Para viver mais e com saúde não basta fazer caminhadas ou dar algumas braçadas na piscina. São as atividades físicas que fazem suar e tiram o fôlego o segredo da vida longa, de acordo com estudo publicado nesta segunda-feira na revista Jama Internal Medicine, da Associação Médica Americana. Os resultados mostram quem a taxa de mortalidade daqueles que incluem exercícios vigorosos na rotina é 9% a 13% menor do que a de quem faz exercícios leves ou moderados.
"Homens e mulheres de todas as idades se beneficiam de atividades intensas, independentemente do total de tempo de atividade", afirma Klaus Gebel, pesquisador da Universidade James Cook, na Austrália e líder do estudo. "Nossas conclusões indicam que sendo ou não obeso, tendo ou não diabetes ou doenças cardíacas, se alguém pode praticar alguma atividade vigorosa ela irá oferecer benefícios significativos para a longevidade."
Atividades intensas - Para chegar a essas conclusões, a equipe de pesquisadores analisou os dados de 204 542 adultos de 45 a 75 anos entre fevereiro de 2006 a junho de 2014. Foram comparados aqueles que incluíram alguma atividade intensa em sua rotina, como corrida, aeróbica ou tênis; quem praticava atividades intensas em mais de 30% da rotina e aqueles que não praticavam atividades físicas intensas. Em seguida, os cientistas analisaram as taxas de mortalidades dos grupos.
Os resultados indicaram que aqueles que faziam alguma atividade física intensa tinham um índice de mortalidade 9% menor que aqueles que não praticavam exercícios vigorosos. Já no grupo em que a rotina de exercícios era 30% ou mais composta de atividades intensas a taxa era 13% menor.
"Mesmo pequenos episódios de atividades físicas vigorosas pode ajudar a reduzir o risco de morte precoce", explica Gebel. "Para aqueles com restrições e mesmo para quem nunca praticou esse tipo de exercícios é importante conversar com seu médico. Mas estudos anteriores mostram que alguns momentos de exercícios intensos podem ser incluídos mesmo na rotina de idosos ou daqueles que estão acima do peso."
Os pesquisadores afirmam no estudo que a descoberta pode fazer com que as atividades físicas intensas possam ser encorajadas por médicos e mesmo em diretrizes de políticas públicas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere que adultos pratiquem por semana 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de atividades físicas intensas. No entanto, dizem os pesquisadores, essas atividades não são equivalentes para a saúde do organismo.
Exercícios que fazem suar - Os resultados da pesquisa australiana estão de acordo com outros estudos internacionais publicados nos últimos anos que demonstram que exercícios que fazem o corpo suar bastante podem contribuir para a diminuição de doenças e o aumento da longevidade. Um deles, publicado também este ano no Jama Internal Medicine e feito por pesquisadores finlandeses sugere que tomar banhos de sauna regularmente diminuiria em 50% o risco de morrer de doenças cardiovasculares e aumentaria a longevidade. Banhos de mais de 20 minutos são aqueles que oferecem a maior proteção. De acordo com os pesquisadores, mais estudos são necessários para descobrir os mecanismos por que a sauna tem efeito na longevidade.
Avalie o seu físico
Passar por uma avaliação de flexibilidade, fôlego, força muscular e composição corporal é importante para medir o progresso que virá com a prática de exercícios. Esse teste pode ser feito por um profissional de educação física. Já pessoas sedentárias com mais de 40 anos ou que tenham algum fator de risco, como sobrepeso e hipertensão, devem agendar uma consulta com um médico antes de iniciar uma atividade física. "Há recursos que traçam o perfil do indivíduo e permitem dizer se ele pode fazer exercícios mais intensos ou se deve optar pelos moderados", diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros. Trata-se de testes como o cardiopulmonar, que mede a aptidão cardiorrespiratória, e o ergométrico, que avalia o coração em situação de stress, geralmente com o paciente se movimentando em uma esteira ou bicicleta estacionária.
Estabeleça metas realistas
Ter objetivos ao iniciar uma atividade física é motivador – desde que eles sejam realistas. "Uma pessoa que decidir perder 10 quilos em dois meses dificilmente vai conseguir alcançar a meta e, de certo, vai desistir do compromisso", diz Renato Dutra. O ideal, segundo o educador físico, é estabelecer objetivos de curto (um a três meses), médio (quatro a seis meses) e longo prazo (um a dois anos). "Metas possíveis para um sedentário são, por exemplo, emagrecer 1 quilo em dois meses ou, em um mês, correr 10 minutos ou subir um lance de escada sem se sentir tão cansado." Um dos melhores estímulos é enxergar os resultados.
Escolha um exercício prazeroso
É comum que corrida e musculação, pela difusão e pela praticidade, sejam as primeiras opções na hora de escolher um exercício. Mas isso não quer dizer que elas sejam prazerosas para todo mundo. A regra é experimentar diferentes modalidades até encontrar a mais agradável. "Para sair do sedentarismo, a pessoa deverá buscar um exercício com o qual se identifique", diz Renato Dutra. "Só assim ela descobrirá que, em vez de musculação, prefere pilates, ou que se sai melhor na dança do que na corrida."
Comece devagar
Pessoas que não estão acostumadas a se exercitar devem começar uma atividade física aos poucos, com uma intensidade leve e respeitando os limites do corpo. Isso vai ajudar a evitar lesões e diminuirá as chances de o indivíduo se sentir desestimulado com o exercício. Variar as modalidades também é uma medida que ajuda a espantar o desânimo. "Faça, por exemplo, musculação em um dia, um exercício aeróbico no outro e uma aula de alongamento no dia seguinte”, diz o educador físico Renato Dutra.
Persista nos novos hábitos
É normal que uma pessoa decida se exercitar duas vezes por semana, mas, logo no início, um imprevisto a impeça de cumprir esse objetivo. "Ela não pode desanimar por causa disso. Se não deu, deve tentar de novo na outra semana. Para criar um hábito, é preciso investir nele, reforçando determinados comportamentos. Uma pessoa que sempre foi sedentária não pode ser tão exigente consigo mesma”, afirma Dutra.
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