segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Como a Terra mantém a Lua aquecida por dentro

A "Superlua" vista da pequena cidade de Glastonbury, no condado de Somerset, na Inglaterra (Foto:  Matt Cardy/Getty Images)

A Lua é quentinha. Ao menos por dentro. Comparando leituras sísmicas e análises de material coletado no satélite, cientistas do Japão e da China afirmam que uma camada de solo próxima ao centro da Lua é macia e quente. E que a Terra é a maior responsável por  esse calor.
 A teoria mais aceita para a origem da Lua diz que, quando o Sistema Solar se originou, um proto-planeta do tamanho de Marte chocou-se contra a Terra. A Lua teria surgido dos destroços dessa explosão. Desde então, as camadas mais próximas do centro da Terra permaneceram quentes e pastosas, em parte como resultado do calor liberado pelo choque. A Lua, bem menor, já deveria ter resfriado.
Mas evidências trazidas ainda pelas primeiras missões Apolo sugeriam que, sob a crosta fria, a Lua escondia um interior quente e macio. Registros de tremores lunares levantavam suspeitas de que, sob o solo lunar, havia material semelhante ao magma, capaz de gerar tremores ao se mover e se rearranjar – as leituras mostravam ondas sísmicas passando por camadas pastosas. O problema era que nem todos os tremores criavam imagens assim, o que fazia a dúvida persistir.  Além disso, os cientistas têm dificuldade para estudar o que se passa nas camadas mais profundas da Terra, quem dirá da Lua. A atividade é especialmente complicada porque, para esses estudos, eles precisam confiar em registros antigos feitos pelas missões Apolo. Dados que, associados a outras observações, por vezes soam contraditórios.
Nenhum modelo desenvolvido até agora conseguia fornecer uma imagem aceitável do interior lunar. Yuji Harada da Universidade de Geociências da China decidiu abordar o problema e reunir todos os dados à disposição sobre o assunto em um modelo único. As conclusões de sua equipe, publicada na revista Nature Geoscience, afirmam que os dados coletados podem ser explicados se os modelos do interior da lua incluírem uma discreta camada quente e pastosa próxima ao ponto em que o manto lunar encontra o centro.
“O que a análise deles mostra é que é possível explicar os dados que temos hoje se uma camada quente for incluída próximo ao centro, e se essa camada tiver alguma viscosidade”, disse Maria Zuber, geofísica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) a revista do Instituto Smithsonian. A viscosidade do material quente não é a mesma que a do magma que sai dos vulcões terrestres – o valor é baixo, 18 vezes menor que a da água. A massa manteve-se quente graças à gravidade do nosso planeta: segunda Harada, a gravidade terrestre mantém o manto lunar quente e em movimento à medida que atrai e repele a Lua.
 O estudo ajuda a compreender melhor a composição da Lua, e pode ajudar a traçar a história do satélite e de suas interações com a Terra.
Época.com

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