segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Grande Barreira de Corais está ameaçada na Austrália

Golfinhos dançam sobre o Recife Myrmidon. Crédito: Catlin Seaview Survey
 
O estado de saúde da Grande Barreira de Corais inspira sérios cuidados. Apesar de toda a sua fama, de toda a sua importância ecológica e turística, e de ser uma unidade de conservação oficial da Austrália desde 1975 e considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1981, a GBC padece dos mesmos problemas de grande parte dos outros ecossistemas recifais do planeta: pesca ilegal, poluição e outras formas de degradação que emanam das atividades humanas na sua região costeira — incluindo a dragagem de portos e o tráfego de navios cargueiros. Segundo um estudo publicado em 2012 na revista PNAS, a cobertura de coral vivo dos recifes da GBC encolheu 50% nos últimos 30 anos, aproximadamente (era de 28%, caiu para menos de 14%).
Ou seja, o que você vê nas fotos do Catlin Seaview Survey hoje representa apenas metade do que existia de corais na Grande Barreira até pouco tempo atrás, em meados da década de 1980. E o prognóstico para os próximos 30 anos, se as coisas continuarem do jeito que estão, também não é muito animador.
A situação é tão preocupante que a Unesco ameaçou colocar a GBC na lista de “Patrimônios Ameaçados” da humanidade no ano que vem, se o governo australiano não adotar medidas concretas para garantir a sobrevivência dos recifes. O governo ouviu o recado e publicou no mês passado (outubro de 2014) um Plano de Sustentabilidade a Longo Prazo, com uma série de metas e compromissos associados à conservação do Parque Marinho da Grande Barreira de Corais. O problema é que o plano foi massacrado pela comunidade científica logo na sequência. A Academia Australiana de Ciências publicou uma resposta oficial ao projeto, dizendo que a proposta do governo é  tímida e não chega nem perto de garantir a sustentabilidade dos recifes a longo prazo.
“A ciência é muito clara: a Barreira está em estado de degradação e sua condição está piorando. Esse plano não restaura os recifes nem garante a manutenção de seu estado atual, já diminuto”, diz o pesquisador Terry Hughes, em um comunicado divulgado pela Academia. Uma das principais falhas, segundo ele, é que o projeto ignora as novas ameaças trazidas pelo aquecimento global, que incluem a elevação de temperatura e acidificação da água do mar — fatores prejudiciais aos corais.
O plano será submetido à Unesco para análise em janeiro. Fica no mar a pergunta: Como estará a Grande Barreira de Corais daqui mais 30 anos? Quando os astronautas olharem para ela do espaço em 2045, continuarão a ver a maior estrutura viva do planeta, ou apenas o esqueleto do que resta dela? Imagine só.

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