Em 1569, o holandês Gerardus Mercator criou a projeção cartográfica mais popular da história – famosa por aumentar a Groenlândia, e usada pelo Google Maps até hoje. Duas décadas depois, em 1587, um cartógrafo bem mais obscuro, Urbano Monte, chutou o balde e publicou o maior mapa já desenhado até então. Mas ele foi praticamente esquecido.
O mapa do italiano, colorido e minucioso, tinha três metros de diâmetro. Para guardá-lo, foi preciso dividi-lo em 60 páginas – como acontecia com os mapas de ruas das cidades brasileiras na lista telefônica (as famosas páginas amarelas) ou nos mapões do saudoso GUIA 4 RODAS.
Se você tivesse uma mesa grande o suficiente, poderia remontá-lo, como um quebra-cabeças. Mas ninguém fez isso nos últimos 400 anos. Em vez disso, os pedaços ficaram guardados dentro de um atlas, que por sua vez estava trancado no acervo cartográfico da Universidade Stanford, na Califórnia – o David Rumsey Map Center.

Agora, o mapa extragrande foi remontado por um grupo de especialistas, e está em exposição no campus da universidade. Na alta probabilidade de você não estar lá para visitá-lo, a opção é acessar uma versão digitalizada do documento – que não deve nada ao original, tirando, talvez, o cheiro de papel muito, muito antigo. Você pode ver as 60 páginas separadas, girar o mapa em torno do próprio eixo e até vê-lo em forma de globo (esse, de longe, é o link mais legal).
Monte usou uma projeção polar – a mesma estampada na bandeira das Nações Unidas, em que o mundo é visto “de cima”. Esse tipo de mapa aumenta a área de massas de terra opostas ao polo usado para projetá-lo – o que significa, para simplificar, que o hemisfério sul fica bem maior e mais distorcido que o norte.

Foi uma opção ousada naquela época, em que o Brasil ainda era um naco de terra recém descoberto, e os contornos de seu litoral não podiam ser traçados com precisão. Da Austrália, mal se suspeitava a existência: em seu lugar, havia uma espécie de extensão improvisada da Antártida. E todo mundo apostava que o oeste dos EUA era uma ilha fina e comprida.
Onde Monte teve condições de acertar, porém, ele acertou. Incluiu até a Terra do Fogo – a ilha no extremo sul das Américas que é divida entre Chile e Argentina. Prova de que o intelectual tinha os amigos certos na sociedade da época é o fato de ele estar bem informado sobre o material coletado por expedições como a de Fernão de Magalhães, que terminou a primeira volta completa no globo em 1522.
BBC Brasil

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Como seu glitter no Carnaval chega aos peixes

O que o glitter que você passa no rosto no Carnaval tem a ver com o oceano? Para alguns pesquisadores, tudo.

 
As pequenas partículas brilhantes que adornam o corpo dos foliões são feitas de plástico, material que não é biodegradável. Quando se lava o corpo ou rosto coberto de glitter, as peças escorrem pelo ralo. Pequenas demais para serem filtradas no sistema de tratamento de esgoto, acabam parando em rios e mares.
O plástico é o maior poluente do oceano. E o glitter é um "microplástico", como são chamadas as partículas desse material com menos de 5 milímetros. Nem todas têm o tamanho que o glitter tem originalmente: parte delas são grandes produtos de plástico que chegaram a esse tamanho depois de sua deterioração por forças mecânicas no oceano ou radiação solar.
O perigo das partículas de microplástico no oceano é que podem ser ingeridas pela fauna marinha.
"Pesquisas recentes dão conta de que microplásticos perturbam o início da cadeia de alimentação aquática, como os plânctons. Também afetam ostras e mexilhões", diz Trisia Farrelly, da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, especialista em ecologia urbana.
"Os microplásticos ingeridos por esses organismos podem afetar seu crescimento e atrapalhar sua alimentação como um todo - e consequentemente impactar toda a cadeia de alimentação." Plânctons, por exemplo, são um alimento dos peixes, que, por sua vez, alimentam os humanos.
 
 
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Trilhões de partículas

Não há estudos sobre o glitter nesse contexto, especificamente, porque não é fácil identificar a origem de um microplástico. Mas o material é contabilizado entre os microplásticos que poluem o oceano - são entre 15 e 51 trilhões de partículas, segundo um estudo de 2015 conduzido por pesquisadores do Imperial College London, de Londres, em parceria com especialistas da Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Holanda, e outros países.
Para Joel Baker, diretor do Centro de Águas Urbanas da Universidade de Washington, não se pode medir o impacto dos microplásticos no oceano. "Não sabemos se há um problema, mas não é um absurdo ser cuidadoso e não querer colocar coisas no meio ambiente que o degradem."
Parte dos microplásticos são os microbreads, ou grânulos, como os presentes em pastas de dentes e esfoliantes.
"É plástico feito para ter uma vida muito curta. Você limpa seu rosto ou seus dentes, enxágua e eles vão direto para o ralo", diz Farrelly. O uso de grânulos em produtos como esses foi proibido no Canadá, nos Estados Unidos e no Reino Unido. A Nova Zelândia deve implementar a proibição no primeiro semestre de 2018. No Brasil, seu uso ainda é permitido.
Embora não tenha sido proibido, o glitter também entrou no escrutínio público. Empresas no Brasil e no mundo começam a fabricar glitter biodegradável a partir de celulose, também metalizada com uma camada de alumínio.
"Eu gosto de coisas brilhantes. Mas com 7 bilhões de pessoas no planeta, não podemos usar as coisas só da maneira como gostaríamos. Precisamos pensar no impacto que causamos", diz Sherri Mason, professora de química da Universidade do Estado de Nova York em Fredonia e especialista em poluição de plástico em ecossistemas aquáticos.
Ela observa que, embora seja uma iniciativa positiva, "glitter biodegradável não dará conta da demanda que temos". "Então eu insisto que temos que reduzir o uso de glitter."
Para ela, governos podem tarifar mais os produtos de plástico para embutir em seu preço o impacto no meio ambiente.
Farrelly, da Nova Zelândia, diz que "o glitter, em si, não é o problema". "O glitter é uma parte do problema. E se está chamando atenção para o problema maior, então ótimo."
O glitter de plástico como o conhecemos é produzido a partir de placas de PET ou PVC que são metalizadas com alumínio e, depois, tingidas com cores diferentes.
Depois desse processo, explica o americano Joe Coburn, um dos proprietários da fábrica de glitter RJA-Plastics GmbH, as placas de plásticos são revestidas novamente com uma camada transparente para tentar "segurar" sua cor e dar consistência ao alumínio.
Essas placas são então cortadas em pequenas partículas e passam por uma máquina que tem um cilindro com 60 dentes rotativos de corte e uma faca - uma espécie de combinação entre um triturador de galhos e um triturador de papel.

Hexágono e outras curiosidades

"Matematicamente, o formato das partículas que causa menos desperdício é o hexágono", diz Coburn. Por causa disso, este é justamente o formato em que a maior parte das partículas de glitter, segundo ele, são trituradas.
"E isso também faz com que as diferentes partículas de glitter nunca caiam no mesmo ângulo. Quando não estão uniformes, brilham mais, porque há mais chances de receberem luz em diferentes partes."
Ele também explica que há diferenças entre a durabilidade das cores: um vermelho intenso não se mantém dessa cor ao longo do tempo tão facilmente quanto o glitter verde claro. E o tamanho também varia: o menor tipo de glitter já produzido pela empresa tem 0.02 mm.
A fabricante empacota o glitter em grandes sacos e exporta o produto em caixas de 25kg, tomando o cuidado de não misturar as cores.
"Uma fábrica de glitter não é um país encantado. É para ser um ambiente bem estéril", diz - o que não significa que não aconteçam vazamentos.
Por causa da forma como precisam operar a máquina, com testes antes que seja ligada, funcionários ficam com o corpo repleto das partículas.
"É uma infestação. Fica nos seus ouvidos, nariz, embaixo das unhas, no volante do carro. O volante do nosso carro tem uma camada permanente de glitter", conta Coburn. "A única solução possível para tirar todo esse glitter é ar comprimido."
Coburn conta que, uma vez, por causa da umidade, uma caixa de 25kg cedeu, espalhando glitter por todas as partes.
Coburn e seu irmão herdaram a fábrica de seu pai, morto em 2011. Seu avô tinha uma fábrica de adesivos nos Estados Unidos - "a família sempre trabalhou com coisas brilhantes" - e duas máquinas de glitter foram encontradas por ele e seu filho.
"Meu avô pediu que meu pai as vendesse, mas meu pai descobriu como funcionava e começouno oceano a produzir e vender", diz Coburn. Na época, "era uma tecnologia secreta".
Em 2018, segundo ele, a empresa começará a produzir glitter biodegradável.
sua deterioração por forças mecânicas no oceano ou radiação solar.
O perigo das partículas de microplástico no oceano é que podem ser ingeridas pela fauna marinha.
"Pesquisas recentes dão conta de que microplásticos perturbam o início da cadeia de alimentação aquática, como os plânctons. Também afetam ostras e mexilhões", diz Trisia Farrelly, da Universidade de Massey, na Nova Zelândia, especialista em ecologia urbana.
"Os microplásticos ingeridos por esses organismos podem afetar seu cr escimento e atrapalhar sua alimentação como um todo - e consequentemente impactar toda a cadeia de alimentação." Plânctons, por exemplo, são um alimento dos peixes, que, por sua vez, alimentam os humanos.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Os gráficos que mostram o avanço espetacular da humanidade nos últimos dois séculos

Resultado de imagem para fotos dos gráficos que mostram o avanço espetacular da humanidade
 
Muito poucas pessoas acreditam que o mundo está cada vez melhor. Uma delas é o economista Max Roser, da Universidade de Oxford. Seis gráficos publicados em seu site no fim de dezembro mostram como melhoramos, e muito, nos últimos 200 anos em seis aspectos: pobreza extrema, educação, alfabetização, democracia, vacinas e mortalidade infantil.
Então, por que muitos continuamos com a ideia de que tudo está cada vez pior ou, pelo menos, ruim como sempre? Como explica Roser ao El País por telefone, “as mudanças positivas precisam de muito tempo”, já que as tendências se constroem ao longo de décadas ou mesmo séculos. Por outro lado, nossa psicologia nos faz dar mais atenção aos eventos negativos, que poderiam ser um perigo. Além disso, a mídia costuma focar menos nas tendências de longo prazo e mais em acontecimentos, que frequentemente são negativos, como crises econômicas, atentados, acidentes…
Roser não apresenta esse trabalho para que sejamos complacentes. “Não há razão para pensar que essa evolução continuará e que não pode mudar”, observa, antes de acrescentar que “evidentemente, devemos focar no que continua ruim para tentar melhorar”. De fato, ver o que está indo bem “nos anima a continuar” e nos faz perceber que podemos contribuir para melhorar as coisas, embora não pareça. De fato, a principal mudança nos últimos 200 anos é que “nos demos conta de que esses problemas têm solução”. Há dois séculos “nem mesmo sabíamos que havia um problema”.
 
1. Pobreza. “Há 130.000 pessoas a menos em situação de pobreza extrema que ontem”. Poderíamos ter dado esse título a cada dia desde 1990, diz Roser em um artigo que acompanha os gráficos no seu site, fornecendo dados e contexto. “Em 1820 só uma pequena elite desfrutava de padrões de vida elevados, enquanto a ampla maioria vivia em condições que hoje qualificaríamos como pobreza
extrema” (menos de 1,90 dólar por dia). Em 1950, eram três quartos dos habitantes do planeta e em 2016 a porcentagem tinha caído para 10%. Tudo, diz, graças ao crescimento da produtividade, que compensou o fato de a população ter se multiplicado por sete nos últimos 200 anos.
 
2. Alfabetização. Em 1820, apenas uma em cada 10 pessoas maiores de 15 anos sabia ler e escrever. Em 1930 era uma em cada três. Hoje, a porcentagem chega aos 85% no mundo todo.

3. Saúde. Há apenas 200 anos, 43% das crianças morriam antes de chegar ao quinto aniversário. Desde então, houve melhoras na dieta, nos lares e na higiene, além de uma saúde pública cada vez mais abrangente e do desenvolvimento de antibióticos e vacinas. Roser admite que a crise afetou os sistemas de saúde pública dos países ricos, mas não se notou tanto nos pobres. Apesar disso, alerta: “Houve menos ajuda ao desenvolvimento nos últimos anos”.
 
4. Liberdade. O gráfico mostra a população mundial que vive em democracias e em ditaduras. No meio estão as chamadas anocracias abertas e fechadas, sistemas caracterizados pela mistura de práticas democráticas e autocráticas. Também se pode ver, em lilás, o número de pessoas que vive (ou vivia) em colônias. Atualmente, metade da humanidade vive em uma democracia (em verde no gráfico).
 
Essa área mostra uma melhora menos espetacular. Roser recorda que a consolidação da democracia leva mais tempo que outros aspectos, “já que é uma mudança cultural, enquanto outras inovações, como vacinas e antibióticos, têm uma aplicação mais direta”.
Além disso, é preciso levar em conta um fator importante: 80% das pessoas que vivem sob uma ditadura estão na China, que tem 1,3 bilhão de habitantes.

. População. A população mundial experimentou seu máximo crescimento entre os anos 1900 e 2000, quando passou de 1,5 para 6,1 bilhões de pessoas. Aos agoureiros que temem uma superpopulação do planeta, Roser recorda dois fatores. Primeiro, que o crescimento da população é consequência da manutenção da fertilidade e da queda da mortalidade graças às melhoras em saúde e qualidade de vida. Segundo, que quando a economia melhora, as pessoas têm menos filhos. Isso quer dizer que a população pode parar de crescer em 2075, ficando em torno dos 11 bilhões de pessoas.
É verdade que, com menos nascimentos, há o risco de a média de idade aumentar: “Certamente é um desafio, mas não é insolúvel — diz Roser. Antes que a população mundial envelheça, temos algumas décadas nas quais a maioria das pessoas estará em idade ativa. Tendo em conta a experiência de muitos países, sabemos que essa mudança (conhecida como “dividendo demográfico”) frequentemente leva a um bom desenvolvimento”.
6. Educação. Os jovens recebem mais e melhor educação que os mais velhos há gerações. Se essa tendência continuar, em 2100 haverá mais de 7 bilhões de pessoas com, pelo menos, educação secundária.
A educação é um dos principais motivos para sermos otimistas com relação ao futuro, diz Roser: “Influi na melhora da economia e, portanto, na redução da pobreza. Também na difusão de ideias democráticas e na saúde, já que se conhecem melhor os benefícios de práticas como as vacinas”.

Tudo está melhor?

Nem tudo está melhor que 200 anos atrás, claro. “O meio ambiente é o exemplo óbvio”, observa Roser. Não só por causa do aquecimento global, mas também devido à extinção de espécies e à menor biodiversidade. “Mas não há só aspectos negativos”, afirma, lembrando que o desmatamento diminuiu nos últimos anos e que, mais em longo prazo, a substituição de combustíveis sólidos por líquidos e pela eletricidade reduziu a poluição nos lares.
Seu texto não fala das guerras, mas concorda com a tese do cientista cognitivo Steven Pinker: “Vivemos uma época de paz extraordinária”, tanto no que se refere a conflitos bélicos como a homicídios, e não só na Europa. Mas ressalta algo que pode valer para as demais áreas: “Por melhores que sejam as estatísticas, sempre é preciso lembrar que a situação atual não é aceitável”. O fato de muitas coisas estarem melhores que há dois séculos não significa que podemos nos conformar. Pelo contrário, tem de servir estímulo para continuar trabalhando.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Nunca estivemos tão perto de destruir o mundo

 
 O simbólico Relógio do Apocalipsis, a dois minutos da meia-noite.
 
Hoje estamos mais perto do fim do mundo do que jamais poderíamos ter imaginado alguns anos atrás. É o que dizem os especialistas do Boletim de Cientistas Atômicos, que decidiram adiantar o ponteiro de minutos do Relógio do Apocalipse em meio minuto em relação à meia-noite, deixando-o às 23h58. A possibilidade da aniquilação da humanidade é tão verdadeira agora como foi em meados dos anos cinquenta, quando as superpotências EUA e URSS colocaram sobre a mesa o seu armamento termonuclear, capaz de arrasar a vida terrestre. Desde 1947, esse painel de cientistas — composto por prestigiosos especialistas, incluindo 15 vencedores do Prêmio Nobel — move os ponteiros desse relógio simbólico para alertar a humanidade dos perigos que ameaçam sua própria existência. Em 1953, como agora, o relógio foi acertado para marcar dois minutos para a meia-noite. Se chegar a marcar 0h00, seria o fim.
“Na discussão deste ano, os assuntos nucleares ocuparam o centro das atenções mais uma vez”, disse a presidenta do Boletim, Rachel Bronson, em uma conferência de imprensa realizada em Washington D.C. Em sua declaração pesou o lastro que os tuítes de Donald Trump representam para o futuro da humanidade. O painel culpa “a espiral descendente da retórica nuclear entre o presidente norte-americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-um” e adverte que Trump “deveria evitar uma retórica provocativa em relação à Coreia do Norte, reconhecendo a impossibilidade de prever suas reações”.
As relações dos EUA com a Rússia e a gestão de Trump do acordo com o Irã na questão atômica também tiveram uma influência notável. “O fracasso dos líderes mundiais em enfrentar as maiores ameaças ao futuro da humanidade é lamentável, mas esse fracasso pode ser revertido”, justificou o painel, que também apontou “a ameaça representada pelo uso indevido da tecnologia da informação” e “a vulnerabilidade das democracias à desinformação”. “O debate político agora é o que vamos fazer a respeito disso”, acrescentou Bronson.
“É difícil comparar com outras épocas. Fizemos uma declaração clara de que sentimos que o mundo está se tornando mais perigoso”, disse o físico Lawrence Krauss sobre a comparação com a outra época na qual estivemos muito perto da aniquilação. “Se você lê a declaração de 1953, há paralelos, incluindo a questão da unidade europeia”, lembrou a presidenta. Em 1991, com o fim da Guerra Fria, o relógio marcou a melhor hora, 17 minutos para a meia-noite. Mas, desde 2010 não paramos de nos aproximar da meia-noite no Doomsday Clock.
No ano passado, o painel tomou a peculiar decisão de adiantar pela primeira vez o relógio em apenas 30 segundos poucos dias depois da posse de Trump, deixando-o às 23h57min30s. “Nunca antes o Boletim tinha decidido adiantar o relógio devido às declarações de uma única pessoa. Mas quando essa pessoa é o novo presidente dos EUA, suas palavras importam”, disseram naquele momento os cientistas em relação à verborragia de Trump.
Junto com o risco de guerra nuclear, o aquecimento global foi outro fator decisivo para o painel: o ano passado foi o mais quente dos registros históricos, e isso aconteceu pelo terceiro ano consecutivo. 2015, 2016 e 2017 foram os anos mais quentes desde que existem registros e 17 dos 18 anos mais quentes foram registrados durante este século. Mais uma vez, os EUA têm um peso decisivo na decisão: “A administração Trump, em que conhecidos negacionistas da mudança climática ocupam altos cargos (...) anunciou seu plano de saída do Acordo de Paris. Em seu afã de desmantelar uma política climática e energética racional, ignorou os fatos científicos e as análises econômicas bem fundamentadas”, afirma o painel.
Os especialistas em riscos existenciais — os perigos que poderiam acabar com a humanidade — consideraram que este ano os membros do painel tiveram de enfrentar uma situação difícil. “Não acho que as pessoas de bem que criaram a metáfora do relógio pudessem prever Trump!”, brinca Phil Torres, especialista neste campo consultado pelo EL PAÍS. “Estão ficando sem minutos”, disse Torres, diretor do Projeto para a Futura Prosperidade Humana, antes de tomar conhecimento da decisão do Boletim. Torres pensava que deixariam o relógio sem alterações “enquanto denunciam de forma devastadora as políticas totalmente absurdas da administração Trump, juntamente com os tuítes perigosamente pueris de Trump, que o editor-chefe do Boletim qualificou recentemente como um ‘risco existencial’ para a humanidade”.
O Boletim foi fundado por um grupo de cientistas norte-americanos envolvidos no Projeto Manhattan, que desenvolveu as primeiras armas nucleares do mundo durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1947, eles lançaram a ideia do Relógio do Juízo Final para divulgar o perigo que as guerras nucleares representavam para a humanidade. Hoje, o Boletim é uma organização independente sem fins lucrativos dirigida por alguns dos cientistas mais eminentes do mundo, que inclui 15 prêmios Nobel em seu painel. Em sua primeira edição, os ponteiros foram colocados 7 minutos antes da meia-noite. Em 1995, 14 minutos. Em 2007, as mudanças climáticas começaram a ser consideradas entre suas preocupações em relação ao futuro da humanidade, às quais agora também se juntam fatores como a ciberguerra e o bioterrorismo.
El País.com

Fóssil descoberto em Israel mostra que Homo sapiens saiu da África antes do que se pensava

| Foto: Israel Hershkovitz, Tel Aviv Uni
Pesquisadores identificaram os restos mortais mais antigos já conhecidos de humanos fora da África.
Novas datações de fósseis de Israel indicam que a nossa espécie (Homo sapiens) viveu fora da África por volta de 185 mil anos atrás - cerca de 80 mil anos mais cedo do que indicado pelas evidências anteriores.
Um dos pesquisadores que lideraram a descoberta, Israel Hershkovitz, falou para a BBC que a descoberta traz mudanças fundamentais no que se sabia da evolução humana recente.
"Nós temos que reescrever toda a história da evolução humana, não apenas da nossa própria espécie, mas também de outras espécies que viveram fora da África naquele período histórico", explica o pesquisador, que faz parte da Universidade de Tel Aviv.
"A descoberta modifica o patamar há muito tempo estabelecido de 130 mil anos para a presença de humanos modernos fora da África", afirma Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que participou do estudo. "As novas datações apontam que podem ser descobertos Homo sapiens ainda mais antigos no oeste asiático".
 
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As novas evidências científicas levantam a possibilidade de que humanos modernos interagiram com outras espécies de humanos, já extintas, por dezenas de milhares de anos. A hipótese é compatível com recentes descobertas de restos mortais e estudos genéticos que indicam que pode ter ocorrido um êxodo partindo da África mais cedo do que se pensava.
Os pesquisadores analisaram fragmentos de uma mandíbula com oito dentes, encontrada na caverna Misliya, em Israel, em 2002. A mandíbula parecia ter pertencido a um humano moderno, e não a uma das outras espécies humanas.
Mas foi apenas agora que um time de pesquisadores provou que a intuição dos arqueólogos estava correta. A mandíbula de fato pertenceu a um humano moderno. A descoberta foi feita com a ajuda de uma tomografia computadorizada, seguida da construção de um modelo virtual 3D e da comparação com fósseis humanos antigos da África, Europa e Ásia e com restos mortais de humanos modernos.
Também foi descoberto que o tecido abaixo da coroa dentária é o mesmo associado a humanos modernos.
O resultado de três diferentes métodos de datação, conduzidos em três laboratórios diferentes e que não tinham conhecimento do trabalho um do outro, mostra que os restos fossilizados têm entre 177 mil e 194 mil anos.
Antes disso, a evidência mais antiga da presença de humanos fora da África vinha dos sítios arqueológicos de Skhul e Qafzeh, em Israel, datados entre 90 mil e 125 mil anos.
 
Resultado de imagem para fotos do homo sapiens descoberto em Israel
 
Os restos mortais da caverna Misliya foram encontrados em uma camada que continha instrumentos de pedras que pertencem ao tipo "levallois", usados na região entre 250 mil e 140 mil anos atrás. Se as ferramentas "levallois" estão associadas com a dispersão de humanos modernos nessa área, é possível que nossa espécie tenha migrado a partir da África muito mais cedo.
Até recentemente, as evidências de migrações do Homo sapiens para fora da África eram limitadas ao Levante (região no Oriente Médio). Nos últimos anos, entretanto, descobertas de fósseis humanos modernos em Daoxian e Zhirendong, na China, datadas entre 80 mil e 120 mil anos sugerem ondas de migração à Europa e Ásia mais antigas do que antes se pensava.
Além disso, estudos genéticos revelaram sinais de cruzamento entre espécies de humanos africanos e Neandertais, nossos parentes na cadeia evolutiva.
"Nós tínhamos tantas evidências, mas não sabíamos onde elas se encaixavam", diz Hershkovitz. "Agora, com essa nova descoberta, todas as peças levam a um mesmo lugar - um possível êxodo ocorrido cerca de 250 mil anos atrás, que é a data das ferramentas encontradas na caverna Misliya".
Porém, as migrações mais antigas dos Homo sapiens da África para a Eurásia podem ter resultado em extinção. Descobertas feitas por pesquisadores de genética e arqueólogos levam a crer que as pessoas que vivem hoje fora do continente africano têm como ancestrais humanos que participaram de um êxodo ocorrido há 60 mil anos.
A maioria de estudos de DNA não encontrou evidências de migrações mais antigas do que isso nos nossos genes.
Outras descobertas revelaram quando humanos que viviam na África evoluíram até chegar na estrutura anatômica moderna. Ano passado, uma equipe anunciou que fósseis que seriam versões mais antigas de Homo sapiens no Marrocos foram datadas em cerca de 315 mil anos.
É muito anterior à data antes aceita como a origem da nossa espécie - 200 mil anos. E é possível que descobertas futuras possam revelar uma data ainda mais antiga.
BBC Brasil

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Descoberto trecho desconhecido do Muro de Berlim

Trecho remanescente do muro de Berlim original fotografado pelo pesquisador amador Christian Bormann
 
Um pesquisador amador do bairro berlinense de Pankow, descobriu uma seção da chamada primeira geração do muro que dividiu a capital alemã nos tempos em que a cidade estava no centro da Guerra Fria.
Segundo o jornal local Berliner Zeitung, o trecho de 80 metros de extensão do muro, que se encontra numa floresta em Berlin-Schönholz, parece ter tido sua demolição esquecida em 1989, após a queda do Muro de Berlim.
O trecho do muro descoberto por Christian Bormann é da primeira fase da construção da fortificação erguida pela República Democrática Alemã (RDA), a antiga Alemanha Oriental. A construção passou por vários estágios a partir de agosto de 1961.
Segundo afirmou Bormann ao jornal, após pesquisar nos arquivos locais ele concluiu que este seria o "último pedaço remanescente do muro original". Até então, supunha-se que não havia mais remanescentes dessa estrutura. Oficialmente, a seção do muro entre a rua Schützen e a linha férrea é registrada como tendo sido demolida.
Em seu blog, onde postou várias fotografias do muro nos dias atuais, Bormann afirma que o termo muro originial (Ur-Mauer) se refere à "primeira geração do muro provisório com construção completa anti-invasores, com os arames farpados conhecidos em todo o mundo". Na primeira geração, de 1961 a 1966, o Muro de Berlim tinha construção irregular e em média 30 centímetros de espessura.
O trecho do muro descoberto por ele é datado de antes da construção da chamada "faixa da morte" na fronteira que separava a parte ocidental e oriental da cidade. A também chamada de "terra de ninguém" era composta de diversas barreiras de muros, cercas e torres de observação, onde era proibida a circulação de pessoas.
Bormannn afirma ter descoberto essa seção do muro antigo em 1999, mas decidiu revelar o achado apenas agora para despertar a atenção para o local, uma vez que a construção precisa de proteção contra os efeitos das condições climáticas.

O Facebook inventou uma nova unidade de tempo

Já existe um cartão microSD capaz de armazenar metade de um terabyte de dados. Segundo informações do The Verge, o novo cartão de 512 GB da Integral Memory excede o maior cartão disponível no mercado até então, o SanDisk de 400 GB. No entanto, ele não é tão rápido – o novo cartão da Integral Memory atinge o máximo de 80 megabytes por segundo de transferência, um pouco mais lento que os 100 MB/s da SanDisk – mas ele cumpre o requisito para capturar vídeos em alta definição. Como aponta o AndroidPolice, ele “definitivamente não é ideal para utilizar como memória de armazenamento para um Android ou o Nintendo Switch”, mas ele deve funcionar muito bem para capturar vídeos em HD. Em um comunicado à imprensa, a Integral Memory afirma que alguns consumidores estão preferindo armazenar seus dados na nuvem, mas a tecnologia não eliminará a necessidade de cartões de memória tão cedo. O comunicado também não menciona valores, mas o cartão de 400 GB da SanDisk é vendido por salgados U$ 250, então é bem provável que ele não será nada barato. 512 GB de armazenamento costumam ser bem mais do que um indivíduo normal costuma precisar, já que armazenamentos de 64 GB costumam ser o padrão para usuários de celulares de última geração e este armazenamento ainda é capaz de guardar de centenas a milhares de fotos em alta qualidade. Alguns dispositivos, como alguns modelos de Zenphone e o Nintendo Switch, são capazes de reconhecer cartões microSD de até 2 TB, o quádruplo deste novo cartão. No entanto, estes cartões ainda não existem -- e nem há previsão de quando estarão disponíveis para os consumidores. As fabricantes de celular e dispositivos incluem suporte a esta capacidade pois a tecnologia microSDXC por trás destes cartões prevê capacidades de até 2 TB -- assim, mesmo que eles ainda não existam, aparelhos que possuem suporte a tecnologia microSDXC serão capazes de reconhecê-los quando um dia forem lançados. O novo cartão da Integral Memory estará disponível em fevereiro. [The Verge] Conheça nossa extensão Gizmodo Ofertas Encontrar o melhor preço com o Gizmodo Ofertas é moleza. Quando você acessar uma loja virtual, nossa extensão para o Chrome alertará se existe preço melhor em outro lugar, além de checar cupons de desconto disponíveis. Tudo automático. O Gizmodo Ofertas monitora os preços das principais lojas virtuais do país e você pode colocar uma meta de quanto quer pagar para receber uma notificação depois. Baixe agora!
 
Às vezes, é fácil esquecer que o Facebook, como empresa, deve ser inovador em campos que vão além da vigilância. Mas o anúncio de que a companhia havia criado uma unidade de tempo completamente nova é um bom lembrete de que a enorme empresa, dona tanto do WhatsApp quanto da Oculus VR, é mais do que apenas um dos maiores aparatos de espionagem da história.

A nova unidade de tempo, anunciada no Twitter e disponível no Github, é chamada de Flicks e foi especificamente criada para ser usada por artistas de efeitos visuais trabalhando em cinema, TV e vídeo.
Frequentemente, é necessário usar "porções de tempo" muito reduzidas quando se trabalha com efeitos visuais. Em vez de operar em segundos, artistas de efeitos visuais, produtores e programadores às vezes trabalham em nanossegundos. Mas isso pode resultar em umas contas e codificações bagunçadas, já que eles não se convertem facilmente para as taxas de quadro de vídeo padrões. Então, o Facebook desenvolveu a unidade de tempo Flicks que, de acordo com sua página no Github, "é a menor unidade de tempo que é MAIOR que um nanossegundo e pode, em quantidades inteiras, representar exatamente uma duração de um só quadro" de filme.

Os Flicks foram inicialmente sugeridos por Christopher Horvath, artista de efeitos visuais e funcionário da Oculus, em um post no Facebook lá em 2016.
É interessante notar que essa unidade de tempo foi criada por um funcionário do Story Studio, da Oculus, um estúdio de filme focado em realidade virtual, e foi lançada por meio do repositório Github da Oculus VR, não através do Facebook em si. O cinema VR ainda está em sua infância. Comparado ao cinema tradicional, ainda está no estágio "O Grande Roubo do Trem", filme de 1903 que foi um marco para a indústria. Ainda não tivemos exemplos de filmes em realidade virtual que radicalmente mudaram como o público e os artistas abordam o meio. Nenhum Cidadão Kane por enquanto. Mas o Flicks é a prova de que o cinema VR está pelo menos tentando se dirigir em direção a um novo futuro bem legal. 
 

Mais de 95% do lixo nas praias brasileiras é plástico, indica estudo

Mais de 95% do lixo encontrado nas praias brasileiras é composto por itens feitos de plástico, como garrafas, copos descartáveis, canudos, cotonetes, embalagens de sorvete e redes de pesca.
 
Lixo encontrado em praias brasileiras
Esta é uma das principais conclusões de um trabalho de monitoramento realizado desde 2012, em 12 delas, pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), uma associação que reúne entidades e empresas do setor.
As pesquisas sobre a questão do lixo no mar ainda são escassas e incipientes, tanto no Brasil como no exterior. Mas, em termos mundiais, sabe-se que os resíduos sólidos nos oceanos possuem diversas proveniências.
Estima-se que 80% deles tenham origem terrestre. Entre as causas disso estão a gestão inadequada do lixo urbano e as atividades econômicas (indústria, comércio e serviços), portuárias e de turismo. A população também tem parte da responsabilidade pelo problema, devido principalmente à destinação incorreta de seus resíduos que, muitas vezes, são lançados deliberadamente na rua e nos rios, gerando a chamada poluição difusa.
Os 20% restantes têm origem nos próprios oceanos, gerados pelas atividades pesqueiras, mergulho recreativo, pesca submarina e turismo, como os cruzeiros, por exemplo.
No ranking dos países mais poluidores dos mares, o Brasil ocupa a 16ª posição, segundo um estudo realizado por pesquisadores americanos e divulgado em 2015.
Eles estimaram a quantidade de resíduos sólidos de origem terrestre que entram nos oceanos em países costeiros de todo o mundo. Aqui, todos os anos são lançados nas praias entre 70 mil e 190 mil toneladas de materiais plásticos descartados.
Ainda de acordo com o mesmo levantamento, a China, a Indonésia e as Filipinas são as nações que mais jogam lixo nos oceanos, com até 3,5 milhões de toneladas de plásticos por ano. Esses três países também aparecem nos primeiros lugares de outro estudo, realizado pela ONG americana Ocean Conservancy. Ao lado da Tailândia e do Vietnã, são responsáveis pelo descarte de 60% dos resíduos plásticos encontrados nos mares do mundo.

Resíduos em praia

Resultados

O IO-USP e Plastivida realizaram o levantamento no litoral brasileiro para conhecer em mais detalhes a situação do Brasil.
Ele foi feito em seis praias do Estado de São Paulo (Ubatumirim, Boraceia, Itaguaré, do Uma, Jureia e Ilha Comprida), três da Bahia (Taquari, Jauá e Imbassaí) e três de Alagoas (do Francês, Ipioca e do Toco). No total, foram realizadas seis coletas, inicialmente com intervalos de seis meses e depois de um ano.
"Dessas, as mais poluídas são Boraceia e Itaguaré, Praia do Francês e Taquari", conta o biólogo Alexander Turra, do IO-USP, coordenador do trabalho.
Ele explica que as coletas foram realizadas seguindo um protocolo estabelecido pelo programa das Nações Unidas para o meio ambiente (ONU Meio Ambiente).
"Primeiro, nós limpamos uma área de 500 metros da areia seca, onde a maré não alcança, e das dunas ou restinga, atrás da praia", diz. "Depois, voltamos ao local de seis em seis em seis meses para recolher, identificar e quantificar o lixo nos 100 metros centrais dessa área."
O monitoramento constatou que, em São Paulo, o maior volume se acumula nas dunas ou restingas e é proveniente das atividades de pesca. No Nordeste, o grosso do material é encontrado na areia seca e vem do turismo.
A história que levou à assinatura do convênio entre o IO-USP e a Plastivida começou em 2011, quando foi criado o Compromisso de Honolulu, para discutir a questão de resíduos nos mares em nível global.
Dirigido a governos, indústrias, organizações não governamentais e demais interessados, o documento tem como objetivo servir como instrumento de gestão para a redução da entrada de lixo nos oceanos e praias, bem como retirar o que já existe.
 
Sacos de lixo próximos ao mar
 
Como consequência desse documento, no mesmo ano, foi assinada a Declaração Global Conjunta da Indústria dos Plásticos, da qual a Plastivida é signatária. Foi para implementar aqui esse compromisso mundial que a associação, como uma das entidades representantes da cadeia produtiva dos plásticos no país, e o IO-USP assinaram o convênio em 2012. A meta é se capacitar e desenvolver estudos científicos para embasar as discussões sobre o tema no Brasil.
Desde então, além do levantamento do resíduos nas praias, a parceria resultou em vários outros trabalhos. "O convênio é um arranjo inovador, que junta a universidade com a iniciativa privada para resolver questões importantes para a sociedade", diz Turra. "Ele visa entender o problema, ver onde ele é mais crítico e verificar se as medidas para combater o lixo no mar estão surtindo efeito."
Além disso, foi criado o Fórum Setorial dos Plásticos Online - Por Um Mar Limpo, para ampliar os debates sobre os caminhos e as alternativas de mitigação para o problema dos resíduos nas praias e nos oceanos.
Trata-se de uma plataforma online, que reúne todas as informações e o conhecimento obtidos desde 2012, além das propostas de educação ambiental, prevenção, coleta e reciclagem. Desse Fórum resultou a Declaração de Intenções, um documento que estabelece os compromissos da cadeia produtiva dos plásticos no Brasil sobre o tema.

Combatendo o problema

Os participantes do Fórum pretendem pesquisar alternativas para que o setor industrial e a população possam combater o lixo no mar.
"O Instituto Oceanográfico é um moderador desse diálogo", diz Turra. "Nós auxiliamos as empresas a canalizarem as informações científicas corretas e a realizar as melhores ações concretas possíveis."
De acordo com ele, os principais objetivos do IO-USP nesses projetos são a educação ambiental em relação ao consumo consciente e à destinação correta do material descartado. A ideia é que, bem informadas sobre o tema, as pessoas possam ajudar a manter os oceanos e as praias limpas.
Segundo o presidente da Plastivida, Miguel Bahiense, o conhecimento gerado durante os anos de existência da parceria é de que se trata de um problema que só será resolvido em conjunto pelos vários setores relacionados ao problema.
"Estamos realizando um trabalho de educação, informação e coordenação de ações como campanhas de descarte adequado, conscientização, entre outras, que vão demandar o envolvimento compartilhado de toda a sociedade - poder público, indústria de diversos setores, varejo e a população de forma geral -, para o mesmo fim, que é a preservação dos oceanos e do meio ambiente", diz.
 
Coleta de lixo nas praias
 
"Todo o estudo reunido nos fez entender que a questão do lixo nos mares vai além dos municípios costeiros", avalia Turra.
"Ela envolve todas as cidades, Estados, a gestão dos resíduos sólidos, o saneamento básico, a educação ambiental e toda uma cultura social que deve ser estruturada. Acreditamos que o Fórum será um marco transformador da sociedade, por envolver diferentes setores na busca do desenvolvimento sustentável."
BBC Brasil

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Aquecimento global transforma em fémeas 99% de uma população de tartarugas marinhas

87% das tartarugas-verdes adultas analisadas são fêmeas.
 
O aquecimento global está alterando as porcentagens de sexos em algumas populações de tartarugas marinhas do planeta. O fenômeno é conhecido há anos, mas a comunidade científica está começando a alertar para casos absolutamente extremos. Uma equipe internacional de oceanógrafos detectou agora que os espécimes jovens de uma das maiores populações de tartarugas-verdes do mundo – localizada na parte norte da Grande Barreira de Coral, na Austrália – são fêmeas em mais de 99% dos casos.
“Com um aumento previsto da temperatura média global de 2,6 graus em 2100, muitas populações de tartarugas marinhas correm o risco de sofrer uma alta mortalidade de seus ovos e de ter uma descendência exclusivamente feminina”, advertem os autores de um estudo liderado pela endocrinologista Camryn Allen e o biólogo Michael Jensen, ambos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.
As tartarugas-verdes, que chegam a pesar 190 quilos e vivem em águas de 140 países, estão em perigo de extinção, principalmente por causa do comércio de seus ovos e pela invasão humana das praias onde fazem ninhos, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Assim como entre as demais tartarugas marinhas, o sexo dos exemplares dessa espécie é determinado fundamentalmente pela temperatura durante a incubação de seus ovos na areia. Na parte sul da Grande Barreira de Coral, banhada por águas mais frias, nasce um macho para cada duas fêmeas. Na parte norte, a proporção é de um macho para cada 116 fêmeas, segundo resultados publicados na revista especializada Current Biology. Os números mudam ao analisar tartarugas em idade adulta. Na região mais quente, 87% dos exemplares são fêmeas, em comparação a 69% na área mais fria.
 
Camryn Allen analisa uma tartaruga-verde
 
“Esses resultados vão de acordo com previsões que temos feito há anos sobre o impacto do aquecimento global sobre as tartarugas marinhas, mas é preocupante que isso já esteja ocorrendo entre as tartarugas jovens e sub-adultas de populações importantes”, diz o pesquisador Adolfo Marco, da Estação Biológica do Parque Natural de Doñana, na Espanha.
Em 2011, a equipe de Marco alertou que 91% dos nascimentos de tartarugas-de-couro em uma região do Mar do Caribe eram fêmeas. “O aumento de apenas 0,1 grau nas temperaturas máximas diárias do ar pode provocar uma total feminização da espécie”, advertiu, na época, seu colega Juan Patiño.
Marco explica que o novo estudo internacional “confirma pela primeira vez” em uma grande população de tartarugas que o enorme desvio para um maior número de fêmeas observado nos filhotes se mantém entre os animais adultos. O cientista lembra que foram lançadas várias hipóteses sobre o fenômeno, como a de que o aquecimento produziria poucos machos, mas mais fortes e aptos à sobrevivência; ou que as tartarugas buscariam refúgios térmicos, em zonas mais frias, que gerariam mais machos e que compensariam a proporção entre os sexos. “Os dados do novo estudo mostram a primeira população na qual se confirma a pior expectativa”, afirma Marco, que não participou do trabalho na Austrália.
"Como  as tartarugas levam muito tempo para amadurecer, a manifestação dessa ameaça em adultos se atrasa no tempo, mas aí é onde realmente poderia começarmos a observar um colapso da reprodução por falta de machos”, alerta Marco. “Uma razão de sexos de 87% em adultos, como mostra o estudo, já é muito preocupante. E no futuro a previsão é que isso aumente e se torne um problema mais generalizado”.
El País.com

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Rússia cria identidade que substitui visto a torcedores da Copa

Vladimir Putin
 
Os estrangeiros que forem à Rússia para acompanhar a Copa do Mundo de 2018 não precisarão solicitar visto, pois vão ter uma identificação a partir da compra do ingresso, denominada Fan ID, com que poderão entrar no país livremente. Com este sistema, o país retira a obrigação da obtenção de um visto para os espectadores com ingresso para um jogo do Mundial para dez dias antes do seu início e dez após o final,  uma promessa de campanha para a escolha do país.
O Fan ID será expedido a todos que comprarem um ingresso pelos canais oficiais da Fifa, que receberão um número de referência para preencher um questionário digital com o qual obterão a identificação. Assim, poderão entrar e sair do país quantas vezes quiserem durante a competição. Esta identificação dará acesso a transporte gratuito entre as 11 sedes do Mundial nos dias de jogos, e também permitirá utilizar meios de transporte público para chegar ao estádio.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

União europeia quer acabar com plástico não reciclável

. Menos de 30% do plástico produzido na União Europeia é reciclado.

A Comissão Europeia, poder executivo da União Europeia (UE), apresentou nesta terça-feira (16) um projeto que prevê que, até 2030, todas as embalagens plásticas do bloco sejam recicláveis.
Anualmente a Europa produz 25 milhões de toneladas de plástico, mas menos de 30% desse montante é reciclado.
Outro problema são os microplásticos, que contaminam o ar, a água e as cadeias alimentares e cujas consequências para a saúde humana e dos animais ainda são desconhecidas.
"Se não mudarmos a forma com que produzimos e usamos plástico, em 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano", afirmou o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. "A única solução a longo prazo é reduzir o desperdício de plástico a partir da reciclagem e do reuso."
Segundo a proposta da Comissão Europeia, até 2030 todas as embalagens plásticas em circulação no mercado da UE teriam que ser recicláveis. O uso de plásticos descartáveis também seria reduzido.
Microplásticos, que são encontrados em produtos como cosméticos e roupas, seriam severamente restringidos.
Além disso, o plano também impulsionaria o financiamento e investimento na produção de plásticos recicláveis mais amigáveis ao meio ambiente e na melhoria dos processos de reciclagem.
Agora o projeto da Comissão precisa ser aprovado tanto pelos governos dos países que compõem a UE quanto pelo Parlamento Europeu.
O objetivo da Comissão Europeia é fundar as bases para uma "nova economia do plástico" que, além de ser mais sustentável, geraria inovação, crescimento de empregos e ainda faria da Europa líder mundial de uma política de transição de plásticos.
 

8 dicas para evitar que alguns hábitos estraguem sua voz no verão

Getty Images
 
Ar-condicionado "bombando", bebidas estupidamente geladas e aquele cochilo gostoso com o ventilador ligado. Esses são só alguns hábitos que incorporamos no verão com um único objetivo: afastar o calor intenso. O problema é que muitos desses "refrescos" causam prejuízos para a voz e até dor de garganta.
A seguir, listamos algumas táticas para que você continue falando em alto e bom som durante a época mais quente do ano. As dicas foram reunidas com a ajuda de Ana Lúcia Duran, fonoaudióloga da clínica Zambotti & Duran; e André Ricardo Mateus, otorrinolaringologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Vai tomar algo gelado? Espere alguns segundos antes de engolir
Sorvetes ou bebidas geladas provocam vaso constrição, ou seja, a diminuição do fluxo sanguíneo na garganta. Isso pode provocar rouquidão e dores. A dica para driblar prejuízos é manter o líquido gelado na boca por alguns segundos, para "esquentá-lo", e depois engolir. Assim, você evita o choque térmico na região da laringe.
 
Fica muito tempo no ar? Hidrate-se bem
O ar-condicionado diminui a umidade do ar, causando ressecamento nas mucosas e edema nas pregas (cordas) vocais, o que gera rouquidão. Isso acontece principalmente em quem tem propensão a quadros alérgicos (rinite). Sempre que ficar muito tempo em lugares com ar-condicionado, use um umidificador e aumente o consumo de água, para evitar o ressecamento da garganta. Vale lembrar que a higienização do aparelho de ar-condicionado --seja em casa, seja no carro, seja na empresa-- deve ocorrer de seis em seis meses.
 
Não mire o ventilador na sua cara
Colocar o ventilador em sua direção pode deixar você resfriado. Quando isso acontece, a tendência é ficar com um pouco de muco na região nasal, provocando alteração na voz. O ideal é deixar o ventilador a um metro do chão, circulando o ar para cima. Também é preciso se certificar de que as pás do aparelho estão limpas. Quando sujas, elas podem espalhar ácaros de poeira pelo ambiente, prejudicando a vida de quem tem alergia.
 
Evite alimentos ácidos
Os alimentos muito ácidos (limão, abacaxi) agridem a mucosa do estômago, o que pode resultar em refluxo. Quando isso acontece, sobe um gás pela faringe. Para se proteger, nossa corda vocal acaba criando muco em excesso, o que aumenta o pigarro e pode deixar a corda vocal inchada.
 
Aposte no soro fisiológico
Uma dica para quem vive exposto ao ar-condicionado ou as mudanças bruscas de temperatura é umedecer o nariz com soro fisiológico --nada de produtos descongestionantes. O soro pode ajudar a reverter o ressecamento da mucosa e deve ser pingado de três a cinco vezes ao dia.
 
Com gripe? Esqueça gargarejo com mel, vinagre e limão
Tanto o vinagre quanto o limão são agressivos para a mucosa das pregas vocais, por conta da acidez. Se você quer fazer um gargarejo para diminuir a rouquidão, opte por água morna com sal ou com uma pequena quantidade de antisséptico bucal.
 
Nada de pastilhas ou balinhas para a ronquidão
Pastilhas ou balinhas de gengibre até trazem um alívio passageiro. No entanto, você acha que não está mais com dor, força as pregas vocais e, depois, a voz fica muito pior .
 
Está há mais de 15 dias rouco? Busque ajuda
O aumento do muco e o pigarro podem gerar lesões ou nódulos nas pregas vocais. Por isso, é preciso ficar atento à ronquidão e ao pigarro. Certos problemas podem ser revertidos por meio de um tratamento com fonoaudiólogo. Já outros, como alguns nódulos, exigem remoções cirúrgicas, feitas pelo otorrinolaringologista.
UOL

Maior sítio arqueológico do mundo é descoberto no México

Sac Actún Tulum
 
Um dos locais do além-mundo maia veio à luz. O maior sistema de cavernas inundadas já registrado foi descoberto em Tulum, na Riviera Maia do México. Um grupo de exploradores do projeto Grande Aquífero Maia descobriu que os sistemas de Sac Actún e Dos Ojos estão conectados, o que abriu um novo corredor em um labirinto subterrâneo que mede aproximadamente 347 quilômetros. Os pesquisadores encontraram centenas de objetos arqueológicos que dão indícios dos primeiros habitantes da América, da cultura maia e de animais extintos. “Essa imensa caverna representa o mais importante sítio arqueológico submerso do mundo”, afirma Guillermo de Anda, especialista do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) e diretor da pesquisa.
Os cenotes (do maia dzonoot), como são conhecidos no México as imensas cavidades naturais aquíferas e olhos d’água, ocupavam um local central na cosmogonia maia, explica Guillermo de Anda. Eram o além-mundo e o terceiro nível do universo maia, depois do céu e da terra, mas sem uma conotação negativa como o inferno do cristianismo. “É uma região muito poderosa, mágica, onde reina o sobrenatural, onde vivem os deuses e as deidades, onde convivem o bem e o mal, e era também de onde surgiam os homens”, diz o pesquisador. Os cenotes, nas palavras do especialista, eram o cenário principal do mito da criação dessa civilização, que se estendeu do sudeste do México até Honduras e El Salvador.
As descobertas da pesquisa confirmam esse sentido místico. Foram encontrados restos de jarros de cerâmica maia, objetos que datam da época da Colônia e contextos funerários e sacrificiais, que os pesquisadores ainda analisam. Havia também restos humanos e de uma grande quantidade de animais como elefantes, preguiças gigantes, ursos, tigres e cavalos antigos. “É um túnel do tempo, que nos transporta em alguns casos a 12.000 e 10.000 anos atrás”, diz Anda. O difícil acesso aos cenotes ajudou a fazer com que os materiais arqueológicos se conservassem em ótimas condições para seu estudo, sem alterações e desgaste pelo contato com o homem.
Os pesquisadores do Grande Aquífero Maia levaram 10 meses para decifrar a conexão entre os dois sistemas de cavernas inundadas, o que descreveram como uma “intensa” temporada de trabalho que começou em março do ano passado. Alguns membros da equipe, como o mergulhador-chefe Robert Schmittner, passaram mais de 20 anos percorrendo as galerias submersas e 14 anos procurando a conexão entre as grandes cavernas. “Estivemos muito próximos antes, uma vez ficamos a um metro de conectar os dois sistemas”, diz Schmittner. “Era como percorrer as veias de um corpo, um labirinto de caminhos que se uniam e se separavam e precisávamos ser muito cuidadosos”, afirma o mergulhador sobre as passagens de água, que em alguns casos tinham um metro de profundidade e nas partes mais fundas chegavam aos 120 metros sob a terra.
Os exploradores realizaram a descoberta em 10 de janeiro e, com a união, o “novo” sistema adotou o nome de Sac Actún (do maia caverna branca), o maior dos dois, e o sistema Dos Ojos deixou de existir. O Sac Actún era há poucos dias atrás o segundo maior sistema de cenotes atrás do Ox Bel Ha, que significa três caminhos de água, mede 270 quilômetros e também está na Riviera Maia.
Apesar da descoberta, os pesquisadores continuam com o titânico trabalho de encontrar as conexões de Sac Actún com outros dois grandes sistemas subterrâneos. Somente no norte de Quintana Roo, na península do Iucatã, calcula-se que existem 1.400 quilômetros subterrâneos de água doce divididos em 358 sistemas, de acordo com o estudo espeleológico do Estado sulista mexicano. Os próximos passos do grupo de trabalho incluirão a análise da água subterrânea e o estudo da diversidade, assim como a adoção de medidas que ajudem a conservar o local.
El País.com