Cientistas americanos esperam poder "acordar" uma sonda
espacial que está "hibernando" há dois anos para investigar um importante cometa
do sistema solar.
Em janeiro, eles vão tentar reinicializar a nave espacial Rosetta de modo a
fazê-la viajar até o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Quando a nave alcançar a imensa massa de gelo e pedra, a equipe tentará
pousar uma sonda na superfície do cometa.
Os detalhes dessa operação foram anunciados na terça-feira em um encontro de
outono organizado pelo Sindicato dos Geofísicos dos Estados Unidos.
Matt Taylor, cientista responsável pelo projeto Rosetta, da Agência Espacial
Europeia (Esa), afirmou: "Isso nunca foi feito antes. Em primeiro lugar, você
tem uma enorme dificuldade de acordar a nave. Depois, de fazê-la se aproximar do
cometa. Por fim, é preciso garantir um bom pouso".
Jornada épica
A sonda Rosetta foi lançada em março de 2004 e percorreu uma longa trajetória
através do Sistema Solar.
A nave orbitou a Terra três vezes e, em seguida, passou perto de Marte para
pegar impulso e ser colocada na rota do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko .
Depois de viajar milhões de quilômetros, e cruzar com dois asteróides, a nave
foi colocada em sono profundo, em junho de 2001.
Esse período de "hibernação" foi útil para que a sonda poupasse energia para
sua jornada mais arriscada.
Acordá-la novamente, no entanto, será "estressante", afirmou Taylor à
BBC.
"Ela tem um despertador interno ... o relógio diz quando é hora de acordar",
acrescentou.
A data e a hora para que a nave Rosetta acorde do sono profundo já estão
marcadas: 10h00 GMT (08h00 em Brasília) do dia 20 de janeiro de 2014.
No entanto, esse processo pode ser lento, uma vez que a sonda permaneceu
inativa por longo tempo, alertam os especialistas.
O computador de bordo será o primeiro a ser "acordado" para que logo em
seguida os pesquisadores possam estabelecer a posição da nave.
Ela terá, então, de corrigir sua posição, uma vez que permaneceu em rotação
durante todo o tempo que passou "hibernando".
"Esperamos receber os primeiros sinais da nave à noite", disse Taylor.
"Será um dia longo. Acho que haverá um monte de cientistas andando para cima
e para baixo, enquanto esperamos."
Os cientistas esperam que a nave consiga alcançar o cometa em agosto do ano
que vem.
Em novembro, terá início a fase mais perigosa do processo, quando os
pesquisadores vão tentar pousar uma sonda robótica - Philae - sobre a
superfície gelada.
"Nós temos um monte de pessoas que trabalham com isso, para garantir que as
trajetórias estejam corretas", disse Taylor.
Se o desembarque for bem sucedido, o robô irá recolher amostras e registrar
imagens quando o cometa se aproximar do Sol em 2015.
Os cientistas esperam que isso possa ampliar os conhecimentos sobre esse tipo
de corpo celeste, descrito pela Agência Espacial Europeia como "uma bola de neve
suja", com um núcleo de cerca de 4 km de diâmetro.
BBC
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