Um único planeta não é suficiente para suprir as necessidades atuais dos seres humanos. É o que aponta o último Living Planet Report, da World Wide Fund for Nature (WWF), realizado em 2014. A publicação, bianual, que reúne dados de todos os continentes, faz uma análise baseada na ciência sobre a saúde da Terra e mede o impacto da atividade humana sobre o nosso planeta. Infelizmente, a conclusão foi de que a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de reposição.
De acordo com o relatório, seria preciso um planeta Terra e meio para dar conta das nossas necessidades. E, já que não dá para aumentar a capacidade de fornecimento do planeta, é preciso modificar o modo como o homem interage com o meio ambiente. Para transformar essa realidade, é preciso produzir menos lixo e cuidar do que é inevitável descartar, já que, hoje, o acúmulo de resíduos excede a nossa capacidade de absorção ou reciclagem.
“Devemos entender que o lixo é problema de todos nós. A população deve usar corretamente os serviços de coleta, exigir que sejam bem feitos e pleitear soluções acessíveis para os serviços especiais”, alerta Maria Luiza Indrusiak, coordenadora da graduação em Engenharia de Energia, da Unisinos.
Nesse contexto, será que você está fazendo a sua parte? Confira abaixo quatro itens essenciais para fazer do consumo consciente uma realidade e ser, você, um agente transformador.
Consumo mais inteligente:
A questão do lixo interessa a todas as áreas do saber. Por isso, a professora Erica Hiwatashi, coordenadora da graduação em Relações Públicas, da Unisinos – que, a partir da compreensão da cadeia produtiva da reciclagem do resíduo doméstico em Porto Alegre, pensou em ações para melhorar esse processo e a qualidade de vida da sociedade – propõe um questionamento.
“Devemos avaliar nossas atitudes quanto à produção de lixo. A quantidade de resíduos per capita vem aumentando sistematicamente, não seria possível reverter essa escalada?” E a resposta é sim. A boa notícia é que essa é a parte que está 100% em suas mãos. Você pode estabelecer um estilo de vida com uso sustentável de energia e consumo de bens mais duráveis, como copos de vidro em vez de descartáveis.
“Devemos avaliar nossas atitudes quanto à produção de lixo. A quantidade de resíduos per capita vem aumentando sistematicamente, não seria possível reverter essa escalada?” E a resposta é sim. A boa notícia é que essa é a parte que está 100% em suas mãos. Você pode estabelecer um estilo de vida com uso sustentável de energia e consumo de bens mais duráveis, como copos de vidro em vez de descartáveis.
O Japão é uma referência no processamento de lixo, tanto na reciclagem quanto na eliminação do que não é aproveitável, por incineração. Para outros resíduos, como industriais ou agrícolas, a Alemanha conta com uma legislação modelo. Na América Latina, o Brasil tem as políticas mais avançadas na questão, mas ainda insuficientes, se levarmos em conta a quantidade de lixo produzida no país, da ordem de 78,6 milhões de toneladas em 2014, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014. Isso representa um aumento de 2,9% de um ano para outro, índice superior à taxa de crescimento populacional no país no período, que foi de 0,9%.
Mas, a passos lentos, a mudança vem chegando. “Algumas iniciativas do poder público municipal e outras de organizações não governamentais, como a criação de cooperativas de seleção de resíduos recicláveis, que geram renda a grupos de catadores e retiram das ruas materiais que não seriam reciclados, são muito válidas. Apesar de alguns municípios ainda contarem com modelos menos eficientes, como a coleta de resíduos domésticos misturados (secos e orgânicos), iniciativas como as de Porto Alegre e Curitiba, onde o lixo já é recolhido separadamente, incentivam a educação ambiental”, afirma Erica.
Mas, a passos lentos, a mudança vem chegando. “Algumas iniciativas do poder público municipal e outras de organizações não governamentais, como a criação de cooperativas de seleção de resíduos recicláveis, que geram renda a grupos de catadores e retiram das ruas materiais que não seriam reciclados, são muito válidas. Apesar de alguns municípios ainda contarem com modelos menos eficientes, como a coleta de resíduos domésticos misturados (secos e orgânicos), iniciativas como as de Porto Alegre e Curitiba, onde o lixo já é recolhido separadamente, incentivam a educação ambiental”, afirma Erica.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada pela Lei nº 12.305/2010, representou um avanço na questão do lixo, mas pouco foi implantado até agora. Claro que o poder público tem grande responsabilidade na destinação dos resíduos sólidos, mas o setor privado também pode, e deve, colaborar para mudar o cenário nacional. “As empresas podem questionar o uso de embalagens supérfluas em seus produtos, estimular a reciclagem, acolher em seus processos a reutilização, como matéria-prima dos produtos da coleta seletiva”, explica a professora Maria Luiza.
De acordo com ela, as instituições de ensino também podem ajudar, promovendo a educação ambiental e o consumo consciente nas diversas etapas de produção do lixo. “A Unisinos faz o recolhimento dos resíduos recicláveis, auxiliando, assim, as unidades de triagem. Faz também campanhas periódicas de recolhimento de resíduos eletroeletrônicos. Várias pesquisas realizadas na Unisinos são relacionadas à valorização de resíduos de diversos setores industriais e de construção”, acrescenta.
Quem assistiu ao filme De Volta para o Futuro 2, com certeza achou que só mesmo na ficção o DeLorean do Doutor Brown funcionaria com o biocombustível fabricado com latas de cerveja e cascas de banana. Hoje, 30 anos depois, a ficção já é realidade: o potencial energético do lixo é bem grande, da mesma ordem do carvão mineral. “Esta é uma das soluções para a destinação final dos resíduos urbanos não recicláveis, recomendada pelo IPCC/ONU. Tem como vantagem possibilitar a recuperação energética mais eficiente dos resíduos urbanos, que estariam inutilizados ou subutilizados”, explica Maria Luiza.
Ela cita a ECOCITRUS, que produz biogás e fertilizantes usando resíduos agrícolas e de criação de animais; e a CRVR , que utiliza o gás da decomposição da parcela orgânica do resíduo urbano coletado em Porto Alegre para a produção de energia elétrica, como bons exemplos de utilização do lixo como combustível.
“No mundo, além de empreendimentos semelhantes, são muito comuns as usinas que geram energia elética a partir da combustão dos resíduos em caldeira de geração de vapor. Devemos lembrar que eles têm problemas sérios de disponibilidade de espaço e a combustão reduz o volume do resíduo. Um exemplo é a usina de Spittelau, que fica no centro de Viena. Ao fim, sobram apenas cinzas, que ainda podem ser usadas na construção civil ou pavimentação de rodovias”, finaliza a professora.
Galileu.com
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