sábado, 2 de julho de 2016

América Latina contraria tendência mundial de protecionismo

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Em um momento em que Brexit e Donald Trump ameaçam desmantelar décadas de integração e globalização, políticos latinos estão abrindo suas economias.

Existe uma grande exceção ao aumento do sentimento protecionista em todo o mundo: a América Latina.
Em um momento em que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia e a ascensão de Donald Trump nos EUA ameaçam desmantelar décadas de integração e globalização no mundo desenvolvido, políticos do México até o sul da América estão abrindo suas economias para mais comércio e investimento estrangeiro. Os presidentes do bloco comercial Aliança do Pacífico, composto por Chile, Colômbia, México e Peru, iniciaram na quinta-feira uma reunião no sul do Chile para falar sobre serviços financeiros, inovação e investimentos transfronteiriços no mercado de 220 milhões de pessoas.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, que está participando pela primeira vez, como observador, disse que quer intensificar a colaboração com o bloco.
“Enquanto a Europa discute sobre desintegração, nós discutimos sobre integração”, disse o ministro da Fazenda do Chile, Rodrigo Valdés, antes da cúpula desta semana. “Acho que isso é muito importante como um sinal de unidade”.
A Aliança do Pacífico, que eliminou as tarifas alfandegárias de 92 por cento das mercadorias neste ano, agora precisa liberalizar o comércio de serviços, disse Valdés na quinta-feira, e o ministro da Fazenda colombiano, Mauricio Cárdenas, defendeu um mercado financeiro comum.
Os países da região que não fazem parte da Aliança do Pacífico favorável ao comércio também estão avançando em direção a uma maior abertura: o Brasil busca conceder mais participação privada e estrangeira nos setores de petróleo, de aviação e agrícola, e a Argentina elegeu um presidente que está desmantelando anos de restrições comerciais e controles cambiais.
“O que vemos na Europa é que o comércio acabou sendo um bode expiatório para os temores relacionados à globalização”, disse Jason Marczak, diretor da Iniciativa para o Crescimento Econômico da América Latina da Atlantic Council em Washington.
“Em um momento em que os investidores internacionais se tornaram avessos ao risco, muitos países latino-americanos perceberam que precisam trabalhar de forma colaborativa para se transformarem em destinos de investimento mais atraentes”.
Ira
A discussão, há alguns anos, era sobre uma contraposição entre a Aliança do Pacífico, voltada para o exterior, e o Mercosul, protecionista, que inclui o Brasil e a Argentina. Agora, com a mudança de governo em ambos os países, os dois principais blocos comerciais da América Latina estão na mesma sintonia, disse Marczak.
O México abriu seu setor petrolífero e Macri está convidando investidores a fazerem ofertas em projetos de infraestrutura, energia renovável, petróleo, mineração e agricultura. Estima-se que 2.000 investidores participarão em setembro de um fórum de investimentos organizado pelo governo argentino.No entanto, enquanto age para se liberar de restrições ao comércio, aos serviços e ao mercado de trabalho, a América Latina deveria reparar na ira dos EUA e da Europa em relação à globalização, disse Marczak.
O Brexit mostra que todos devem se beneficiar da integração, disse o presidente mexicano Enrique Peña Nieto ontem no Chile.
“Abrir-se ao mundo tem que valer a pena”, disse Marczak. “Se os benefícios não se propagam para os setores mais pobres da sociedade é provável que vejamos uma reversão desse movimento poucos anos depois”.
Exame.com

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