Um achado arqueológico pode colocar uma nova peça no quadro da evolução do gênero Homo, do qual os homens modernos fazem parte. Em um recente estudo publicado no “American Journal of Physical Anthropology”, pesquisadores do Centro Nacional de Investigação da Evolução Humana, na Espanha, e do Instituto de Paleoantropologia de Pequim, na China, sugerem a existência de um ancestral humano até agora desconhecido. A descoberta é resultado da análise de fósseis, que incluem dentes e fragmentos de crânios de quatro indivíduos, encontrados em uma caverna na província chinesa de Xujiayao, em 1976. “Depois de estudar e comparar os itens achados com mais de cinco mil dentes de outros hominídeos, chegamos à conclusão de que as características dos fósseis em questão não batem com nenhuma espécie que tenha habitado o planeta durante o Pleistoceno superior (de 126 mil a 11 mil anos atrás)”, disse à ISTOÉ María Martinón-Torres, que liderou a pesquisa.
Até agora era sabido que, durante esta idade geológica, pelo menos três tipos de humanos primitivos habitavam a Terra. Enquanto o Homo sapiens surgia na África, há cerca de 200 mil anos, os neandertais dominavam a Europa. Entre 400 mil e 50 mil anos atrás, na Ásia e atual Rússia, viviam os denisovanos e na Indonésia, de 95 mil a 17 mil anos atrás, o Homo floresiensis, cuja descoberta só foi confirmada em 2004. O novo ancestral teria ocupado o atual norte da China entre 120 mil e 60 mil anos atrás e poderia ser uma nova espécie ou o resultado do cruzamento entre duas das espécies conhecidas. Segundo María, os dentes analisados teriam algumas características parecidas com as dos Homo erectus (hominídeo que viveu entre 1,8 milhão e 300 mil anos atrás) e outras semelhantes às dos Neandertais. “Eles mostram uma mistura até então inédita”, diz a pesquisadora. “Porém, para afirmar com certeza que se trata de uma nova espécie precisamos de mais fósseis”, afirma. Outra possibilidade é que os dentes e fragmentos de crânio encontrados sejam de indivíduos denisovanos. Esta espécie foi identificada pela primeira vez em 2010, através de uma análise de DNA realizada em dois dentes e uma falange descobertos na caverna de Denisova, na Sibéria. Apesar de terem convivido e procriado com o Homo sapiens, pouco se sabe sobre esse grupo, e, especialmente, sobre sua morfologia. “Por isso não podemos confirmar nem descartar que os indivíduos de Xujiayao sejam denisovanos”, diz María. “Nossa esperança é que mais fósseis sejam descobertos na Ásia.”
IstoÉ.com
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