O primeiro censo global das florestas do planeta que combinou dados coletados in loco com imagens de satélite calcula que elas abrigam 3,04 trilhões de árvores. Mas embora a contagem seja mais de sete vezes superior às estimativas anteriores, na casa dos 400 bilhões, ela poderia ser muito maior não fosse a ação da Humanidade. De acordo com o estudo, publicado na edição desta semana da revista “Nature”, o número total de árvores na Terra desabou quase pela metade, em 46%, desde o início da civilização humana com a introdução da agricultura, há 12 mil anos, e atualmente seu ritmo de derrubada está em 15,3 bilhões anuais.
— As árvores estão entre os mais proeminentes e essenciais organismos da Terra, mas só recentemente começamos a compreender sua extensão e distribuição global — diz Thomas Crowther, pesquisador da Universidade de Yale, nos EUA, e líder do estudo, que contou com a colaboração de cientistas de 15 países. — Elas armazenam enormes
quantidades de carbono, são fundamentais para os ciclos de nutrientes, de água e para a qualidade do ar e prestam incontáveis serviços aos seres humanos. Ainda assim, se pedíssemos para as pessoas estimarem, em uma ordem de magnitude, quantas árvores existiam, elas não saberiam por onde começar. Não sei o que eu chutaria, mas certamente fiquei surpreso em descobrir que estávamos falando em trilhões delas.
As grandes florestas tropicais e subtropicais são as que abrigam a maior proporção de árvores da Terra, 1,3 trilhão, ou 42,8% do total. Só a Amazônia, por exemplo, teria 390 bilhões de árvores. Assim, o Brasil figura como terceiro país com maior número de árvores no planeta, 301,8 bilhões, ou aproximadamente 1,5 mil para cada habitante. À frente estão a Rússia, com 641,6 bilhões, e o Canadá, com 318,2 bilhões. Além da maior extensão territorial, os dois países contam com vastas áreas de florestas boreais intocadas, que também apresentam uma densidade de
árvores superior à encontrada nas selvas equatoriais, com seus pinheiros e outras coníferas, de troncos e copas estreitos, muito próximos uns dos outros. Na média mundial, existem cerca de 422 por pessoa.
Para montar este primeiro mapa da densidade de árvores nas florestas da Terra em alta resolução, e assim chegar à estimativa do número total delas no planeta, os pesquisadores contaram com quase 430 mil medições diretas feitas por diversas instituições em mais de 50 países. Eles então combinaram estes dados com imagens de satélite para avaliar como o número de árvores se relacionava com outras características locais como clima, topografia, outros tipos de vegetação, condições do solo e a ação humana. Com isso, eles montaram modelos capazes de estimar a contagem de árvores numa escala de um quilômetro quadrado em qualquer lugar do planeta, com exceção da Antártica, a partir destas mesmas imagens.
O Globo.com
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