O mês de agosto fechou como o mais quente já registrado no planeta, segundo a Nasa, agência espacial americana. Mais que isso. Empatou com julho como o ano mais quente desde que as medições começaram há 136 anos. Com isso, 2016 continua no caminho para bater um novo recorde e virar o ano mais quente já medido. Só lembrando que 2015 bateu o recorde. E 2014 também.
A sequência de recordes era previsível. Estamos passando por uma fase da Oscilação Decadal do Pacífico que acelera o aquecimento global.
A imagem foi divulgada pela Nasa. Deveria ser apavorante. Mostra o aquecimento inexorável desde 1880. E há mais. Mostra também que, por cima desse aquecimento ano após ano, o ciclo de 2016 é uma curva à parte. Isso é coerente com o salto impulsionado pela Oscilação Decadal do Pacífico.
A questão agora é por que essa sequência de recordes não gera mais grandes reações. Estamos caminhando a passos firmes para o inferno como se fosse uma rota preestabelecida no Waze.
Esse é o aspecto mais traiçoeiro de uma tragédia global, mas que ocorre numa escala de décadas. Os humanos se acostumam e não conseguem enxergar o que está acontecendo na escala adequada. É como se um meteoro invisível estivesse caindo na Terra bem devagar.
As emissões de gases responsáveis pelo aquecimento continuam crescendo. O único tratado internacional para reduzir essas emissões, o Acordo de Paris, é insuficiente. O Brasil poderia fazer mais. Continuamos viciados em energias que comprometem o clima como aquelas provenientes de derivados de petróleo, carvão mineral e gás de xisto. Ao invés de recuperar as florestas, para capturar de volta um pouco do carbono na atmosfera, continuamos a desmatar, inclusive sem enxergar a devastação no Cerrado brasileiro.
Alguns analistas de comunicação sobre mudanças climáticas avaliam que a fórmula usada até agora para alertar sobre o tamanho do desastre se esgotou. Dizem que precisamos de novas formas mais eficazes para acordar o público e provocar mudanças necessárias enquanto ainda há tempo.
Existe uma analogia usada e abusada por alguns climatologistas para o risco da nossa inércia. Eles contam que se você jogar um sapo numa panela de água fervente, ele pula (ou ao menos tenta desesperadamente pular) para fora. Por outro lado, se você colocar o sapo numa panela com água na temperatura ambiente e for esquentando devagar, ele não percebe que corre perigo e fica lá calmamente até morrer. É uma analogia cruel. Não recomendo tentar reproduzir essa experiência. Nenhum sapo merece isso. E, claro, nem nós humanos.
Época.com
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