O fator humano foi a maior causa do recuo das geleiras no mundo nos últimos 20 anos, revelou uma nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira (14) na revista americana "Science".
Para esse estudo realizado por Ben Marzeion, do Instituto de Meteorologia e Geofísica da Universidade de Innsbruck, na Áustria, os cientistas elaboraram um modelo informático que leva em conta os fatores naturais do aquecimento, como a atividade vulcânica e as variações solares, além das atividades humanas, como as emissões de gases causadores do efeito estufa e o uso do solo.
A geleiras começaram a derreter em meados do século XIX, época que marcou o fim da pequena era glacial - um período de resfriamento registrado na Europa e na América do Norte de 1300 a 1850.
Segundo este modelo, de 1851 - início da era industrial - a 1989, cerca de 25% da massa perdida pelas geleiras resultou das atividades antropogênicas. De 1991 a 2010, porém, essa proporção chegou a 69%, constataram os cientistas.
"No século XIX e durante a primeira metade do século XX, nós constatamos que a perda de massa das geleiras, atribuída à atividade humana, é pouco perceptível, mas depois aumentou continuamente", destacou Ben Marzeion.
"Normalmente, são necessárias décadas, inclusive séculos, para que as geleiras se adaptem às mudanças climáticas", acrescentou, destacando que "os resultados do modelo correspondem aos movimentos de massa das geleiras" observados.
Graças a esse modelo, os autores conseguiram simular a evolução de todas a geleiras do mundo, com exceção da Antártica, ao usar sobretudo a coleta de dados do "Randolph Glacier Inventory" para reconstituir sua extensão e sua massa em 1851.
Em seguida, eles reproduziram seu derretimento desde então, segundo dois cenários diferentes: o primeiro, simulando apenas os fatores climáticos, como evoluções do sol e erupções vulcânicas; e o outro, unicamente fatores antropogênicos.
Embora as geleiras armazenem menos de 1% da massa de gelo do planeta, seu derretimento foi a causa principal da elevação do nível dos mares no século XX, afirmaram os cientistas.
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