Uma expedição do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) com a
cooperação da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar
(Jamstec) deixou pesquisadores mais perto de concluírem que a Elevação do Alto
Rio Grande, região mais rasa localizada a cerca de 1,5 mil quilômetros da costa
do Sudeste, é uma parte da Plataforma Continental Brasileira, que se desprendeu
e afundou com o movimento das placas tectônicas.
As novas conclusões foram obtidas a partir do apoio do submergível japonês Shinkai 6500, capaz de descer a 6,5 mil
metros de profundidade, que foi usado para coletar material da região do Alto
Rio Grande.
Por meio de dragagem, pesquisadores brasileiros já tinham
encontrado granito na região e agora confirmaram a presença da rocha com os
mergulhos possibilitados pelo veículo. Menos denso que as rochas normalmente
encontradas no fundo do oceano, o granito está mais associado aos continentes. O
Pão de Açúcar, por exemplo, é feito de granito.
"O fato de haver um continente naquela região, nos abre outras
possibilidades. Até que ponto foi uma extensão de São Paulo que se desgarrou e
ficou para trás? Isso nos leva a pensar no que fazer para a região. Não só
conhecer, mas requerer essa área", disse Roberto Ventura, diretor de Geologia e
Recursos Minerais do CPRM. Ele conta que o Alto Rio Grande tem sido chamado de
Atlântida no órgão, em referência ao mitológico continente que teria afundado no
oceano.
Alto Rio Grande pode ter tamanho do Estado de São
Paulo
O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas Ventura estima que seja comparável ao Estado de São Paulo. O diretor conta que países como Rússia e França já requereram áreas no Atlântico Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo estratégico para o Brasil, que possui a maior costa do oceano. A longo prazo, segundo o geólogo, a região pode se tornar um ponto de mineração submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.
O tamanho do Alto Rio Grande ainda não foi definido com clareza, mas Ventura estima que seja comparável ao Estado de São Paulo. O diretor conta que países como Rússia e França já requereram áreas no Atlântico Sul, onde a China também realiza pesquisas, o que torna o estudo estratégico para o Brasil, que possui a maior costa do oceano. A longo prazo, segundo o geólogo, a região pode se tornar um ponto de mineração submarina, com a perspectiva de extração de ferro, manganês e cobalto.
O Shinkai 6500 custou cerca de US$ 130 milhões ao governo japonês
e faz pesquisas em águas profundas desde 1991. Também foram investidos US$ 100
milhões no navio Yokosuka, para adequar a embarcação para transportar o
submergível. Hiroshi Kitazato, pesquisador japonês que coordenou os trabalhos da
Jamstec na expedição, destacou o interesse do país asiático em pesquisar o
oceano: "Essa é a região que menos foi explorada no mundo inteiro. Então,
acreditamos que é muito importante pesquisá-la. Antes, o Shinkai fez expedições
mais próximas ao Japão, no Índico e no Pacífico", disse.
Roberto Ventura conta que um submergível como o Shinkai e um navio
como o Yokosuka são tecnologias que "não podem ser compradas em prateleiras",
pois precisam ser desenvolvidas e operadas por pessoal capacitado, condições de
que o Brasil ainda não dispõe. O pesquisador criticou a burocracia a que estão
submetidas pesquisas científicas, que precisam de importações de peças. "O nosso
amadurecimento precisa ser na questão burocrática também. Para a gente competir,
do ponto de vista tecnológico, em ciência, a gente precisa ser muito mais ágil",
destacou.
O pesquisador do CPRM Eugênio Frazão esteve em um dos sete
mergulhos em grande profundidade. O pesquisador levou cerca de uma hora e meia
para atingir a profundidade de 4,2 mil metros. O mergulho durou cerca de oito
horas. Ele destaca que, além de rochas continentais, foram encontradas espécies
não conhecidas em situações muito adversas, e até um coral com caraterísticas
específicas de águas profundas.
A expedição Iatá-Piuna, "Navegando em Águas Profundas e Escuras",
em tupi-guarani, teve início em 13 de abril, na Cidade do Cabo, na África do Sul
e percorreu, no primeiro trecho, a Elevação do Rio Grande e a Cordilheira de São
Paulo. No segundo trecho, será explorado o Platô de São Paulo. Seis
pesquisadores brasileiros acompanham o navio que depois de pesquisar o Atlântico
Sul, segue para o Mar do Caribe.
Nesta segunda-feira, representantes da Jamstec, da Embaixada do
Japão no Brasil e do governo brasileiro se reuniram no Píer Mauá para celebrar a
cooperação entre os dois países e para dar início à exposição "A Nova Fronteira
do Conhecimento", que ficará aberta ao público hoje e receberá alunos de escolas
públicas nesta terça-feira.
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