terça-feira, 17 de julho de 2012

Nasa planeja o cardápio da missão de 2030 a Marte

Maya Cooper e Michele Perchonok provam uma pizza que poderá ser parte do cardápio da missão a Marte.
Em um prédio da década de 1950 em Houston, no estado do Texas, que viu o início da era espacial, um grupo de cientistas em jalecos brancos está misturando, mexendo, fervendo e provando o resultado de seus estudos.
Sua missão: montar um cardápio para a missão da Nasa a Marte, prevista para 2030.
O menu tem que sustentar um grupo de seis a oito astronautas, mantê-los saudáveis e felizes e oferecer uma variedade grande de alimentos. Não é uma tarefa simples, considerando-se que a viagem até Marte deve levar seis meses, a tripulação ficará lá por 18 meses e depois serão mais seis meses até a volta à Terra. Imagine comprar suprimentos para três anos e planejar todas as refeições desse período com tanta antecedência.
“Marte é um desafio por ser tão longe,” diz Maya Cooper, pesquisadora sênior da Lockheed Martin, que está liderando os esforços para montar o cardápio. “Não temos a opção de mandar um veículo com mais comida a cada seis meses, como fazemos atualmente com a Estação Espacial Internacional.
A tripulação da Estação Espacial (na sigla em inglês, ISS) tem uma grande variedade de alimentos, quase uma centena de opções. Mas todos são pré-cozidos e congelados, com uma validade de pelo menos dois anos. E, embora os astronautas aprovem o que será servido ainda na Terra, a falta de gravidade significa que o aroma e sabor da comida são bastante prejudicados. No fim, tudo fica sem gosto.
Mas em Marte há um pouco de gravidade, o que dá espaço para algumas mudanças no cardápio. É nisso que a equipe de Maya está trabalhando. Existe a possibilidade de que os astronautas possam picar vegetais e cozinhar um pouco. E mesmo com a pressão atmosférica diferente da Terra, seria até mesmo possível ferver água.
Outra opção seria uma “horta marciana”, com algumas frutas e vegetais cultivados em uma solução hidropônica. Os astronautas cuidariam das plantas e usariam estes ingredientes, combinados com outros trazidos da Terra, como nozes e temperos, e preparariam suas refeições eles mesmos. “É uma boa ideia porque os ajudariam a ter comida fresca e liberdade de escolha,” diz Maya.
A prioridade, no entanto, é manter a tripulação bem nutrida para manter sua saúde e desempenho durante a missão.
Mas o cardápio também tem um importante componente psicológico, afirmou Maya, mencionando estudos que alguns alimentos em determinadas ocasiões – como peru no Natal – melhoram o humor e vão ajudar na longa viagem.
Até agora, o grupo já montou 100 receitas, todas vegetarianas porque não será possível levar carne ou laticínios a bordo – não há como conservá-los por tanto tempo e “levar uma vaca para Marte não é uma opção,” brinca Maya. Entre as opções, está uma pizza tailandesa, que não tem queijo, mas é coberta com cenoura, pimentão, cogumelos, cebolinha, amendoins e molho de tomate apimentado.
Para isso, os pesquisadores estão considerando até a possibilidade de um astronauta dedicado apenas à preparação da comida – o cozinheiro da missão.
Mas o orçamento para alimentação ainda não está claro. Existe um plano B, composto de refeições pré-preparadas, como o atual cardápio da ISS. Para isso, a validade dos alimentos terá que ser de pelo menos cinco anos. A Nasa e outras instituições estão estudando meios de viabilizar essa ideia. Mas o ideal seria combinar as duas opções.
No momento, são gastos um milhão de dólares anualmente na pesquisa e planejamento do cardápio para Marte – o orçamento anual geral da Nasa é de US$ 17 bilhões. Michele Perchonok, pesquisadora líder de tecnologias avançadas para alimentação da agência espacial americana, espera que quando a missão estiver mais próxima – a dez ou quinze anos antes do lançamento – o orçamento aumentará, permitindo pesquisas mais conclusivas.
De acordo com a Nasa, a missão a Marte é muito importante: será uma oportunidade única para se pesquisar desde formas de vida extraterrestres, a origem da vida na Terra e os efeitos de pouca gravidade no organismo humano. E também dará a chance de estudar sustentabilidade a longo prazo: “Como sustentamos uma tripulação, reciclando tudo, por dois anos e meio?”, pergunta Perchonok. Mas nada disso acontecerá sem comida".
IG Ciência

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