Até 2023, o consumo de energia elétrica no Brasil deve crescer 4,3% ao ano, mostra estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), baseada na tendência de consumo dos últimos anos. Entre 2001 e 2011, período que coincidiu com uma expansão no poder aquisitivo dos brasileiros, o consumo de energia cresceu, em média, 4,4% ao ano.
O aumento da demanda favorecerá investimentos em energia limpa. Segundo o estudo Energy Outlook, divulgado no primeiro semestre pela Bloomberg, o Brasil deve receber 300 bilhões de dólares em recursos na geração de energia elétrica até 2040. Quase um terço desse total deve financiar projetos de energia eólica.
No início de agosto, o governo federal lançou um plano que prevê investimentos da ordem de 186 bilhões de reais para geração e transmissão de energia elétrica. A primeira parte do plano, cujos recursos serão contratados por meio de leilões, prevê 80 bilhões de reais em aportes até 2018. Uma das prioridades é criar condições para o desenvolvimento de energias limpas.
Estima-se que 88% da produção energética do país venham de fontes renováveis. A maior parte desse potencial é ocupada pelas hidrelétricas, que respondem por mais de 60% da produção. “Fontes complementares de geração, como a eólica, devem ganhar importância na medida em que o Brasil precisará diversificar sua matriz energética para se proteger em períodos de seca”, diz Tomaz Nunes Cavalcante Neto, especialista em eficiência energética e professor da Universidade Federal do Ceará.
Atualmente, a força dos ventos é capaz de produzir 7 gigawatts de energia no Brasil. É mais que o dobro da capacidade instalada em 2012. Hoje há cerca de 280 parques eólicos espalhados por 11 estados do país, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
No primeiro semestre de 2015, a produção das eólicas mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Os estados líderes em produção são Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará.
De acordo com a ABEEólica, os investimentos anunciados pelo governo em agosto podem fazer a capacidade chegar a 14,4 gigawatts em 2018. Nas estimativas da entidade, o setor gera 100 000 empregos e proporciona abastecimento suficiente para 8,7 milhões de residências por mês.
A energia eólica responde atualmente por 4,5% da matriz brasileira – o que faz do vento a quinta fonte mais utilizada no país. “Até 2020, ela pode se tornar a segunda mais significativa da nossa matriz energética”, diz Élbia presidente da ABEEólica.
Segundo ela, o avanço recente foi provocado por uma mudança no destino dos investimentos estrangeiros. “Assustados com a crise econômica que atingiu os Estados Unidos e a Europa a partir de 2008, muitos investidores do setor começaram a se interessar por países como Brasil, China e Índia”, diz.
Uma estimativa recente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta que os recursos para financiamento de projetos de geração de energia eólica devem crescer 15% em 2015. Na prática, o volume de investimento chegaria a 7,6 bilhões de reais – ante 6,6 bilhões de reais alocados em 2014.
As oportunidades para o futuro da energia eólica no Brasil serão tema de um evento que acontece entre 1º e 3 de setembro, no Rio de Janeiro. Trata-se da Brazil Windpower, maior feira do setor na América Latina. Com mais de 100 expositores e pelo menos 2 000 participantes de 800 empresas, o encontro é uma demonstração de como o mercado de energia eólica está aquecido.
Exame.com
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