domingo, 24 de julho de 2016

Instituição quer diminuir barulho feito pelo homem no oceano

06_OCEANS
 
O oceano é barulhento: hélices de navios, sonares, prospecção de petróleo e gás e outras atividades industriais produzem muito ruído. Todo esse barulho comprovadamente interfere no comportamento de animais marinhos, já que muitos deles, das baleias aos invertebrados, usam o som para várias atividades, inclusive se comunicar, encontrar comida ou outros animais da mesma espécie, evitar predadores e migrar.
E, apesar de o oceano nunca ter sido um lugar silencioso — está cheio de roncos e estalidos naturais ­—­, o problema se agravou no último século, aumentando consideravelmente nos últimos 50 anos em vários lugares, em grande parte por causa da navegação comercial, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.
Assim, esse órgão federal que gerencia e protege a vida marinha em águas americanas divulgou no começo deste mês o esboço de uma estratégia destinada a reduzir os efeitos do barulho oceânico. A versão preliminar do Mapa Estratégico para o Ruído Oceânico é um primeiro passo em um plano de uma década para tornar os mares mais silenciosos e reduzir os efeitos nocivos do barulho sobre as espécies aquáticas.
Há anos a NOAA colhe informações sobre o ruído do mar e seus efeitos sobre determinadas espécies, mas a dimensão exata dessas consequências para os ecossistemas ainda não foram completamente compreendidas, apesar de os sintomas serem muitas vezes notáveis.
Os mamíferos marinhos, em particular, evoluíram para tirar proveito da qualidade e alcance do som debaixo d’água, de modo a compensar a má visibilidade das profundezas escuras. Baleias e golfinhos têm uma audição extraordinária e a capacidade de se comunicar com vozes bastante variadas.
Mas o som produzido pela atividade humana pode atrapalhar. Na costa de Massachusetts, oceanógrafos observaram que muitas baleias parecem não registrar mais os sons dos navios, segundo Richard Merrick, cientista-chefe do serviço pesqueiro da NOAA. Elas não necessariamente associam o barulho dos barcos ao perigo, e por isso nem sempre saem da frente, acrescentou.
Em outros lugares, outras espécies de baleias “simplesmente se calam” quando os navios passam, comentou ele, em parte porque muitas espécies se comunicam usando sons na mesma frequência do ruído produzido pelos motores dos navios.
E alguns estudos demonstram que as populações de bacalhau e hadoque do Atlântico, espécies afetadas pela pesca excessiva, conseguem escutar e também evitar os sons de baixa frequência, embora não esteja claro qual seria o efeito disso sobre o seu comportamento, segundo Jason Gedamke, um dos principais autores do plano da NOAA. O bacalhau, em especial, também faz bastante barulho quando desova, mas as implicações do som humano sobre esse comportamento ainda não foram totalmente compreendidas.
Michael Jasny, diretor do projeto de proteção de mamíferos marinhos do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, disse que o plano marca uma grande mudança na forma como a NOAA encara o ruído oceânico: como um problema a ser enfrentado mais amplamente, e não caso a caso.
E, ao contrário de outros poluentes marítimos, esse problema pode ser resolvido, segundo Jasny. “Quando você para de fazer barulho, ele some.”
 

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