quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A caçadora de extraterrestres

Em julho de 2011, a astrônoma canadense Sara Seager, então com 40 anos, já era a maior especialista do mundo em planetas que orbitam outras estrelas além do Sol, conhecidos como exoplanetas.  Sara é professora de ciência planetária e física do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.
 Ela diz inspirar sua carreira na vida da cientista franco-polonesa Marie Curie, que cunhou o termo radioatividade e descobriu os elementos químicos polônio e rádio no começo do século XX. Em 1903, Marie ganhou o Prêmio Nobel de Física com seu marido, Pierre Curie, e Henri Becquerel. Foi a primeira mulher na história a receber a premiação.
Pode parecer presunçoso se espelhar numa das maiores cientistas da história, mas Sara também faz algo extraordinário. Na rarefeita seara dos caçadores de planetas, Sara já conseguiu várias façanhas. Em 2000, foi a primeira cientista a identificar a composição da atmosfera de um exoplaneta. Entre os exoplanetas, Sara está concentrada em encontrar algum que tenha semelhanças com a Terra e possa, em tese, abrigar alguma forma de vida. Há alguns requisitos: orbitar uma estrela semelhante ao Sol, ter uma superfície rochosa, apresentar água líquida na superfície e ter uma atmosfera significativa. Na Via Láctea, já foram identificados 900 exoplanetas. Outros 3 mil estão sob análise e poderão engrossar a lista. “Não faltam candidatos a irmãos da Terra”, afirma Sara.
 Seus conhecidos dizem que Sara, apesar dos percalços na vida, está mais empolgada que nunca para encontrá-lo. “Ela não perdeu seu foco científico”, diz Nik­ku Madhusudhan, ex-aluno de Sara, também especialista em exoplanetas e atualmente professor adjunto de astronomia da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. “Ela é a única pessoa que conheço que funciona como uma máquina.” O professor de astronomia planetária no MIT John Johnson diz que só notou uma única mudança em seu comportamento. Sua determinação em descobrir respostas e pode parecer presunçoso se espelhar numa das maiores cientistas da história, mas Sara também faz algo extraordinário. Na rarefeita seara dos caçadores de planetas, Sara já conseguiu várias façanhas. Em 2000, foi a primeira cientista a identificar a composição da atmosfera de um exoplaneta. Entre os exoplanetas, Sara está concentrada em encontrar algum que tenha semelhanças com a Terra e possa, em tese, abrigar alguma forma de vida. Há alguns requisitos: orbitar uma estrela semelhante ao Sol, ter uma superfície rochosa, apresentar água líquida na superfície e ter uma atmosfera significativa. Na Via Láctea, já foram identificados 900 exoplanetas. Outros 3 mil estão sob análise e poderão engrossar a lista. “Não faltam candidatos a irmãos da Terra”, afirma Sara.
 Recentemente, a carreira de Sara passou a ganhar maior reconhecimento público. Em 2006, a revista Popular Science a colocou entre os dez cientistas mais brilhantes do mundo. Em 2008, ela foi eleita uma das 20 melhores cientistas com menos de 40 anos pela revista Discover. Em 2011, também fez parte do top 10 da Nature, a publicação científica mais respeitada do mundo. Em 2012, foi eleita pela revista Time um dos 25 astrônomos mais influentes. “Tenho certeza de que isso não vai parar”, diz Vlada Stamenkovic, pesquisador de pós-doutorado no laboratório de Sara no MIT. Em maio, Sara ganhou destaque novamente, por propor uma equação para estimar o número de planetas habitáveis que podemos encontrar. A fórmula desenvolvida por Sara é um aprimoramento da equação criada em 1961 pelo astrônomo Frank Drake, que pretendia avaliar o número de civilizações detectáveis na Via Láctea.
Nenhuma das duas equações é capaz de produzir um número definitivo, principalmente porque a ciência ainda não tem respostas para quantificar alguns de seus elementos. Mas poderá algum dia. “Se a equação de Drake era uma machadinha, a equação de Seager é um bisturi”, escreveu a revista New Scientist sobre o trabalho de Sara. A equação chamou mais a atenção por ter sido publicada dias após o telescópio Kepler sofrer uma falha geral de funcionamento que provavelmente o incapacitará. Lançado em 2009 para identificar planetas parecidos com a Terra na Via Láctea, o Kepler identificou 130 exoplanetas e encontrou outros 3 mil candidatos. Mesmo quebrado, ele ainda renderá frutos. Até o momento, os astrônomos só conseguiram analisar os primeiros 18 meses de imagens coletadas pelo Kepler, que trabalhou por quatro anos sem problemas.
Para encontrar um exoplaneta semelhante à Terra, será preciso construir um telescópio muito mais sofisticado que o Kepler, com capacidade para bloquear a luz de uma estrela. Planetas rochosos com água líquida na superfície são muito pequenos e opacos em comparação com estrelas grandes e brilhantes como o Sol. “Encontrar uma nova Terra é como tentar achar, a milhares de quilômetros de distância, um vaga-lume voando ao lado de uma lanterna superpoderosa”, diz Sara. Com um telescópio com capacidade para bloquear a luz de uma estrela, seria possível procurar, na atmosfera de exoplanetas, gases que podem ser relacionados a formas de vida. Tal telescópio permitiria também achar água líquida na superfície deles. “É uma questão de dinheiro e tecnologia”, diz Sara. “Sabemos construir o que precisamos, assim como interpretar os sinais de vida lá fora.”
Mesmo que um telescópio desse gênero venha um dia a ser construído, Sara está ciente de que jamais entrará em contato com o planeta que tanto almeja encontrar. Com a tecnologia atual, uma nave levaria cerca de 50 mil anos para chegar a um exoplaneta considerado relativamente próximo. Sara diz conhecer astrônomos que planejam construir, dentro de 100 anos, uma nave capaz de fazer um trajeto em outros 100. “É estranho saber que somente as próximas gerações talvez verão isso”, afirma Sara. Isso não torna seu trabalho sem graça? “Nunca. Acordo todo dia muito empolgada, porque acredito que há vida por aí, inteligente ou não, e lutarei para ajudar nessa busca.” Sara se move como uma bandeirante das novas fronteiras da Terra.
 
Época.com
 

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