Uma equipe internacional de astrônomos descobriu dois novos planetas orbitando uma estrela muito antiga e próxima do Sistema Solar. Um deles, denominado Kapteyn b, está uma distância da estrela que permite a existência de água líquida em sua superfície – um ingrediente essencial para a formação da vida. A pesquisa que descreve as descobertas foi publicada nesta terça-feira no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A estrela ao redor da qual os novos exoplanetas orbitam é denominada Kapteyn, em homenagem ao astrônomo alemão Jacobus Kapteyn, que a descobriu no fim do século XIX. Ela tem um terço na massa do Sol e se localiza nos limites da Via Láctea.
O planeta Kapteyn b, candidato a ter água líquida, possui cinco vezes a massa da Terra e dá uma volta completa ao redor de sua estrela a cada 48 dias. O segundo planeta, Kapteyn c, é mais massivo, com um ano correspondente a 121 dias terrestres e, provavelmente, frio demais para ter água líquida.
Instrumentos que estão sendo desenvolvidos atualmente poderão, em breve, analisar a atmosfera desses planetas e verificar a presença de água, acreditam cientistas. "Essa é mais uma evidência de que quase todas as estrelas possuem planetas, e que planetas potencialmente habitáveis em nossa galáxia são tão comuns quanto grãos de areia na praia", afirma Pamela Arriagada, pesquisadora dos Observatórios Carnegie, nos Estados Unidos.
Os planetas foram descobertos a partir de instrumentos do Observatório La Silla, no Chile, parte do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês); do Obervatório Las Campanas, também no Chile, operado pelo Instituto Científico Carnegie (CIS, na sigla em inglês), e do Observatório W. M. Keck, no Havaí, da Associação de Pesquisa em Astronomia da Califórnia.
Proximidade — A estrela Kapteyn é a 25.ª mais próxima do Sol, a 'apenas' 13 anos-luz da Terra. Os cientistas acreditam que ela tenha se originado em uma galáxia anã que se desfez e foi absorvida pela Via Láctea. Esse 'canibalismo galáctico' mudou a estrela de direção, fazendo com que ela acabasse nas proximidades da Via Láctea.
Estima-se que essa estrela e seus planetas tenham cerca de 11,5 bilhões de anos, 2,5 vezes mais do que a Terra e apenas dois bilhões de anos a menos do que a formação do Universo. "Isso faz com que a gente se pergunte que tipo de vida pode ter evoluído nesses planetas em um período tão longo de tempo", diz Guillem Anglada-Escude, pesquisador da Queen Mary University of London e um dos autores do estudo.
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