quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Estudo sugere que o corpo absorve o BPA, componente do plástico. Há riscos para a saúde?

Plásticos: o BPA, componente presente em embalagens pode ser absorvido pelo organismo (Foto: Thinkstock)
Um estudo da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia sugere que o corpo absorve componentes presentes em materiais plásticos usados para armazenar alimentos, bebidas e produtos de higiene. A substância analisada na pesquisa, chamada bisfenol A (BPA), está no centro de uma controvérsia sobre seus efeitos na saúde. Alguns estudos sugerem que o BPA está associado ao desenvolvimento de obesidade, diabetes, infertilidade e algumas formas de câncer. Um levantamento da agência de vigilância epidemiológica dos Estados Unidos indica que 92% da população americana apresenta níveis de BPA na urina.
No novo estudo, os pesquisadores acompanharam 24 estudantes universitárias, divididas em dois grupos. Um deles recebeu apenas informações sobre as possíveis associações do BPA a doenças. O outro foi orientado a evitar o uso de embalagens plásticas e a dar preferência a recipientes plásticos que não contivessem a substância (eles costumam receber um selo de “BPA free”). Os dois grupos foram acompanhados por três semanas. As participantes fizeram exames de urina antes de começar e depois de terminar o estudo. Os pesquisadores concluíram que as voluntárias que haviam recebido orientações sobre como evitar o BPA no dia a dia tiveram uma redução de 50% de BPA na urina. As participantes do primeiro grupo, que só receberam informações sobre os possíveis efeitos do BPA, apresentaram aumento do componente na urina. Os pesquisadores não sabem explicar por que isso teria acontecido.
Não há consenso científico sobre os efeitos do BPA à saúde. Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou uma reunião com especialista para discutir os riscos da contaminação em seres humanos. Os resultados foram inconclusivos. Por precaução, alguns países da Europa e das Américas proibiram o uso da substância na fabricação de mamadeiras, a fim de proteger crianças pequenas, consideradas as mais vulneráveis pelos especialistas. No Brasil, a proibição, restrita à fabricação de mamadeiras, está vigente desde janeiro de 2012. “É preciso tomar cuidado não só com as mamadeiras e chupetas, mas também com o pratinho de comida e o brinquedinho que o bebê tem contato e põe na boca”, diz Tania Bachega, presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Pesquisas em laboratório mostraram que o BPA atua alterando a distribuição hormonal, bloqueando ou aumentando  a ação de um determinado hormônio. Em mulheres que têm predisposição para desenvolver câncer de mama, por exemplo, o BPA pode provocar a proliferação de células cancerígenas em razão do aumento de um hormônio feminino, o estrogênio. “Os dados em seres humanos são observacionais e não significam causa e efeito”, afirma Tood Hagobian, coautor do estudo recém-publicado.
Estudos realizados pela agência de controle de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drugs Administration (FDA), identificaram que baixas doses de BPA não oferecem risco à saúde. Para compor o relatório, a FDA revisou estudos publicados entre 1º de novembro de 2009 e 23 de julho de 2013. De acordo com o relatório da agência, foram observadas discrepâncias consideráveis nos resultados entre estudos em animais e seres humanos. “O que acontece em um animal não necessariamente acontece no homem”, afirma a endocrinologista Tania Bachega. Outros fatores, como predisposição genética e hábitos alimentares e físicos, também podem influenciar o aparecimento de doenças.
Época.com
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário