As primeiras Universidades surgiram na Europa em plena Idade Média. Foram um sopro de liberdade. Permitiram progressivamente ao homem atuar segundo a razão, em vez de apenas obedecer a dogmas.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que nasciam os centros de estudo, surgia uma instituição mais tributária da ideia que fazemos hoje da "Idade das Trevas": O Trote! Os registros da prática datam do início do século XIV. Calouros da região correspondente à moderna Alemanha eram obrigados a andar nus e ingerir fezes animais mediante a promessa de que no ano seguinte poderiam se vingar dos novatos.
O trote é uma demonstração de que, a despeito de avanços inegáveis, o mundo não mudou tanto assim em quase 800 anos.
Mantém no século XXI um tanto do século XIV. Prova disso é que o trote se mantém no calendário como uma atividade acadêmica regular: encerrada a fase de vestibulares e divulgada as listas dos candidatos aprovados, explode a agressão e a humilhação aos novatos.
Americanos e franceses, entre outros, também tem motivos para lamentar. Lá como aqui, o trote persiste, preocupa e escapa ao controle.
Mostrar aos algozes a face dura da lei foi a alternativa da França. Desde 1998, está em vigor no país uma lei que criminaliza o trote violento. Os condenados podem pegar até um ano de prisão e pagar multa. Desde o seu vigor os veteranos aprenderam a se comportar melhor. As práticas violentas e humilhantes deram lugar a uma jornada de integração dos novos alunos à instituição.
Algumas instituições brasileiras têm se esforçado para melhorar as estatísticas sobre os trotes - que são escassas, pois o medo dos novatos inibe reclamações e o problema só vem à tona quando ocorrem mortes ou ferimentos graves.
Como ocorria a quase 800 anos, o ingresso de um calouro na universidade, o momento pede um ritual que marque a transição, contudo, em pleno século XXI, esse ritual não pode reproduzir a face obscura do século XIV.
Quem não tem uma história para contar como calouro na universidade??? Poucas vezes os trotes deixaram boas lembranças...
Fonte: Veja.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário