Vivemos uma enorme contradição: enquanto mais de 800 milhões de pessoas passam fome, quantidades assombrosas de alimentos vão para o lixo. As Nações Unidas dizem que um terço de tudo o que é produzido no mundo não chega às mesas. Um recente estudo do Instituto de Engenheiros Mecânicos do Reino Unido mostra que o desperdício pode ser ainda maior e chegar a 50% da produção. Nos Estados Unidos e na Europa, metade da comida comprada não é consumida. Nos países em desenvolvimento, o maior problema está na agricultura. A colheita é feita antes da hora ou as famílias não têm condições de colher tudo. Também faltam ferramentas e locais de armazenamento adequados e muito do que poderia ser vendido acaba apodrecendo no campo.
A população mundial já passa de 7 bilhões e o crescimento populacional gera ainda mais incertezas sobre a segurança alimentar. “Atualmente, a maioria dos especialistas dirá que existe comida suficiente no mundo para alimentar 7 bilhões de pessoas”, disse Jeffrey Klein, presidente do Global FoodBanking Network. “Em 2050, nós teremos 9 bilhões de pessoas e, se houver desperdício, não poderemos alimentar todos. Há controvérsias sobre isso, mas se você olhar para mudanças climáticas, para a quantidade de água e ocupação do solo, a maioria do mundo é cultivado. Não temos muito espaço livre. Com tecnologia, é possível fazer mais, especialmente em lugares como a África. Mas o futuro é preocupante.”
O Global FoodBanking Network é uma rede de bancos de alimentos. Eles fazem a ponte entre os lugares que têm sobras de comida e os que sofrem com a falta dela. É uma das propostas de solução para o dilema mundial. As pessoas – normalmente voluntários – se organizam para ir a supermercados, hotéis, padarias, entre outros estabelecimentos, e recolher os alimentos que não têm valor comercial, mas ainda estão adequados para o consumo. A tarefa não é fácil. É preciso ter boa estrutura para garantir que o alimento resista ao transporte, e bom planejamento para entregá-lo aos destinatários certos. A rede internacional já tem bancos certificados em 25 países, de seis continentes. Em 2013, todos eles distribuíram 418 milhões de quilos de comida.
No Brasil, o parceiro da iniciativa é o Mesa Brasil, programa do Sesc que existe há 10 anos e doa 3,3 milhões de quilos de alimentos em todo o país por ano. Todos os dias, 1.700 pessoas fazem refeições com algum item que quase foi para o lixo.Época.com
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