É uma peça única, o primeiro mapa realizado com técnicas chinesas que chegou à
Espanha (e talvez à Europa) vindo do Extremo Oriente. Veio atravessando os mares, em algum momento entre 1574 e 1575, sob o reinado de Felipe II, quando a monarquia espanhola vivia sua época de esplendor, quando se falava de um império em que o sol nunca se punha, aquilo sim era vocação global. Traçou a rota que à época percorriam as mercadorias que vinham do Oriente Distante: da
China às Filipinas, das Filipinas ao
México e do México à Espanha.
“Iremos ver a maravilha das maravilhas”, diz María Antonia Colomar instantes antes de retirar o véu, o papel barreira, que é antiácido e protege uma joia do século XVI como essa. A veterana historiadora acaba de colocar luvas azuis finas para poder manipular o documento. É fundamental não tocá-lo com os dedos, os mapas absorvem a umidade das mãos que os toca.
Uma enorme mesa branca recebe o minucioso e valioso mapa em que o curso do rio Amarelo é laranja. Essa é a insólita nota de cor em um mapa, em seu restante, preto e branco. Provavelmente viajou acompanhado de livros, obras de arte e cerâmicas que naquela época chegavam de
Manila, a grande ponte entre Oriente e Ocidente. Colomar, que dedicou 46 anos de sua vida ao
Arquivo das Índias, o considera um dos tesouros que passaram por suas mãos.
Ao lado de Carmen Molina, que trabalha no laboratório de restauração, explica que a joia foi extraída nessa mesma manhã de um porta mapas especial, de alumínio anodizado, que permite excelente conservação. Datado de 1555, é um mapa histórico da China que narra a história de suas cidades. Sucintos textos explicativos acompanham os desenhos que ilustram a orografia do terreno. O Ku-Chin hsing-shêng Chih T’U [Mapa topográfico moderno e antigo (da China)] evidencia até que ponto era avançada a cartografia dos chineses nessa época.
A silhueta da muralha da China cruza de leste a oeste a parte superior do mapa. Provavelmente, diz Colomar, foi enviado por um dos governadores de Manila, em resposta aos pedidos de informação da Coroa sobre as colônias. Com ele se pretendia realçar a grandeza do país. “Naqueles anos houve até um governador das Filipinas, Francisco de Sande, que pensou em invadir a China”, diz a historiadora. “Fez a proposta, mas o dissuadiram”.
Colomar revela a história que esse mapa esconde com uma mistura de entusiasmo e precaução. Entusiasmo pelos anos passados entre mapas, papéis e cartas que habitam os régios muros do Arquivo das Índias, aprendendo a interpretá-los, a amá-los. Precaução extrema, que algumas vezes faz com que interrompa uma frase e comece por novas rotas narrativas quando em sua cabeça surge a suspeita de que possa estar proporcionando algum dado incorreto, ou não suficientemente comprovado. Rigor acima de tudo.
O Ku-Chin hsing-shêng Chih T’U é uma das peças das quais ela jamais se esquecerá. Nascida em
Mallorca há 73 anos, radicada em Sevilha desde 1969, Colomar recebeu em março o Prêmio Nacional 2017 da Sociedade Geográfica Espanhola. Um reconhecimento ao trabalho paciente e silencioso dos arquivistas, pessoas que trabalham nas sombras. Classificando, estudando e expondo valiosos documentos que depois servem para que os pesquisadores, romancistas, descobridores e exploradores recebam as medalhas. Colomar, na realidade, se aposentou há três anos. O dia 7 de junho de 2015 foi quando deu por concluída sua etapa como funcionária do Arquivo das Índias.
“Todo o arquivo é um tesouro”, diz falando das joias que passaram por suas mãos na instituição sevilhana que é, de fato, um local de atração aos caçadores de tesouros do mundo. O Arquivo das Índias, declarado patrimônio mundial pela
Unesco em 1987, é a memória viva dos territórios ultramarinos da Espanha imperial. Contém 40.000 documentos, robustos pacotes de documentação antiga com aroma a pergaminho que armazenam mais de 80 milhões de páginas e por volta de 8.500 mapas, planos, desenhos e imagens (área da qual ela foi responsável). Aqui, em um antigo consulado de comércio de solenes escadarias de mármore e estantes de mogno de
Cuba, Carlos III decidiu em 1785 que deveria ser centralizada toda a documentação oficial relativa às Américas e às Filipinas.
Entre as paredes desse edifício abobadado onde Murillo teve, na parte alta, seu ateliê se entesouram cartas e expedientes enviados pelos vice-reis, documentos remetidos pelos bispos, inventários do que transportavam os navios que iam e voltavam das Índias. E aqui é o local em que algumas pessoas vieram em 2007 à procura de informação sobre o naufrágio do Mercedes, barco carregado com remessas de ouro e prata do
Peru que foi bombardeado pelos ingleses no golfo de Cádiz em 5 de outubro de 1804. A peripécia dessa embarcação teve, dois séculos mais tarde, grande eco midiático ao se transformar em objeto de disputa entre o Estado espanhol e a empresa caçadora de tesouros norte-americana
Odyssey. María Antonia Colomar assistiu na primeira fila todo o processo e proporcionou (ao lado de suas colegas de arquivo) alguns dos pontos que fizeram a balança pender a favor da Espanha em seu litígio no Tribunal Federal de Tampa, Flórida.
Os caçadores de tesouro da Odyssey chegaram a
Sevilha em 2007 com a intenção de extrair toda a informação que o Arquivo das Índias pudesse ter sobre o barco naufragado 190 quilômetros a oeste do estreito de Gibraltar. Colomar estava encarregada dos papéis da Audiência de Lima, dentre os quais se encontrava o registro da fragata, um documento fundamental: dá informação sobre as mercadorias que estavam nos barcos. Na Espanha do XIX servia para controlar as importações e arrecadar impostos, essenciais para alimentar a máquina de guerra.
O trabalho de pesquisa realizado com suas colegas Isabel Ceballos e Pilar Lázaro de la Escosura, e da qual participaram outras instituições como o Museu Naval e o Arquivo Histórico Nacional, serviu para esclarecer o que aconteceu com esse lendário barco cujo nome ficou indefectivelmente associado ao chamado caso Odyssey.
A fragata atravessava o golfo de Cádiz, capitaneada pelo comandante José Manuel de Goicoa y Labart, quando foi atacada de surpresa pela Marinha britânica. Uma bomba acertou em cheio o paiol do Mercedes. O capitão de navio Diego de Alvear, que antes da saída de
Montevidéu havia trocado, com seu filho Carlos, de barco - do Mercedes ao Medea pela doença de seu capitão, Tomás de Ugarte y Liaño -, observou de longe como o navio em que viajavam sua mulher e oito filhos explodia. 51 pessoas sobrevieram ao naufrágio em que morreram 249 marinheiros; um ataque que foi o prelúdio da batalha de Trafalgar.
A documentação do Arquivo deu à Odyssey parte das ferramentas para identificar o barco e poder exigir a propriedade das aproximadamente 590.000 moedas de ouro e prata extraídas dos restos do Mercedes no golfo de Cádiz. O Governo da Espanha iniciou um litígio para pedir os direitos da descoberta. E foi a documentação da Secretaria da Fazenda do Arquivo das Índias que em parte permitiu desmontar os argumentos dos caçadores norte-americanos. O registro do navio e a documentação procedente do Museu Naval confirmaram que o Mercedes estava a serviço do Estado, de modo que não era legítimo que uma empresa estrangeira retirasse qualquer coisa do naufrágio: aquilo pertencia à Administração espanhola. Além disso, a identificação no Arquivo, através do registro, de peças singulares, como colheres gravadas de propriedade de José Manuel de Goicoa, uma caixinha de rapé e um pequeno almofariz encontrados nos destroços, serviu para comprovar que se tratava, efetivamente, do Mercedes.
Colomar foi a responsável por realizar essa busca, solicitada por
Madri.
A historiadora conta que antes
existiam mais caçadores de tesouro do que hoje. Os tempos de pessoas como Robert Marx, um homem com centenas de naufrágios descobertos, passaram. A relação entre esses caçadores e os arquivistas, no fundo, nunca foi fácil. Os primeiros procuram coisas que os segundos, às vezes, conhecem. E o Arquivo deve estar aberto a quem quiser pesquisar. Outra coisa é que os profissionais não fica
O Arquivo também é polo de atração aos escritores de romances históricos. Por aqui passou a autora Matilde Asensi. E Marie-Ève Sténuit, narradora francesa que escreveu La veuve du gouverneur (A viúva do governador) inspirando-se na história de Isabel Barreto, uma mulher que precisou tomar a liderança de uma expedição assolada por todos os tipos de males (motins, malária, falecimento de seu marido, o capitão Álvaro de Mendaña, descobridor das ilhas Salomão). Também vinha aqui com frequência o explorador Miguel de la Quadra-Salcedo para preparar suas expedições da Rota Quetzal.
Colomar lembra todas essas histórias em seu antigo escritório enquanto do lado de fora chega o ruído de fundo de manifestantes que percorrem a avenida da Constituição de Sevilha. Mesmo tendo se aposentado há três anos, continua vindo aqui quase todas as manhãs. Ajuda a organizar exposições, recebe visitas. Divide um escritório de teto alto e estantes coroadas por papéis de sua antiga colega Isabel Ceballos, arquivista de 63 anos. “María Antonia se diferencia por sua constância”, diz Ceballos, “porque é capaz de dedicar a seu trabalho todo o tempo do mundo”.
No outro edifício que faz parte do Arquivo, o da Cilla, conectado ao principal, o da Lonja, por um túnel perimetral que passar por baixo da rua Santo Tomás e pelo qual viaja diariamente a documentação, está o que foi o escritório de Colomar até sua aposentadoria. Foi subdiretora entre 1978 e 1983, e entre 2000 e 2015. Sua amiga e sucessora, Pilar Lázaro de la Escosura, com quem trabalhou durante 38 anos, afirma que ambas são muito “germânicas”, mas que Colomar é, talvez, “mais meticulosa”. E conclui: “É a que mais conhece sobre o Arquivo”.
Juan Maluquer, um professor que teve no curso de História, foi quem a inoculou a paixão pela
pesquisa arqueológica, que ela reconduziu aos documentos de arquivo.
María Antonia Colomar nasceu em Mallorca em uma família humilde. Fez seus estudos com a bolsa March, que só conseguia quem possuía excelentes notas. Foi para Barcelona estudar História e lá deu seus primeiros passos profissionais, trabalhando no Arquivo da Coroa de Aragão, em pleno bairro Gótico. Após passar (com outra bolsa) pelo Arquivo do Vaticano, foi aprovada no concurso que lhe permitiu optar pelo Arquivo das Índias. Chegou à cidade andaluza em 1969.
Desde 1995 mora em Gines, uma cidade de 13.000 habitantes próxima a Sevilha em que chegou seguindo os passos de sua grande amiga Magdalena Pons, Maina, a menina com quem dividia o sanduíche na escola, em Mallorca. “Ela estudava muito; sempre gostou do trabalho bem feito, custe o que custar”, lembra Maina na casa de sua amiga, sentada no sofá da sala. Nessa casa limpa e organizada reinam os seis gatos que fazem companhia a Colomar, alimentados com mamadeira.
Maina descreve sua amiga como a pessoa mais generosa que conheceu em sua vida e acrescenta que “gosta muito dela, mesmo ela às vezes sendo um pouco senhorita Rottenmeier (em referência à personagem do romance Heidi, da escritora suíça Johanna Spyri)”. María Antonia, por sua vez, assume que é uma mulher quadrada, teimosa, “aragonesa”. Sua mãe era de Huesca.
De todos os documentos que passaram por suas mãos, há um que lhe fascina: o mapa dos mitos, como ela o chama. Mostra
uma área dos Andes, às margens do rio Marañón, no Peru. Cheio de desenhos, onde os indígenas aparecem vestidos nas regiões conquistadas e nus nas ainda livres, foi encomendado, entre outros, por dois conquistadores, Andrés Salgado de Araujo e Pedro de Bohórquez, para justificar uma segunda expedição a essas terras por explorar.
Para convencer a Coroa da necessidade de retornar ao Peru (Birú, para os indígenas), Salgado de Araujo utilizou o mito do El Dorado. Em uma documentação anexa ao mapa, começa por alinhar os interesses da Coroa e coloca argumentos religiosos para o retorno: nas 16 províncias que aparecem no mapa, diz, existem “14 milhões de almas” (um exagero, diz Colomar) a serem evangelizadas. A partir daí aumenta o quanto pode o catálogo de potenciais riquezas. Fala de regiões tão abundantes em ouro que os
indígenas o usam para “utensílios domésticos” (vasilhas, tigelas...; a louça, digamos); menciona o Cerro de Ialpay, que é como os indígenas chamam o El Dorado; diz que na província de Aute as esmeraldas se encontram “aos montes”; que no Paititi, as pérolas, do tamanho de nozes, são pescadas nos rios... O mapa é fiel reflexo do delírio da febre do ouro que se espalhava entre os conquistadores.
Os documentos mostram como os conquistadores usavam o mito do El Dorado para convencer a Coroa da necessidade de financiar novas expedições
“Com essas províncias”, escreve Salgado de Araujo, “se limita o rio das amazonas”, essas mulheres que viviam sozinhas, que não queriam homens e que, uma vez por ano, iam às aldeias para reprodução. Os mitos da literatura clássica, os dos livros de cavalaria, se enredavam nos relatos dos conquistadores. Como o das virgens do Sul, sacerdotisas que realizavam rituais em templos cobertos de prata e ouro. “Os conquistadores colocavam esses mitos sobre regiões da geografia da América”, diz Colomar. “Esse mapa mostra essa geografia mística. Os mitos e a evangelização foram motores da Conquista”.
As licenças para regressar às Américas são uma mina de histórias. No Arquivo das Índias está a que foi pedida pela famosa Monja Alférez.
As andanças de dona Catalina de Erauso começam quando foge de um convento quando tinha 15 anos e, disfarçada de homem, atravessa toda a Espanha até chegar a Sanlúcar de Barrameda. Lá embarca, como grumete, em direção às Américas. Após servir como soldado em diversas campanhas e provar seus dotes para a esgrima, obtém o grau de alferes na guerra do
Chile sob um de seus pseudônimos masculinos: Alonso Díaz Ramírez de Guzmán. As crônicas contam que sua verdadeira identidade só foi descoberta quando esteve à beira da morte.
No Arquivo está a resposta do Conselho das Índias à sua solicitação de permissão para voltar ao Peru e recolher os frutos do que foi conquistado. Em 1626, pede para retornar e receber, como prêmio por seus “serviços nas guerras do Chile e Peru”, um salário de 70 pesos mensais vitalícios. A documentação do Arquivo das Índias também mostra que o rei Felipe IV a eximiu dos trâmites necessários para retornar; mas exigindo que o fizesse “em trajes de mulher”. “Foi uma pessoa excepcional”, diz Colomar.
O Arquivo das Índias abre as portas a um universo recheado de relatos e lendas. Essas foram algumas das que balizam a carreira de María Antonia Colomar. O prêmio da Sociedade Geográfica Espanhola, que aceitou com grande humildade, dizendo que muitas outras pessoas o mereciam tanto quanto ela, deu o toque final em uma vida entre papéis, mapas e planos carregados de mistérios. Colomar agora espera sua nomeação como arquivista emérita, uma decisão que depende do Ministério da Cultura. Ela o solicitou após deixar seu cargo, em 2015. Bom, deixar é uma maneira de dizer.
passaram por suas mãos, há um que lhe fascina: o mapa dos mitos, como ela o chama. Mostra
uma área dos Andes, às margens do rio Marañón, no Peru. Cheio de desenhos, onde os indígenas aparecem vestidos nas regiões conquistadas e nus nas ainda livres, foi encomendado, entre outros, por dois conquistadores, Andrés Salgado de Araujo e Pedro de Bohórquez, para justificar uma segunda expedição a essas terras por explorar.
Para convencer a Coroa da necessidade de retornar ao Peru (Birú, para os indígenas), Salgado de Araujo utilizou o mito do El Dorado. Em uma documentação anexa ao mapa, começa por alinhar os interesses da Coroa e coloca argumentos religiosos para o retorno: nas 16 províncias que aparecem no mapa, diz, existem “14 milhões de almas” (um exagero, diz Colomar) a serem evangelizadas. A partir daí aumenta o quanto pode o catálogo de potenciais riquezas. Fala de regiões tão abundantes em ouro que os
indígenas o usam para “utensílios domésticos” (vasilhas, tigelas...; a louça, digamos); menciona o Cerro de Ialpay, que é como os indígenas chamam o El Dorado; diz que na província de Aute as esmeraldas se encontram “aos montes”; que no Paititi, as pérolas, do tamanho de nozes, são pescadas nos rios... O mapa é fiel reflexo do delírio da febre do ouro que se espalhava entre os conquistadores.
“Com essas províncias”, escreve Salgado de Araujo, “se limita o rio das amazonas”, essas mulheres que viviam sozinhas, que não queriam homens e que, uma vez por ano, iam às aldeias para reprodução. Os mitos da literatura clássica, os dos livros de cavalaria, se enredavam nos relatos dos conquistadores. Como o das virgens do Sul, sacerdotisas que realizavam rituais em templos cobertos de prata e ouro. “Os conquistadores colocavam esses mitos sobre regiões da geografia da América”, diz Colomar. “Esse mapa mostra essa geografia mística. Os mitos e a evangelização foram motores da Conquista”.
As licenças para regressar às Américas são uma mina de histórias. No Arquivo das Índias está a que foi pedida pela famosa Monja Alférez.
As andanças de dona Catalina de Erauso começam quando foge de um convento quando tinha 15 anos e, disfarçada de homem, atravessa toda a Espanha até chegar a Sanlúcar de Barrameda. Lá embarca, como grumete, em direção às Américas. Após servir como soldado em diversas campanhas e provar seus dotes para a esgrima, obtém o grau de alferes na guerra do
Chile sob um de seus pseudônimos masculinos: Alonso Díaz Ramírez de Guzmán. As crônicas contam que sua verdadeira identidade só foi descoberta quando esteve à beira da morte.
No Arquivo está a resposta do Conselho das Índias à sua solicitação de permissão para voltar ao Peru e recolher os frutos do que foi conquistado. Em 1626, pede para retornar e receber, como prêmio por seus “serviços nas guerras do Chile e Peru”, um salário de 70 pesos mensais vitalícios. A documentação do Arquivo das Índias também mostra que o rei Felipe IV a eximiu dos trâmites necessários para retornar; mas exigindo que o fizesse “em trajes de mulher”. “Foi uma pessoa excepcional”, diz Colomar.
O Arquivo das Índias abre as portas a um universo recheado de relatos e lendas. Essas foram algumas das que balizam a carreira de María Antonia Colomar. O prêmio da Sociedade Geográfica Espanhola, que aceitou com grande humildade, dizendo que muitas outras pessoas o mereciam tanto quanto ela, deu o toque final em uma vida entre papéis, mapas e planos carregados de mistérios. Colomar agora espera sua nomeação como arquivista emérita, uma decisão que depende do Ministério da Cultura. Ela o solicitou após deixar seu cargo, em 2015. Bom, deixar é uma maneira de dizer.
Na página anterior, o primeiro mapa que chegou à Espanha (e talvez à Europa) vindo da China. Datado de 1555, narra através de pequenos textos a história das cidades do país. A silhueta da muralha da China atravessa de leste a oeste a parte superior do plano. O rio Amarelo aparece em laranja. Sobre essas linhas, funcionários do laboratório de restauração retiram os papéis que protegem o valioso mapa.!!!