domingo, 6 de setembro de 2015

Como a internet chega em lugares remotos




Loon (Foto: Divulgação)




O acesso à internet é comprovadamente um fator importante para a economia de um país. Estimativas do Banco Mundial mostram que um aumento de 10% na oferta de banda larga contribui com 1,21% de crescimento extra no PIB de países desenvolvidos. O impacto é ainda maior no caso de países subdesenvolvidos ou emergentes: 1,38%. Calcula-se que na China, o aumento de 10% no acesso à banda larga foi responsável por um aumento de 2,5% no PIB.
Mas, em muitos países, os planos para ampliar essa oferta esbarram em fatores geográficos, políticos e econômicos. Os custos com fibra ótica, por exemplo, serão significativamente mais altos numa ilha no meio do Pacífico. Em outros casos, o que torna o investimento inviável é a baixa densidade populacional da região. Além disso, há locais onde a infraestrutura pode ser comprometida por desastres naturais ou guerras.
Mais de 4 bilhões de pessoas hoje estão excluídas da vida digital – ou seja, mais da metade da população mundial. Para mudar esse cenário, algumas iniciativas apostam em formas inovadoras de levar internet a regiões remotas. Confira abaixo três dessas propostas.
No fim de julho, o Google anunciou um acordo com o governo do Sri Lanka para oferecer conexão wi-fi  em todo o território do país, de 65 mil km². A parceria faz parte do projeto Loon, que usa balões estratosféricos para emitir o sinal de internet. Criado pelo Google em 2013, o projeto já foi testado na Nova Zelândia, na Califórnia (EUA) e no Brasil – mais especificamente, no Piauí.
Segundo a empresa, a escolha da região brasileira levou em conta o fato de que, no Nordeste brasileiro, apenas 27% dos domicílios contam com acesso à internet. O teste ocorreu no ano passado, quando um balão do projeto Loon sobrevoou o município de Campo Maior (PI). Uma vez no ar, o equipamento recebeu o sinal de LTE (tecnologia conhecida como 4G, usada em muitos smartphones) de uma estação da VIVO na zona urbana e o transmitiu a uma escola pública na zona rural. A conexão serviu para que um professor de geografia desse uma aula diferente a seus alunos, usando imagens interativas do Google e acessando a Wikipedia.
A empresa não fornece detalhes sobre o acordo com o Sri Lanka, mas autoridades do país declararam que o serviço deve ser disponibilizado em março do ano que vem.
Também no fim de julho, o Facebook divulgou imagens e informações sobre o drone Aquila, capaz de prover acesso à internet a partir de um mix de laser com sinais de radiofrequência. Movido a energia solar, o equipamento pode voar até três meses numa altitude superior à dos aviões. Sua envergadura é superior a de uma aeronave comercial, mas seu peso é inferior ao de um carro.
drone integra a divisão internet.org, criada pela rede social para desenvolver tecnologias que ampliem a conectividade em regiões em desenvolvimento. Uma delas é o aplicativo internet.org (presente em países como Gana, Quênia, Tanzânia, Índia e Colômbia), que permite o acesso gratuito da população a determinados sites, ligados a saúde, empregos e informações locais. No Quênia, por exemplo, o aplicativo prevê o acesso a 16 sites, incluindo BBC, OLX, Wikipedia e à página da Unicef sobre Ebola – além, claro, do próprio Facebook.
O modelo gera críticas: uma delas, a de que o aplicativo não dá acesso à internet de verdade e passa a ideia de que o mundo virtual se resume ao Facebook. A empresa rebate os questionamentos, dizendo que o programa instrui esses novos usuários sobre os benefícios da internet para que, depois, eles possam buscar conteúdo fora do internet.org. O acesso restrito foi adotado, segundo o Facebook, porque as operadoras não teriam como investir em infraestrutura se os internautas nunca pagarem pelo acesso à internet.
Fundada em 2007, a O3b já traz no nome seu objetivo – trata-se de uma sigla para “other three billions” (outros três bilhões), uma referência ao número de pessoas que poderiam ter acesso à internet por meio da empresa. Sua proposta é associar o alcance global dos satélites à velocidade da fibra ótica, uma ideia que logo atraiu investidores como Google, HSBC e SES.
Os primeiros satélites da empresa foram lançados em 2013. Hoje, oito deles orbitam a Terra, levando internet a locais remotos, subdesenvolvidos ou politicamente instáveis, numa área que abrange a linha do Equador, mais 45º ao Norte e ao Sul.
Seus clientes são governos, empresas e provedores localizados em locais como Papua Nova Guiné, Madagascar, Timor Leste, Ilhas Salomão, Sudão do Sul e Congo, assim como nas embarcações da Royal Caribbean Cruises International. O uso do serviço nos cruzeiros, aliás, levou a uma piada que associa a sigla O3b a “other three billionaires” (outros três bilionários). Há também quem se refira à empresa como “other three battle groups” (outros tês grupos de batalha), destacando o uso do sistema por clientes militares.
Galileu.com

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