domingo, 6 de novembro de 2011

Dois passos para frente, um para trás...

Os avanços na qualidade de vida alcançados pelos países pobres nas últimas décadas podem ser paralisados – ou até mesmo revertidos – pela devastação do ambiente. Este é o futuro traçado pelo relatório do Desenvolvimento Humano 2011, divulgado na semana passada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O documento aponta que secas mais severas na África Sub-Saariana e o aumento do nível dos mares podem destruir países como Bangladesh, aumentar o preço dos alimentos em mais de 50% e reverter os esforços feitos até agora para prover consumo de água potável, saneamento bá­­sico e energia para bilhões de pessoas.
“O fracasso contínuo em reduzir os graves riscos ambientais e o aprofundamento da desigualdade social ameaçam atrasar décadas de progresso obtido pela maioria mais pobre da população”, disse Helen Clark, chefe do Pnud. “Sustentabilidade não é apenas uma questão ambiental”, diz Helen, que lembra ainda que o evento Rio+20, no ano que vem no Brasil, terá como foco o desenvolvimento sustentável.


                                                                                    AFOGADOS
                           Male, capital das Maldivas, deve ser inundada caso o nível dos oceanos suba como previsto

O Brasil subiu uma posição no ranking em relação ao ano passado. O País está agora em 84º lugar no mundo, o que corresponde ao 20º na América Latina. O índice brasileiro é de 0,718, numa escala que vai de 0 a 1. Em 2010, tínhamos o 73º melhor IDH entre 169 países, mas este ano o Pnud mudou a metodologia e, segundo o órgão, o Brasil estaria em 85º no ano passado se fosse usado o novo método (leia mais abaixo). O índice combina dados de saúde, educação e renda. A Noruega lidera, com 0,943, seguida por Austrália e Holanda. Os dez piores IDHs estão na África, sendo o pior deles o da República Democrática do Congo (0,286). O Kuwait apresentou a maior queda; e Cuba, a maior ascensão.
A tendência de subida que se observa hoje, porém, pode ser interrompida abruptamente até 2050, com o aumento de eventos ambientais extremos como secas, enchentes e tempestades, assim como poluição da água e do ar. Num cenário chamado pelo Pnud de “desafio ambiental”, que inclui os efeitos da poluição e do aquecimento global na produção de alimentos, a média global do IDH seria até 12% menor no sul da Ásia e na África Sub-Saariana e 8% menor no resto do mundo. Em outro cenário, nomeado de “desastre ambiental” que inclui um vasto desmatamento e clima extremo, o índice global seria até 15% menor.
Como parte da solução, o órgão da ONU propõe uma taxa sobre transações internacionais para financiar ações contra a pobreza e as mudanças climáticas. O Pnud calcula que uma fração (0,0005%) dessas operações financeiras levantaria US$ 40 bilhões em um ano, ou 30% de toda a ajuda internacional em 2010. Uma taxa de 0,05% sobre transações domésticas e entre países poderia acumular entre US$ 600 bilhões e US$ 700 bilhões. Vamos pagar a conta?
Fonte: IstoÉ.com

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