segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Acordo de Paris entra em vigor com metas insuficientes para o clima

Estúdio montado ao lado da Torre Eiffel, em Paris, França, para chamar a atenção sobre as mudanças climáticas às v[ésperas da Conferência do Clima de Paris (Foto: Thibault Camus/AP)
 
Pela primeira vez depois de mais de duas décadas de negociações e diplomacia entre países, o mundo tem um tratado global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global. Salaheddine Mezouar, presidente da Conferência do Clima de Marrakesh, no Marrocos, anunciou nesta sexta-feira (4) que o Acordo de Paris entrou oficialmente em vigor.
O Acordo de Paris foi assinado no ano passado, na Conferência do Clima na capital francesa, por todos os países do mundo. Para entrar em vigor, precisava da ratificação dos parlamentos de pelo menos 55 países, representando 55% das emissões. Noventa e sete países já ratificaram. O Brasil ratificou em setembro. A velocidade da ratificação surpreendeu a ONU – é a primeira vez que um tratado internacional entra em vigor em tão pouco tempo.
Mas, se podemos dizer que é uma boa notícia ver os países do mundo enfim assumirem suas responsabilidades com o clima global, por outro lado, as propostas colocadas na mesa ainda estão longe de nos colocar em um caminho seguro.
O Acordo de Paris define que devemos limitar o aquecimento global a 2ºC, fazendo um esforço para que esse aumento seja ainda menor, em 1,5ºC. Vale lembrar que 2015, considerado o ano mais quente da história, já registrou um aquecimento de 1ºC. Um estudo da ONU analisou todas as propostas apresentadas pelos países no acordo e chegou à conclusão que, mesmo se todos cumprirem suas metas, ainda teremos uma quantidade tão grande de emissões de gases de efeito estufa que estaremos a caminho de um aquecimento global de 3ºC até o final do século.
O estudo, chamado de Emissions gap report 2016, comparou as metas de cada país e avaliou quão próximo de cumprir eles estão. Segundo o relato, China, União Europeia e Índia são os que estão mais próximos de atingir seus compromissos. Brasil, Japão, Índia também aparecem bem, mas com algumas dúvidas. Canadá, México, Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul precisarão apresentar mais esforços se quiserem manter suas metas. A situação mais negativa é de Argentina, Arábia Saudita e Turquia – esses países nem sequer apresentaram compromissos para reduzir emissões. A avaliação, no entanto, não analisou a ambição de cada país – ou seja, pode acontecer de que um país esteja perto de cumprir sua meta apenas porque apresentou um compromisso pouco ambicioso.
A partir da semana que vem, em Marrakesh, os representantes dos países se reunirão em nova Conferência do Clima, a COP 22, para avaliar quais serão os próximos passos nas negociações de redução de emissões.
Época.com 

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