segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Nuvens de poluição: O que a China está fazendo contra o "ar-pocalípse" ?

Chineses enfrentam dia de forte smog, uma nuvem de poluição do ar, em Pequim, China. Autoridades emitiram novos alertas sobre riscos da poluição (Foto: Andy Wong/AP)
Todos os anos, no inverno no Hemisfério Norte, vemos imagens que impressionam: enormes nuvens de poluição nas principais cidades chinesas tornam praticamente impossível qualquer atividade ao ar livre e ameaçam a saúde e a vida humana. Não por acaso a poluição chinesa foi apelidada de “ar-pocalipse”.
A poluição chinesa é resultado de um intenso processo de industrialização usando energias fósseis, principalmente o carvão; do tráfego intenso, com carros movidos a gasolina e diesel; e do uso de combustíveis sólidos, como lenha, para aquecimento nas casas. A China, no entanto, não está parada. O problema ambiental mobiliza a sociedade e as autoridades do governo central. ÉPOCA conversou, na semana passada, durante a 22a Confêrencia do Clima em Marrakech, no Marrocos, com Yan Li, vice-diretora do Greepeace na China. Ela conta como está a situação no país.
ÉPOCA – A China tem uma delegação grande e influente na Conferência do Clima. As mudanças climáticas estão sendo tratadas com seriedade no país?
Yan Li –
A China se interessa no assunto por dois fatores. O primeiro é por esse processo dentro da Conferência, essa bolha política no processo multilaral. Nesse processo, a China desempenhou um papel de liderança ao lado dos Estados Unidos. Agora, com a nova administração americana, abre uma oportunidade para negociar com a União Europeia e outros países. Mas, fora dessa bolha, há muita preocupação com o tema. As mudanças climáticas estão no interesse central, porque o país precisa fazer uma mudança de paradigma econômico.
ÉPOCA – Essa mudança seria por causa do carvão?
Yan Li –
Sim. Pelo terceiro ano consecutivo, houve uma queda no uso do carvão. É uma fonte de energia que está entrando em declínio. Isso acontece porque o paradigma está mudando para uma economia que favorece o setor de serviços e uma indústria de maior valor agregado. Isso sem falar que milhões de chineses enfrentam problemas com a poluição do ar e da água.
ÉPOCA –  Os problemas de poluição são muito sérios na China. Houve progresso recente? O governo tem feito boas políticas?
Yan Li – 
Houve progresso nos últimos anos, especialmente no contexto do “ar-pocalipse”. É aí que o governo central está mais focado. Nos últimos 12 meses, o país criou sistemas de dados de qualidade do ar em 300 cidades. Hoje, são 360 cidades que monitoram o ar diariamente. Há um plano nacional, planos locais e metas de redução de emissões. Além disso, temos um forte investimento em energias renováveis. É o suficiente? Ainda não. Temos de mudar essa mentalidade que só se preocupa com o PIB. O desafio é muito grande. A China ainda precisa implementar um mercado de carbono, precisa de uma estratégia robusta de incentivos e controle para reduzir as emissões de governos locais e indústrias, precisa enfrentar os grandes poluidores. Tem muito trabalho a ser feito. Por isso eu não faria muitos elogios para a China. Mas é preciso reconhecer o progresso recente.
Época.com

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