segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Amsterdã abrirá mão de gás natural para combater a mudança climática

 
Do carvão ao gás natural, e agora a energia limpa. A prefeitura de Amsterdã deu início a um ambicioso plano de reconversão energética com a finalidade de acabar até 2050 com o uso do gás natural em toda a cidade e torná-la, assim, uma “zona livre de emissões de CO2”. Para cumprir com o previsto no Acordo de Paris (assinado em abril passado), que visa a evitar um aumento de 2 graus da temperatura do planeta, as autoridades holandesas começarão desconectando da rede, em 2017, 10.000 moradias antigas de sua propriedade. Dois bairros novos já foram construídos sem essa infraestrutura, e se espera que, nos próximos quatro anos, cerca de 100.000 moradias já possam utilizar “uma rede alternativa alimentada com a energia que sobra da indústria bem como daquela que é derivada da queima de resíduos em equipamentos específicos”, assinalam seus representantes. Essa modalidade já abastece, hoje, na cidade, cerca de 70.000 imóveis servidos pela Nuon, uma companhia de eletricidade e de gás que atua no país, na Bélgica e no Reino Unido.
Para evitar custos adicionais aos moradores, a prefeitura pediu ajuda ao Estado, que precisa, por sua vez, cumprir com o Pacto Energético Nacional. Acordado em 2013 por mais de 40 instituições, de empresas e sindicatos a organizações de ecologistas e financeiras, ele estabelece, entre outras coisas, uma redução de 1,5% ao ano no consumo de energia. Como hoje em dia as companhias de eletricidade e de energia controlam também os relógios de apuração do consumo e as faturas, além de fazerem grandes investimentos na manutenção da infraestrutura, a mudança terá de ser realizada de forma gradual, para que elas possam participar do processo. Como exemplo da nova forma de ver a questão, a secretaria de Sustentabilidade de Amsterdã lembra que o Jardim Botânico e o museu Hermitage, filial da sede de São Petersburgo, se ajudam um ao outro: o primeiro precisa de calor, que é fornecido pelo segundo, que utiliza mais ar-condicionado. É o ciclo recomendado pelos poderes locais: “aquele que produz calor o devolve para a rede”.
Embora até o momento os novos contratos tenham sido firmados com imobiliárias para facilitar os trâmites, a boa disposição de todas as partes decorre dos problemas para a obtenção de gás natural do Mar do Norte. A Holanda explora ali a maior reserva europeia, mas sua extração produz terremotos de até 4,5 graus na escala Richter na região de Groningen, noroeste do país. Em 2014, a Sociedade do Petróleo e do Gás (NAM, na sigla em holandês) recebeu 19.000 denúncias de moradores apontando gretas e telhados tombados. Propriedade das empresas Esso e Shell, a NAM fabrica 75% do gás natural da Holanda. No entanto, quando se soube que o Governo ignorou os perigos à população para não comprometer os lucros, foi preciso retroceder. O Ministério de Energia aceitou que saíssem apenas 30 bilhões de metros cúbicos anuais da jazida de Groningen, e em 2015 foram extraídos 29 bilhões. Para compensar o restante, foi preciso importar gás da Rússia e da Noruega. Uma dependência sujeita aos vaivéns políticos, em especial no caso russo, que o projeto de Amsterdã tenta reduzir.
 

Algumas caras da energia limpa

A transição do gás natural para a energia limpa conta com várias possibilidades. O desafio é conseguir que sejam acessíveis para o consumidor.
- Energia produzida por incineradores de lixo, introduzida nas casas através de tubos que esquentam a água (requer suficientes empresas desse tipo para ser rentável)
- Geotermia, que consiste em bombear a água do interior da Terra que já está quente a 500 metros de profundidade, devolvendo-a ao subsolo quando a casa estiver na temperatura desejada.
- Armazenamento sob a terra, no verão, da água quente da superfície terrestre para usá-la no inverno.
- Gás verde, assim chamado porque é liberado por compostos orgânicos como o esterco e restos de plantas, podendo ser usado nas instalações atuais.
- Eletricidade obtida por meio de painéis solares.
El País.com

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