segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mit: missão para colonizar Marte acabaria em 68 dias

Imagens de simulação do projeto Mars-One que pretende levar pessoas para morar em Marte pelo resto de suas vidas
 
Um grupo de doutorandos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) analisou o projeto da fundação privada Mars One, que pretende enviar uma missão tripulada – e sem volta – ao planeta vermelho em 2025, e concluiu que o sucesso da expedição dependerá de avanços dramáticos na tecnologia utilizada, caso contrário os colonizadores morrerão rapidamente. A pesquisa foi apresentada este mês no 65º Congresso Astronômico Internacional, em Toronto, Canadá.
Ar irrespirável – Os problemas descobertos surpreenderam os cientistas. A fundação planeja enviar entre 25 e 40 pessoas para viver em Marte, cultivando alimento e utilizando os recursos do planeta. As plantações seriam feitas em um ambiente fechado, junto ao complexo habitacional, mas os pesquisadores alertam que isso faria o nível de oxigênio do ar subir para níveis tóxicos. Para resolver o problema, seriam necessários equipamentos para eliminar o excesso de oxigênio sem provocar perda do nitrogênio, necessário para manter a pressão do ar adequada. Porém, a tecnologia necessária para manter o oxigênio sob controle nunca foi testada fora do nosso planeta, e aqueles testados na Terra têm grandes chances de parar de funcionar depois da decolagem. Sem um equipamento que resolva este problema, os pesquisadores estimam que a tripulação morreria por sufocamento em torno de 68 dias após o início da missão.
Falta d'água — A missão também sofreria com a falta d'água. Um sistema de reciclagem que transforma urina em água potável foi instalado na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) em 2009. Apesar de funcionar com 90% de eficiência nos testes da Nasa, ele quebrou à bordo da ISS. No espaço, os astronautas perdem massa óssea, devido à ausência de gravidade, e expelem cálcio na urina. Depósitos dessa substância interromperam o funcionamento do sistema de reciclagem. O sistema voltou a funcionar, mas com apenas 70% da capacidade. Tendo em vista uma viagem sem previsão de retorno, um problema como seria fatal.
O projeto — O CEO da Mars One, Bas Lansdorp, disse ao site Popular Science que os estudantes utilizaram informações incorretas no estudo. “Eu conversei com especialistas [...] que me disseram que essas tecnologias estarão funcionando”, afirma. Quanto ao risco causado pelo excesso de oxigênio, ele afirma que equipamentos similares, usados para retirar o dióxido de carbono da atmosfera, têm sido utilizados no espaço há anos. Lansdorp admitiu, porém, que o maior desafio da missão colonizadora de Marte será manter todos os equipamentos funcionando – e ter peças de reposição disponíveis para isso. Os estudantes usaram a ISS como base para estimar quantas peças precisariam ser trocadas em dois anos, quando deve ser enviada a primeira missão de suprimentos.
Quando foi anunciado, no início deste ano, o Mars One tinha como objetivo iniciar a colonização do planeta vermelho no ano 2027, quando a primeira equipe formada por quatro pessoas chegaria a Marte. Nesta terça-feira, porém, Bas Landsdorp afirmou que o primeiro grupo deve pousar já em 2025. A ideia é que a cada dois anos uma nova equipe seja enviada, e que todos participem de um "reality show" que deverá mostrar a vida fora da Terra.
O Mars One tem Gerard’t Hooft, holandês ganhador do Prêmio Nobel, como um de seus apoiadores. Apesar do ceticismo com que o projeto foi recebido — até agora, as agências espaciais ao redor do mundo só conseguiram enviar sondas robóticas a Marte —, mais de 200 000 pessoas já se inscreveram para tentar pisar em solo marciano. Para tanto, elas precisarão passar por um processo de seleção dividido em quatro etapas.
Veja.com

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