domingo, 20 de julho de 2014

Uma tecnologia para fazer o Sol brilhar à noite

Turbinas eólicas e painéis solares em Werder, Alemanha (Foto: Sean Gallup/Getty Images)


Uma das principais críticas feitas às energias renováveis é que elas não estão disponíveis o tempo todo. Enquanto se pode queimar carvão de dia, de noite, faça chuva ou faça sol - não que isso seja uma boa ideia -, as usinas eólicas só funcionam se houver vento, e os painéis solares só podem gerar energia durante o dia, se o tempo não estiver nublado. Para piorar, a hora de maior consumo de eletricidade é justamente à noite, quando o consumidor está em casa, com as luzes acesas e a TV ligada.
Há algumas alternativas para esse problema. Uma delas, já em prática aqui no Brasil, é interligar as casas que têm painéis solares no sistema nacional, permitindo usar a eletricidade gerada mesmo quando não tem ninguém em casa. Outra, ainda em estudos, é criar uma tecnologia para armazenar a eletricidade. Esse é o caminho escolhido pelo pesquisador Jonathan Radcliffe, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. Radcliffe esteve no Brasil antes da Copa do Mundo e conversou com o Blog do Planeta sobre as pesquisas desenvolvidas para armazenar a energia do vento e do sol.
"Tecnologias de baixo carbono, como solar ou eólica, nem sempre produzem eletricidade no momento em que a gente precisa. É por isso que estamos desenvolvendo tecnologias para armazenar essa eletricidade e usá-la quando for necessário", diz Radcliffe.
Armazenar energia não é o mesmo que armazenar um objeto qualquer. Na prática, a única forma de fazer isso é transformando a energia. Por exemplo, uma pilha transforma a energia química em energia elétrica. Só que não é viável usar pilhas ou baterias para armazenar eletricidade suficiente para uma casa ou um bairro. Radcliffe estuda uma forma diferente para isso: usando criogenia.
Segundo o pesquisador, é possível armazenar energia usando temperaturas extremamente baixas. Funciona assim: a eletricidade "armazenada" é usada para esfriar e compressar o ar em baixas temperaturas, transformando em ar líquido. Quando for preciso usar a energia, esse ar é esquentado. Ele expande e aciona turbinas, permitindo utilizar a eletricidade. Segundo Radcliffe, com a tecnologia já existente seria possível armazenar energia suficiente para atender uma universidade ou um hospital, por exemplo.
Esse sistema de armazenamento ainda não está disponível para o mercado. Radcliffe estima que sejam necessários de três a quatro anos de estudo e desenvolvimento para que a tecnologia esteja pronta. Os preços também estão altos, mas quanto a isso o pesquisador é otimista. "Os combustíveis fósseis tiveram décadas de desenvolvimento para ficar barato. Temos que pensar em longo prazo. Com o tempo, as tecnologias de baixo carbono ficarão acessíveis".
Época.com

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