quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Nas ondas gravitacionais do Universo

Pela primeira vez na história, cientistas detectam fenômeno previsto por Albert Einstein há cem anos e abrem mais uma porta para o entendimento dos primeiros instantes do cosmos.
"Até este momento, víamos o espaço-tempo como a superfície de um calmo oceano. Agora, estamos vendo uma tempestade.” Foi assim, em linguagem leiga, que o físico americano Kip Thorne definiu a detecção, pela primeira vez na história, das ondas gravitacionais, fenômeno previsto por Albert Einstein há cem anos na Teoria da Relatividade. Trata-se de uma das maiores descobertas científicas dos últimos séculos, não apenas por confirmar os estudos do físico alemão, mas por abrir as portas para a compreensão dos primeiros 400 mil anos após a criação do Universo, quando a luz não conseguia escapar da densa “sopa primordial” do cosmos, ainda sem estrelas ou planetas.
 
Abre_Ciencia.jpg
OSCILAÇÕES
Representação artística das ondas gravitacionais previstas por Einstein
As ondas gravitacionais eram “caçadas” pelos físicos desde que foram teorizadas por Einstein, que propôs que o espaço e o tempo seriam como “tecidos elásticos” que podem ser dobrados por grandes fenômenos cósmicos (confira infográfico). Em 2014, os cientistas de um observatório na Antártica chegaram a anunciar que tinham detectado essas oscilações, mas o estudo foi desacreditado pouco depois. Agora, após meses de especulação e análise, os pesquisadores do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, em inglês), que tem Thorne como um dos fundadores, dizem finalmente ter evidências sólidas das ondas.
O Ligo é composto por dois enormes experimentos, distantes 3.000 km um do outro, nos Estados Unidos. Neles, raios laser viajam dentro de túneis com 4 km de extensão, enquanto detectores ultra-sensíveis procuram por variações no feixe de luz. Na manhã do dia 14 de setembro de 2015, os dois laboratórios finalmente observaram essa oscilação, causada pela onda gravitacional gerada pelo choque de dois buracos negros ocorrido 1,3 bilhão de anos atrás. O experimento está ativo desde 2002, mas só no ano passado foi possível torná-lo preciso o suficiente para identificar os “tremores” das ondas gravitacionais, da ordem de um bilionésimo de um bilionésimo do diâmetro de um átomo.
 
IE2410pag66e67_Ciencia2-2.jpg
 
BUSCA INCESSANTE
O físico americano Kip Thorne, um dos fundadores do
observatório que desde 2002 ''caçava'' as ondas
Com a descoberta feita pelo Ligo, os cientistas agora poderão estudar alguns dos fenômenos e objetos mais misteriosos do Universo, como buracos negros e estrelas de nêutrons. Também será possível olhar para o passado cósmico, mais de 13 bilhões de anos atrás, e ver além da luz, usando as ondas gravitacionais para desvendar pistas sobre o princípio de tudo. 
 
IE2410pag66e67_Ciencia2-1.jpg
IstoÉ.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário