sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Estudo diz que pequenos vulcões podem conter aquecimento global

Vulcão Turrialba visto de Cartago, na Costa Rica: cientistas apontam conexão com aquecimento global
Vulcão Turrialba visto de Cartago, na Costa Rica: cientistas apontam conexão com aquecimento global
 
As erupções de pequenos vulcões poderiam estar retardando o aquecimento global, ao emitir aerossóis de enxofre, que chegam à alta atmosfera e desviam a luz solar para longe da Terra, afirmaram cientistas americanos nesta terça-feira (18).
 Há tempos, os estudiosos sabem que os vulcões são capazes de proteger o planeta do aquecimento global, mas eles não consideravam que pequenas erupções fizessem muita diferença.
 As mais recentes descobertas, publicadas no periódico Geophysical Research Letters, demonstram que pequenas erupções vulcânicas desviaram quase duas vezes mais radiação solar do que se estimava anteriormente.
 "Ao rebater a energia solar que entra de volta para o espaço, partículas de ácido sulfúrico destas erupções recentes poderiam ter sido responsáveis por reduzir as temperaturas globais entre 0,05 e 0,12 grau Celsius desde o ano 2000", destacou o estudo.
 "Estes novos dados poderiam ajudar a explicar porque aumentos nas temperaturas globais diminuíram nos últimos 15 anos, um período denominado de 'hiato do aquecimento global'", prosseguiu.
O ano mais quente já registrado foi 1998 e, embora os últimos anos tenham sido mais quentes que a média do século XX, a escalada íngreme vista nos anos 1990 se estabilizou.
 Várias teorias foram levantadas sobre por que o mundo está vivendo um hiato do aquecimento, entre as quais estão mudanças na forma como o calor é absorvido nos oceanos ou um período de fraca atividade solar.
 A maioria das projeções climáticas não consideram as erupções vulcânicas porque elas são muito difíceis de prever.
 No entanto, acredita-se que grandes ocorrências do tipo, como a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, que emitiu 20 milhões de toneladas métricas de enxofre, tenham tido um impacto no clima mundial.
 David Ridley, um cientista atmosférico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, sentiu que faltava uma peça do quebra-cabeça.
 Segundo o estudo, ele conseguiu encontrá-la na interseção entre a estratosfera e a troposfera, a camada mais baixa da atmosfera, onde ocorrem os eventos climáticos.
As duas camadas se encontram entre 10 e 15 quilômetros acima da Terra e ficam abaixo do alcance da maioria dos satélites.
 "Dados de satélites fazem um grande trabalho ao monitorar as partículas acima dos 15 km, o que é excelente nos trópicos", disse Ridley.
 "No entanto, na direção dos polos, sentimos falta de cada vez mais partículas repousando na baixa estratosfera, que pode chegar até 10 quilômetros", prosseguiu.
 O estudo combinou observações feitas com instrumentos no solo, no ar e no espaço para melhor observar os aerossóis nas partes mais baixas da estratosfera e descobriu que há mais aerossóis do que se pensava anteriormente.
 Especialistas afirmam que, no futuro, os modelos climáticos vão precisar incorporar melhores dados sobre aerossóis, que só podem ser obtidos com um sistema de monitoramento mais robusto para aerossóis estratosféricos.

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