quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Anomalia em estrela levanta hipótese de estrutura alienígena



A KIC 8462852, localizada na constelação de Cygnus, poderia ser apenas mais uma entre as centenas de milhares de estrelas catalogadas pelo observatório espacial Kepler, mas uma anomalia está intrigando cientistas. Normalmente, planetas e outros corpos celestes que orbitam os astros provocam sombras regulares e de curta duração, que são detectadas pelo telescópio. No caso da KIC 8462852, astrônomos observaram “misteriosos eventos” que podem durar entre 5 e 80 dias. Ainda não existe explicação para o fenômeno, e alguns levantam a hipótese de se tratar de uma estrutura alienígena.
A descoberta foi feita por astrônomos profissionais e amadores do programa “Planet Hunters”, e descrita em artigo publicado recentemente na revista científica “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”. O “Planet Hunters” consiste em uma rede de voluntários que analisa visualmente toneladas de dados gerados pelo Kepler, em busca de alterações na luminosidade de estrelas, que podem indicar a presença de exoplanetas. No caso da KIC 8462852, a curva de luz foi classificada pelos voluntários como “bizarra” e “interessante”.
Intrigados, os pesquisadores foram em busca de fenômenos semelhantes. Com um algoritmo, analisaram dados captados pelo Kepler de outras 150 mil estrelas em busca de correspondências. Nada foi encontrado.
— Nós nunca vimos algo desse tipo em outras estrelas — disse a líder da pesquisa Tabetha Boyajian, pesquisadora da Universidade Yale e supervisora do programa “Planet Hunters”, em entrevista à revista “The Atlantic”. — Foi muito estranho. Nós pensamos que pudesse se tratar de dados corrompidos ou movimentos na espaçonave, mas tudo foi checado.
HIPÓTESES DESCARTADAS
A estrela foi observada por um período de quatro anos. As análises apontam que o fluxo de luminosidade da KIC 8462852 é relativamente constante pela maior parte do tempo, mas dois eventos chamaram a atenção dos cientistas. Um deles durou 80 dias e chegou a cobrir 22% dos fótons captados pelo Kepler.
No artigo, os pesquisadores sugerem explicações para o fenômeno. A primeira hipótese levantada foi se tratar de uma estrela jovem, com nuvens de poeira que pudessem interferir o trânsito da luz. Porém, todos os outros dados indicam se tratar de uma estrela madura. Outra possível explicação seria a presença de detritos de uma grande colisão planetária, como a que levou à formação da nossa Lua, mas a falta de padrão no período orbital descarta essa possibilidade.
Hipóteses de colisões catastróficas no cinturão de asteróides ou da acumulação de planetesimais (corpos de gelo que medem entre 0,1 e 100 quilômetros) também foram levantadas, mas a explicação considerada mais plausível cientificamente seria a passagem simultânea de uma grande quantidade de exocometas. Tabetha explicou que o artigo revisou apenas “cenários naturais”, mas “outros cenários” também estão sendo considerados.
COLETOR DE ENERGIA ALIENÍGENA
Jason Wright, astrônomo da Penn State University, está trabalhando em uma interpretação alternativa do padrão de luz da KIC 8462852. Segundo ele e seus colegas de pesquisa, o padrão anômalo da estrela seria consistente com um “enxame de megastruturas”, talvez coletores de luz estelar, tecnologia desenvolvida para extrair energia de estrelas.
— Quando (Tabetha) me mostrou os dados, eu fiquei fascinado por quão loucos eles eram — disse Wright. — Aliens devem ser sempre a última hipótese considerada, mas isso seria algo que você esperaria que uma civilização alienígena construísse.

No momento, Tabetha está trabalhando com Wright e Andrew Siemion, diretor do Centro de Pesquisas SETI na Universidade da Califórnia. O trio está trabalhando numa proposta de estudo, de apontar imensas antenas de rádio diretamente para a KIC 8462852, para tentar captar sinais de rádio associadas com atividades tecnológicas. Se tudo correr como o planejado, as primeiras observações serão realizadas em janeiro próximo.
O Globo


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