sábado, 15 de agosto de 2015

Missão da Nasa simula exploração de Marte no Havaí

Missão no Havaí simula exploração a Marte Foto: DIVULGAÇÃO/HI-SEAS / divulgação/hi-seas


No próximo dia 28, seis pessoas serão colocadas em uma estrutura com cerca de cem metros quadrados construída a 2,5 quilômetros de altitude, no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí, onde ficarão confinadas por 365 dias. Durante todo esse período, a alimentação será similar a dos astronautas, composta majoritariamente por produtos desidratados, e a comunicação com o mundo exterior será apenas eletrônica, com atraso forçado de 20 minutos. Os passeios na parte exterior do complexo só poderão ser realizados com trajes especiais, e as tarefas externas serão constantes. E todo esse sacrifício é feito em nome da ciência. O objetivo é simular uma missão exploratória a Marte, para avaliar o comportamento e aspectos psicológicos e de relacionamento da tripulação.
Vai ser bastante estressante para eles. O tempo é muito longo, mas estão animados — conta Kim Binsted, pesquisadora-chefe do projeto Hi-Seas (Hawaii Space Exploration Analog and Simulation). — Nós queremos saber como apoiar e monitorar uma tripulação para que eles possam realizar missões de longa duração sem querer matar um ao outro.
São três homens e três mulheres que passaram por um intenso processo de seleção, que tinha em seu início cerca de 150 candidatos de diversas partes do mundo. A dedicação por um ano, que os obriga a darem uma pausa em suas carreiras, é praticamente voluntária. Cada um receberá uma bolsa de US$ 15 mil, bem abaixo da média salarial americana. Kim explica que a ideia foi escolher pessoas com perfil parecido com o de astronautas, que estejam preparadas para
suportar situações complexas e de extrema responsabilidade.
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— É um ambiente técnico, qualquer erro pode colocar a missão em risco — diz Kim. — Existem alguns motivos para as pessoas se candidatarem. O principal deles é que muitos sonham em se tornar astronautas de verdade, e veem a missão como interessante para terem no currículo. Outros querem testar os seus limites, ou desejam fazer uma contribuição real para a ida do homem a Marte.

A previsão é que o projeto americano de enviar os primeiros seres humanos a Marte aconteça na década de 2030. O Hi-Seas é o principal experimento de simulação de exploração marciana realizado pela Nasa. Iniciado em 2013, ele já teve três outras missões,
mas todas com duração menor: duas de quatro meses e uma de oito. Um estudo semelhante foi realizado entre 2007 e 2011 pela Agência Espacial Europeia, em parceria com Rússia e China, que confinou três voluntários por 520 dias.
Essa repetição é considerada essencial para validar estatisticamente os resultados. Apesar de terem durações diferentes, as quatro missões do Hi-Seas têm a mesma dinâmica para que os cientistas possam perceber similaridades no comportamento da tripulação.
 
— Pelas missões anteriores, nós pudemos observar que a tripulação fica estressada, alguns com sinais de depressão, principalmente na etapa final. Queremos ver se isso se
repetirá — exemplifica Kim.
As condições são extremas, mas todas as tripulações completaram o período de confinamento. Porém, ao ser questionada sobre a possibilidade de algum participante abandonar a pesquisa, seja por questões familiares do lado de fora ou por problemas de saúde, Kim deixou claro que o isolamento pode ser revisto.
— Nós podemos tirá-los — afirma Kim. — Se acontecer alguma coisa com familiares, se a pessoa tiver um problema médico, nós tiramos. Obviamente isso não aconteceria em uma missão real, mas é um estudo. Não vamos arriscar a vida de ninguém.
O Globo.com






 

 

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