quinta-feira, 9 de maio de 2013

Rede de combustível cósmica

Astrônomos descobriram uma rede de combustível cósmica que pode explicar como as galáxias são capazes de manter o ritmo de formação de novas estrelas durante bilhões de anos. Unindo observações com telescópios e radiotelescópios, os cientistas conseguiram identificar nuvens e filamentos de hidrogênio no espaço conectados às galáxias de Andrômeda e do Triângulo, companheiras da nossa Via Láctea no chamado Grupo Local.
A formação e evolução das galáxias têm sido fonte de dúvidas e debate entre os astrônomos há quase cem anos. No início século XX, quando finalmente concluíram que alguns dos estranhos objetos nebulosos vistos no céu desde os primórdios da astronomia estavam na verdade extremamente distantes, não fazendo parte da Via Láctea, as galáxias foram consideradas como “Universos-ilha” que teriam se formado bilhões de anos no passado e evoluído de forma independente umas das outras.
Esta visão, no entanto, logo se mostrou equivocada e foi substituída por um modelo hierárquico em que galáxias maiores constantemente atraíram e absorveram menores ou se fundiram com outras, dando origem às grandes galáxias de diversos formatos espirais, elípticos e irregulares que vemos hoje. Este foco na interação galáctica para explicar sua evolução rapidamente ganhou a preferência dos cientistas, mas ao longo da última década novas observações indicaram que ele também não é totalmente adequado.
Segundo os astrônomos, o ritmo de formação de estrelas no Universo variou muito ao longo do tempo. Primeiro, ele atingiu um pico há cerca de 10 bilhões de anos, gradualmente caindo para uma taxa dez vezes menor nos dias de hoje. Ao mesmo tempo, porém, a quantidade total de hidrogênio atômico nelas, o combustível que alimenta esta formação de estrelas, declinou apenas pela metade. O mistério se aprofundou ainda mais quando cálculos mostraram que, dada a capacidade das galáxias de armazenar o gás e o ritmo com que elas o consumiram, a formação de estrelas nelas deveria ter parado após apenas alguns poucos bilhões de anos.
A resposta para esta questão, portanto, teria que estar fora das galáxias. Simulações sugeriram então que no atual tempo cósmico cerca de um terço de toda a matéria comum, chamada bariônica, já foi processada e condensada no que conhecemos como galáxias, com o restante guardado nas nuvens e filamentos de gás no espaço intergaláctico, constantemente alimentando-as. Esta teoria para a evolução e crescimento das galáxias, no entanto, mostrou-se difícil de ser confirmada pelas observações, o que aconteceu agora.
Segundo estudo liderado por Spencer Wolfe, astrônomo da Universidade de West Virginia, nos EUA, e publicado na edição desta semana da revista “Nature”, este hidrogênio estaria armazenado no espaço intergaláctico não na forma atômica, mas majoritariamente ionizado. Por isso, ele e sua equipe combinaram dados de telescópios e radiotelescópios para finalmente conseguir detectá-lo.



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