Há décadas, cientistas sabem que a costa noroeste dos Estados Unidos é vulnerável e pode enfrentar um grande tsunami como a que devastou o Japão em março de 2011.
O maremoto poderia ter causado a ruptura da falha de Cascadiam que, com uma largura de 1 mil quilômetros, vai desde a província canadense da Columbia Britânica até o norte da Califórnia. Esta falha se encontra no encontro entre as placas de Juan de Fuca e do Pacífico e é capaz de produzir tremores de uma magnitude superior a nove graus na escala Richter.
Apesar deste risco ser conhecido desde os anos 1980 e saber-se que um tsunami de grande magnitude poderia afetar grandes cidades como Seattle e Portland, ainda não havia sido construído na região uma estrutura para abrigar a população em caso de uma catástrofe desse tipo.
Agora, no condado de Greys Harbour, no sul do Estado de Washington, será erguido o primeiro abrigo contra tsunamis dos Estados Unidos. O "refúgio de evacuação vertical" será erguido no telhado do ginásio a ser construído na escola primária Ocosta e poderá abrigar 1 mil pessoas. O projeto deverá estar concluído em meados de 2015.
Participaram de seu desenvolvimento engenheiros estruturais, oceanógrafos, geógrafos e especialistas de diversas outras disciplinas.
Os cientistas usaram um programa de computador para identificar as áreas do condado de Greys Harbour que seriam mais afetadas por um tsunami gerada por um grande terremoto e, assim, eleger o melhor lugar para a construção do abrigo.
A zona de evacuação no teto do ginásio está a 17 metros acima do nível do mar, acima da altura que o tsunami poderia alcançar nesta região. Também foi calculada a força a qual a estrutura teria que ser capaz de resistir para manter a salvo seus ocupantes. Por isso, o refúgio terá pilares de concreto reforçado com cabos de aço. Construções erguidas no Japão com o mesmo propósito foram usadas como referência.
Riscos
O projeto é um resultado do Programa Nacional de Mitigação de Riscos de Tsunamis, criado em 1996. Uma vez estabelecidos os parâmetros para este tipo de abrigo, foram buscadas as comunidades sob risco de tsunami e que não estão em regiões onde não há elevações geográficas naturais onde a população possa se abrigar.
O projeto é um resultado do Programa Nacional de Mitigação de Riscos de Tsunamis, criado em 1996. Uma vez estabelecidos os parâmetros para este tipo de abrigo, foram buscadas as comunidades sob risco de tsunami e que não estão em regiões onde não há elevações geográficas naturais onde a população possa se abrigar.
Timothy Walsh, do Serviço Geológico de Washington e especialista integrante do programa, explica que o último grande terremoto produzido na falha de Cascadia ocorreu em 26 de janeiro de 1700.
Cientistas calculam que tremores desta magnitude se repetem dentro de um período que varia entre 300 e 700 anos. O tsunami que atingiu o Japão fez com que muita gente se preocupasse com um desastre semelhante nos Estados Unidos.
"Trabalhamos para conscientizar a população de que estes projetos são importantes, mas o problema é que não há dinheiro para financiá-los", diz Walsh.
"Além disso, as pessoas têm memória curta. Muita gente já está se esquecendo que o que ocorreu no Japão em 2011 pode também acontecer aqui. Por isso, é importante construir o primeiro abrigo e mostrar que podemos fazer isso a um custo não muito alto para que outras escolas tenham estruturas desse tipo."
Paula Akerlund, superintendente do distrito escolar de Ocosta, teve que brigar por anos com os moradores da região em um referendo para garantir o financiamento para a construção no ginásio e do abrigo. "Estamos a pouco mais de 1km do Oceano Pacífico e conhecemos o risco", disse ela. "Queríamos ter certeza que a comunidade terá um lugar onde se refugiar caso isso ocorra."
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