domingo, 29 de junho de 2014

Alerta mundial para o misterioso desaparecimento das abelhas



Já se passaram 20 anos desde que um grupo de agricultores franceses chamou a atenção pela primeira vez sobre um fenômeno insólito: o despovoamento das colmeias por causa do desaparecimento das abelhas, de cuja polinização depende grande parte da produção mundial de alimentos. Logo se comprovou que o fenômeno era global, ao menos nos países com uma agricultura muito desenvolvida, e uma série de investigações tentou determinar as causas, com resultados frequentemente díspares ou contraditórios. A morte das abelhas se deve às monoculturas ou ao aquecimento global? A vírus, bactérias, fungos, parasitas como o Nosema ceranae? Ou a pesticidas como os neonicotinoides, que começaram a ser usados exatamente há duas décadas? Embora pareçam existir tantas opiniões quanto peritos nesse campo, é possível que todos tenham uma parte de razão.
Enquanto isso, o fenômeno só tem piorado – os apicultores denunciam perdas mais graves ano após ano – e a única boa notícia nesse terreno só surgiu muito recentemente. Com característica lentidão, mas louvável preocupação, as Administrações, incluindo as da União Europeia (que no ano passado proibiu vários pesticidas) e dos EUA (que aprovou um orçamento extraordinário para investigar o fenômeno) tomaram consciência do problema e puseram mãos à obra.
A gravidade da situação e a demora e ineficácia das medidas paliativas provocam uma pergunta que já não pode ser considerada absurda: como seria um mundo sem abelhas? “Se tivéssemos de depender de uma agricultura sem polinizadores, estaríamos preparados”, afirma o subdiretor-geral de Saúde e Higiene Animal do Ministério de Agricultura da Espanha,Lucio Carbajo. Nem todos os cultivos desapareceriam, porque há aqueles que se podem administrar de outras formas (como autopolinização e polinização por pássaros), mas todas as fontes coincidem que a perda de diversidade e de qualidade alimentar seria enorme. Além disso, os mesmos fatores que atacam as colmeias afetam também os polinizadores silvestres, como o zangão, o besouro e as vespas, de modo que as perdas afetariam não só a produção agrícola, mas também – e possivelmente de forma ainda mais crucial – os ecossistemas naturais e o meio ambiente em geral. As abelhas, as flores e os frutos evoluíram juntos há dezenas de milhões de anos, e não se pode destruir um sem destroçar os outros.
O Laboratório de Referência da UE para a Saúde das Abelhas, com sede em Anses, na França, publicou em abril os resultados do primeiro programa de vigilância do despovoamento das colmeias em 17 países europeus. Os dados, baseados no estudo de mais de 30.000 colmeias durante 2012 e 2013 e das práticas agrícolas e agentes patogênicos mais daninhos, mostram índices de mortalidade invernal muito variáveis entre países (entre 3,5% e 33,6%). Em geral, a situação é menos grave na Espanha e em outros países mediterrâneos (menos de 10%) do que no norte do continente (mais de 20%). As cifras contradizem as do setorapícola espanhol, que denuncia taxas de mortalidade entre 20% e 40%, em mais um exemplo de como é difícil padronizar os critérios e as metodologias nessa área.
O peso dos possíveis fatores de risco, como o manejo das colônias, o uso de pesticidas e os agentes patogênicos, é variável e complexo. Tanto o relatório europeu como as demais fontes coincidem em que as causas da mortalidade das abelhas são múltiplas. Também assinalam, entretanto, que certos fatores podem ser mais fáceis de abordar que outros. Os pesticidas mais daninhos, por exemplo, podem ser proibidos ou restringidos, como a UE já fez com quatro deles. Por outro lado, e como é natural, os principais produtores de pesticidas – Bayer, Syngenta e Basf – não aceitam que haja evidências sólidas de que seus produtos sejam a causa do problema. E, de forma mais significativa, algumas fontes científicas coincidem com eles.
“Os pesticidas neonicotinoides, como os proibidos pela UE, não são os mais detectados nas colmeias, pelo menos não de forma crônica”, assegura Mariano Higes, do Centro Regional Apícola de Marchamalo, em Guadalajara. “Podem ser um problema em monoculturas muito grandes, mas afetam principalmente os polinizadores silvestres, como os besouros, não as colmeias de abelhas.” Higes aceita, entretanto, que restringir esses produtos pode ser útil para os ecossistemas, embora não para a agricultura.
E o cúmulo, segundo uma pesquisa dirigida por Tom Breeze, do Centro de Investigação Agroambiental da Universidade de Reading, publicadaeste ano na PLoS ONE, é que são as próprias políticas agrícolas europeias que estão agravando o problema: ao promover as grandes monoculturas, elas estão produzindo um crescente desajuste entre as necessidades de polinização e a disponibilidade de colmeias em todas as regiões do continente. Todos esses cultivos precisam de abelhas, mas os apicultores não conseguem reproduzir tanto as colmeias, e por isso o cultivo acaba rendendo menos. O resultado dessa investigação chama ainda mais a atenção pelo fato de que o trabalho foi financiado pela mesma UE que é objeto de suas críticas.
“As políticas agrícolas e de biocombustíveis europeias estimularam um grande crescimento das áreas cultivadas que precisam de polinização por insetos”, explicam Breeze e seus colegas, que estenderam seu estudo a todo o continente. Entre 2005 e 2010, por exemplo, o número requerido de abelhas melíferas cresceu cinco vezes mais rápido que a existência desses insetos. Em consequência, mais de 90% da demanda não pôde ser satisfeita em 22 países da UE. “Nossos dados alertam sobre a capacidade de muitos países para suportar perdas importantes de insetos polinizadores silvestres”, conclui Breeze.
Esses polinizadores silvestres – principalmente as 250 espécies de besouros existentes – são a outra metade da história. Seria possível pensar que, em um mundo sem abelhas, a tarefa de polinizar os cultivos pudesse ser assumida por esses outros insetos, que, de fato, são hoje os que polinizam a maior parte dos cultivos básicos para a alimentação mundial: a ação dos besouros (do gênero Bombus) produz o dobro de frutos que a devida à apicultura convencional com abelhas (do gêneroApis).
No entanto, uma recente investigação do Matthias Fürst e seus colegas da Royal Holloway University de Londres, publicado na Nature, desinflou essa expectativa ao mostrar que dois dos grandes agentes patogênicos das colmeias, o vírus das asas disformes (DWV) e o fungo Nosema ceranae, já se estenderam para os polinizadores naturais. Esses agentes infecciosos não só se mostraram capazes de transmitir-se do gênero Apis para oBombus em experimentos controlados de laboratório, como já contagiaram besouros na natureza, segundo os estudos de campo desses cientistas na Grã-Bretanha e na Ilha de Man. Cabe temer, portanto, que os polinizadores silvestres logo estejam tão ameaçados como suas colegas domésticas.
A identificação do Nosema como uma das grandes causas do Despovoamento das colmeias se deve a Higes, o principal investigador espanhol nessa área. “O papel dos agentes patogênicos e, sobretudo, doNosema ceranae segue sem ser compreendido”, reconhece Higes, cujo laboratório leva dez anos investigando esse microsporídio. “Muitos de meus colegas projetam experiências errôneas e extraem conclusões que não são inteiramente corretas; é uma pena, mas dez anos depois continua existindo uma nebulosa no conhecimento.” Como se vê, a investigação sobre a morte das abelhas está recheada de conflitos.
Essa é uma das razões pelas quais grupos ecologistas como o Greenpeace não só elogiam as restrições europeias a quatro pesticidas neonicotinoides, como também proponham estender a proibição a outros 319 compostos que consideram daninhos. “Não há dúvida de que a mortalidade nas colmeias tem múltiplas causas”, diz Luis Ferreirim, do Greenpeace. “Mas, se eu tivesse de estabelecer uma hierarquia, o primeiro fator seriam os inseticidas, que são feitos precisamente para matar insetos, como as abelhas.” O ecologista lembra ainda que os herbicidas também são daninhos, pois acabam com as flores que fornecem o principal alimento para as abelhas. “Além disso, contra os pesticidas se pode atuar com mais eficácia e rapidez, enquanto atacar vírus, bactérias, fungos e outros parasitas é muito difícil”, assinala Ferreirim. “E não podemos esquecer que os parasitas estão mais restritos às abelhas, enquanto os pesticidas afetam também os besouros e outros polinizadores naturais que também é preciso proteger.”
Um mundo sem abelhas seria também um mundo sem besouros, e talvez sem flores, pois as abelhas e as flores evoluíram juntas e são as duas caras da mesma moeda de um ponto de vista ecossistêmico. Um mundo triste e monótono como uma cidade fantasma, um pesadelo estéril a apenas um passo do nada. A ciência está mobilizada. A inteligência política deve seguir em sua esteira.

Nasa testa lançamento de disco voador

Veículo em forma de disco voador foi carregado por balão de hélio

Depois de vários atrasos por conta do clima, a Nasa lançou neste sábado na atmosfera da Terra um veículo em formado de disco voador carregado por um balão de hélio. O procedimento faz parte de um teste da tecnologia que pode ser usada para pousar em Marte. Desde que um par de sondas espaciais do programa Viking pousou no planeta vermelho em 1976, a Nasa vinha trabalhando com o mesmo design.
O voo experimental de 150 milhões de dólares testa um novo veículo e uma espécie de "paraquedas gigante" desenhado para permitir o pouso de veículos espaciais mais pesados e, eventualmente, transportar astronautas. Espectadores pelo mundo puderam acompanhar partes da missão por meio de uma transmissão por internet em tempo real. Câmeras a bordo do veículo fazem imagens em baixa resolução.
A decolagem ocorreu às 11h40, na ilha havaiana de Kauai, de onde o balão impulsionou o veículo para a região do Pacífico. O motor de foguete deve ser acionado, carregando o veículo para 55 quilômetros de altura em velocidade supersônica. O ambiente a esta altura é similar ao da fina atmosfera marciana. Na volta para a Terra, um tubo ao redor do equipamento deve expandir para desacelerá-lo e permitir o pouso no oceano.
O teste havia sido adiado seis vezes por conta de ventos fortes. Ventos precisam estar calmos para que o balão não seja carregado para zonas em que voos não são permitidos. Engenheiros planejam analisar as informações e conduzir vários outros voos antes de levar a tecnologia para uma missão a Marte. "Queremos testá-los onde é mais barato para termos certeza de que eles funcionarão lá", disse o gerente do projeto, Mark Adler.
Veja.com

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Astrônomos encontram "diamante espacial" do tamanho da Terra

A anã-branca orbita um pulsar (Foto: reprodução)

A 900 anos-luz de distância da Terra, uma anã branca de 11 bilhões de anos esfriou o suficiente para cristalizar. Como é feita, principalmente, de carbono, ela se transformou em um diamante enorme. E quando dizemos enorme, queremos dizer enorme mesmo: ela é do tamanho da Terra.
A estrela-diamante é descrita em um estudo publicado no The Astrophysical Journal e está entre uma das mais frias anãs brancas já encontradas. Ela é tão fria que emite pouquíssima luz e não pode ser vista. Para provar sua presença, os pesquisadores analisaram a forma com que a gravidade do corpo cristalizado perturba ondas de rádio vindas de uma estrela de nêutrons próxima.
Sim, há esse detalhe que torna o sistema ainda mais bacana. O diamante gigante orbita um pulsar (uma estrela de nêutrons que gira rapidamente), chamado PSR J2222-0137. Ou seja, o sistema é um par de estrelas mortas - o pulsar é o resto de uma estrela gigante que acabou virando uma supernova. E a anã branca é o que sobrou de uma estrela que seria parecida com o Sol, até que se contraiu em uma rocha do tamanho da Terra. Se deixadas sozinhas, as anãs brancas esfriam e ficam escuras em um período de bilhões de anos.
O sistema é parecido com outro descrito em 2011, que também continha uma anã branca cristalizada orbitando um pulsar. Mas esse novo diamante é maior.

Desacelerar a percepção do tempo é possível

Desacelerar a percepção do tempo é possível (Foto: Nicole Jordan/flickr/Creative Commons)


Está impressionado sobre como metade do ano já passou? Não entende porquê seu aniversário parece chegar cada vez mais rápido com o tempo? E o Natal então, que bruxaria é essa que passa a impressão de que, quando estamos no dia 25, a última ceia em família aconteceu apenas um mês atrás? Tudo isso tem a ver com a nossa percepção do tempo: segundo teorias psicológicas recentes, a grande responsável pela aceleração de nossas vidas tem um nome – rotina.
O armazenamento da memória humana não funciona como um disco rígido de computador, que salva cada informação, bit por bit. No nosso caso, a memória é socialmente construída, nem tudo é guardado e, mesmo as coisas que mantemos, frequentemente não são fáceis de serem acessadas. Na maioria das vezes, o que fica gravado de um jeito mais forte nas nossas lembranças são as primeiras experiências que temos de alguma situação, aqueles momentos marcantes, intensos, inusitados e novos que parecem fazer com que a hora passe mais devagar.
E é justamente por isso que a rotina faz o tempo voar: quando a vida se resume  a uma interminável repetição das mesmas experiências, não temos porquê guardar estas memórias de uma forma especial, e tudo parece passar por nós como um borrão. A mesma lógica explica o motivo pelo qual a infância segue o caminho oposto – o mundo era inteiro feito de novidades, por isso o ritmo das coisas era bem mais vagaroso.
Confira estas dicas simples para ajudar a desacelerar sua percepção do tempo e aproveitar melhor seu dia a dia:
1. Experimente coisas novas
Não há como negar que a rotina tenha um apelo forte e transmita uma sensação de conforto. No entanto, pequenas mudanças já podem fazer uma grande diferença na forma como apreendemos nosso cotidiano: por que não tentar um trajeto diferente para casa ou para o trabalho? Que tal jantar em um restaurante diferente, ou viajar para um lugar novo? Começar pelos detalhes pode ser um bom caminho.
2. Tente inovar no trabalho
Por ocupar tantas horas do dia, o trabalho merece uma atenção especial. É fácil deixar que a torrente de obrigações te deixe levar, e fazer tudo da mesma forma pode parecer uma boa opção para garantir os resultados esperados. Mesmo que seja difícil, correr riscos é importante: uma postura mais inovadora pode criar situações gratificantes e estimular o envolvimento com seu emprego, além de aumentar o sentimento de auto-satisfação.
3. Conheça pessoas novas
Sabe aquela pessoa que você vê todos os dias, mas com quem nunca trocou sequer uma palavra? Ela poderia se tornar uma grande amiga ou, quem sabe, até mesmo um grande amor. Conhecer histórias de vida e estabelecer novos vínculos possui um grande potencial de gerar momentos estimulantes.
4. Aproveite melhor cada momento
Aqui cabe citar o velho Carpe Diem: focar no momento presente e aproveitá-lo da melhor maneira possível é a chave para extrair o máximo de suas experiências e aprender com elas. Mesmo para as coisas que compõem claramente uma rotina, há uma saída – tente vê-las de um outro ângulo. Prestar mais atenção ao seu redor, tanto no novo quanto no velho, é uma ótima forma de incentivar insights e intensificar seus momentos.
5. Foque no lado bom das coisas
Vale tanto para o passado, quanto para o presente, como para o futuro: valorize mais as boas lembranças vividas, atenha-se ao que te faz sentir mais estimulado, e espere o melhor do seu futuro. Aposte sempre na espontaneidade – nada como atitudes inesperadas para quebrar a rotina.

Contaminação por pesticidas pode causar impacto ambiental "sem precedentes"

Abelhas estão entre os principais afetados pelo uso de pesticidas

Um grande estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisadores concluiu que alguns dos tipos de pesticidas mais utilizados atualmente representam uma grande ameaça para os ecossistemas e a biodiversidade. A primeira parte da pesquisa, que será publicada em série, foi divulgada nesta terça-feira no periódico Environmental Science and Pollution Research, com alguns dos principais resultados. Trinta cientistas fizeram parte da iniciativa, que analisou mais 800 artigos publicados nas últimas duas décadas sobre o assunto.
O estudo tem como alvo os neonicotinoides e o fipronil, pesticidas sistêmicos (são absorvidos por todas as partes da planta) que juntos representam cerca de um terço do mercado mundial desse tipo de produto. Seu principal uso é no controle de insetos em plantações, mas eles também são utilizados para afastar pragas em animais e pestes em residências. 
Apesar de os pesticidas serem empregados na agricultura há décadas, os pesquisadores descreveram a situação atual como "sem precedentes", e recomendam que as autoridades intensifiquem a legislação para restringir o uso desses produtos.
Os neonicotinoides ficaram conhecidos pela suspeita de que estariam afetando as abelhas. Ele é apontado como uma das principais causas da síndrome do colapso da colônia (CCD), fenômeno que faz as abelhas literalmente desaparecerem de suas colmeias, o que intriga os pesquisadores. As suspeitas levaram a União Europeia a banir, a partir de julho de 2013, o uso dos neonicotinoides de algumas culturas por um período de dois anos, apesar dos protestos de produtores agrícolas e de multinacionais químicas e agroalimentícias. No Brasil, tanto os neonicotinoides quanto o fipronil são permitidos.
Para Dave Goulson, pesquisador da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo, a suspeita se confirma. "Existem outros fatores envolvidos no desaparecimento das abelhas, mas eu diria que é evidente que os neonicotinoides estão afetando as populações, e são importantes contribuintes de seu declínio", disse o pesquisador ao site de VEJA.
Os cientistas constataram que as abelhas constituem o grupo mais estudado em relação aos efeitos nocivos desses pesticidas. Segundo os autores, as consequências da aplicação dessas substâncias são mais amplas — e pouco abordadas.
Contaminação — O fato de esses pesticidas permanecerem no ambiente por meses ou até anos após a sua aplicação e sua grande solubilidade na água possibilitaram que eles se espalhassem pelo solo, pela água e, consequentemente, até mesmo pelas plantas que não são diretamente tratadas com esses produtos. Assim, muitas espécies animais que não são o alvo dos agrotóxicos acabam se contaminando de forma indireta.
Segundo os pesquisadores, os testes feitos em laboratório ou no campo demonstram que mesmo o uso dentro dos limites da legislação resultam em níveis elevados de contaminação ambiental. Também é alvo de críticas a forma como os testes de laboratório feitos para a regulação desses produtos são conduzidos. Eles geralmente avaliam apenas a letalidade da substância, e em curto período de exposição, enquanto outros tipos de efeitos relevantes ecologicamente, como dificuldade em voar, se localizar, procurar comida e crescer, praticamente não são descritos. "Ficou claro que muitos destes testes não são longos o bastante para representar uma exposição crônica, e por isso lhes falta relevância ambiental", escrevem os autores.
Nas concentrações encontradas no meio ambiente, diz o estudo, os neonicotinoides e o fipronil podem exercer efeitos negativos sobre uma grande diversidade de invertebrados, bem como outros animais, em habitats terrestres e aquáticos, afetando sua fisiologia e até mesmo ameaçando sua sobrevivência. 
Os autores enfatizam também que muitos aspectos importantes relacionados aos pesticidas não estão sendo abordados pelos estudos. "Quase tão preocupante quanto o que sabemos sobre os neonicotinoides é o que não sabemos", escrevem os autores. Existem poucos dados sobre os resíduos dessas substâncias presentes no ambiente, e dados de toxicidade a longo termo também são muito limitados.
No caso das abelhas, por exemplo, apenas quatro espécies das 25.000 conhecidas pelo mundo foram estudadas, e há pouca pesquisa com  outros polinizadores, como borboletas e vespas. Os organismos que vivem no solo, como as minhocas, também recebem pouca atenção, principalmente levando-se em consideração sua importância para a manutenção da fertilidade. Além disso, a interação dos neonicotinoides e do fipronil com outros pesticidas e fatores ambientais, como doenças e stress, aparecem em poucas pesquisas — mas, quando o fazem, apresentam efeitos de grande relevância. Em abelhas, por exemplo, baixas doses de neonicoticoides podem torná-las mais suscetíveis a doenças virais.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Fórum da ONU busca endurecer leis ambientais nesta semana

A ONU vai buscar nesta semana meios para endurecer as leis ambientais e se tornar linha dura em tudo, desde o comércio ilegal de animais e plantas selvagens até a poluição por mercúrio e resíduos perigosos.
A Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Anea), um novo fórum de todas as nações que inclui ministros do meio ambiente, líderes empresariais e a sociedade civil, vai se reunir em Nairóbi, no Quênia, de 23 a 27 de junho, para buscar meios de promover um crescimento econômico mais verde.
Esse movimento inclui endurecer as leis ambientais.
"Frequentemente temos legislação ambiental que é bem intencionada, mas não é eficaz", disse à Reuters, em entrevista por telefone, Achim Steiner, chefe do Programa Ambiental da ONU (PNUMA), que vai sediar as conversações.
Muitos países aderem aos tratados ambientais, mas muitas vezes são lentos para ratificá-los e aplicá-los às leis nacionais, em questões que vão desde a proteção de plantas e animais contra a extinção até a proibição de produtos químicos perigosos ou criação de leis contra resíduos perigosos.
"Apenas a assinatura de um compromisso já é um passo, colocar as finanças, a tecnologia e as leis em vigor, são ingredientes críticos", disse.
As conversas em Nairóbi vão incluir uma reunião de presidentes de Supremos Tribunais, advogados, promotores públicos e outros especialistas legais.
Eles vão buscar formas de melhorar a cooperação, acelerar a ratificação dos tratados e tentar encontrar modelos para uma legislação nacional.
“As atividades ilegais que prejudicam o meio ambiente estão se desenvolvendo rapidamente e aumentando sua sofisticação", disse o PNUMA em uma declaração. A coordenação internacional foi insuficiente para prender gangues de criminosos, desde a pesca ilegal até madeireiros.
G1

Crimes ambientais financiam grupos terroristas, dizem ONU e Interpol

O crime ligado ao meio ambiente, que movimenta US$ 213 bilhões anuais, contribui para o financiamento de grupos armados e terroristas e ameaça a segurança e desenvolvimento de vários países, declararam a ONU e a Interpol em um relatório publicado nesta terça-feira (24).
O tráfico de carvão gera entre US$ 38 milhões e US$ 56 milhões ao ano aos islamitas shebab somalis, ligados à Al-Qaeda, segundo o relatório. O documento é publicado no segundo dia da sessão inaugural da nova Assembleia da ONU para o meio ambiente (UNEA), que reúne cerca de 1.200 delegados e especialistas em Nairóbi e que deve, entre outros temas, discutir a questão dos crimes contra o meio ambiente.
Já o comércio de marfim é a principal fonte de renda do Exército de Resistência do Senhor (LRA), a rebelião de Uganda que se espalha o terror no Sudão, República Centro Africana e República Democrática do Congo (RDC). Também praticado por outros grupos armados e milícias que operam na República Centro Africana, RDC e Sudão.
Ameaça ao desenvolvimento sustentável
O crime organizado transnacional ligado ao meio ambiente inclui o corte ilegal de madeira, a caça furtiva e o tráfico de numerosas espécies, a pesca ilegal, as minas selvagens e resíduos tóxicos, explicam a ONU e Interpol.
"Além do dano ambiental imediato, o tráfico de recursos naturais priva as economias em desenvolvimento bilhões de dólares em receita para encher os bolsos dos criminosos", ressalta Achim Steiner, diretor-executivo do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP).
De acordo com a ONU, este tráfico ameaça em muitos países "o desenvolvimento sustentável, os meios de subsistência, a boa governação e o Estado de direito, enquanto grandes somas chegam às milícias e grupos terroristas."
"Apesar do aumento da consciência, as respostas atuais em termos de impacto estão longe de ser proporcionais à escala e crescimento da ameaça à vida selvagem e meio ambiente", alertam a ONU e a Interpol.
G1

Estudo pede ação para salvar mares em cinco anos

Marégrafo utilizado pelo Inpe para medir a oscilação do nível dos oceanos repleto de aves atobás (Foto: Eduardo Carvalho / Globo Natureza)

Os oceanos do mundo estão ameaçados pela contaminação e a sobrepesca. Para salvar os mares, uma comissão independente, formada por ex-altos funcionários de governo e executivos advertiu ser necessário agir em menos de cinco anos para salvar os mares.
A Comissão Oceano Mundial, criada em fevereiro de 2013, informou que a redução do uso de objetos de plástico e da pesca em alto-mar e a implantação de regulamentações estritas para a exploração de petróleo e gás são a chave para este plano de resgate.
"O oceano fornece 50% do nosso oxigênio e fixa 25% das emissões globais de carbono. Nossa cadeia alimentar começa nestes 70% do planeta", afirmou José Maria Figueres, ex-presidente de Costa Rica, que codirige a comissão.
A equipe apresenta oito propostas para recuperar e preservar a saúde dos oceanos em um relatório, intitulado "Do declínio à recuperação: um plano de salvação para os oceanos do mundo".
Entre elas, defende limitar as subvenções governamentais à pesca em alto-mar para acabar com a prática em cinco anos. A recomendação afeta principalmente os Estados Unidos, a União Europeia, a China e o Japão.
"Cerca de 60% destas subvenções fomentam práticas insustentáveis e sem elas a indústria pesqueira em alto-mar não seria financeiramente viável", destacou o informe.
Falta de jurisdição atrapalha proteção As águas de alto-mar são as que vão além das fronteiras nacionais e constituem cerca de 64% da superfície total dos oceanos e a metade de toda a produtividade biológica destes anos, acrescentou.
A comissão expressou que a falta de jurisdição sobre estas águas é um grande problema e pediu a negociação de um novo acordo sob os termos da Convenção das Leis do Mar das Nações Unidas (UNCLOS).
"O alto-mar pertence a todos. Sabemos o que é preciso fazer, mas não podemos fazer isto sozinho. Uma missão conjunta deve ser nossa prioridade", disse David Miliband, ex-ministro britânico das Relações Exteriores e copresidente da comissão.
G1

terça-feira, 24 de junho de 2014

Frase


Foto

Com aquecimento global, pesquisa estima impacto bilionário para a economia dos EUA

 Campo de trigo em Illinois: colheita em queda Foto: Daniel Acker / Bloomberg

Perdas anuais de US$ 35 bilhões de patrimônio privado com furacões e outras tormentas; queda da produtividade das colheitas de 14%, custando aos produtores de trigo e milho dezenas de bilhões de dólares; demanda de energia provocada por ondas de calor, custando aos usuários até US$ 12 bilhões por ano. Estes são alguns dos custos econômicos da mudança climática previstos nos Estados Unidos nos próximos 25 anos, revelou um relatório bipartidário, divulgado nesta terça-feira.
E isto é apenas o início: o custo poderá alcançar as centenas de bilhões de dólares até 2100.


Encomendado por um grupo liderado pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, ex-secretário do Tesouro Henry Paulson, e o ambientalista e financista Tom Steyer, o estudo é a “análise mais detalhada já feita sobre o efeito potencial econômico da mudança climática nos Estados Unidos”, afirma o climatologista Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton.
A divulgação do relatório ocorre três semanas depois de o presidente Barack Obama ter determinado às autoridades americanas que adotem as medidas mais agressivas já tomadas para reduzir as emissões de gás estufa. Isso inclui exigir que as usinas de energia cortem as emissões de dióxido de carbono para 30% abaixo dos níveis de 2005 até 2030.

NEGÓCIO ARRISCADO
Intitulado “Um negócio arriscado”, o relatório prevê impactos climáticos em escalas pequenas, no nível de distritos e povoados. Suas conclusões sobre perdas de colheitas e outras consequências não são baseadas em projeções de computador, em geral criticadas por céticos da mudança climática, mas sim em estudos sobre as recentes ondas de calor. O estudo pinta um quadro sombrio em termos de prejuízos econômicos.
“Nossa economia está vulnerável a um esmagador número de riscos devido à mudança climática”, afirmou Paulson em uma declaração. Isso inclui desde o aumento do nível do mar a ondas de calor que vão provocar mortes, reduzir a produtividade do trabalho e prejudicar redes de energia.
Até meados do século, entre US$ 66 bilhões e US$ 106 bilhões em termos de valor de propriedade estarão abaixo do nível do mar. Há uma chance de 5% de que, até 2100, as perdas alcancem US$ 700 bilhões, com uma perda média anual devido ao aumento do nível dos oceanos de US$ 42 bilhões a US$ 108 bilhões ao longo da Costa Leste americana e do Golfo do México.
ONDA DE CALOR


O calor extremo, especialmente no Sudoeste, Sudeste e o norte do Centro-Oeste, vai afetar a produtividade, à medida que as pessoas não conseguirão trabalhar por um longo período sob o sol em construções e outros trabalhos externos. A análise vai além de pesquisas anteriores, disse Oppenheimer, ao identificar locais que serão “impróprios para trabalho externo”.
A demanda por eletricidade vai crescer à medida que as pessoas precisarem de ar-condicionado apenas para sobreviver, esgotando a capacidade de geração e transmissão de energia. Esse quadro vai provavelmente exigir a construção de usinas capazes de garantir uma capacidade de geração de até 95 gigawatts nos próximos
cinco a 25 anos. A construção dessas usinas vão impactar as tarifas cobradas dos usuários — pessoas físicas e empresas — entre US$ 8,5 bilhões a US$ 30 bilhões a mais a cada ano até meados do século.
O relatório não apresenta propostas de políticas, concluindo apenas que é “hora de todos os líderes empresariais americanos e investidores tomarem uma atitude e responderem ao desafio de enfrentar a mudança climática”.
O Globo.com



segunda-feira, 23 de junho de 2014

Micróbios devoram plástico e ajudam a reduzir lixo marinho, diz estudo

Micróbios ajudam na despoluição dos oceanos (Foto: HO/University of Western Australia/AFP)

Micróbios podem estar contribuindo para reduzir a quantidade de lixo no mar "comendo" o plástico que contamina as águas do planeta, de acordo com uma pesquisa conduzida por oceanógrafos da University of Western Australia, publicada na "PLOS One".
Essas criaturas microscópicas parecem estar biodegradando toneladas de rejeitos que flutuam no mar. Os investigadores analisaram mais de mil imagens de dejetos em frente ao litoral australiano e documentaram pela primeira vez as comunidades biológicas que vivem nestas pequenas partículas de lixo, conhecidas como microplásticos.
"Parece que a degradação do plástico está acontecendo no mar, explicou Julia Reisser, uma das encarregadas do estudo. "Estou entusiasmada porque os micróbios comedores de plástico poderiam ser uma solução para melhorar os sistemas de tratamento de lixo no continente", assegurou.
Embora já tenha sido observada a existência de micróbios que comem plástico em depósitos de lixo, o estudo destaca que seus equivalentes no mar poderiam ser igualmente eficazes. "Os micróbios terrestres precisam de água para crescer e o processo é muito caro. Mas os micróbios marinhos crescem na água salgada e poderiam ser uma foma mais barata de reduzir o volume de lixo", afirmou Reisser.
A ação desses micróbios também poderia explicar porque o aumento de rejeitos plásticos nos oceanos não é tão importante quanto previam os cientistas, segundo a pesquisadora.
Os cientistas têm advertido reiteradamente para a ameaça dos microplásticos - partículas de plástico com menos de cinco milímetros - para os oceanos e em 2012 o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estimou em cerca de 13.000 os pedaços de microplásticos por quilômetro quadrado de mar, um fenômeno que se intensifica no Pacífico Norte.
G1

Cientistas desvendam "ilha mágica" em lua de Saturno

A "ilha mágica" que apareceu em uma imagem da lua Titã, de Saturno

Cientistas identificaram quatro possíveis causas para o surgimento de uma misteriosa “ilha mágica” na superfície de Titã, maior lua de Saturno. Ela recebeu esse apelido de astrônomos aparecer e desaparecer em imagens do satélite feitas pela sonda Cassini. A pesquisa foi publicada no domingo, no periódico Nature Geoscience.
A “ilha” apareceu como uma mancha brilhante em uma imagem feita no dia 10 de julho de 2013 pela sonda Cassini. Com 19 quilômetros de comprimento e cerca de 9,5 de largura, o misterioso objeto não estava presente em fotografias anteriores e voltou a desaparecer em uma imagem capturada no dia 26 do mesmo mês.
Titã é relativamente parecida com a Terra. Ela também apresenta atmosfera e estações bem marcadas. Ventos e chuvas criam mares e dunas em sua superfície, mas com a significativa diferença de que as dunas são feitas de gelo, em vez de pedras e areia, e os mares contêm metano e etano. Esses hidrocarbonetos são gases na Terra, mas em Titã, por causa da temperatura de – 180ºC, existem no estado líquido. A “ilha mágica” foi descoberta no Ligeia Mare, segundo maior lago de Titã, localizado no seu hemisfério Norte.
Explicações — No novo estudo, os cientistas limitaram as possíveis causas da mancha vista na foto a quatro: um ou mais icebergs; material em suspensão logo abaixo da superfície do lago; gases vindos das profundezas do oceano que teriam formado bolhas ao atingir a superfície; ou a primeira evidência de ondas no lago.
Estudos anteriores haviam levado à conclusão de que o Ligeia Mare seria tão estável quanto uma superfície de vidro, sem nenhuma perturbação acima de 1 milímetro. Mas os ventos fracos podem estar mudando: cada uma das estações em Titã dura o equivalente a sete anos terrestres, e o Hemisfério Norte está se aquecendo com a aproximação do verão, previsto para 2017. Temperaturas elevadas trazem ventos mais fortes, que provocam ondas.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer, no entanto, se os ventos serão fortes o suficiente para dar origem a grandes ondas, ou apenas breves perturbações. Um acompanhamento por imagens nos próximos meses deve ajudar a resolver definitivamente o mistério. "Diversos processos, como vento e chuvas, podem afetar os lagos de metano e etano em Titã. Nós queremos observar as similaridades e diferenças com os processos geológicos que ocorrem na Terra", afirma Jason Hofgartner, estudante da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo. Para ele, esse conhecimento pode ajudar a aumentar a compreensão sobre os ambientes aquáticos da Terra.
Veja.com

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Aquecimento global provoca mudanças drásticas em atlas da National Geografhic

Derretimento do gelo no Ártico provoca alterações drásticas em atlas da National Geographic Foto: AFP


O aquecimento global chegou ao ponto de alterar mapas e cartografias consagradas. Nesta semana, a National Geographic anunciou que vai lançar em setembro a 10ª edição do seu tradicional Atlas Mundial com “mudanças drásticas” na camada de gelo do círculo ártico.
Geógrafos da instituição disseram que as alterações climáticas foram um dos eventos mais marcantes de todas as edições da publicação. Um deles, Juan José Valdés, afirmou que o fenômeno é “a mudança mais visível depois da queda da União Soviética”.
Para compor o material, a National Geographic utilizou dados compilados da Nasa dos últimos 30 anos sobre as camadas de gelo do Ártico para enfatizar a velocidade e o poder do aquecimento global. De acordo com a agência espacial, desde o final dos anos 1970, o gelo recuou em 12% por década, piorando a partir de 2007. O mês de maio deste
ano teve a terceira menor extensão de gelo no mar durante para essa época do ano.
A publicação explica que, à medida que a camada de gelo fica mais fina com o derretimento, a luz solar é capaz de penetrar com mais facilidade o gelo restante e aquecer as águas mais profundas do oceano, acelerando ainda mais o processo.
National Geographic afirmou que espera que o próximo altas possa conscientizar seus leitores para a real dimensão do aquecimento global.
O Globo.com




O ano dos cometas

O cometa Siding Spring

Por ordem dos acontecimentos.
No começo de agosto, a sonda Rosetta deve, finalmente, se encontrar com o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko após dez anos de manobras e espera em hibernação. Eu já escrevi outras vezes sobre a missão, mas só para relembrar rapidamente, a sonda ficou 10 anos no espaço, executando manobras orbitais para se aproximar do cometa 67/P. Ela passou a maior parte desse tempo em hibernação, mas no início desse ano foi acordada, pois já estava chegando a hora de trabalhar.
No começo deste mês, seus instrumentos já estavam todos operacionais e testados, registrando o aumento da atividade do núcleo, já que ele está se aproximando do Sol. Nos últimos dias, começaram os estudos científicos, propriamente ditos. Entre os meses de junho e agosto, a Rosetta fará as manobras de inserção em uma órbita em torno do núcleo. No dia 6 de agosto, a distância chegará a 100 km e, a partir daí, o mapeamento do cometa é que vai decidir a melhor estratégia para uma última aproximação.
Chegando mais próximo, a Rosetta deve disparar a sonda Filas, que vai pousar suavemente no núcleo. Sua missão deve durar pelo menos uma semana, podendo chegar a 6. Esse é o feito mais aguardado desde que o projeto todo foi concebido há mais de duas décadas. Ancorada por dois arpões, a sonda deve executar medidas diretas do material do núcleo, bem como registrar como ele reage ao aumento da temperatura, conforme a cometa se aproxima do Sol.
Só que vai chegando o momento do pouso e o 67/P começa a mostrar surpresas à la ISON. O aumento da atividade nuclear observada nas últimas semanas parece ter parado. Na verdade, o núcleo do cometa perdeu a coma, o envoltório de gases produzido pela evaporação dos gelos cometários. Não que isso seja surpreendente, mas o mais comum é o contrário.
Por um lado, isso pode ser bom. Se o núcleo estiver muito ativo no momento da aproximação final, a quantidade de pedaços de rocha e gelo ejetados no espaço vai pôr a missão em perigo. Enquanto isso não acontece, vamos aguardar as imagens em alta resolução do núcleo que, sem a coma, devem ser fantásticas em detalhes.
Já mais para o final do ano, teremos outro cometa no noticiário. Trata-se do Siding Spring.
Esse cometa, o primeiro a ser descoberto em 2013, vai dar um “rasante” em Marte. Ele vai passar tão perto de Marte que os engenheiros da NASA tiveram que fazer cálculos e simulações para saber como as sondas em órbita seriam afetadas. Os resultados, anunciados essas semana, mostram que elas devem sobreviver sem maiores danos.
Além desse interesse técnico, o Siding Spring chama a atenção pelo lado científico. É a primeira vez que esse cometa passa pelo Sistema Solar. Além de estar cheio de gelos, ele traz material ainda “intocado” do Sistema Solar exterior. Ou seja, material que ainda não foi exposto à radiação solar. Este é, literalmente, uma amostra intocada do material que formou o Sistema Solar.
A rede de satélites em órbita de Marte está sendo reprogramada para observar o Siding Spring de um ponto de vista privilegiado. As câmeras de alta resolução, projetadas para observar a superfície marciana em detalhes, devem dar show com o cometa, já que ele deve passar a meros 123 mil km no dia 19 de outubro. Isso é quase um terço da distância entre a Terra e a Lua.
As pesquisas já até começaram. Esta semana, imagens obtidas pelo satélite Swift da NASA, que além de observar as explosões de raios gama, tem um telescópio para observar no ultravioleta e no óptico, mostraram como está seu núcleo. Apesar de não poder detectar as moléculas de água diretamente, o Swift pode observar os subprodutos da sua destruição pela radiação solar.
Os resultados apontam que o núcleo do cometa tem 700 metros de tamanho, o que o coloca na parte de baixo da categoria média para cometas. Mais ainda, de acordo com a taxa de produção dos subprodutos da destruição das moléculas de água, o Siding Spring deve estar produzindo algo como 49 litros de água por segundo. Isso não é lá grande coisa, mas daria para encher uma piscina olímpica em 14 horas.
No dia da máxima aproximação, quatro satélites estarão operacionais em Marte e todos eles devem não só estudar o cometa, mas também a interação dos gases dele com a atmosfera do planeta.
G1

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Turismo crescente prejudica biodiversidade da Antártica

Port Lockroy, Antártida. De 1990 até hoje, o número de turistas no continente passou de 5.000 para 40.000 por ano

Os cientistas que estudam a Antártida advertem que o número crescente de turistas no continente representa uma ameaça ao seu frágil ecossistema. Em um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Plos Biology, eles pedem mais proteção para a fauna e flora do local.
De 1990 até hoje, o número de turistas passou de 5 000 para 40 000 por ano, segundo dados da indústria do setor. A maioria visita áreas sem gelo, que constituem menos de 1% da Antártida. Também estão em construção instalações de pesquisa, estradas e depósitos de combustíveis nestas áreas minúsculas, onde o gelo desapareceu. Tais regiões abrigam a maior parte da fauna e da flora do continente e são as menos protegidas do planeta, segundo um estudo do National Environmental Research Programme, financiado pelo governo e a divisão australiana da Antártida.
"Muita gente pensa que o continente está bem protegido das ameaças à biodiversidade porque é isolado e (quase) ninguém mora lá, mas nós demonstramos que as ameaças existem", escrevem os autores no estudo. "Apenas 1,5% da zona sem gelo é especialmente protegida.
Invasão externa — Steven Chown, da escola de Ciências Biológicas da Universidade de Monash, na Austrália, que colaborou na pesquisa, disse que as áreas sem gelo têm ecossistemas muito básicos, devido à escassa diversidade do continente. Isto torna a fauna e a flora nativas vulneráveis à invasão de espécies de fora, que podem ser introduzidas pela atividade humana. "A Antártida foi invadida por plantas e animais, sobretudo vegetais e insetos de outros continentes", acrescentou.
O estudo destacou que o nível atual de proteção é "muito inadequado" e é necessário fazer mais para proteger a região do crescimento registrado na indústria turística. "(Precisamos) proteger os insetos, as plantas e os pássaros marinhos endêmicos, que não existem em nenhum outro lugar do mundo, e garantir que as zonas protegidas da Antártida não vão sofrer os efeitos da atividade humana, como a contaminação, a presença humana ou espécies invasoras", afirmam os autores.
A Antártida é considerada uma das últimas fronteiras para os aventureiros. A maioria viaja em navios e chega a pagar até 20.000 dólares por um camarote de luxo na alta temporada, que se estende de novembro a março. Também há um mercado ascendente de voos panorâmicos que têm o continente gelado como destino.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Garoto cria sistema que limpa metade do Pacífico em 10 anos

O holandês Boyan Slat, que criou a Ocean Cleanup


O rapaz da foto acima tem apenas 19 anos, mas é responsável por um plano ambicioso apoiado por mais de 100 pesquisadores, cientistas e ambientalistas.
O holandês Boyan Slat criou a Ocean Cleanup, uma tecnologia capaz de limpar o lixo do Oceano Pacífico em uma década.
O sistema funciona como uma barreira flutuante que aproveita as correntes oceânicas para bloquear os resíduos encontrados no mar.
Nos testes com um protótipo, a barreira foi capaz de coletar plásticos em até três metros de profundidade.
O sistema também recolheu pouca quantidade de zooplâncton, o que facilita o reaproveitamento e a reciclagem do plástico.
A estimativa é de que o sistema remova 65 metros cúbicos de lixo por dia.
Slat teve a ideia anos atrás, quando mergulhava na Grécia e viu mais garrafas de plástico do que peixes.
Desde então, desenvolveu a tecnologia, montou um site com todas as especificações, fez um estudo de viabilidade e uma campanha para financiar sua ideia.
A primeira apresentação da tecnologia aconteceu em um TEDx na Holanda há dois anos. Sua ideia não foi bem recebida por todos.
Como resposta, Slat e uma equipe de pesquisadores fizeram um relatório com 530 páginas, em que justificavam a viabilidade do projeto.
O próximo passo é testar o sistema em larga escala e aumentar a produção do sistema. Para isso, ele busca financiamento coletivo. A meta é conseguir 2 milhões de dólares em 100 dias.
Ela já conseguiu 30% da meta em 14 dias.
Abaixo, o vídeo ilustrativo
Exame.com 

THE OCEAN CLEANUP - Feasibility Study


Chance de ocorrência de "El Niño" se mantém em 70%

O escritório de meteorologia da Austrália disse que a chance de formação de El Niño permanece em 70 por cento, embora a agência tenha afirmado que alguns sinais indicativos associados ao padrão climático tenham perdido força nas últimas semanas.
"Ainda acreditamos na probabilidade do El Niño", disse Andrew Watkins, supervisor de previsão climática do Escritório de Meteorologia da Austrália.
"Mas observações recentes podem sugerir um El Niño mais tardio e talvez uma chance reduzida de um forte El Niño como o que vimos em 1997/98." O escritório disse que o aquecimento do oceano diminuiu, ante observações anteriores a eventos prévios de El Niño, quando as temperaturas continuaram subindo.
A agência também disse ter observado um valor positivo recente do Southern Oscillation Index --um indicador de flutuações em larga escala na pressão atmosférica entre a parte oeste e leste do Pacífico tropical.
Valores positivos estão relacionados a um frio atípico nas águas oceânicas na parte leste tropical do Pacífico, o que geralmente está associado ao evento climático oposto, o La Niña.
Entretanto, apesar do enfraquecimento de alguns indicadores, o escritório australiano disse que ainda espera um El Niño na primavera do hemisfério sul em 2014. O El Niño --um aquecimento das temperaturas no Pacífico--afeta os padrões de ventos e pode ser o gatilho tanto para enchentes como para a seca em diferentes partes do globo, afetando a agricultura e a oferta de alimentos.
Os departamentos climáticos dos Estados Unidos e do Japão também esperam o desenvolvimento do El Niño.
Exame.com

terça-feira, 17 de junho de 2014

Obama propõe a criação da maior zona marinha protegida do mundo




Sob o princípio de que a proteção dos oceanos é uma questão de "segurança internacional”, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu esta terça que "os esforços sejam redobrados" sobre a questão e anunciou sua intenção de usar seus poderes executivos para ampliar substancialmente um santuário marítimo no Oceano Pacífico.
Trata-se da segunda vez em menos de um mês que Obama recorre a sua capacidade de emitir decretos – o que permite evitar passar pelo Congresso, que tem parado muitas de suas políticas, ambientais e de outro tipo – para lutar contra a mudança climática, uma das prioridades de seu segundo mandato. No começo do mês, disse que faria uso de seus poderes executivos para aprovar medidas que permitam reduzir em 30% as emissões de CO2 e outros contaminantes das centrais energéticas em 2030 em relação aos níveis de 2005.
O novo objetivo de Obama é a zona denominada Monumento Nacional Marinho das Ilhas Remotas do Pacífico, uma área protegida que criou seu predecessor na Casa Branca, George W. Bush, em 2009.
Em uma mensagem difundida esta terça durante a conferência dos Oceanos, celebrada pelo Departamento de Estado desde segunda-feira com a participação de 400 políticos e especialistas de 80 países, Obama adiantou que seu governo "considerará de imediato como se pode expandir" esta zona protegida, embora não tenha dado detalhes nem um prazo de tempo para emitir o decreto com o qual pretende dar forma a seus planos.
No entanto, o jornal The Washington Post, que afirma ter obtido detalhes da proposta, afirma que o objetivo é ampliar significativamente a área protegida das águas adjacentes a sete ilhas e atóis controlados pelos EUA e situados no Pacífico entre o Havaí e as Ilhas Marianas.
Assim, se atualmente  225.300 quilômetros quadrados de águas ao redor dessas ilhas estão protegidos, a proposta de Obama ampliaria essa área a mais de dois milhões de quilômetros quadrados ao redor de cada território, segundo o jornal.
Entre os assistentes da conferência estava o ator Leonardo DiCaprio, um ecologista convencido que elogiou a iniciativa de Obama como um primeiro passo que exige “muito mais” em nível global para afrontar uma crise que, advertiu, não é só ecológica, mas que também afeta milhões de pessoas que dependem da pesca. “Estamos saqueando o oceano e seus recursos vitais”, criticou Di Caprio, que lamentou a falta de esforços para que se cumpram as leis que protegem os oceanos. “É o velho oeste selvagem em alto mar”, disse descrevendo a situação.
As ilhas que serão beneficiadas pela iniciativa de Obama são Wake Island, Jarvis Island, Howland Island, Baker Island, Kingman Reef e os atóis de Palmyra e Johnston. “Essa zona é o mais parecido que já vi a um oceano impoluto", disse ao jornal o investigador espanhol Enric Sala, que trabalha a National Geographic e estuda os corais e atóis dessa área desde 2005.
Além do mais, Obama emitiu um "memorando" ordenando que as agências federais competentes, desde o Departamento de Justiça ao de Agricultura ou o Escritório de Representação Comercial, que desenvolvam um "programa integral" que permita frear a pesca ilegal, a fraude no comércio de mariscos e peixes, além de sua venda no mercado global.
O mercado negro de peixes compreende até 20% da pesca selvagem anual e custa à indústria pesqueira legal até 23 bilhões de dólares (51 bilhões de reais), apontou a Casa Branca, que também se comprometeu a estudar a forma de criar novos santuários marinhos e adotar medidas para restaurar as barreiras naturais que protegem as comunidades costeiras.
"Já demonstramos que quando trabalhamos juntos, podemos proteger nossos oceanos para as gerações futuras. Por isso, devemos redobrar nossos esforços", falou Obama em sua mensagem à conferência liderada por seu secretário de Estado, John Kerry. Este, por sua vez, sublinhou que a chave para combater a mudança climática reside em "mudar a vontade política" e começar a tomar decisões concretas como as anunciadas durante a conferência.
El País.com

As estrelas-do-mar estão derretendo - cientistas não sabem porquê

Cientistas estão intrigados com a morte de milhões de estrelas marinhas na costa oeste da América do Norte, do México até o Canadá, passando pelos EUA. Os animais, aparentemente, estão sendo acometidos por uma doença misteriosa que os faz dissolver em uma gosma esquisita. Chris Harley, um ecologista marinho da Universidade da British Columbia, no Canadá, disse ao site Maclean's que chegou a encontrar de 500 a mil estrelas marinhas dissolvidas em um passeio de 50 metros pela praia.
A epidemia desconhecida está afetando várias espécies de estrelas marinhas, e a Oregon State University, nos EUA, está falando em uma "epidemia de magnitude histórica" que ameaça causar a morte de toda a população de estrelas-do-mar ocres da costa do estado, já que 30% a 50% dos animais na região estariam infectados com a doença. Biólogos de Universidades norte-americanas dizem não ter ideia sobre o que estaria causando a morte dos animais, e que eles parecem estar "apodrecendo".
A epidemia parece ter começado no ano passado, e há outros episódios na história que relatam mortes massivas de populações inteiras de estrelas marinhas, mas esse parece ser o maior. Entre 1983 e 1984 e 1997 e 1998 ocorreram dois grandes incidentes parecidos, mas eles foram causados pelo aquecimento das águas, o que não parece ser o caso dessa vez.
Cientistas estão considerando hipóteses diversas, que vão desde a radiação emitida pela usina nuclear de Fukushima até poluição química, infecções bacterianas, virais ou os dois. O aquecimento global também foi considerado, mas não se sabe nada sobre o agente patogênico que está causando a epidemia.
Estrelas-marinhas se alimentam de diferentes tipos de ostras, e as populações desses moluscos sairiam de controle sem seus predadores naturais. E o pior: a coisa parece estar se espalhando tão rápido pela costa oeste do continente norte-americano que o relógio corre ainda mais rápido para os biólogos que estão tentando entender o que já se considera uma das maiores tragédias ambientais da história.
Galileu.com

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Negociação climática da ONU para acordo sobre emissões tem avanço


As negociações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima tiveram um pequeno progresso neste sábado (14) em direção a um texto para um acordo em 2015 que una todos os países para reduzir as emissões dos gases do efeito estufa.
O debate, que estava se encaminhando para um desfecho neste sábado, atraiu cerca de 1.900 diplomatas de 182 países até Bonn, na Alemanha. O objetivo era alinhar o que seus líderes estarão dispostos a assinar no próximo ano para combater as emissões, que cientistas, apoiados pela ONU, dizem que causarão inundações mais graves, secas e elevações do nível do mar.
Negociadores e observadores disseram que sinais de ações da China e dos Estados Unidos, os dois maiores emissores do mundo, tinham aumentado as esperanças, mas alertaram que as negociações poderiam não dar certo a não ser que os países ricos invistam bilhões de dólares em ajuda para os países mais pobres até o fim do ano.
“Estamos chegando ao ponto em que todas as partes têm uma sensação de confiança de que podemos agir em conjunto para combater a mudança climática, mas minha maior preocupação é o dinheiro”, disse Seyni Nafo, um enviado do Mali, representando um bloco negociador de mais de 50 países africanos.
Os países desenvolvidos concordaram em 2009 em aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento para 100 bilhões de dólares por ano até 2020, mas o “Fundo Climático Verde” da ONU criado para canalizar as linhas de fundos está vazio depois do seu lançamento, no mês passado.
Nafo disse que entre 7 e 8 bilhões de dólares prometidos eram necessários até o fim do ano para iniciar projetos como a instalação de sistemas de energia solar ou esquemas de segurança para ajudar produtores a lidar com a perda nas safras.
G1

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Frase

Foto

Terra pode ter reserva subterrânea de água três vezes maior que os oceanos

A água estaria presa em um mineral chamado ringwoodite
Cientistas descobriram que uma vasta reserva de água, suficiente para encher os oceanos da Terra três vezes, pode estar confinada centenas de quilômetros abaixo da crosta terrestre. A novidade, publicada nesta sexta-feira na revista Science, pode transformar o que se sabe atualmente sobre a formação do planeta.
A água estaria presa em um mineral chamado ringwoodita, cerca de 660 quilômetros abaixo da superfície. Devido à estrutura de cristal, esse mineral atrai hidrogênio e retém a água. Steve Jacobsen, pesquisador da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e coautor do estudo, disse ao jornal britânico The Guardian que se 1% do peso das rochas localizadas na zona de transição (parte do manto terrestre, que fica abaixo da crosta, a superfície) for de água, essa quantidade seria equivalente a quase três vezes a dos oceanos.
A descoberta indica que a água da Terra pode ter vindo de seu interior, levada à superfície pela atividade tectônica, em vez de depositada por cometas que atingiram o planeta durante sua formação, como afirmam as teorias atuais. "Eu acredito que estamos finalmente vendo evidências de um ciclo da água completo na Terra, que pode ajudar a explicar a vasta quantidade de água líquida na superfície do nosso planeta. Os cientistas têm procurado essas águas profundas há décadas", disse o pesquisador.
A pesquisa foi feita com base em dados do USArray, uma rede de sismógrafos americana, que mede as vibrações de terremotos. Para Jacobsen, essa água oculta pode servir como apoio para os oceanos na superfície, o que explicaria por que eles se mantiveram do mesmo tamanho por milhões de anos.
Veja.com

Mudança climática pode causar guerra por comida entre pinguins

Exemplar de pinguim-papua é visto na Baía do Almirantado, região onde está abrigada a Estação Antártica Comandante Ferraz (Foto: Eduardo Carvalho/G1)

As espécies de pinguins da Antártica, que no passado se beneficiavam da elevação as temperaturas, agora estão em declínio porque o aquecimento avançou demais, afirmaram cientistas nesta quinta-feira (12). Estudos científicos anteriores não haviam conseguido determinar o declínio das populações de pinguins-de-adélia e de pinguins-antárticos, enquanto a de pinguins-de-papua aumenta.
No novo estudo, biólogos afirmaram que todas as três espécies se expandiram depois da última Era do Gelo, que terminou por volta de 11 mil anos atrás, mas as temperaturas em elevação vistas hoje estão ameaçando sua fonte de alimentos.
Havia menos gelo em volta da Antártica, o que era bom para esses pinguins, pois criou novos hábitats", declarou Gemma Clucas, do Departamento de Ciências da Terra e Oceano de Southampton.
"No entanto, o que vimos agora é que as mudanças climáticas estão resultando em menos gelo ainda e que isto agora é muito ruim para os pinguins-de-adélia e antárticos, porque eles não têm mais comida suficiente", acrescentou.
Essas espécies comem, sobretudo, krill, pequenos crustáceos similares ao camarão, que se alimentam, por sua vez, de algas sob o gelo em declínio. Já os papua têm uma dieta mais variada, que inclui peixes e lulas, menos afetadas pelos mares mais quentes.
"O que estamos vendo é um 'reverso de fortunas', em que o aquecimento crescente não é mais tão bom para duas das três espécies de pinguins da península antártica", acrescentou o coautor, Michael Polito, do Instituto Oceanográfico Woods Hole.
"Essa pesquisa mostra com clareza como uma única mudança ambiental, neste caso o aquecimento, pode ter consequências diferentes com o passar do tempo", continuou.
O estudo foi publicado no periódico "Scientific Reports", uma publicação da revista "Nature".
G1

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Esta sexta-feira 13 será de Lua Cheia

O Cristo Redentor 'envolvido' pela Lua Cheia Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Vai ser um encontro entre Jason e o Lobisomen, um dia depois do Dia dos Namorados e da estreia da seleção na Copa do Mundo do Brasil. A noite desta sexta-feira, 13 de junho, terá Lua Cheia, algo que não acontece em junho desde 1919, segundo cientistas. A última vez em que a coincidência ocorreu foi em outubro de 2000. A próxima vez seria em agosto de 2049, de acordo com diferentes sites ligados a astronomia.
Será um mistura de muitas superstições. As origens da fama de azarenta da sexta-feira 13 são nubladas, ninguém sabe ao certo quando a reputação começou. Mas há indícios claros da sua influência no mundo. Um centro de estudos sobre estresse na Carolina do Norte, nos EUA, estima que até 21 milhões de pessoas naquele país têm medo dessa data. E já foram feitos estudos dando conta de que a economia americana perde milhões de dólares porque muita gente deixa de viajar nesse dia.
A Lua Cheia também sempre foi cercada de mitos, desde as culturas mais antigas. Algumas teorias sugerem que o satélite atua sobre o humor das pessoas da mesma forma como influencia as marés, porque mexeria com a água do nosso corpo. Em 2007, a polícia na cidade britânica de Sussex chegou a reforçar o patrulhamento das ruas porque verificou um aumento na criminalidade durante as noites de Lua Cheia. E em diversos hospitais pelo mundo as equipes relatam mais acidentes quando o satélite está na sua fase mais "iluminada".
Para os românticos e otimistas, entretanto, o mais importante é que a sexta-feira é um dia ideal para se aproveitar a noite de Lua Cheia. Estas pessoas podem fazer seus planos despreocupadas: a previsão meteorológica para amanhã é de céu limpo.


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Peixes amenizam mudanças climáticas



Da próxima vez que você for jantar peixe, considere que sua refeição provavelmente te mais valor financeiro como dispositivo de captura e armazenagem de carbono.
Ao atribuir valores em dinheiro ao carbono armazenado em ecossistemas oceânicos, dois relatórios científicos recentes estão tentando fazer países reconsiderar o verdadeiro valor de suas atividades de pesca.
O primeiro deles, uma nova avaliação apoiada pela Comissão Oceânica Global, estima de maneira aproximada que peixes e outras formas de vida aquática em alto mar absorvem dióxido de carbono suficiente para poupar entre US$74 e US$222 bilhões em danos climáticos anuais.
Um segundo estudo publicado recentemente descobriu que, todos os anos, peixes das profundezas do mar no litoral do Reino Unido e da Irlanda capturam e armazenam uma quantidade de emissões de gás carbõnico com valor estimado entre €8 e €14 milhões no mercado europeu de carbono, ou cerca de US$20 milhões.
Cientistas responsáveis pelos dois relatórios alertaram que atividades de pesca e mineração põem em risco a capacidade oceânica de fornecer um recurso massivo e totalmente natural para armazenar carbono.
“Peixes são muitoimportantes para o ciclo global de carbono, mas eles são muito negligenciados”, declara Clive Trueman, da University of Southampton, principal autor do estudo sobre peixes das profundezas.
“Eu realmente acho que para usar nossos oceanos de maneira razoável, precisamos observar todos os serviços que eles fornecem e então identificar os que mais contribuem para o bem-estar humano, e tentar encorajá-los”, adiciona Rashid Sumaila, professor e diretor da unidade de pesquisa econômica de pescarias da University of British Columbia, coautor do relatório da Comissão Oceânica Global.

Sequestro nas salgadas profundezas

O primeiro estudo, conduzido pela University of Southampton no Reino Unido e no Instituto Marinho da Irlanda, traz pistas sobre como – e em que profundidade – peixes das profundezas contribuem para a capacidade oceânica de sequestro de carbono.
O fitoplâncton, constituído de minúsculos organismos que compõem a base da cadeia alimentar do ecosistema oceânico, absorve bilhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos. Mas Trueman explica que, como o fitoplâncton vive perto da superfície oceânica, grande parte dos gases de efeito estufa retorna para a atmosfera se eles não forem consumidos por outros organismos marinhos.
Todas as noites,populações imensas de peixes vão até a superfície para se alimentar de fitoplâncton, retornando para as profundezas mais frias do oceano durante o dia. Mas essas espécies não se aventuram fundo o bastante para manter o carbono nas profundezas oceânicas por longos períodos. É aí que entram espécies de peixes assustadores e difíceis de estudar que vivem milhares de metros abaixo
Ao analisar amostras musculares de peixes das profundezas coletadas na encosta continental Reino Unido-Irlanda, Trueman e seus coautores descobriram evidências de que eles nadam até a superfície e consomem as espécies devoradoras de fitoplâncton que estão em migração com mais frequência do que se pensava.
“Esses peixes predadores estão basicamente capturando animais em migração e armazenando esse carbono ao matá-los e mantê-los nas profundezas”, explica Trueman. “É só após o carbono fixado pelo fitoplâncton chegar a 100 ou 200 metros de profundidade que ele fica retido e impedido de  retornar à atmosfera”.
Com base em pesquisas anteriores de populações de peixes das profundezas, os pesquisadores estimaram que esses peixes capturam e armazenam um milhão de toneladas métricas de dióxido de carbono das águas superficiais da Irlanda e do Reino Unido todos os anos.
“Nós realmente não sabemos muito sobre eles, e mesmo assim eles fazem algo muito útil para nós”, apontou Trueman.

Serviços valem mais que peixes?

O relatório da Comissão Oceânica Global calcula que organismos oceânicos que vivem em alto mar – águas fora das zonas econômicas de nações específicas –absorvem 1,5 bilhão de toneladas métricas de dióxido de carbono da atmosfera todos os anos.
Sumaila e seus coautores usaram as estimativas para o custo social do carbono realizadas pelo Grupo de Trabalho Interagências do Governo Federal dos Estados Unidos para chegar ao valor médio de US$148 bilhões.
Com esse número, o relatório alega que pode fazer sentido proibir completamente a pesca em águas internacionais. O valor total de peixes capturados em alto mar todos os anos chega a US$16 bilhões.
O alto mar compõe cerca de 60% dos oceanos do planeta. Mesmo assim, o relatório afirma que essas vastas águas são adminsitradas por uma complexa e ineficaz rede de órgãos internacionais. Cardumes de peixes em águas internacionais são superexplorados e provavelmente prejudicam pescarias litorâneas, adiciona o documento.
Como resultado, nações que participaram da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, em 2012,encarregaram as Nações Unidas de desenvolver um melhor plano de administração para o alto mar. O relatório da Comissão Oceânica Global, que será formalmente lançado no fim do mês, deve influenciar esse processo.
Sumaila aponta que o valor de US$148 bilhões é apenas uma aproximação, e que a estimativa vai de US$74 a US$222 bilhões, uma diferença bastante vasta.
“Nossas estimativas de captura e armazenamento de carbono em alto mar são preliminares e estão necessariamente sujeitas a um grande nível de incerteza”, informa o relatório, principalmente porque os mecanismos por trás da transferência de carbono no oceano ainda não são completamente compreendidos.
Mas Sumaila adiciona: “a incerteza é grande, mas as consequências também podem ser muito grandes”.
Scientific American

Nasa deve levar humanos a Marte em 2037


De acordo com um relatório publicado em 4 de junho pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, para reviver o programa espacial tripulado por humanos será necessário ir para Marte. O documento oferece três possíveis rotas para o planeta vermelho – e alerta que chegar até Marte exigirá que a Nasa repense como planeja suas missões.
Continuar no curso atual da agência é “um convite ao fracasso, à desilusão, e ao fim do reconhecimento internacional de que voos espaciais tripulados são o que os Estados Unidos fazem melhor”, declara o relatório.
A rota mais curta até Marte apontada no relatório começaria com uma jornada para recuperar um pequeno asteroide na órbita terrestre próxima – um objetivo apoiado pelo presidente Barack Obama – seguida por uma missão até as duas luas de Marte, e então por uma viagem para o planeta propriamente dito.
Esquemas mais complicados envolveriam parar em uma área gravitacionalmente estável entre a Terra e a Lua chamada de Ponto de Lagrange L2, em um asteroide no espaço profundo ou na superfície da Lua a caminho de Marte.
Os planos do relatório colocariam humanos em Marte entre 2037 e 2050 a um custo de centenas de bilhões de dólares e “riscos significativos à vida humana”. Chegar ao Planeta Vermelho exigiria décadas de financiamento para o programa de voos espaciais da Nasa em um nível que supere a taxa de inflação, encerrando 30 anos de orçamentos para missões tripuladas.
“Nós jamais chegaremos a Marte se não adotarmos uma maneira radicalmente diferente de fazer negócios” alerta Mitch Daniels, presidente da Purdue University em West Lafayette, no estado de Indiana, e co-diretor do comitê que escreveu a análise.
A Nasa, que aposentou o ônibus espacial em 2011, agora depende de foguetes russos para carregar seus astronautas até a Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês). A agência espacial está desenvolvendo um novo e poderoso veículo de lançamento, o Sistema de Lançamento Espacial, e uma espaçonave adicional, a Orion, para missões tripuladas ao espaço profundo. Seu primeiro voo está programado para 2017.
Mas o objetivo final do programa de exploração espacial tripulada da agência está em transição. Em 2010, Obama cancelou planos de levar astronautas americanos novamente à Lua até 2020. Em vez disso, o presidente apoiou uma missão para recuperar um asteroide e rebocá-lo até a órbita da Lua para mais estudos. De acordo com a Nasa, isso permitirá que tripulações treinem manobras no espaço profundo, com a esperança de levar humanos a Marte até a década de 2030, mas o plano gerou o ceticismo de cientistas e legisladores que duvidam de seu valor e viabilidade.
De maneira geral, a análise “certamente é uma acusação do plano atual”, aponta John Logsdon, historiador e especialista em política espacial da George Washington University em Washington, capital. “Se esta nação quiser enviar humanos para além da órbita baixa da Terra, não poderá continuar assim”.
O novo relatório favorece um retorno à Lua, argumentando que a superfície lunar tem “vantagens significativas” como primeiro passo no caminho para Marte. Usar a Lua também alinharia os objetivos dos Estados Unidos com os de seus parceiros espaciais históricos, incluindo a Agência Espacial Europeia, observa Marcia Smith, analista de programas espaciais e fundadora do SpacePolicyOnline.com, com sede em Arligton, na Virgina.
Mark Sykes, chefe executivo do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, no Arizona, declara estar decepcionado com o comitê do relatório porque seus membros não assumiram uma visão mais radical, como explorar uma combinação de missões robóticas e tripuladas ou até propor o desenvolvimento de uma colônia em Marte.
De acordo com Sykes, planejar uma visita curta à superfície do planeta vermelho é um beco sem saída. “Receio que o fracasso em fazer as perguntas difíceis, o fracasso em ser audacioso, poderia resultar no fim no programa de exploração espacial tripulado”, conclui ele.
Scientific American


terça-feira, 10 de junho de 2014

Frase

Foto

De onde vem a água quente que derrete o Ártico?

A água do rio Mackenzie, no Canadá, em 14 de junho de 2012, começa a quebrar a geleira no litoral (Foto: Nasa)

Um novo estudo feito pela Nasa, agência espacial americana, mostra como a água dos rios que desaguam no Oceano Ártico ajudam a derreter as geleiras flutuantes da região.

No dia 5 de julho de 2012, a geleira já está transformada em bloquinhos flutuantes no Ártico (Foto: Nasa)

As fotos acimas exibem o delta do rio Mackenzie, no Canadá. A mais do alto é de 14 de junho de 2012. A de baixo, de 5 de julho. As imagens mostram como a descarga de água barrenta (mais marrom) ajuda a desintegrar a camada de gelo junto à costa. Naquele ano, o Ártico bateu o recorde de derretimento desde que as medições de satélite começaram, 35 anos antes.
O trabalho da água doce para quebrar o gelo fica mais claro nas fotos abaixo. Elas mostram o mesmo lugar nos mesmos dias. Só que suas cores foram alteradas para exibir as diferenças de temperatura. O azul mais escuro são águas (ou gelo) a até 2 graus centígrados negativos. O mais claro indica água a até 15 graus centígrados.
As cores alteradas mostram com a água do rio é mais quente do que a do oceano. O azul mais escuro são águas (ou gelo) a até 2 graus centígrados negativos. O mais claro indica água a até 15 graus centígrados. (Foto: Nasa)

A imagem de 5 de julho mostra como a água mais quente do rio (em azul mais claro) se espalha pelo oceano próximo (Foto: Nasa)

Pelas fotos de temperatura, é possível ver mais claramente como a descarga de água quentes do rio contribuem não só para quebrar o gelo flutuante como para mudar a temperatura da água do mar na região.
A perda de gelo flutuante do Ártico é parte dos efeitos das mudanças climáticas. Essa perda não contribui diretamente para a elevação do nível do mar no planeta. Mas a redução na área branca que reflete a luz do sol aumenta a absorção de calor do mar. Com o encolhimento do Ártico, o Hemisfério Norte virou um aquecedor da Terra. Além disso, a água do mar mais quente ajuda a desestabilizar geleiras ancoradas na rocha, como as da Groenlândia. E essas, sim, derretem e mudam o nível do mar.
Época.com

Um forte El Niño pode fazer o calor bater recordes no fim do ano

Comparação do Oceano Pacífico em maio de 1997 e de 2014. As áreas vermelhas mostram água mais quente e nível do mar mais alto. Indicam um El Niño em formação. (Foto: Nasa)
Os cientistas estão observando sinais da chegada de um forte El Niño. O fenômeno faz parte do ciclo de variação de temperatura do oceano Pacífico. Durante o El Niño, a faixa equatorial do Pacífico fica mais quente. Durante a fase contrária, chamada La Niña, o Pacífico fica mais frio.
Essa variação de temperatura do oceano tem impacto pesado no clima do mundo todo. Os anos de El Niño tendem a ser mais quentes para a atmosfera. No Sul do Brasil, há verões mais chuvosos. No Sudeste, chuvas fora do padrão. Se a tendência se confirmar, pode significar que a Terra vai bater mais recordes históricos de calor.
A imagem acima é uma comparação das temperaturas do Pacífico em maio de 1997 (a esquerda) e maio de 2014 (a direita). Os trechos em vermelho mostram onde o mar está mais quente e mais alto do que a média. As áreas em azuis mostram onde ele está mais frio e mais baixo. O nível do mar tem relação com a temperatura. Na medida que a água do oceano esquenta, a superfície se eleva. Se esfria, ela desce.
A comparação entre os dois anos revela semelhanças. "O que estamos vendo agora na região tropical do Oceano Pacífico parece similar às condições do início de 1997", diz Eric Lindstrom, oceanógrafo da Nasa (agência espacial americana), responsável pelas imagens."Se isso continuar, poderemos ter um forte El Niño no outono. Mas não há garantias." O outono de Eric lá na Nasa, no Hemisfério Norte, chega em setembro.
O El Niño de 1997 e 1998 foi marcante. Ele fez as temperaturas subirem no planeta todo. Deu um repique na tendência já existente de elevação das temperaturas com o aquecimento global. Para se ter uma ideia, os registros globais de temperatura começam em 1880, antes da Lei Áurea da Princesa Isabel. Segundo os registros, 9 dos 10 anos mais quentes ocorreram depois do ano 2000, na medida que o aquecimento global elevava as temperaturas na Terra. A única exceção é 1998, porque o El Niño provavelmente turbinou o aquecimento global naquele ano. Se vier por aí um novo El Niño de intensidade semelhante, viveremos um novo patamar de calor a partir do fim deste ano.
Embora nosso dia-a-dia dependa dos humores da atmosfera da Terra, ela é a parte mais insignificante do clima da Terra. O que determina as grandes tendências para o planeta é o comportamento dos oceanos. Nos últimos 12 anos, os oceanos absorveram o excedente de calor do aquecimento global, mantendo as médias anuais de temperatura no patamar mais elevado que se tem registro, mas relativamente estável. Cientistas acreditam que inevitavelmente, em algum momento, esse ciclo de amortecimento do oceano chegará ao fim, e o fundo do mar passará a não mais roubar calor da atmosfera - ou até devolver parte do que foi acumulado sob a superfície. Um El Niño forte agora pode marcar o início dessa nova fase. Se isso ocorrer, enfrentaremos condições climáticas inéditas nos próximos anos.
Época.com